Lembro-me que adormeci vendo cena de filme em estrada de fúria, Mad Max repaginado, cenas para embalar o sono e sonhar com tolices. Acordei já clareando o dia em cama revolta, a TV ligada. Vi aquela cara feia, acreditei ser a continuidade de Mad Max em filme que assistia, não, era Marcelo Crivella proibindo, em jornal matutino.
Pânico, a realidade me dá bom dia superando as loucuras da ficção.
Juntei tudo que consegui por coincidência, os anos passaram durante a madrugada e o dia ainda era o mesmo. Dormi assistindo ficção desvairada e acordei em dura realidade. O que mudou em tão breve momento? Os sonhos não envelhecem, dizem meus amigos no clube da esquina, o clube dos jornalistas, livres, em histórias de aço distintas de sonhos. Nossa Senhora Aparecida em breve fará 300 anos entre gás lacrimogênio, os fantasmas ainda nos seguem e rezamos.
Triste penitência nessa pátria de encontro dos povos, sinto-me tão só nessa manhã. Que susto, apresentei o que amanheci hoje à vida, e disseram na tv: TÁ PROIBIDO. Assusto-me, escandalizo-me. Não tem mais nada de boas notícias, só conduções coercitivas e proibições. As piores alianças se anunciam e a arte abre a boca, atônita.
Era Porto Alegre, foi Curitiba, há pouco São Paulo, e hoje? Rio de Janeiro, o crente prefeito vetou. Cidade maravilhosa, deixa-me assim ao léu.
https://www.youtube.com/watch?v=VW3T7iXFeF8
E agora liberdade? Será Tigresa, é onça, será suçuarana? Qual rumo segue a vida e o absurdo de meu país de arte, o que gritam entre segredos esses tribunais que entornam e vazam, em carne moída, tanta gente e novos cardápios gourmet? Minha fome de homem, cinquentão, carece entre obesidade, obscenidades ou anemias ditando triste sina. Nego, renego. Quem nos socorre, qual juiz que zela, quem a presidir nos abrigará em tempo vindouro?
Como em curva de um rio, quando as águas olham para trás e fazem praia, é preciso juntar agora, juntar e resistir. Proibido é palavra de enchentes.