Se fere nossa existência, nós dizemos resistência, afirmam milhares de bocas. Existe fome de cura, e o que vejo são mulheres, muitas mulheres que cantam e tanto falam enquanto dançam, preenchem todas as carências que sinto como cidadão.
Elas chegaram onde queriam, sorriem em brado.
Me sinto totalmente dispensável, sentimento curioso e também agradável. Homens? Restou-nos a guarda.
É bonito ver o sonho de Brasília, pensado por seus artistas e idealizadores, ocupado por mulheres indígenas. Dançam Canela, Krahô, Kamayurá, Tembé, entre tantas, ancestral paradigma no país do futuro.
Diz a mulher indígena: digam ao povo que fico, ficaremos. Faz-se voz à nação nesse momento, tão rouco e perplexos estamos. Sempre esteve aqui tal mulher, não arreda pé, não desistirá.
Apenas o que digo e vi, é que foi longa a caminhada até a casa do povo e há uma plenitude nessa trilha.
Cem mulheres receberam senhas para entrar na casa chamada Congresso. Milhares estão neste momento aguardando a saída e entendimento.
Volto para casa pleno, volto mais forte, feminino, indígena, brasileiro. Território, corpo, nosso espírito.
Pindorama, terra dos encantados.
imagens por Helio Carlos Mello
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