Conecte-se conosco

Destaques

Aécio é escorraçado da Paulista e PSDB perde as ruas para a direita

Publicadoo

em

O 13 de março ficará marcado como o dia em que os tucanos e os peemedebistas do golpe perderam as ruas para a extrema-direita. Moro virou um semi-deus, ou um monstro, que ameaça a democracia porque já não se submete a ela: tem à disposição massas furiosas que servem a seu ímpeto justiceiro.

Quem vai segurar o monstro alimentado por esse homem, sob cobertura da Globo?

Quem vai segurar o monstro das ruas  alimentado por esse homem, sob cobertura da Globo? – Foto: Revista Fórum

Começou como se esperava: a Globo dava ampla cobertura para atos de rua em Brasília, BH, Rio e nas capitais do Nordeste. Era como se fosse um “esquenta”, pra  chamar a massa de classe média ao grande ato da tarde, na avenida Paulista.
Com exceção do Rio de Janeiro (onde nitidamente mais gente foi às ruas dessa vez), nas demais cidades o comparecimento não saiu do que se esperava durante a manhã: a classe média em fúria dava as caras – num misto de delírio, autoritarismo e ódio longamente semeados pela Globo/Veja e pelo próprio “líder” da oposição, Aécio Neves (um anão político que pôs em risco a estabilidade democrática, ao não aceitar a derrota nas urnas em 2014).

O ato em São Paulo era tão importante que Aécio e outros líderes tucanos tentaram pegar carona na manifestação. E aí a narrativa começou a sair do programado pela oposição…

Marta foi escorraçada pelos coxinhas; Aécio e os tucanos foram num esquema vip para a festa e acabaram expulsos

Foto: Revista Fórum

Marta foi escorraçada pelos coxinhas; Aécio e os tucanos foram num esquema vip para a festa e acabaram expulsos

Aécio Neves e Geraldo Alckmin foram escorraçados da Paulista, aos gritos de “bundões” e “oportunistas”.

Um vídeo postado pelo ótimo repórter Pedro Venceslau (e que você pode assistir aqui) mostra eleitores dizendo diretamente a Aécio:

“fora, ladrão, vagabundo! Lixo!”

Os líderes máximos da oposição tiveram que sair correndo da avenida. Marta Suplicy, que abandonou o PT e embarcou no PMDB pregando impeachment, foi tratada a sapatadas: teve que se esconder no prédio da FIESP.

O dia 13 ficará marcado como o dia em que os tucanos e os peemedebistas mais apressados (a exemplo de Marta) perderam as ruas para a extrema-direita.

Bolsonaro não foi mal recebido em Brasilia. Nem tampouco Malafaia. Caiado foi ovacionado em São Paulo.

Acima de todos eles, no entanto, está a figura de Sergio Moro. Transformado numa espécie de semideus da moral e dos costumes, apoiado pela Globo de Ali Kamel, Moro poderia instalar guilhotinas em Curitiba já na semana que vem e transmitir execuções públicas pela TV. Seria apoiado pela massa cheirosa que tomou as ruas.

Ontem, escrevi que a situação de Dilma e Lula é difícil, mas que ainda há margem de manobra (clique aqui para ler mais), entre outros motivos porque estamos sob o signo do “imponderável de Almeida”.

E o imponderável deu as caras.

O PSDB, na verdade, viu sua margem de manobra se estreitar nas ruas: aqueles que votaram em Aécio começam a se descolar dele; e os que votaram em Dilma estão parados, a observar.

A primeira impressão é de que o lulismo vai botar muita gente nas ruas dia 18. Não tanta gente como a direita da “antipolítica”. Mas ficará claro, depois do dia 13 e do dia 18, que nas ruas só há duas forças: a extrema-direita que quer escorraçar/trucidar os políticos (inclusive tucanos) e o lulismo com apoio sindical/orgânico, de movimentos sociais e de certa centro-esquerda que se contrapõe à barbárie bolsonariana.

Ou seja: Lula e o PT têm alguma força para resistir na rua. Do outro lado, há a sombra ameaçadora do fascismo. O PSDB ficará esmagado entre essas duas forças.

Vai ser curioso também ver o que a Globo fará com os fanáticos que ajudou a criar (repórteres da TV carioca tiveram que trabalhar sem logotipo nos microfones, mesmo nas manifestações de direita).

A Globo e o PSDB estão espremidos: parecem perder o controle do monstro que alimentaram. Segura essa, Aécio! Segura essa, Ali Kamel

Nas últimas semanas, os tucanos deixaram evidente que sua aliança preferencial não é com as ruas, mas com Eduardo Cunha (para aplicar o impeachment) ou com Renan Calheiros (para implantar um parlamentarismo de ocasião, com programa liberal e privatizante).

O monstro de direita que rugiu nas ruas não quer acordos palacianos. Quer alguém que prenda e arrebente.

Aécio e Serra correm o risco de virar lacerdas do século XXI: fomentaram o ódio, e na última hora acabarão tragados por ele.

Moro virou um ente político. Quem poderá detê-lo?

Não estranharia se, nos próximos dias, o mundo político “institucional” (falo de Renan, Jucá, Sarney, além de certo “centro” comandado por Kassab) se voltar para Lula.

O ex-presidente é o único que tem alguma força para segurar a onda de antipolítica que pode aniquilar não o PT (este sobreviverá, com todos seus defeitos, porque representa parte significativa da população), mas toda a institucionalidade democrática que construímos desde 1988.

A dúvida agora é: o PSDB pode radicalizar ainda mais pra direita, pra agradar a massa furiosa da Paulista? Parece-me pouco provável.

Não há dúvida de que a marcha na Paulista foi massiva, e bem maior do que a de março de 2015. Chega-se a falar em 1,4 milhão de pessoas na avenida.O DataFolha, mais comedido, fala em 450 mil pessoas.

Quem passou por lá não tem dúvidas: o povo na rua era majoritariamente branco, de classe média e conservador. O povão, que votou em Dilma e tem críticas ao governo, não deu as caras na Paulista.

Nesse sentido, a marcha do dia 13 é, sim, mais um sinal de alerta para o governo Dilma: os que já não gostavam de você, presidenta, se tornam cada vez mais barulhentos e impacientes. Topam qualquer coisa para arrancar da cadeira a mulher que agora é chamada de “quenga” em faixas nas ruas!

Mas o dia 13 é, sem dúvida, muito mais dramático para a oposição.

O imponderável dá as cartas.

Lula, de vilão, pode virar o fiador de um novo arranjo que impeça o caos e o desmoronamento do sistema político.

Continue Lendo
3 Comments

3 Comments

  1. Pingback: Aécio é escorraçado da Paulista e PSDB perde as ruas para a direita | Luizmuller's Blog

  2. Julio

    15/03/16 at 11:51

    Puta texto bosta heim?

  3. Darli Simão

    18/03/16 at 12:59

    Muito boa análise! Quem viver verá.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

#EleNão

Moradores da Maré são bailarinos em espetáculo com temporada na Suiça

Publicadoo

em

Foto: Andi Gantenbein, de Zurique, Suíça, para os Jornalistas Livres

Denúncias sobre os atuais tempos de antidemocracia, assassinatos da população preta, pobre e periférica e o da vereadora Marielle Franco aparecem em cartazes erguidos pelos bailarinos de “Fúria”, espetáculo de Lia Rodrigues, considerada uma das maiores coreógrafas brasileiras da atualidade e uma das mais engajadas na realidade política do país.

A foto é da noite deste sábado (16), durante apresentação do grupo brasileiro no ‘Zürcher Theaterspektakel’, em Zurique, Suíça.

No Brasil, Fúria estreou em Abril, no Festival de Curitiba. A montagem evidencia, de maneira crítica, relações de poder, desigualdades, e as interligações entre racismo e capitalismo.

O espetáculo foi concebido no Centro de Artes da Maré, na Maré, RJ. O local foi inaugurado em 2009, e o projeto nasceu do encontro de Lia Rodrigues Companhia de Danças com a Redes da Maré. Os bailarinos são moradores da favela e de periferias do RJ.

Fruto dessa mesma parceria é a Escola Livre de Dança da Maré que resiste, em meio ao caos do governo violento de Witzel contra as favelas do RJ.

 

Continue Lendo

Destaques

Temer/Kassab preparam ataque ao seu direito à Internet

Publicadoo

em

O método Temer de solapar direitos dos cidadãos brasileiros tem novo alvo: a Internet. Sem qualquer discussão prévia, os golpistas querem mudar a composição do Comitê Gestor da Internet.

A consulta pública determinada pelo governo, sem diálogo prévio com os membros do Comitê e com apenas 30 dias de duração, certamente pretende aumentar o poder e servir apenas aos interesses das empresas privadas. As operadoras de telefonia têm todo o interesse do mundo em abafar as vozes de técnicos, acadêmicos e ativistas que lutam pela neutralidade da rede, por uma Internet livre, plural e aberta.

Veja, abaixo, a nota de repúdio ao atropelo antidemocrático da consulta pública determinada por Temer/Kassab. A nota é da Coalizão Direitos na Rede que exige o cancelamento imediato desta consulta.

Nota de repúdio

Contra os ataques do governo Temer ao Comitê Gestor da Internet no Brasil

A Coalizão Direitos na Rede vem a público repudiar e denunciar a mais recente medida da gestão Temer contra os direitos dos internautas no Brasil. De forma unilateral, o Governo Federal publicou nesta terça-feira, 8 de agosto, no Diário Oficial da União (D.O.U.), uma consulta pública visando alterações na composição, no processo de eleição e nas atribuições do Comitê Gestor da Internet (CGI.br).

Composto por representantes do governo, do setor privado, da sociedade civil e por especialistas técnicos e acadêmicos, o CGI.br é, desde sua criação, em 1995, responsável por estabelecer as normas e procedimentos para o uso e desenvolvimento da rede no Brasil.

Referência internacional de governança multissetorial da Internet,

o Comitê teve seu papel fortalecido após a

promulgação do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014)

e de seu decreto regulamentador, que estabelece que cabe ao órgão definir as diretrizes para todos os temas relacionados ao setor. A partir de então, o CGI.br passou a ser alvo de disputa e grande interesse do setor privado.

Ao publicar uma consulta para alterar significativamente o modelo do Comitê Gestor de forma unilateral e sem qualquer diálogo prévio no interior do próprio CGI.br, o Governo passa por cima da lei e quebra com a multissetorialidade que marca os debates sobre a Internet e sua governança no Brasil.

A consulta não foi pauta da última reunião do CGI.br, realizada em maio, e nesta segunda-feira, véspera da publicação no D.O.U., o coordenador do Comitê, Maximiliano Martinhão, apenas enviou um e-mail à lista dos conselheiros relatando que o Governo Federal pretendia debater a questão – sem, no entanto, informar que tudo já estava pronto, em vias de publicação oficial. Vale registrar que, no próximo dia 18 de agosto, ocorre a primeira reunião da nova gestão do CGI.br, e o governo poderia ter aguardado para pautar o tema de forma democrática com os conselheiros/as.

Porém, preferiu agir de forma autocrática.

Desde sua posse à frente do CGI.br, no ano passado, Martinhão – que também é Secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – tem feito declarações públicas defendendo alterações no Comitê Gestor da Internet. Já em junho de 2016, na primeira reunião que presidiu no CGI.br, após a troca no comando do Governo Federal, ele declarou que estava “recebendo demandas de pequenos provedores, de provedores de conteúdos e de investidores” para alterar a composição do órgão.

A pressão para rever a força da sociedade civil no Comitê cresceu,

principalmente por parte das operadoras de telecomunicações,

apoiadoras do governo.

Em dezembro, durante o Fórum de Governança da Internet no México, organizado pelas Nações Unidas, um conjunto de entidades da sociedade civil de mais de 20 países manifestou preocupação e denunciou as tentativas de enfraquecimento do CGI.br por parte da gestão Temer. No primeiro semestre de 2017, o Governo manobrou para impor uma paralisação de atividades em nome de uma questionável “economia de recursos”.

Martinhão e outros integrantes da gestão Kassab/Temer também têm defendido publicamente que sejam revistas conquistas obtidas no Marco Civil da Internet, propondo a flexibilização da neutralidade de rede e criticando a necessidade de consentimento dos usuários para o tratamento de seus dados pessoais. Neste contexto, a composição multissetorial do CGI.br tem sido fundamental para a defesa dos postulados do MCI e de princípios basilares para a garantia de uma internet livre, aberta e plural.

Por isso, esta Coalizão – articulação que reúne pesquisadores, acadêmicos, desenvolvedores, ativistas e entidades de defesa do consumidor e da liberdade de expressão – lançou, durante o último processo eleitoral do CGI, uma plataforma pública que clamava pelo “fortalecimento do Comitê Gestor da Internet no Brasil, preservando suas atribuições e seu caráter multissetorial, como garantia da governança multiparticipativa e democrática da Internet” no país. Afinal, mudar o CGI é estratégico para os setores que querem alterar os rumos das políticas de internet até então em curso no país.

Nesse sentido, considerando o que estabelece o Marco Civil da Internet, o caráter multissetorial do CGI e também o momento político que o país atravessa – de um governo interino, de legitimidade questionável para empreender tais mudanças –

a Coalizão Direitos na Rede exige o cancelamento imediato desta consulta.

É repudiável que um processo diretamente relacionado à governança da Internet seja travestido de consulta pública sem que as linhas orientadoras para sua revisão tenham sido debatidas antes, internamente, pelo próprio CGI.br. É mais um exemplo do modus operandi da gestão que ocupa o Palácio do Planalto e que tem pouco apreço por processos democráticos.

Seguiremos denunciando tais ataques e buscando apoio de diferentes setores,

dentro e fora do Brasil,

contra o desmonte do Comitê Gestor da Internet.

 

8 de agosto de 2017, Coalizão Direitos na Rede

 

Notas

1 A Coalizão Direitos na Rede é uma rede independente de organizações da sociedade civil, ativistas e acadêmicos em defesa da Internet livre e aberta no Brasil. Formada em julho de 2016, busca contribuir para a conscientização sobre o direito ao acesso à Internet, a privacidade e a liberdade de expressão de maneira ampla. O coletivo atua em diferentes frentes por meio de suas organizações, de modo horizontal e colaborativo. A nota está em https://direitosnarede.org.br/c/governo-temer-ataca-CGI/ .

2 Para ouvir a entrevista, à Rádio Brasil Atual, de Flávia Lefévre, conselheira da Proteste e representante do terceiro setor no Comitê Gestor da Internet, que afirma que as mudanças visam a atender interesses do setor privado e ferem caráter multiparticipativo do Comitê: https://soundcloud.com/redebrasilatual/1008-enrevista-flavia-lefevre

Continue Lendo

Artigo

FRAGMENTO E SÍNTESE

Publicadoo

em

 

Ligar a tv logo cedo num pequeno quarto de hotel no interior do país é desentender-se dos fatos nos telejornais matutinos. Abre-se a janela e uma menina vai à escola à beira do rio, um menino faz gol de bicicleta entre guris e o homem ergue a parede de sua casa.  Tudo tão distinto das ruas em alvoroço de protestos urbanos ou políticos insanos.  No rincão o que se busca é continuar vivo entre chuvas e trovões, sem não ou talvez. Tudo é certo. Sem modernidades calam ou arremedam nossa urbanidade, gente que se defende com pimentas e ervas, oração e vizinhança. Voz sem boca, boca sem voz, essa gente não é parte nas notícias selvagens dos jornais distantes.  Se resolvem entre cozidos, arte, bola e santos. No país de tantos cantos, muitos voam fora da asa e sem golpes entre si vão tocando suas mazelas e graça.

Mas vivemos tempos obscuros, a noite persiste em nossos avançados quinhentos e tantos anos e muitos santos. Dizem que burro velho é difícil se corrigir nos hábitos. Em manhã chuvosa na grande São Paulo, ligo a tv e o notbook, as janelas se abrem antes que a cortina deixe entrar o novo dia. Surpreendente ver na tv o deputado Jair Bolsonaro afirmando em um clube israelita na cidade do Rio, que se presidente for, não teremos mais terras indígenas no país. Ao mesmo tempo o computador expõe na rede social a opinião de meu amigo Ianuculá Kaiabi Suiá, jovem liderança do Parque Indígena do Xingu, onde leio ao som do deputado que ladra:

Jair Bolsonaro, obrigado por você existir. Graças a você, hoje, temos noção de quanto a população brasileira carece de conhecimento, decência, consciência, juízo, amor e que carrega um imenso sentimento de ódio sem saber o porque. Sim, sim, não sabem. Um exemplo? Veja a bandeira de quem te aplaude, é de um povo que, assim como nós, sofreu as piores atrocidades cometidas pelas pessoas que pensavam como você. Enfim, eu não sei se essa parcela do povo brasileiro pode ser curada, mas vou pedir para um pajé fumar um charuto sagrado e revelar se o espírito maligno que se apossou da tua alma pode ser desfeita com uma grande pajelança.

Ianuculá sabe o que diz, sabe de todo martírio vivido pelos povos originários, e mesmo assim se propõe a consultar o mundo dos espíritos.

 

É deus e diabo na terra do sol, a mesma terra que ofende também abriga e anuncia uma mostra de cinema indígena nos próximos dias. Terra de etnias e corpos na terra, a cidade maravilhosa do Rio não se calará diante do fascismo desses tempos sombrios, acompanhe.

Continue Lendo

Trending