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A Polícia de Wilson Witzel matou João Pedro, um jovem estudante. Ele poderia ser seu filho

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Veja a imagem de O Globo, captada pela lente sensível do fotógrafo Guito Moreto. É o pai de João Pedro, Neilton, debruçado sobre o caixão do filho

Por Katia Passos e Lucas Martins, Jornalistas Livres 

“Quero dizer, senhor governador Wilson Witzel que a sua polícia não matou só um jovem de 14 anos com um sonho e projetos, a sua polícia matou uma família completa, matou um pai, uma mãe e o João Pedro. Foi isso que a sua polícia fez com a minha vida”.

Foi em razão da frase acima, um desabafo revoltado e trágico de Neilton Pinto, pai do garoto João Pedro, de 14 anos, que na segunda (18/05), enquanto brincava com primos em casa, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, foi atingido no peito por projétil de arma de fogo, que relembramos um fato público, de 50 anos atrás, que ocupou os jornais do Rio de Janeiro em março de 1968. Nada mudou.

Naquele começo de mês de março de 1968, Edson Luís de Souto Lima, um jovem estudante paraense do ensino médio secundarista foi baleado pela polícia e os jornais deram a notícia em destaque dizendo que ‘mataram um jovem estudante e ele poderia ser seu filho.’ Eram tempos duros também, pois o país sobrevivia em plena Ditadura Militar e hoje, parece que nada mudou em pleno 2020 de novo Coronavírus.

A necropolítica de Witzel e seus aliados não descansa nem mesmo durante a maior crise sanitária mundial. O Rio de Janeiro virou um necrotério.

Por isso, é muito óbvio para o restante do país e para o mundo, que hoje o Rio de Janeiro é um dos territórios brasileiros onde jovens estudantes são mais executados pela necropolítica dos governos racistas, ditatoriais e fascistas. Uma contradição absurda, visto que, a polícia não deveria protege-los? Mas sabemos a resposta.

É muito absurdo pensar que João Pedro Matos Pinto, de apenas 14 anos deixou o mundo. E como se a história não pudesse ser ainda mais trágica, depois de balearem o garoto, os policiais o levaram de helicóptero, “para socorre-lo”, sem satisfações à família. Sem desculpas, sem que ninguém pudesse sequer acompanha-lo.

A família ficou em choque e uma rede de amigos, coletivos e influencers pretos da internet rapidamente fizeram uma corrente em busca de João Pedro. Procura-se João Pedro era a frase mais veiculada nas redes sociais, desde a tarde, entrando pela madrugada desta terça 19 de maio.

O Corpo de Bombeiros, segundo o Jornal O Dia, informou que o menino foi deixado sem vida, por volta das 15h, de segunda-feira, 18/05, no Grupamento de Operações Aéreas (GOA) da Lagoa, Zona Sul carioca.

Somente depois de centenas de buscas realizadas de diversas maneiras e em diferentes lugares é que os familiares encontraram o corpo do menino no Instituto Médico Legal) de São Gonçalo e assim a morte foi confirmada. Que dor!

Cinicamente, hoje, uma nova operação das Polícias Civil e Federal foi realizada no mesmo bairro. Poucos dias atrás, na última sexta (15), uma outra ação no complexo do Alemão deixou pelo menos dez mortos, após a entrada do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) na comunidade.

A carioca Mônica Cunha, que já perdeu um filho nas mesmas circunstâncias e hoje coordena o Movimento Moleque e a Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, nos disse, por telefone, que acha um absurdo que em meio à pandemia do Coronavírus, Witzel continue admitindo essas operações de morte dentro das favelas do Rio de Janeiro: “Na sexta feira, foi no Complexo do Alemão, uma verdadeira chacina. E ontem, em São Gonçalo, mais uma operação desastrosa com a morte deste menino”.

Para Jacqueline Muniz, professora do bacharelado em segurança pública da Universidade Federal Fluminense, a atuação da polícia se insere em um contexto maior:  “Seguimos de desastre operacional em tragédia social por conveniência política e conivência corporativista. Qual doutrina policial, de uso da força profissional, valida este tipo de operação? Precisa que mais um João Pedro, mais um menino, mais um de nós morra para reconhecer que polícias, em democracias, não são autarquias sem tutela que se auto governam. O meio de força não decide seus fins, o martelo não desenha a mão e não decide seu uso”.

O Ministério Público Estadual, outra instituição que poderia ter sido mais dura no trato com o caso de João Pedro, divulgou uma nota meramente protocolar e informativa: A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) instaurou inquérito para apurar a morte de um adolescente ferido durante operação da Polícia Federal com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Foi realizada perícia no local e duas testemunhas prestaram depoimento na delegacia. Os policiais foram ouvidos e as armas apreendidas para confronto balístico. Outras diligências estão sendo realizadas para esclarecer as circunstâncias do fato. A ação visava cumprir dois mandados de busca e apreensão contra lideranças de uma facção criminosa. Durante a ação, seguranças dos traficantes tentaram fugir pulando o muro de uma casa. Eles dispararam contra os policiais e arremessaram granadas na direção dos agentes. No local foram apreendidas granadas e uma pistola. O jovem foi ferido e socorrido de helicóptero. Médicos do Corpo de Bombeiros prestaram atendimento, mas ele não resistiu aos ferimentos. O corpo foi encaminhado para o IML de São Gonçalo.”

Então, com um Estado que não garante o direito à vida o que pode acalentar os pais de João Pedro? Quanto mais serão vítimas da necropolítica?

 

Reações

Depois que a execução de João Pedro ganhou repercussão nas redes sociais, diversas manifestações de apoio à família e repúdio à tragédia tomaram as redes. Aqui ttazemos algumas delas.

“Não podemos aceitar que João Pedro seja apenas mais um adolescente negro na estatística. Nosso mandato está em contato com a Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, sugerindo iniciativas para ajudar a família do adolescente morto dentro de sua própria casa. Isso precisa acabar!” Talíria Petrone, Professora de História, negra, feminista. Ex-vereadora de Niterói e deputada federal pelo PSOL do Rio de Janeiro 

“Foi confirmada a morte do menino João Pedro, atingido ontem dia 18, por um tiro na barriga, dentro de casa, durante operação no Complexo do Salgueiro, RJ. Sua família ficou sem notícias até esta manhã. À ela, minha solidariedade neste momento revolta e dor. “NÃO VEJO A HORA DE TUDO VOLTAR AO NORMAL”. A vida normal, gostosa, boa, cheia de desafios, sonhos e expectativas que você está louca pra ter de volta, sempre coexistiu com vidas violentadas, desvalorizadas e interrompidas. Desde sempre gritamos! Onde estavam que nunca ouviram? Os corpos aos montes em necrotérios, que hoje assusta brancos pelo Covid19, é o normal para negros, TAMBÉM pelos tiros da polícia. O estado genocida, a violência policial, militar e civil que mata 45 mil negros por ano no Brasil, são pandemias de sempre. Douglas Belchior, professor de história e militante da Uneafro Brasil 

“2020, uma pandemia global assola o mundo. Há muitas mortes, colapso da saúde, fome, sede e dor. No Brasil, em meio a tudo isso, no estado do Rio de Janeiro o governador usa sua polícia para cometer ações violentas nas favelas e periferias, inclusive assassinando pessoas como João Pedro, um adolescente de 14 anos que estava dentro de sua casa, fazendo o isolamento social pedido pela Organização Mundial da Saúde, para evitar a contaminação do #coronavírus. Que a história lembre de @wilsonwitzel como tão monstruoso como o vírus da pandemia desses tempos. Raull Santiago, comunicador social do portal Papo Reto e membro da Anistia Brasil 

“Na noite de ontem recebemos a notícia do assassinato de João Pedro, que tinha apenas 14 anos. Mais um jovem assassinado por essa política de segurança pública que tem a morte como destino final para os nossos corpos favelados. Onde era pra chegar água, comida e cuidado, ainda mais em tempos de pandemia, vemos a realidade, vemos o que o Estado nunca deixou de levar para a favela, o seu braço armado.” Renata Souza, deputada estadual pelo Psol no RJ.

“Domingo, Demétrio, pela dor imputada por um sistema que nos atravessa a vida. Fazendo com que pensemos todo dia, toda hora: seja forte, seja guerreirx, lute, lute, lute…É assim que deve ser, senão for assim, te caçam e destroçam nos dentes. Mastigando aos poucos, vão moendo a vontade, o desejo, a vida… Hoje, João uma criança de 14 anos. Para o mesmo sistema, um suspeito, um corpo massificado no meio de outros corpos negros, onde todos eles são nada mais que um número na assistência precária do Estado, na morte por bala, nas filas dos hospitais… João Pedro foi baleado em casa. Nem o isolamento social lhe deu a chance de continuar.” Erica Malunguinho, deputada estadual pelo Psol em SP

“Depois de horas sem saber do filho, a família do João Pedro, jovem de 14 anos baleado dentro de casa, descobre que ele está no IML. Desumano. Triste. Avassalador. Até quando o Estado vai enxugar o sangue de jovens, pretos e favelados?” Áurea Carolina, Lutadora negra feminista. Especialista em gênero e igualdade e mestra em ciência política. Ex-vereadora de BH e deputada federal pelo Psol 

 

 

 

https://www.instagram.com/p/CAYpc4HA-Fn/?igshid=1crmwxiokiaz0

Outros casos

Maria Eduarda, uma menina de 13 anos, foi morta em 2017, enquanto fazia aula de Educação Física, na Escola Municipal Jornalista Daniel Piza, em Acari, na Zona Norte do Rio. O Policial Militar, Fábio de Barros Dias foi apontado como responsável pelo tiro que matou a garota.

Marcus Vinicius da Silva, jovem de 14 anos, foi morto na Maré, Zona Norte, em 2018. A mãe dele, que o viu morrer na Unidade de Pronto Atendimento, contou que ele disse ter visto o tiro sair de um “blindado” da PM.

Ágatha Vitória Sales Félix, uma menina de 8 anos, foi morta por um tiro no complexo do Alemão, Zona Norte do Rio, em setembro de 2019. Enquanto estava com a mãe em uma Kombi, foi atingida por um tiro. Os moradores da região e testemunhas afirmaram que o disparo veio de um Policial Militar e em novembro de 2019, o inquérito reforçou a versão.

Para nós, Jornalistas Livres não foi tarefa fácil racionalizar para escrever esse texto, que na verdade é também um desabafo.

Somos mães, pais, irmãos, tios, primos de nossas crianças e enfim, seres humanos que não aceitam essa história.

Por isso, seguimos impressionados com a capacidade dessa máquina de opressão e morte, e com a necropolítica fortemente implementada no Estado do Rio, por Wilson Witzel e desejamos muito que a família do garoto João Pedro encontre uma maneira de fazer com que isso nunca mais seja esquecido e sobretudo, que essa história horrível seja resolvida de alguma maneira. A vida de João Pedro não volta mais, claro, mas queremos registrar o nossa força para continuar acompanhando o desenrolar desse caso. 

João Pedro, presente! Hoje e Sempre! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A cada 23 minutos, mais uma mãe preta chora⁣
Coração apertado e ele só foi jogar bola⁣
Se tiver atrasado, devagar, não corre agora.⁣
A polícia não viu que era roupa da escola?⁣
Necropolitica é isso, ⁣
Te incomoda?!⁣
Mbembe me ensinou⁣
E eu to repassando agora!⁣
Cheguei falando alto, agora tô fazendo alarde⁣
Espero que entenda e comece a sua parte! ⁣
Porque⁣
Não vai chorar sua mãe⁣
Nem vai chorar a minha⁣
Povo preto se armando⁣
Com a palavra e a escrita⁣
Não vai chorar sua mãe⁣
Nem vai chorar a minha⁣
Povo preto se armando⁣
Conhecimento é a saída. ⁣
(Bia Ferreira)

NO INSTAGRAM @igrejalesbiteriana

 

 

Necropolítica é um conceito desenvolvido pelo filósofo negro, historiador, teórico político e professor universitário camaronense Achille Mbembe que, em 2003, escreveu um ensaio questionando os limites da soberania quando o Estado escolhe quem deve viver e quem deve morrer. A tese virou livro e chegou ao Brasil em 2018, publicado pela editora N-1. Para Mbembe, quando se nega a humanidade do outro qualquer violência torna-se possível, de agressões até morte.

 

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1 Comment

1 Comments

  1. Gilberto Barros

    19/05/20 at 19:27

    É muita covardia. Eu tenho medo de bandidos, mas tenho mais medo de polícias bandidos.

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PROGRAMA DE EXTERMÍNIO

Extermínio de espécies da fauna e flora são irreparáveis, no pantanal, em especial por ser uma área de transição ambiental. Entenda mais nesse artigo de João Paulo Guimarães e nas suas imagens.

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Por João Paulo Guimarães (texto e imagem) Jornalistas Livres

O repórter João Paulo Guimarães tem percorrido, desde agosto o Pantanal, nas regiões que mais estão sofrendo com o impacto dos incêndios. Mais uma vez, ele nós oferece uma percepção sensível deste estrago, que nos permite testemunhar as dimensões irreversíveis dessa perda. Não apenas nas imagens tão impactantes, mas na análise precisa deste desastre.

Um Ecótono é o resultado do contato de uma região entre biomas fronteiriços. São áreas de transição ambiental. Por exemplo, o Pantanal.
Essa área, chamada erroneamente de bioma, por ser o resultado dos biomas Amazônia e Cerrado, está fadada à destruição. É um fato. O ponto de retorno, o qual poderia ser feito alguma coisa, está há quilômetros. O Pantanal está perdido. A Floresta, a biodiversidade, animais, vida aquática e solo. Tudo.

Incêndios no Pantanal, fotos de João Paulo Guimarães

A contaminação da ictiofauna pelas cinzas e pelo excesso de matéria orgânica já é uma realidade. Os peixes vão sucumbir graças à folhas e folhas e troncos queimados que caem nos rios, o que acarreta a redução do nível de oxigênio na água, causando a mortalidade da população de peixes e algas. A ciência, possivelmente, nunca vai saber os impactos e resultados dessa calamidade.


Cinquenta anos, dizem os cientistas ignorados pelo Governo Federal. Em cinquenta anos o Pantanal volta ao seu estado exuberante e saudável. Uma regeneração lenta e impossível graças ao Agro que ama o fogo.
Em uma Usina de Cana de Açúcar da COOPERB em Mirasol próxima à Cáceres, um trator, máquina de corte, pega fogo. O canavial vem ao chão e se dirige para o bananal ao lado. O bananal e consumido e ao longe, atrás do muro de fumaça, é possível ouvir os gritos desesperados do assentamento Sem Terra Margarida Alvez. Não conseguimos contato com a liderança do assentamento.


Cinquenta anos pra curar, diz a Professora Cátia Nunes da Cunha. Pós Doutora do Instituto Max-Plank. Grandes coisa ser professor ou Doutor no País do auxílio emergencial de mil dólares onde a Lava Jato foi extinta porque não há corrupção no governo cuja esposa do Presidente recebe 7,5 milhões de reais de verba destinada para o combate à gripezinha que não existe chamada Covid-19 que já matou 5 milhões de brasileiros.

Por falar nisso Presidente, porque sua esposa recebeu oitenta e nove mil reais do Queiroz?

14% do Pantanal já foi. Mas pra ajudar o governo cortou 58% da verba do ICMBio e agora vai fundir o Ministério do Meio Ambiente com o Ministério da Agricultura.


A Amazônia está sendo devastada. Pegando fogo e sangrando com o correntão que vai derrubando tudo à sua frente.
Não chove no País. Não há Sol. Está escondido atrás da fumaça que cobre os céus do Brasil em Rondônia, Acre, Minas Gerais, Amazonas, Pantanal, Amazônia e muitos outros locais que são área de crescimento do Agro Pop.
Já perceberam que só queima em área próxima de fazenda, de Garimpo, de reserva indígena e reserva ambiental?
Eu percebi.

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Ronaldinho, ‘embaixador’ de Bolsonaro, completa 150 dias preso no Paraguai

Esse governo é uma tragédia: entenda a atrapalhada operação montada para tentar restaurar a imagem do capitão-presidente no exterior

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Ronaldinho, sempre risonho, no documento falsificado - Divulgação: Polícia paraguaia

Ronaldo de Assis Moreira, o Ronaldinho Gaúcho, completa hoje 150 dias de prisão no Paraguai, acusado, junto com o irmão Roberto, de falsificação de documentos. O crime envolve outros 13 paraguaios que cometeram mais de uma dezena de delitos. Ronaldinho foi a Assunção participar do lançamento de uma biografia e inaugurar um cassino virtual. O cachê seria doado a uma ONG que cuida de crianças carentes. Seria um ato louvável.

Por Dacio Malta*

Mas, quando ele se preparava para a festa, em um luxuoso clube, a polícia foi a sua suíte e encontrou passaportes e carteiras de identidade paraguaios com o seu nome e foto.

A festa foi suspensa e Ronaldinho, algemado, trocou o apartamento por uma cela na Agrupación Especializada da Polícia Nacional, onde comemorou os seus 40 anos.

A prisão movimentou uma banca de cinco advogados, e até mesmo o então ministro da Justiça Sérgio Moro telefonou seguidas vezes para Assunção, tentando a libertação. O colega paraguaio disse que nada poderia fazer em favor do craque — o único jogador a ter conquistado a Champions League, a Libertadores, a Copa do Mundo e a ser eleito o melhor jogador de futebol do mundo dois anos seguidos; 2004 e 2005. Moro, no episódio, saiu duplamente desmoralizado: primeiro por tentar interferir na prisão, segundo por não obter a libertação do detento.

Na verdade, o marreco estava cumprindo uma determinação absurda do presidente — mais uma entre tantas tarefas a que se prestou.

Em setembro do ano passado, durante uma audiência com Bolsonaro, o ex-jogador do Barcelona foi nomeado embaixador do turismo brasileiro, com a missão de “recuperar nossa imagem internacionalmente”, conforme informava a Embratur.

Ele participaria de uma campanha ao lado de um seleto grupo de “embaixadores”, como o cantor Amado Batista, a dupla sertaneja Bruno & Marrone e lutador de jiu-jitsu Renzo Gracie.

Ocorre que o “embaixador” estava proibido de deixar o país, pois teve seu passaporte apreendido em 2015, após uma condenação por dano ambiental em Porto Alegre, onde construiu uma plataforma de pesca ilegal em área de preservação ambiental.

A apreensão do passaporte pela Justiça comum e depois confirmada pelo Supremo, obrigava o jogador a pagar uma multa no valor de R$ 8,5 milhões, quantia que ele disse não possuir.

No início de abril, depois de três tentativas frustradas, e graças à Covid-19, Ronaldinho conseguiu deixar a cela e passou cumprir prisão domiciliar no Hotel Palmaroga, um quatro estrelas no centro de Assunção, que está funcionando exclusivamente para atender o jogador, já que por conta da pandemia continua fechado para clientes até dia 24 de agosto.

Ele conseguiu ir para o hotel, depois de pagar fiança de US$ 1,6 milhão — pouco mais de R$ 8 milhões — a mesma quantia que ele disse não possuir para quitar a multa com a Justiça brasileira.

Pagando uma diária de quase 600 dólares, para ele e seu irmão, Ronaldinho não está de todo mal. Pode circular livremente pelos corredores do hotel, conversar com os funcionários, dar entrevistas, utilizar a piscina, a academia e o restaurante, além de dispor de wi-fi. Graças a ele, o jogador já participou de três lives de grupos de pagode e, esta semana, compôs, pelo Zoom, uma samba com seu amigo Salgadinho.

A primeira entrevista que concedeu foi no dia 26 de abril ao programa “Crime e Castigo”, da ABC TV, quando agradeceu a “hospitalidade do povo paraguaio” , principalmente quando estava na cela da Agrupación, onde boa parte dos dias atendeu a pedidos de selfies com presos e policiais, deu autógrafos e jogou bola com seus colegas de cárcere: “Era importante dar uma alegria aquele pessoal que estava, como eu, na mesma situação”.

Na entrevista, Ronaldinho contou sua versão para o crime: “Recebi os documentos de presente, logo quando desembarquei em Assunção. Não sabia que eram falsificados”.

O argumento é tão tolo que chega a ser difícil fazer qualquer comentário.
Afinal, o craque não pediu naturalização, é conhecido mundialmente, e sonhava em viajar ao exterior com um documento falso.

Seria uma operação típica das antigas Organizações Tabajara. Ronaldinho, e seu passaporte paraguaio, correndo o mundo e tentando restaurar a imagem do governo do capitão.

*Dacio Malta trabalhou nos três principais jornais do Rio – O Globo, Jornal do Brasil e O Dia – e na revista Veja.

Leia mais Dacio Malta em:

Bolsonaro facilita fuga de Abraham Weintraub para os Estados Unidos

CADÊ O QUEIROZ? BRAÇO DIREITO DE BOLSONARO TEM A SENHA PRA DERRUBAR O PRESIDENTE

COM BOLSONARO, BRASIL SE TORNA O PARAÍSO DO CORONAVÍRUS

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BOLSONARO DEVE DEIXAR SAÚDE COM PAZUELLO, QUE CONFUNDE HOMENS COM CAVALOS

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impunidade

Bolsonaro e cúmplices tucanos fazem do Brasil a terra do vale tudo

STF protege Serra, acusado de roubo milionário; Bozo sem máscara; Lava-Jato espiona 38 mil sem autorização. Nem a novela iguala o vale tudo da vida real

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Vale-tudo: pra que usar máscara na pandemia, pergunta-se o cavalo

Os exemplos são inúmeros. O país não está mais sob o império de leis, mas daqueles que acham que podem mais por causa da farda, da toga, do cargo ou de um revólver no coldre. Principalmente, por causa do dinheiro que roubaram do povo. O facínora Jair Bolsonaro faz a festa. Nem sei se o vírus o aceitou de fato como hospedeiro, tal o volume de mentiras que ele produz. Seja como for, ele insiste em fazer troça de quem procura alertar para os efeitos da pandemia. Mais de mil mortes por dia! Tido como curado, a primeira coisa que Bolsonaro fez foi desafiar normas que impedem pessoas de circular sem proteção. Foi ao Piauí desfilar sem máscara e distribuir abraços em aglomerações, algo proibido no estado. O governador do PT finge que não viu. Em vez de multá-lo, acoelha-se. Essa é a “oposição” oferecida ao povo.

Por Ricardo Melo*

Ainda outro dia, um dito desembargador humilhou fiscais no litoral de São Paulo. É reincidente. Em vez de ser afastado imediatamente, conta com a complacência da justiça apodrecida.

Aí vem a briga da Lava-Jato. O procurador Aras não é flor que se cheire –recomendo distância se o seu olfato ainda não foi fulminado pela covid-19. Mas brigas entre os de cima são sempre assim. Bandido que luta contra bandido não economiza segredos. E a verdade vem à tona.

Na disputa contra Sergio Moro, Aras revela que a Lava-Jato virou um poder paralelo. Tem um dossiê com mais de 38 mil nomes –o seu pode estar entre eles— guardados a sete chaves. Uma SS aos moldes nazistas montada com dinheiro do povo. E o conselho nacional de justiça ou do ministério público ainda hesita em afastar Dallagnol dessa operação cujo objetivo sempre foi claro: tirar Lula das eleições.

Chega? Nada disso. O Supremo Tribunal Federal virou a casa da mãe Joana –com todas as desculpas devidas a ela. Dependendo do juiz, a sentença varia. José Serra, um ladrão conhecido –embora muy amigo de juízes e jornalistas de quem foi fonte em priscas eras–, conta com a blindagem deste pessoal e de ministros do Supremo para descansar em paz. O presidente do STF encabeça a fila.

Os tucanos vêm saqueando o país há décadas. A semelhança não é acidental: assim como os Bolsonaros, usam a família para surrupiar dinheiro público. Serra elegeu a filha como laranja de estimação. Já Alckmin pinçou um cunhado para praticar as malfeitorias agora escancaradas. Tudo encoberto pela imprensa servil durante anos, a mesma que agora tenta abafar o caso e dedica ao assunto espaço menor do que às seções de horóscopos e meteorologia em suas páginas e telejornais. Vale a pena lembrar: um barco de alumínio da família Lula, que não custa mais de R$ 3 mil, foi manchete de jornal como “prova” de roubalheira. Já os milhões roubados pelos tucanos desaparecem do noticiário. Precisa falar mais?

Os advogados dos larápios nem sequer tentam provar a inocência de seus clientes cheirosos regados a vinhos de safras celebradas. As bancas milionárias contratadas pela quadrilha emplumada se calam diante dos crimes cometidos. Agarram-se a “prescrição dos crimes”, seja pelo tempo decorrido, seja pela idade dos acusados. Ou se apegam ao “foro privilegiado” para impedir investigações. Na verdade, uma confissão de culpa.

O povo assiste a tudo isto estarrecido. Aparentemente indefeso, mas só aparentemente. As iniciativas em lugares como Paraisópolis, Heliópolis, movimentos de ocupações e de outras comunidades pelo Brasil afora mostram que a defesa da vida suplanta o descaso cruel das elites endinheiradas. Germinam aquilo que deve ser o futuro de um mundo melhor.

*Ricardo Melo, jornalista, foi editor-executivo do Diário de S. Paulo, chefe de redação do Jornal da Tarde (quando ganhou o Prêmio Esso de criação gráfica) e editor da revista Brasil Investe do jornal Valor Econômico, além de repórter especial da Revista Exame e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Na televisão, trabalhou como chefe de redação do SBT e como diretor-executivo do Jornal da Band (Rede Bandeirantes) e editor-chefe do Jornal da Globo (Rede Globo). Presidiu a EBC por indicação da presidenta Dilma Rousseff.

Leia mais Ricardo Melo em:

HTTPS://JORNALISTASLIVRES.ORG/QUEM-CONFIA-EM-MILTON-RIBEIRO-O-MINISTRO-DA-EDUCACAO-ESCOLHIDO-POR-BOLSONARO/

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