Conecte-se conosco

Democracia

Carta Aberta ao Presidente Lula

Publicadoo

em

 

Carta Aberta ao Presidente Lula
São Paulo, 29 de outubro de 2018

Escrevo cedo na manhã do dia após as eleições. Bolsonaro ganhou e seu primeiro discurso, retomando uma velha retórica da Guerra Fria promete o combate ao socialismo e comunismo como princípios fundantes de seu ideário. Cito, literalmente:
o Brasil não poderia continuar flertando “com o socialismo, o comunismo, o populismo e o extremismo da esquerda”.

Com a Constituição na mão, Bolsonaro promete cumpri-la. Como lembrou o presidente do STF, ministro Toffoli, ela diz no seu terceiro artigo e eu cito literalmente:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II – garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

São dois discursos em um. Qual prevalecerá será resultado da resistência democrática. Da força dos que se opuseram ao discurso da raiva e do ódio.
Não pode predominar o preconceito, a apologia da desigualdade, o desrespeito as diferenças, a falta de liberdade, a perseguição aos divergentes. Não pode. Foi isto que motivou os milhões de brasileiros que, apesar de perderem as eleições, votaram em Haddad e Manuela.
Comparando-se os votos do primeiro e segundo turno, Haddad/Manuela tiveram 15,7 milhões de votos a mais do que no primeiro turno, enquanto Bolsonaro cresceu apenas 8,5 milhões entre os dois turnos. Os democratas, que se opuseram aos riscos da democracia, mais do que em dobro votaram em Haddad. Mesmo entre os que votaram em Bolsonaro, muitos acreditam que ele não cumprirá a primeira parte do seu discurso e seguirá os limites impostos pela Constituição.
A resistência democrática será a principal batalha a ser travada. Haddad desempenhará um dos principais papeis neste movimento. Com milhões de votos, ele consolidará uma liderança de tipo novo, articulando sua expressão individual com a força do sujeito coletivo que é o partido.
Não teremos tempo para curar as feridas. Mesmo feridos, a luta continua. Lideranças no Senado emergirão e Jaques Wagner surge como um grande quadro. Bem relacionado com os governadores do Nordeste, com expressão nacional e recém-chegado ao Senado com ampla vitória na Bahia, ele será um líder nacional importante.
O povo nordestino, sob a liderança de seus governadores, foi um gigante. Os estados do Nordeste, bastiões da democracia, honrando sua história de lutas, foram resistentes e deram uma grande vitória a Haddad/Manuela. Agora sofrerão assédios, pressões, perseguições. Mas como já disse um escritor, o nordestino é antes de tudo um forte.
Ciro Gomes, o neutro, perdeu substância política, mas continuará como um importante personagem da política brasileira e deverá compor a frente democrática e a resistência contra Bolsonaro.
Os movimentos sociais serão um dos focos do ataque do Governo e, portanto, passarão a adotar uma tática defensiva, de sobrevivência. Terão um papel importante na organização da sociedade e na construção de novas alternativas de pressão política. Pautas defensivas e novas formas de luta, como a intensa utilização das redes sociais para mobilização e formação, deverão se tornar mais presentes. Viva o MST, a CMP, o MTST e todos os movimentos populares.
A questão da soberania nacional, com a luta contra a entrega de nossas riquezas a interesses internacionais e a preservação dos direitos sociais já conquistados, bem como das políticas públicas que reduzem a desigualdade serão importantes palcos de batalhas. Um livro numa mão e carteira de trabalho na outra deverão ser buscas incessantes da luta de resistência.
O PT resulta nesta quadra como o maior instrumento de luta do povo brasileiro. Maior bancada de deputados federais, com ampla votação nos estados do Nordeste, forte presença em outros estados, ganhou o apoio de segmentos anti-petistas, que se revoltaram contra o risco à democracia. No entanto, estes se

gmentos continuam com críticas ao partido. Saber combinar a aceitação destas críticas, correções de rumo e incorporação de novas posições, será um exercício difícil de habilidade política de quem tem o papel de liderança na luta de resistência. A resistência solitária não é a melhor resistência. A resistência coletiva é mais poderosa.
A presidente Gleisi, que sai da eleição como a grande liderança partidária, terá uma tarefa imensa de manter coesionado o PT, garantir ampla articulação com os outros partidos, atrair os personagens da luta de resistência democrática e circular pelo pais, organizando a sociedade na luta pela redução das desigualdades e contra a opressão e diminuição de direitos.
O PC do B, parceiro aliado com a apresentação desta nova liderança que é Manuela DÁvila, foi chave na tentativa de coligação das forças progressistas e continuará desempenhando papel importante na manutenção da unidade. Importantes parcelas do PSB e do PDT e o PROS também estiveram presentes nesta disputa eleitoral tomando lado a favor da democracia e das mudanças.
Um dos maiores desafios para o PT é manter este apoio. Ser mais propositivo em questões concretas e adotar um processo de organização e convencimento amplo de suas posições será um caminho importante nesta reconquista de liderança. Não há como pensar numa política hegemônica neste momento. É preciso consolidar a ação conjunta com o PSOL, cujo posicionamento político foi irretocável, com firme compromisso com as lutas populares e com a defesa da democracia. Viva Guilherme Boulos e o PSOL.
Presidente Lula, a luta por sua libertação desta condenação injusta volta a ser um importante foco da disputa. Eles vão querer ataca-lo ainda mais. Nossa insurgência contra as arbitrariedades e pela defesa de seus direitos não pode deixar de estar sob atenção permanente.
A campanha foi um bom combate. Contra adversários poderosos, isolados politicamente, conquistamos mais de 47 milhões de votos, ampliando nossos apoios, no segundo turno, com a sociedade, ainda que muitos personagens do centro politico tenham vacilado. No entanto, não faltaram artistas, intelectuais, juristas, dirigentes de vários segmentos da sociedade, lideres das mais diversas religiões que perceberam os riscos que a democracia vivia e se manifestaram a nosso favor. Estas energias democráticas não podem agora ser dispersadas.
Presidente Lula, sei que está acompanhando de perto tudo que está acontecendo aqui fora. Um abraço solidário
José Sergio Gabrielli de Azevedo

Continue Lendo
1 Comment

1 Comments

  1. Inácio da Silva

    29/10/18 at 10:22

    Um corrupto escrevendo para outro…se o presidiário tivesse tido a grandeza de pensar no país e não em comprar a permanência de seu partido no poder através de dinheiro de corrupção, não teríamos a direita no poder…agora aguenta!!!!

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Democracia

Urgente! The Intercept Brasil acaba de vazar áudio de Deltan Dallagnol

Publicadoo

em

Via The Intercept Brasil

Na manhã do dia 28 de setembro de 2018, a imprensa noticiou que o ministro do STF Ricardo Lewandowski autorizara Lula a conceder uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Em um grupo no Telegram, os procuradores imediatamente se movimentaram, debatendo estratégias para evitar que Lula pudesse falar. Para a procuradora Laura Tessler, o direito do ex-presidente era uma “piada” e “revoltante”, o que ela classificou nos chats como “um verdadeiro circo”. Uma outra procuradora, Isabel Groba, respondeu: “Mafiosos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!”

Eram 10h11 da manhã. A angústia do grupo – que, mostram claramente os diálogos, agia politicamente, muito distante da imagem pública de isenção e técnica que sempre tentaram passar – só foi dissolvida mais de doze horas depois, quando Dallagnol enviou as seguintes mensagens, seguidas de um áudio.

28 de setembro de 2018 – grupo Filhos do Januario 3

Deltan Dallagnol – 23:32:22 – URGENTE
Dallagnol – 23:32:28 – E SEGREDO
Dallagnol – 23:32:34 – Sobre a entrevista
Dallagnol – 23:32:39 – Quem quer saber ouve o áudio
Dallagnol – 23:33:36 –

Leia a matéria completa no site do The Intercept Brasil:

https://theintercept.com/2019/07/09/vazajato-audio-inedito-deltan-dallagnol/

Continue Lendo

Censura

Senadora do PSL cassada por caixa dois ofende jornalista por fazer seu trabalho

Publicadoo

em

Os bolsonaristas, muitas vezes eleitos com apoio da Grande Mídia, agora deram para atacar e ameaçar jornalistas que não passam pano para ilegalidades. Incensada pela imprensa tradicional de Mato Grosso quando aceitou a delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (MDB) e o condenou a 13 anos e 7 meses em 2017 (mas permitiu o cumprimento da pena em casa), por exemplo, a então juíza Selma Arruda foi apelidada de “Moro de Saia”. Sob os holofotes favoráveis dos jornais, Selma se aposentou da magistratura e se candidatou, com o apelido na propaganda eleitoral, ao cargo de senadora pelo Partido Social Liberal (PSL), o mesmo de Bolsonaro. Ganhou fácil!

Depois disso, sua relação com o “modelo” não mudou. No último dia 19 de junho, por exemplo, durante depoimento do ex-juiz e atual ministro da justiça e segurança pública, Sérgio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a senadora fez questão de dizer que “É absolutamente normal juiz conversar com o Ministério Público”. Moro respondeu com elogios: “É normal uma discussão de logística. Tem aqui a senadora Selma, que atuou muito destacadamente como juíza lá no Mato Grosso, teve várias operações, é normal depois da decisão proferida haver uma discussão sobre questão de logística, quando vai ser cumprida, como vai ser cumprida, e eventualmente pode ter havido uma mensagem nesse sentido. Isso não tem nada de revelação de imparcialidade ou conteúdo impróprio”, disse. Nenhum dos dois comentou, nem de leve, a condenação unânime do Tribunal Regional Eleitoral, em abril, à perda do mandato por caixa dois. Ela e seus dois suplentes, também cassados, não conseguiram mostrar ao tribunal a origem de R$ 1.2 milhão gastos na campanha.

Com a revelação do caixa dois, as relações da senadora com o jornalismo sério passaram a uma nova fase. Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral analisa em segunda instância se ela deverá ou não deixar o cargo, Selma aproveitou as câmeras da TV Senado para insinuar que a atuação do jornalista Glenn Greenwald, vencedor dos maiores prêmios mundiais de jornalismo, não é profissional, mas guiada por interesses políticos. “O sujeito que vazou é marido do suplente do Jean Wyllys. Ele é intimamente ligado, né. Politicamente, óbvio que é uma estratégia para colocar em dúvida a atuação do juiz e do Ministério Público”, afirmou. Sobre as suas intenções políticas ou as de Moro quando ainda estavam na magistratura, não houve uma única palavra.

Na imprensa matogrossense, a antigamente sempre disponível magistrada passou a escolher com quem conversar. Na semana passada, por exemplo, foi procurada pelo jornalista Lázaro Thor Borges, do jornal “A Gazeta“, o maior diário do estado, para comentar uma reportagem, com dados oficiais obtidos a partir da Lei de Acesso à Informação e do Portal da Transparência, sobre salários de servidores públicos acima do teto constitucional. Via aplicativo de mensagens, a senadora respondeu com xingamentos e, novamente, insinuações de interesse político acima do jornalístico. “Tadinho, você é ridículo. Nem li nem sei do que você está falando. Sua opinião não faz efeito na minha vida e nem na de nenhum matogrossense”, escreveu a parlamentar. Borges, educadamente, respondeu apenas: “tudo bem, senadora”. Mas ela não parou por aí. Além de chamá-lo novamente de coitado e mandar “catar coquinho”, ainda o chamou de “retardado”, ao que Borges respondeu: “É só meu trabalho, senadora”. 

A reportagem, publicada no dia 22 de junho e que infelizmente não está disponível online no portal do jornal, trazia o valor mensal líquido de R$ 53,8 mil desde de março desse ano, mais de R$ 14 mil acima do teto de R$ 33,7 mil recebidos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. De acordo com a matéria, apenas 11 dos 84 magistrados aposentados do Superior Tribunal de Justiça de Mato Grosso receberam acima do teto em abril, mês do levantamento.   Os ataques da parlamentar ao jornalista foram repudiados em editorial do jornal, que publicou os prints das telas do celular mostrando as grosserias da senadora. Os as respostas mal criadas ao profissional também sofreram grande condenação do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso, em nota também assinada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Está passando da hora de TODOS e TODAS jornalistas se unirem para barrar o crescimento do fascismo e as das ameaças aos profissionais, à liberdade de imprensa e à própria democracia.

 

Continue Lendo

Democracia

Deputado do PSOL que chamou Sérgio Moro de “ladrão” já havia chamado Eduardo Cunha de “gângster”

Publicadoo

em

Por Rafael Duarte I Agência Saiba Mais

O deputado do PSOL Glauber Braga (PSOL/RJ) desestabilizou os parlamentares governistas nesta terça-feira (2), na Câmara dos Deputados, ao dizer que o ex-juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro passará para a história como um “juiz ladrão e corrompido”.

As palavras duras do parlamentar mexeram com os brios dos colegas que participaram da sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara para defender o ex-juiz das graves acusações de interferência no julgamento do ex-presidente Lula reveladas pelas mensagens trocadas entre ele e procuradores da operação Lava Jato.

Moro se esquivou da maioria das perguntas e voltou a tentar criminalizar o site The Intercept Brasil, que vem divulgando a conta gotas as mensagens. Acuado, o ex-juiz deixou a sala da comissão sob os gritos de “ladrão” e “fujão”. A sessão foi encerrada após um tumulto generalizado:

– “A história não absolverá o senhor, da história o senhor não pode se esconder. E o senhor vai estar no livro de história como juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão. A população brasileira não vai aceitar como fato consumado um juiz ladrão e corrompido que ganhou uma recompensa pra fazer com que a democracia brasileira fosse atingida. É o que o senhor é: um juiz que se corrompeu, um juiz ladrão”, disse já sob os gritos da tropa bolsonarista.

 Após o discurso, as redes sociais do deputado foram inundadas de xingamentos e mensagens de apoio. Ele agradeceu a solidariedade e voltou a provocar tanto Sérgio Moro como a militância que o defende:

– Obrigado pelas inúmeras mensagens de apoio ! E pra turma da extrema-direira que veio aqui desabafar, infelizmente não posso me desculpar. O herói de vocês feriu a democracia brasileira e recebeu a recompensa de Bolsonaro. E em linguagem bem popular, juiz vendido é juiz ladrão ! Boa noite. Fiquem bem!”, escreveu.

Esse não é o primeiro discurso de Glauber Braga que repercute no Congresso e na imprensa. Em 2016, durante a votação para a abertura do processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, o voto do deputado do PSOL também foi um dos mais comentados. Na ocasião, ele chamou de “gângster” o então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, atualmente preso, em Curitiba. E evocou figuras históricas da democracia brasileira:

– Eduardo cunha, você é um gangster e o que dá sustentação à sua cadeira cheira a enxofre. Eu voto por aqueles que nunca esconderam o lado fácil da história. Voto por Marighella, voto por Plinio de Arruda Sampaio, voto por Evandro Lins e Silva, voto por Arraes, voto por Luís Carlos Prestes, voto por Olga Benário, voto por Brizola e Darcy Ribeiro, voto por Zumbi dos Palmares, voto não.

Perfil

Glauber Braga é advogado, natural de Nova Friburgo (RJ), tem 37 anos e está filiado ao PSOL desde 2015. Ele exerce o quarto mandato na Câmara Federal. O primeiro assumiu como suplente, em 2007, quando ainda militava no PSB, e os demais foram exercidos como titular da vaga.

Braga ocupou a liderança da bancada do PSOL em janeiro de 2017. No ano anterior, disputou a eleição para prefeito de Nova Friburgo e ficou em 2º lugar.

Progressista, Glauber Braga realiza um mandato participativo defendendo bandeiras em defesa da democracia e direitos humanos. Está na linha de frente da luta no parlamento contra a reforma da Previdência.

O parlamentar do PSOL foi relator da Comissão Especial de Medidas Preventivas Diante das Catástrofes Climáticas, que gerou a primeira Lei Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres Naturais (12.608): o Estatuto de Proteção e Defesa Civil. O estatuto foi sancionado pela Presidência em abril de 2012.

Em 2018, Glauber Braga foi escolhido pelo júri especializado do portal Congresso em Foco como o melhor parlamentar do Brasil.

Continue Lendo

Trending