Boicote econômico contra a Venezuela faz a passagem aérea entre SP e Caracas atingir o preço de R$ 26 mil

O cerco econômico montado pelo imperialismo à Venezuela já tem contornos superlativos. Agora, quem quiser viajar de São Paulo a Caracas, embarcando no sábado (29/7) e voltando no sábado seguinte (5/8), terá de pagar a bagatela de R$ 26 mil.

Viagem realizada nos mesmos dias, entre São Paulo e a Cidade de Manágua custaria R$ 4.100. Ao Japão custaria R$ 5.952.

Detalhe: Caracas e Manágua contabilizam tempo de vôo similar até São Paulo, cerca de 10 horas. O Japão fica a 25 horas de viagem.

O escândalo inflacionário do transporte aéreo para a Venezuela explica-se pelo boicote montado por dez companhias aéreas que operavam no aeroporto Simón Bolívar, de Caracas.

Em 2014, a Air Canada encerrou suas operações no país. Depois vieram a Alitalia, Lufthansa, Latam, Aeroméxico, Gol, Tiara Air e United Airlines. A Avianca foi a nona a deixar o mercado venezuelano, o que ocorreu nesta quinta-feira. A Avianca detinha 54% da operação na rota Bogotá-Caracas e 77% na rota Lima-Caracas. No mesmo dia, a Delta Airlines anunciou igualmente a suspensão de seus vôos para Caracas. A alegação: “questões de segurança” (SQN).

Quais? Eles não explicam.

Interessante coincidência: Delta e Avianca suspendem seus vôos às vésperas da eleição dos deputados que elaborarão a nova Constituição venezuelana. O pleito deve ocorrer neste domingo (30/7), em meio a uma desesperada tentativa da direita de impedi-lo, o que incluiu mais ações de sabotagem econômica e um locaute de dois dias.

O próprio presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que redobraria a pressão contra o regime do presidente Nicolás Maduro. Em comunicado divulgado há dez dias, o mandatário americano disse que tomará “fortes e rápidas ações econômicas” se for mantida a eleição dos membros da Constituinte.

Como a Venezuela não deu mostras de hesitação em relação à convocação da Constituinte, as companhias aéreas (entre outros setores do empresariado), resolveram apertar o laço em torno do pescoço do povo venezuelano, que quer aprofundar as transformações sociais iniciadas há quase 20 anos pelos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro.

 

 

 

 

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