Por Dirce Waltrick do Amarante*
O fuso horário é uma coisa que nunca conseguiu entender muito bem. Falavam que dependendo de onde estivesse e para onde fosse teria que adiantar ou atrasar o relógio.
Depois de uma viagem a Nova York, mal pisou no Brasil e, por alguma razão inexplicável, avisaram, ainda dentro do avião, que deveria atrasar o relógio. “Ué, mas eu não teria que adiantar duas horas?”, perguntou à comissária. A comissária fez uma cara estranha como se quisesse falar mais alguma coisa que engoliu em seco.
Atrasou o relógio ainda dentro do avião, atrasou o relógio no saguão do aeroporto, atrasou o relógio a caminho de casa, mas, por mais que atrasasse o relógio, nunca chegava ao atraso do país.
Num impulso, jogou fora o relógio. O que precisava mesmo era de um calendário novo, que providenciou na lojinha da esquina. Agora sim, pendurado na parede do quarto, o calendário marcava o ano de 1933.
- Professora da Universidade Federal de Santa Catarina e perdida no tempo.
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