Monica Zarattini é como uma Euclides da Cunha pós-moderna. Repórter fotográfica que tornou-se também videorrepórter, fez todos os que acolheram seus vídeos nos Jornalistas Livres chorarem de emoção.
Mônica voltou no fim de março à região de Canudos. Tinha estado lá em 1989, nos 80 anos da morte de Euclides, como repórter do Estadão, como Euclides fora antes dela. Fotografou o povo da região toda para um caderno especial. Encontrou então um povo muito semelhante ao que o primeiro repórter encontrara em 1897. Uma frase de Euclides da Cunha tornou-se famosa, como a definir o povo do sertão nordestino: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Mas esta força era a sobrevida imersa na miséria. “É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. (…) É o homem permanentemente fatigado.” -escreveu igualmente Euclides. Foi este sertanejo e sertaneja que Mônica encontrou 92 anos depois do primeiro repórter.
Por iniciativa própria, ela decidiu voltar agora, para um projeto de livro/fotos/vídeo que reapresenta o mesmo povo, 27 anos depois. Ficou muito emocionada com o que testemunhou. O povo, que em 1989 havia mudado quase nada em relação ao encontrado por Euclides em 1897, agora mudou. Especialmente nos governos do PT. Tudo mudou nos últimos 15 anos. Onde havia miséria e fome mais que centenárias há saúde e vida digna. Onde reinava isolamento choveu internet e wi-fi e zapzap.
O povo do sertão tem opinião sobre o golpe. Mônica perguntou a todos,
“o que mudou na sua vida nos últimos 15 anos?”
Registrou o que você pode ver e emocionar-se conosco.
Seu Mamédio da Silva, trabalhador rural:
“A oposição tá querendo tirar a situação que tá aí porque tá ajudando a pobreza que eles nunca olharam”.
Dona Maria de Jesus Mota Dias, trabalhadora rural:
“Esse povo que quer tirar eles é porque não têm amor ao pobre; é só o lado deles”.
Dona Matilde Souza Dias, trabalhadora rural, emocionou-se e emocionou-nos ao relatar o “antes” e o agora:
“Nós vivia de um ovinho de farinha com sal, tudo fraco, tudo doente”.
Mônica voltou, viu e partilhou. Aproveite e entenda porque Euclides da Cunha era atual até antes dos governos do PT. Lutamos para que a realidade flagrada continue nos livros de história e não volte nunca mais a ser realidade.
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