A favela da Rocinha, assim como tantas outras do Rio de Janeiro, hoje é a comunidade que mais sofre com a política do jeitinho, que durante anos fez o poder público conciliar com o tráfico para garantir a “tranquilidade” da Cidade Maravilhosa. O prazo de validade dos acordos venceu e o caos se instaurou. Pior que isso, está sendo usado por aqueles que defendem a militarização como solução para a crise de segurança.
Chovem avaliações imediatistas e inconsequentes que, se consideradas, farão a violência aparentemente dar uma amenizada para piorar muito ali na frente. É um ciclo que nunca acaba, só piora. O agravante é que vivemos justamente um momento em que os saudosistas da ditadura como forma de restabelecer a dita ordem saíram do armário e bradam por mais armas, por mais intolerância e, consequentemente, por mais violência. Mas uma violência de classe, que oprime ainda mais quem é pobre, negro e morador de favela para garantir a “paz” para que os chamados “cidadãos de bem” desfrutem dos seus privilégios.
Muita atenção ao que está acontecendo no Rio de Janeiro nesse instante! Muita mesmo!
Daqui estão transbordando ações e reações que dizem respeito ao País todo. E que são perigosíssimas para a sociedade.
E toda solidariedade à população da Rocinha e das demais favelas. Esse povo não pode pagar a conta da ação negligente e criminosa do Estado. O povo das favelas merece respeito, segurança e direitos.
Bruno Monteiro é jornalista e ativista de Direitos Humanos