Entrevista a Bruno Falci e Clara Domingos, de Lisboa, especial para o Jornalistas Livres
O professor Boaventura de Sousa Santos, doutor em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale, professor e coordenador do CES – Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e um dos mais importantes pensadores ibero-americanos, concedeu esta entrevista, ao vivo, enquanto que, coincidentemente, em Brasília, o ministro da justiça Sérgio Moro fazia um pronunciamento sobre sua demissão ao governo de Jair Bolsonaro, em mais um capítulo da crise política brasileira.
O cenário abordado é do Brasil vivendo uma dupla crise – uma sanitária, provocada pelo Coronavírus e outra política. Neste cenário conturbado pela pandemia, o governo de Bolsonaro revela uma profunda instabilidade institucional, onde ocorrem hostilidades ao Congresso e Supremo Tribunal Federal. Enquanto isso, o combate à pandemia ocorre dentro de outra situação grave, tendo ocorrido, na semana passada, a saída do ministro da saúde que era aprovado pela OMS e, portanto, favorável isolamento social.
Na quarta-feira, dia 22, o ministro da economia, Paulo Guedes, responsável pela agenda neoliberal do governo não participou de uma reunião coordenada pelo ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto para anunciar o lançamento de um programa de recuperação econômica pós-covid-19, que prevê aumento dos gastos com investimentos públicos para os próximos anos. Agora, nesta sexta-feira, dia 24, o Brasil, com um governo que também parece ser tutelado pelos militares, em meio a diversos encaminhamentos de impeachment do presidente, o cenário é agravado com a queda do ministro Sérgio Moro.
Segundo Boaventura de Sousa Santos, “realmente é uma condição extraordinária estarmos as falar neste momento em que o Sérgio Moro está a fazer uma transição. Eu acho que o Brasil é o único país do mundo que, no meio da pandemia, tem uma grave crise política. Eu acompanho a situação em diversos países e nenhum deles apresenta esta situação, que eventualmente poder ser uma crise do regime político. A demissão de Sérgio Moro tem causas próximas e causas longínquas. As causas próximas que sido aventadas é que a PF estará no caminho de incriminar a família Bolsonaro, senão o presidente diretamente, mas também os seus filhos. Isso naturalmente já se sabia há muito tempo”.
Boaventura de Sousa Santos é incisivo:
“O Moro é o homem dos Estados Unidos, é o candidato dos Estados Unidos para 2022. Ele fez todo um trabalho. E a carreira política dele é exatamente esta – destruir a economia brasileira, destruir a esquerda, abrir o caminho para um político de transição, que abra o obviamente o caminho para ele mesmo, ele é o candidato deles. Isso significa que provavelmente a própria Embaixada dos Estados Unidos deve estar envolvida com tudo isso. Isso significa que o Moro, começou a ver, para sua carreira política, o Bolsonaro já não é um recurso, pode descartá-lo”.
Para o sociólogo, Bolsonaro seria um presidente descartável:
“O que me parece é que devido a crise produzida pelo comportamento dele na pandemia, ele está sendo descartado mais cedo, porque a agenda de Paulo Guedes que é neoliberal e dos Estados Unidos, também está neste momento em risco uma vez que o general Braga Netto, que todos consideram ser o presidente operacional, vem com uma política de emergência que efetivamente neutraliza a política de Paulo Guedes. Então, é natural que o próprio Guedes tem os dias contados.
Boaventura acrescenta:
“Moro está a sinalizar que já não lhe interessa participar deste governo, precisamente porque ele quer se sair bem. A popularidade dele está acima da de Bolsonaro. Moro tem estado num silêncio absolutamente criminoso, no meio de tantas coisas surgindo, como as declarações em frente à porta do quartel do exército a clamar por um golpe. Bolsonaro para ele hoje é mais um fardo do que um recurso. Não precisa dele para ser um bom candidato, um candidato forte para 2022”.
Veja entrevista completa no vídeo a seguir:
Se quiserem saber mais sobre as esquerdas no poder em Portugal e na Espanha, veja entrevista realizada este ano por Bruno Falci e Luiza Abi Saab com o professor Boaventura de Sousa Santos clicando aqui
Bolsonaro pode ser um capacho dos EUA, mas não tem postura para manter uma linha livre aos interesses internacionais. Além de que Moro, a primeira vista não tem pé preso com os militares. Tem muita lógica. Para os “cowboys” seria como trocar um grupo de cavalos velhos por um novo e mais inteligenre, porém mais fácil de controlar.
Eu sempre acreditei nesta estratégia política. Simplesmente não existe como agentes políticos de direita em um país como o Brasil deixarem de estar sendo manipulados. Ou é nacionalista ou é cooptado pela inteligência norte americana. Não existe vácuo político nem espaço no meio para um centro em que ali opere uma frente passível de vir a tomar o poder! Ou Ciro Gomes já teria se projetado e estaria comandando uma enorme frente. Eles não deixam isso acontecer. Sérgio Moro é o Office Boy que está sendo conduzido para ser o CEO. O Brasil é importantíssimo para ser deixado se governar dentro de uma estratégia ocidental. Especialmente na conjuntura global atual!
Só comparável o teor dessa entrevista ao “comunavirus” do Ernesto Araújo.
Enfim, a constituição do inimigo/demônio a ser combatido é necessária quando não se tem uma agenda propositiva a apresentar. Seja de uma lado, seja do outro.
Bom dia; admira-me a argúcia do analista. Muito boa. Moro sempre foi o candidato dos E. D. A. O problema é que ele era, naquele ido, inviável, cronologicamente, como carcereiro político e [como] candidato. E, além da análise do Magister Boaventura, ouso extrapolar: o problema, dada a iminente queda do Jaircopata: é não dividir o butim (os votos, no caso) da direita. Como “transferir” esses votos, migra-los do reduto bolsonarista para o “juiz”. Aí onde está o relógio suíço e a pinça cirúrgica.
Eu gostaria muito que fosse, como disse alguns aqui, uma teoria da conspiração. No entanto, tem coisas que nem precisam ser literalmente feitas para garantir conceitualmente. Não descarto, mas não acho que seja necessário acerto pessoal dele com EUA para ser candidato deles. É uma questão de concepção entreguista. Ele com ou sem ter discutido com embaixada etc destruiu a indústria petroquímica e construção civil brasileira, abrindo portas para aprofundamento da dependência econômica e submissão política. Claro que ele foi identificado e sem dúvida, com ou sem acerto por escrito, ele é sim o candidato do imperialismo.
O Vice pode ser o Cardoso. Inegável sua omissão na queda de Dilma segundo Moro. O mesmo juiz de primeira instância e o mesmo doleiro do PSDB Banestado derrubaram a Presidenta nas barba do omisso. Ou parça.
Prof. E extraordinário pensador, Boaventura Santos decodifica os nossos desafios contemporâneos diante da “colonialidade*. Suas contribuições são inestimáveis. Bravíssimo pela entrevista!!!!
Discordo totalmente, me parece que o analista é crítico do governo Bolsonaro e deixou vir junto a analise, a sua repulsa.
1- A PF já fez várias investigações sobre os filhos de Bolsonaro e nada foi achado.
2 – Bolsonaro foi acusado da morte de Mariele e a PF não agio em nada.
3 – Bolsonaro é 80% ou mais querido pelo povo brasileiro q Mouro.
4 – Moro acaba de dar um tiro no pé, até a oposição concorda que ele mentiu.
5 – O Brasil se saiu maravilhosamente bem para lidar com o choque econômico do Virus da China.
6 – Moro pode ser candidato de Soros, não dos EUA, porque Trump tem declarado seu apoio a Bolsonaro direto em suas colocações sobre o Brasil.
Há vários pontos q não concordo, mas não vou me estender mais. Só mais uma colocação, há um fenomeno nacional, q ele se esqueceu de citar, ou não conhece os brasileiros cristãos se deram a mão para orar e defender o Presidente Bolsonaro, como nunca visto neste País.
O Congresso Nacional não representa o Brasil.
É incrível como os cegos relutam em abrir os olhos! A memória, também, é cada vez mais curta. Não é segredo para ninguém que Moro prestava cotas e era instruído pela cia durante a sua atuação na lava-jato. Foi a várias reuniões com a Cia sem fazer nenhum segredo disso.
Será que precisa desenhar mais alguma coisa?
maria neta, com minúscula mesmo porque não merece uma maiúscula , os brasileiros que apoiaram e apoiam o louco não são cristãos, são meros evangélicos adestrados por coisas como o edir e outros, por exemplo você, de cabecas lavadas e enxaguadas por dentro e por fora!! tem msis: nada foi achado sobreo filhos? porque o bizo cercando e destituiu a PF?
1 – A PF está muito próxima de prender Carlos e Eduardo, filhos de Jair.
2 – Bolsonaro nunca foi acusado da morte de Mariele.
3 – Não é o que as pesquisas indicam.
4 – Apresentou provas de que não mentiu, mas o que a oposição concorda é que Moro é tão bandido quanto Bolsonaro.
5 – Os números mostram exatamente o contrário. Pesquise mais.
6 – I love you, Trump. Infelizmente, a recíproca não é verdadeira.
E pra terminar, somente os fundamentalistas cristão podem ter ido nessa onda de ajoelhar pelo Messias, o que, aliás, não surtiu efeito nenhum, porque o que o país precisa mesmo nesse momento é de ação e não de gente ajoelhada. E sim, o Congresso representa quem o elegeu, uma vez que essas pessoas foram eleitas democraticamente pelo voto popular, quer se goste ou não.
A escola popular Eduardo Galeano foi o primeiro local a ser destruído durante despejo violento que começou no dia 12 de agosto deste ano, pela Polícia Militar, e que se seguiu por três dias, no acampamento quilombo Campo Grande, município de Campo do Meio, em Minas Gerais. Após dois meses do despejo, é lançado o curta documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” com depoimentos de educandos, educadores e representantes do setor de educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre a situação atual do acampamento.
Quadro negro no acampamento Quilombo Campo Grande, Campo do Meio (MG). Foto: Lucas Bois / Jornalistas Livres
“Ser analfabeto é a gente ficar no escuro e uma pessoa no escuro, ela não é ninguém”. Essa frase dita no documentário por Adão Assis Reis, explica a importância do acesso à educação contextualizada para alcançar a luz do conhecimento. Aos 59 anos, ele se mostra pronto para voltar à sala de aula assim que a escola for reconstruída. Muitos outros trabalhadores e trabalhadoras rurais poderiam ter a chance de seu Adão, mas os dados vem demonstrando o contrário. Um levantamento de dados do Censo Escolar de 2019, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), sobre o número de estabelecimentos de ensino na Educação Básica apontou que, entre 1997 e 2018, foram fechadas quase 80 mil escolas no campo brasileiro. A Escola Popular Eduardo Galeano entra para a estatística não só como mais uma, mas como exemplo de uma política de fechamento de escolas do campo que acontece há anos no país.
Desenho de uma criança do acampamento Quilombo Campo Grande, ao relembrar o dia do despejo e derrubada da Escola Eduardo Galeano. Frame do documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” (2020).
O MST chegou a lançar uma campanha de denúncia em 2011, intitulada “Fechar escola é crime”. E em 2014 foi aprovada a lei (12.960/2013) que obrigou a realização de consulta às comunidades antes do fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas. Mas parece que não surtiu muito efeito. A própria escola Eduardo Galeano foi fechada pelo governo de Minas Gerais no início de 2019, logo após outra tentativa de desejo no assentamento quilombo Campo Grande em 2018 e reaberta pela resistência do Movimento. “Quando começou o governo de Romeu Zema (Novo) nós recebemos a triste notícia que a Escola seria fechada. E a justificativa era poucos educandos. Eram duas salas aonde chegamos a ter 75 pessoas matriculadas. E, na maioria das vezes, nós mesmos que mantivemos a escola funcionando com nossos recursos porque mesmo sendo uma escola reconhecida, não era garantida pelo Estado”, explica Michelle Capuchinho do setor de Formação do MST.
Ciranda das crianças do acampamento Quilombo Campo Grande, Campo do Meio (MG). Frame do documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” (2020).
O curta documentário descreve como o despejo e a destruição da Escola impacta diretamente inúmeras famílias, sobretudo crianças e adolescentes. Isso somado a um período onde o isolamento social e medidas de proteção à saúde deveriam ser prerrogativas à gestão estadual no enfrentamento à Covid-19. O MST alega que o despejo foi feito de forma ilegal, já que o processo judicial abrangia 26 hectares inicialmente e depois, sem justificativa e transparência das informações, foi ampliada para 53 hectares no último despacho da Vara Agrária que culminou no despejo de 14 famílias. Cerca de 450 famílias permanecem na área da usina falida Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), que encerrou as atividades em 1996.
Ficha técnica Curta-documentário: “Sonhos no chão, sementes da educação” Imagens e edição: Lucas Bois Roteiro: Raquel Baster e Lucas Bois Duração: 22 minutos Ano: 2020
A Justiça Federal deu um chega-pra-lá nos militares do Colégio Militar de Belo Horizonte e proibiu o retorno às aulas presenciais a partir da próxima segunda-feira, 21, a exemplo do que outras instituições do Exército pretendem fazer no país. A instituição tem cerca de 750 alunos, 42% do sexo feminino. Dezenas de pais de alunos são contrários à volta às aulas, mesmo com uma série de protocolos a serem adotados. Durante a ditadura, as instalações da escola abrigaram presos políticos, que foram vítimas de tortura no local.
A retomada das atividades escolares na unidade do Exército provocou discussões tanto na Prefeitura de Belo Horizonte quanto no Ministério Público Federal e, como medida de segurança, o Sindicato dos Trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal (Sindsep-MG) entrou na Justiça com um pedido em tutela de urgência para continuidade do regime remoto de aulas, o que foi acatado com a fixação de uma multa de R$ 5 mil por dia, caso ocorra descumprimento da determinação.
Colégio do bairro Pampulha foi usado para abrigar presos políticos durante a ditadura
Sem prejuízo
Na quarta-feira, 16, a direção do Colégio Militar encaminhou às famílias um comunicado informando sobre o retorno obrigatório às aulas na unidade, exceto para os alunos que comprovassem pertencer a grupos de risco para o novo coronavírus. Porém, para o sindicato, o retorno não é necessário, uma vez que os alunos não estariam sendo prejudicados pelo sistema de aulas on-line. Pela avaliação dos professores, os estudantes estão respondendo bem às aulas.
“Nós estamos conversando com os professores há mais de um mês, logo que eles perceberam que seriam convocados para um planejamento presencial das atividades e que incluía desde então o retorno às aulas na própria escola. Nós entendemos que não é necessário um retorno presencial quando tudo pode ser feito remotamente. Sabemos que a cidade está em processo de reabertura, mas achamos que não há necessidade de colocar mais pessoas nos ônibus e nas ruas se os alunos estão respondendo bem às aulas remotas. As aulas estão tendo qualidade”, ressaltou a diretora do Sindicato, Jussara Griffo, ao jornal O Tempo.
Segundo Jussara, o Colégio Militar tinha determinado que retornariam apenas aqueles funcionários que não compõem grupos de risco para a pandemia do novo coronavírus, mantendo em regime remoto, portanto, aqueles com idades superiores a 60 anos e portadores de comorbidades. “Se algumas pessoas permaneceriam em casa, entendemos que o trabalho pode ser mantido remotamente, então não há necessidade de retornar também os outros. Para quê colocar alunos em risco, famílias e professores? Se os alunos estão respondendo bem às aulas remotas, podemos mantê-las”, declarou.
O comunicado feito pelo colégio indicava que haveria um revezamento entre turmas e a adoção de medidas sanitárias relacionadas à Covid-19 para garantir a segurança de estudantes, funcionários e familiares. O retorno contradiz as políticas municipal e estadual que ainda mantêm as aulas suspensas nas redes pública e particular de Minas Gerais. Autoridades da Prefeitura de Belo Horizonte declararam nessa sexta-feira, 18, que poderia procurar a Justiça para pedir a proibição da retomada do ano na unidade militar. Em uma mesma direção, o Ministério Público Federal determinou que o diretor do colégio, o coronel Marco José dos Santos, explicasse à Justiça com um prazo máximo de 24 horas quais estudos técnicos e protocolos de segurança justificariam o retorno às aulas presenciais.
Barbacena
Desde o dia 26 de maio mais de 200 alunos da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar) em Barbacena, no Campo das Vertentes, em Minas, testaram positivo para Covid-19. No dia 22 de junho, o Ministério Público Federal emitiu recomendação ao diretor de Ensino da Aeronáutica, major-brigadeiro do Ar Marcos Vinícius Rezende Murad, e ao comandante da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, brigadeiro do Ar Paulo Ricardo da Silva Mendes, para suspender imediatamente todas as aulas e demais atividades acadêmicas presenciais. A Epcar é uma escola de ensino militar sediada em Barbacena que admite alunos de idade entre 14 e 18 anos por meio de concurso público. No local, estudantes de várias cidades de todo o Brasil vivem em regime de internato e, por isso, dormem em alojamentos e têm aulas em horário integral.
Única vereadora preta de Natal celebra cota do fundo eleitoral para candidaturas negras
Divaneide Basílio (PT) acredita que a decisão do Tribunal Superior de Eleitoral, que determina distribuição proporcional do fundo eleitoral e partidário para candidaturas negras vai incentivar a participação de mais negros e negras na política
O Tribunal Superior Eleitoral determinou que a partir de 2022 os fundos partidário e eleitoral terão que ser usados de forma proporcional para as candidaturas negras. A decisão é estendida também para o uso do tempo no rádio e na TV das campanhas.
O posicionamento do TSE é fruto de uma consulta feita pela deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que solicitou a destinação de 50% da verba para candidaturas negras, uma vez que conforme dados do IBGE o Brasil tem 55% da população nesse recorte.
A medida foi anunciada pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, e tem a intenção de reduzir o desequilíbrio na participação eleitoral e no financiamento de campanhas das candidaturas de negras e negros. Essa deliberação se soma à determinação de 2018, que obriga o repasse de percentual fixo de 30% do fundo eleitoral para candidaturas de mulheres.
A subrepresentação das mulheres nos espaços de poder do Brasil, e em especial das mulheres pretas, é uma realidade. As mulheres são 51% da população brasileira, mas governam apenas 12% das prefeituras. Já as mulheres pretas administram apenas 3% dos municípios mesmo representando um contingente de 27% da sociedade.
E mesmo as cidades governadas por mulheres são proporcionalmente menores do que aquelas que contam com homens na chefia do Executivo. Apenas 7% da população no país moram em municípios administrados por mulheres, brancas ou pretas. Do total de prefeituras governadas por mulheres, 91% são de municípios com até 50 mil habitantes
Os dados estão disponíveis para consulta pública e foram divulgados pelo Instituto Alzira, organização que desenvolve ferramentas para contribuir com o aumento na participação das mulheres na política.
Para ela, a decisão do TSE deve garantir maior representatividade nos parlamentos:
– Acompanhamos com lupa esse debate, esse tema é algo para nós muito significativo porque vai garantir a ampliação da representatividade. Uma parlamentar como a Benedita da Silva (PT-RJ) provocando esse debate só reforça que a representatividade importa e que nós podemos disputar em condições de igualdade. Porque essa é uma pauta de todo o país. Eu sou a única negra em Natal, mas na maioria dos estados também é assim”, destaca.
Divaneide comemora e compara a decisão do TSE válida para 2022 com a obrigatoriedade do repasse de 30% para as candidaturas femininas.
– O processo, apesar de lento, já representa para as mulheres um avanço. Uma mudança de postura, com isso mais mulheres estão percebendo que poderiam se candidatar, tem melhores condições pra isso. Não é fácil conciliar a vida doméstica com o trabalho. E é uma mudança que nós, no PT, já iniciamos com o projeto Elas por Elas, garantindo formação. Lançamos esse projeto dm 2018 e hoje já é uma realidade e tem ajudado a nos fortalecer. No Rio Grande do Norte o Elas por Elas ajudou na capacitação das mulheres, contribuiu com o planejamento da campanha e aumento o nível de debate”, disse.
Além da questão financeira, a parlamentar que tentará a reeleição em 2020 acredita que a decisão do TSE estimula o envolvimento da população negra do debate político. O próprio Instituto Alzira reconheceu o avanço já notado em 2018 embora a subrepresentação seja latente.
Divaneide não acredita que haverá uma disputa por mais espaço entre candidatos negros e candidatas negras. A pauta antirracista, segundo ela, vai unir o candidatos.
– Vai ser bom pra todo povo negro. A pauta antirracista é de todo mundo, negro e negra. Nós mulheres negras estamos fazendo um debate para aprimorar o gênero de classe e raça. Vamos fazer um Elas por Elas com recorte de mulheres negras. Essas interfaces não são para colocar um grupo em superioridade, mas para mostrar que aquele grupo representa mais de uma identidade”,
Valdivino Cunha
24/04/20 at 20:09
O renomado sociólogo está erradíssimo em sua análise a isso denominamos teoria da conspiração, nada a ver
Ricardo Lopes Esteves
24/04/20 at 20:37
Excelente entrevista!
Pingback: Boaventura de Sousa Santos: “Moro is the US candidate for 2022” | Time24 News
jp
24/04/20 at 23:05
Existe mapacho melhor do eua do que o Bolsonaro? Alguém que bate continência sem nenhuma vergonha para a bandeira americana e diz “I Love you, trump”…
gustavo lobo
24/04/20 at 23:47
não é uma teoria da conspiração… é um raciocínio bem lógico.
Celia Torres
25/04/20 at 0:36
Continuo perplexa com a quantidade de incertezas do Governo.
Terezinha Soares
25/04/20 at 1:13
Ótima entrevista. O Boaventura responde com a maior boa vontade, simplicidade e enorme conhecimento. O que lhe é peculiar. Valeu, obrigada.
Carlos Magno da Rosa Vivian
25/04/20 at 8:09
Bolsonaro pode ser um capacho dos EUA, mas não tem postura para manter uma linha livre aos interesses internacionais. Além de que Moro, a primeira vista não tem pé preso com os militares. Tem muita lógica. Para os “cowboys” seria como trocar um grupo de cavalos velhos por um novo e mais inteligenre, porém mais fácil de controlar.
Mário
25/04/20 at 9:05
O Brasil vive na verdade uma “Tripla Crise”, na Saúde, Economia e Política.
M Rebello
25/04/20 at 9:11
Eu sempre acreditei nesta estratégia política. Simplesmente não existe como agentes políticos de direita em um país como o Brasil deixarem de estar sendo manipulados. Ou é nacionalista ou é cooptado pela inteligência norte americana. Não existe vácuo político nem espaço no meio para um centro em que ali opere uma frente passível de vir a tomar o poder! Ou Ciro Gomes já teria se projetado e estaria comandando uma enorme frente. Eles não deixam isso acontecer. Sérgio Moro é o Office Boy que está sendo conduzido para ser o CEO. O Brasil é importantíssimo para ser deixado se governar dentro de uma estratégia ocidental. Especialmente na conjuntura global atual!
Alvaro Mendes
25/04/20 at 9:39
Só comparável o teor dessa entrevista ao “comunavirus” do Ernesto Araújo.
Enfim, a constituição do inimigo/demônio a ser combatido é necessária quando não se tem uma agenda propositiva a apresentar. Seja de uma lado, seja do outro.
Morvan
25/04/20 at 9:49
Bom dia; admira-me a argúcia do analista. Muito boa. Moro sempre foi o candidato dos E. D. A. O problema é que ele era, naquele ido, inviável, cronologicamente, como carcereiro político e [como] candidato. E, além da análise do Magister Boaventura, ouso extrapolar: o problema, dada a iminente queda do Jaircopata: é não dividir o butim (os votos, no caso) da direita. Como “transferir” esses votos, migra-los do reduto bolsonarista para o “juiz”. Aí onde está o relógio suíço e a pinça cirúrgica.
Castro Vilas Boas Junior
25/04/20 at 14:43
Eu gostaria muito que fosse, como disse alguns aqui, uma teoria da conspiração. No entanto, tem coisas que nem precisam ser literalmente feitas para garantir conceitualmente. Não descarto, mas não acho que seja necessário acerto pessoal dele com EUA para ser candidato deles. É uma questão de concepção entreguista. Ele com ou sem ter discutido com embaixada etc destruiu a indústria petroquímica e construção civil brasileira, abrindo portas para aprofundamento da dependência econômica e submissão política. Claro que ele foi identificado e sem dúvida, com ou sem acerto por escrito, ele é sim o candidato do imperialismo.
Maria José dos Santos Rêgo Rêgo
25/04/20 at 18:35
É muito bom ouv ir a opinião do Professor Boaventura de Sousa Santos.
Marcos Tadeu
25/04/20 at 19:00
O Vice pode ser o Cardoso. Inegável sua omissão na queda de Dilma segundo Moro. O mesmo juiz de primeira instância e o mesmo doleiro do PSDB Banestado derrubaram a Presidenta nas barba do omisso. Ou parça.
Maria Leonia Resende
25/04/20 at 19:00
Prof. E extraordinário pensador, Boaventura Santos decodifica os nossos desafios contemporâneos diante da “colonialidade*. Suas contribuições são inestimáveis. Bravíssimo pela entrevista!!!!
Maria Neta
25/04/20 at 21:03
Discordo totalmente, me parece que o analista é crítico do governo Bolsonaro e deixou vir junto a analise, a sua repulsa.
1- A PF já fez várias investigações sobre os filhos de Bolsonaro e nada foi achado.
2 – Bolsonaro foi acusado da morte de Mariele e a PF não agio em nada.
3 – Bolsonaro é 80% ou mais querido pelo povo brasileiro q Mouro.
4 – Moro acaba de dar um tiro no pé, até a oposição concorda que ele mentiu.
5 – O Brasil se saiu maravilhosamente bem para lidar com o choque econômico do Virus da China.
6 – Moro pode ser candidato de Soros, não dos EUA, porque Trump tem declarado seu apoio a Bolsonaro direto em suas colocações sobre o Brasil.
Há vários pontos q não concordo, mas não vou me estender mais. Só mais uma colocação, há um fenomeno nacional, q ele se esqueceu de citar, ou não conhece os brasileiros cristãos se deram a mão para orar e defender o Presidente Bolsonaro, como nunca visto neste País.
O Congresso Nacional não representa o Brasil.
Fernando Wellington
27/04/20 at 1:09
É incrível como os cegos relutam em abrir os olhos! A memória, também, é cada vez mais curta. Não é segredo para ninguém que Moro prestava cotas e era instruído pela cia durante a sua atuação na lava-jato. Foi a várias reuniões com a Cia sem fazer nenhum segredo disso.
Será que precisa desenhar mais alguma coisa?
magda
27/04/20 at 11:24
maria neta, com minúscula mesmo porque não merece uma maiúscula , os brasileiros que apoiaram e apoiam o louco não são cristãos, são meros evangélicos adestrados por coisas como o edir e outros, por exemplo você, de cabecas lavadas e enxaguadas por dentro e por fora!! tem msis: nada foi achado sobreo filhos? porque o bizo cercando e destituiu a PF?
J. Filho
27/04/20 at 16:40
1 – A PF está muito próxima de prender Carlos e Eduardo, filhos de Jair.
2 – Bolsonaro nunca foi acusado da morte de Mariele.
3 – Não é o que as pesquisas indicam.
4 – Apresentou provas de que não mentiu, mas o que a oposição concorda é que Moro é tão bandido quanto Bolsonaro.
5 – Os números mostram exatamente o contrário. Pesquise mais.
6 – I love you, Trump. Infelizmente, a recíproca não é verdadeira.
E pra terminar, somente os fundamentalistas cristão podem ter ido nessa onda de ajoelhar pelo Messias, o que, aliás, não surtiu efeito nenhum, porque o que o país precisa mesmo nesse momento é de ação e não de gente ajoelhada. E sim, o Congresso representa quem o elegeu, uma vez que essas pessoas foram eleitas democraticamente pelo voto popular, quer se goste ou não.
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Alexandre Matos
28/04/20 at 9:48
Texto e análise perfeitos, quem defende o Brasil e acompanha Moro sabe dos crimes que cometeu e que poderá cometer, pois para ele não há limites.
Marcos Aurélio Pereira Capitão
01/05/20 at 10:57
Parabéns, Boaventura, lúcido e incisivo, como sempre.