Atingidos, representantes de moradores e famílias vítimas de crimes cometidos pela mineradora Vale estão levando suas queixas e denúncias contra a empresa na Suíça, mais precisamente em Saint Prex, onde está a sua sede. “Fomos até a porta e pedimos uma conversa. A representante da empresa disse que ia verificar e não se dignou a voltar com a resposta. Chamou a polícia e foram eles que informaram que a empresa não nos receberia. Falamos da situação de Brumadinho e de Mariana, em Minas Gerais e do Piquiá, no Maranhão, na Amazônia brasileira. Exigimos justiça, reparação integral e garantias de não repetição”, informou Carolina de Moura Campos, coordenadora da Associação dos Moradores da Jangada, vizinhos da mina da Vale em Córrego do Feijão, distrito de Brumadinho, MG.
Para pressionar a Vale e lutar pela criação de legislação que impeça novas tragédias como a de Brumadinho ou Mariana, vítimas das barragens da mineradora, advogados e ativistas estão percorrendo a Europa para denunciar a empresa, cobrar respostas do governo e de companhias europeias e alertar sobre a impunidade da Vale. O grupo pretende se reunir com investidores, políticos e representantes de organismos internacionais em sete países. A agenda inclui reuniões com relatorias especiais da ONU, audiências com membros do Parlamento Europeu e do parlamento alemão, representantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento, além de investidores da Vale e de empresas compradoras dos minérios extraídos no Brasil, promovendo ainda debates públicos e manifestações públicas. O grupo suspeita que a Vale promove evasão fiscal por meio de sua sede em Saint Prex, que reúne dezenas de diretores com altos salários.
O grupo tem à frente a Articulação Internacional de Atingidas e Atingidos pela Vale, representada por Carolina de Moura, e reúne ainda Marcela Rodrigues, familiar de vítima do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, e Danilo Chammas, advogado popular da organização Justiça nos Trilhos, além de Antônia Flávia da Silva Nascimento, moradora da comunidade de Piquiá de Baixo, no Maranhão, impactada pela siderurgia e pela ferrovia da Vale. Eles passarão pela Espanha, Suíça, Alemanha, Holanda, França, Itália e Bélgica.
Em Genebra, o grupo participará de reuniões na ONU sobre formas de responsabilizar empresas por violações de direitos humanos e da natureza. Levará seus problemas também ao Sínodo da Amazônia que está acontecendo em Roma. “Nos próximos dias, o objetivo é denunciar a impunidade corporativa da Vale e das empresas a ela associadas, a ameaça de retomada das operações no complexo Paraopeba, em Brumadinho (mina da Jangada), a falta de compromisso real da empresa e do Estado brasileiro com as medidas de reparação integral e de garantias de não repetição em Brumadinho e Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais, e em Piquiá de Baixo, em Açailândia, na Amazônia”, afirmou Carolina de Moura.
Confira abaixo os objetivos do grupo na Europa:
Jornada internacional frente aos crimes da mineração no Brasil
Esta lista de transmissão funcionará até o dia 10 de novembro de 2019. Seu objetivo é disseminar informações e mobilizar jornalistas e formadores de opinião para que deem repercussão às atividades de denúncia e incidência que estamos realizando de 3 de outubro a 5 de novembro em alguns países europeus (Espanha, Suíça, Alemanha, Holanda, França, Itália e Bélgica). A agenda inclui participação nas atividades da Campanha Global pelo Desmantelamento do Poder Corporativo, reuniões com relatorias especiais da ONU, audiências com membros do parlamento europeu e do parlamento alemão, representantes da OCDE, de investidores da Vale e de empresas compradoras dos minérios extraídos no Brasil, além de debates públicos e ações de protesto pacífico.
Entre as várias denúncias necessárias diante da dramática situação do Brasil, estamos tratando de:
– Denunciar a impunidade corporativa da Vale e das empresas a ela associadas, a ameaça de retomada das operações no complexo Paraopeba, em Brumadinho (mina da Jangada) e a falta de compromisso real da empresa e do Estado brasileiro com as medidas de reparação integral e de garantias de não repetição em Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais, e em Piquiá, na Amazônia Brasileira.
– Divulgar os conceitos criados pelas populações atingidas: terrorismo de barragens, zonas de sacrifício e de alto risco de morte, indústria da reparação, entre outros.
– Demonstrar a relação de causa e efeito entre as ações de empresas europeias em geral e alemãs em particular e as violações de direitos humanos e danos ambientais no Brasil, com especial destaque para os crimes da Vale.
– Defender a importância de uma lei na Alemanha e outra em toda a Europa sobre a devida diligência em relação a toda a cadeia de valor. Que as empresas se comprometam a fiscalizar a origem das matérias primas que utilizam na fabricação de seus produtos e imponham condições às mineradoras e produtoras de ferro-gusa.
– Denunciar a falência do modelo mineral no Brasil, as pretensões de avanço sobre a Amazônia; as ameaças e ataques ao sistema de proteção ambiental e em especial o automonitoramento de barragens, que tem se mostrado ineficiente e tem trazido insegurança e pânico a milhares de pessoas.
– Fazer memória dos crimes, dignificar as vítimas, não deixar cair no esquecimento, denunciar a impunidade, valorizar o trabalho das defensoras e defensores e buscar solidariedade internacional.
– Relembrar os perigos à vida e integridade física e psíquica por que têm passado os defensores de direitos humanos e da natureza no Brasil.
– Denunciar as falsas soluções apresentadas pelas empresas, pelos governos e pelo mercado diante da crise climática global e chamar a todos os cidadãos e cidadãs da Europa a sua responsabilidade.
Enviaremos notícias, releases e fotos das atividades periodicamente.
Neste momento participamos do programa Ciudades Defensoras de Derechos Humanos, na Catalunha, Espanha. Daqui seguiremos para Genebra (Suíça), para participar da sessão do grupo de trabalho das Nações Unidas para um tratado vinculante para responsabilizar internacionalmente empresas violadoras de direitos humanos e da Natureza.
Estamos também fortalecendo a divulgação das atividades do Sínodo da Amazônia que está acontecendo em Roma neste mesmo período.
Estamos abertos para receber informações que possam enriquecer as nossas denúncias nessa jornada.
Agradecemos por todo apoio e solidariedade.
Carolina de Moura Campos, coordenadora geral da Associação Comunitária da Jangada – Brumadinho e membro da Articulação Internacional de Atingidas e Atingidos pela Vale.
Danilo Chammas, advogado popular da equipe da Justiça nos Trilhos, defensor de comunidades atingidas pela Vale na Amazônia Brasileira e em Minas Gerais, membro da Articulação Internacional de Atingidas e Atingidos pela Vale.
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