É como mexer em formigueiro, atiçar casa de abelha. É como abrir represa e inundar o campo, há um canto, uma música de muitas línguas. Tudo se aviva numa atenção e objetivo de defesa, é um ofício conjunto.
A larga avenida se inunda de cores, como se uma revoada de pássaros preto, azul, vermelho, branco e amarelo ocorresse na cabeças das pessoas, mulheres e seus cocares.
Um balé moderno protesta na via, se dirigem à Secretaria Especial de Saúde Indígena; lembra guerra a melodia em protesto contra o desmonte da Secretaria. Protestam contra a secretária indígena, a militar Silvia Waiãpi, tenente e atriz. Pedem sua imediata abdicação.
Tão valente as mulheres, pararam o trânsito, surpreenderam a polícia, renegaram o governo anti-indígena que não gosta de árvore.
Mulher é coisa de entranhas e nuvens, faz chuva e sol, faz sombra sobre a vida, embala em canto a mão que ergue e grita.
Protege e salva, coisa de mulher.
imagens por Helio Carlos Mello