Aos 12 anos, Aretha Franklin deu a luz a seu primeiro filho. Aos 14, engravidou e pariu o segundo. Antes dos 15 anos, era mãe de dois meninos.
Seu pai, o reverendo C.L. Franklin, ministro da Igreja Batista, era um homem severo, temente a Deus, anti-aborto, pró-família e anti-comunista (no auge do Macartismo nos EUA).
O cidadão de bem C.L. Franklin também era fã de sexo grupal e organizava orgias em sua Igreja. Há, até hoje, a controvérsia de que religioso seria o pai do filho da própria filha, Aretha, submetida, aos 12 anos, a uma destas orgias na Igreja.
Está tudo em “Respect: The Life of Aretha Franlkin”, biografia da cantora, lançada em 2014 por David Ritz.
Mas tratemos do livro que o pai de Aretha Franklin adorava e fervorosamente citava de cor seus salmos – A Bíblia.
A Biblia tem frequentado o noticiário nas mãos de adoradores fervorosos que sabem de cor os seus salmos.
Sempre nas mãos de homens severos, tementes a Deus, anti-aborto, pró-família e anti-comunistas.
Esteve na mão de candidato à presidência em debate eleitoral.
Teve em redes sociais seus salmos clamados por Dr. Bumbum, indiciado por homicídio de uma cliente, e que exercia a medicina no Rio de Janeiro sem autorização.
E também teve seu seu autor, Deus, citado diversas vezes, também em redes sociais, por Luis Felipe Manvalier, acusado de assassinar a esposa, a advogada Tatiane Spitzner.
Todos homens severos, tementes a Deus, anti-aborto, pró-família e anti-comunistas.
Mulheres costumam ser vítimas destes tipos. Mulheres negras, então, não se fale.
Aretha Franklin, mulher e negra, ainda teve mais dois filhos, mais dois casamentos, com dois maridos que a espancavam sempre que lhes dava na telha.
“Respect” é também o nome da canção que Aretha transformou em símbolo da luta das mulheres contra os abusos de homens severos, tementes a Deus, anti-aborto, pró-família e anti-comunistas.
Se aproximam eleições gerais. Quem decidirá, no voto, nossos próximos governantes, serão justamente mulheres.
Terão uma tarefa respeitável.
Noventa por cento dos candidatos das próximas eleições são, justamente, homens severos, tementes a Deus, anti-aborto, pró-família e anti-comunistas.
Merecerão eles o respeito que não dão a elas?
Como cantava, Aretha, a dama do soul, mulher e negra:
“R-E-S-P-E-C-T
Find out what it means to me”.
Dodô Azevedo, em sua página no Facebook