Moradores de rua denunciam situação precária vivida em Belo Horizonte

População de rua cresce cada vez mais e protesta contra os problemas enfrentados durante a pandemia
Fotos de Bruno alves

Moradores em situação de rua de Belo Horizonte e Região Metropolitana realizaram hoje uma manifestação no centro da cidade para denunciar as precárias condições que tem enfrentado em meio à pandemia de covid-19. Entre as suas bandeiras de luta estão a reforma urbana, a não violência contra as mulheres e o atendimento precário dos governos.


Conforme levantamento do serviço social da prefeitura, a capital mineira já conta quase 5 mil moradores de rua, sendo 88% do sexo masculino e 12% de mulheres. Mas o Cadastro Único – CAD do Ministério da Cidadania, que identifica pessoas em extrema pobreza para direcionar políticas públicas de acolhimento e atendimento, indica que são 9.164 pessoas vivendo nas ruas de Belo Horizonte, boa parte delas vindas do interior ou de outros estados. Nada menos que 84% delas são beneficiários do Programa Bolsa-Família.


Recentemente, mais de mil barracas foram distribuídas aos moradores de rua pela Frente Humanitária do Canto da Rua Emergencial, movimento solidário organizado pela Pastoral da Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte que reúne várias entidades. Os abrigos fazem parte de um “kit inverno”, composto também por mantas de cobertura, meias, agasalhos e saco de dormir.
As barracas foram adquiridas por um instituto privado parceiro, que ofereceu o aporte financeiro para os kits e para outras ações promovidas pelos mais de 200 colaboradores. As equipes de apoio saíram as ruas, realizaram um cadastro, identificaram as necessidades de cada um e depois distribuíram as doações. Outras 120 pessoas, idosas ou com comorbidades, foram encaminhadas a três centros de acolhimento montados pela Frente.

Claudenice Rodrigues Lopes, assistente social e voluntária da Pastoral de Rua da Arquidiocese, disse ao repórter Elian Guimarães, do jornal Estado de Minas, que ultimamente o número de moradores de rua cresceu devido também aos casos de pessoas liberadas do sistema prisional por causa da pandemia. “É significativo o número de pessoas vindas do sistema que nos procuram, algumas em busca de passagens. Grande parte é do interior, não tem recursos para voltar pra casa e não tem para onde ir. Então, ficam por aí”.
Segundo Claudenice, a diminuição do fluxo de pessoas circulando pelo Centro da cidade deu visibilidade a elas. “Antes eram invisíveis, que passavam despercebidas pelos cantos, diante do grande movimento”, observou.


Perfil das pessoas em situação de rua

Gênero
Masculino 88%
Feminino 12%

Idade
0 a 17 0,7%
18 a 24 7,1%
25 a 34 22,2%
35 a 39 16,5%
40 a 44 15,6%
45 a 49 12,1%
50 a 54 10,8%
55 a 59 7,4%
+60 7,1%

Raça/cor
Parda 60,6%
Preta 23%
Branca 15,7%
Amarela 0,5%
Indígena 0,1%
Não informado 0,1%

Renda familiar per capita
Até R$ 89 90,84%
Entre R$ 89,01 e R$ 178 0,99%
Entre R$ 178,1 e meio salário mínimo 1,9%
Acima de meio salário mínimo 6,28%

Grau de instrução
Sem instrução 7,3%
Fundamental incompleto 52,3%
Fundamental completo 14,3%
Médio incompleto 10%
Médio completo 14,3%
Superior incompleto ou mais 1,2%
Não informado 0,6%

Motivos para estar nas ruas (principais)
Problemas familiares 56%
Desemprego 41,5%
Perda de moradia 30%
Alcoolismo 19,3%

Outros
33% dizem usar abrigos para dormitório
84% são beneficiários do Programa Bolsa-Família

Fonte: Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. nao tenho lido mesta reportagem contando tb da fragilidade de mulheres trans e lgbtqi nas ruas que tambem fazem parte ddesta populacao que tb sao tao vulmeraveis quanto aos homens mulheres atecao a eles sao poucas .

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