Por Raquel Wandelli de Havana, Cuba, para os Jornalistas Livres
Com tochas de fogo, símbolo da chama acesa dos ideais da revolução cubana, milhares de jovens universitários e secundaristas, ao lado de professores, trabalhadores e oficiais, marcharam pela cidade de Havana em homenagem ao 162º aniversário de José Martí (1853-1895). O nascimento do grande mártir da Independência de Cuba do domínio espanhol é dia 28 de janeiro mas, tradicionalmente, a celebração chamada de Marcha de Las Antorchas começa na noite do dia 27 e segue pela madrugada.
Martí foi poeta, jornalista, fundador do Partido Revolucionário Cubano e grande mentor de Fidel Castro. Em homenagem ao líder da revolução cubana que faleceu no ano passado, em 25 de novembro, a Federação dos Estudantes Universitários (FEU) cumpriu a promessa de organizar a maior Marcha de Las Antorchas de todos os tempos. Fidel foi especialmente referenciado e lembrado por ter fortalecido o sentimento de amor às conquistas dos heróis da pátria no século XIX.
Foi Fidel quem comandou a primeira marcha, no centenário de nascimento de Martí, em 1953, quando Cuba ainda estava sob a tirania do general Fulgencio Batista. Diante da repressão do exército, as tochas viraram armas de defesa. Hoje, a marcha percorre as ruas onde foram assassinados muitos líderes estudantis que lutavam contra o ditador.
A Universidade Livre de Havana, cenário de diversas lutas revolucionárias, foi ponto de partida da celebração. Recitando versos de Martí e aos gritos de “Yo soy Fidel” e “Raul, la patria esta contigo” a multidão caminhou com tochas rústicas, como as de seus antepassados, até o monumento chamado La Frágua Martiana, na beira-mar cubana, o Malecón.
Lá Martí foi obrigado a quebrar pedras quando foi preso, aos 16 anos, acusado de traição pelo governo espanhol. Ele havia escrito uma carta em que criticava um colega que havia se alistado voluntariamente ao exército. O local, ao fim da Marcha de Las Antorchas, recebeu uma coroa de flores do chefe de Estado Raul Castro.
