A Rede de Museologia de São Paulo divulgou nota pública em que repudia e denuncia ato de violência praticado contra Zeca Kaingang, da Terra Indígena Vanuíre, em Arco-Íris, São Paulo. Ela tem se mobilizado para tornar público o caso e que o agressor seja identificado e punido.
A agressão provocou lesões e traumatismos profundos pcomo resultado do ato violento Kaingang foi internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa de Tupã. O ataque aconteceu entre os dias 4 e 5 de abril e ainda não se sabe o que motivou a agressão.
A Rede SP de Memória e Museologia Social também mobilizou grupos e instituições da Museologia Social, nacional e internacional, em uma rede de apoio formada por militantes, ativistas, pesquisadores, estudiosos e colaboradores da causa indígena que têm acompanhado os desdobramentos junto aos movimentos sociais e de direitos humanos. Além disso foi acionado o Conselho Estadual de Direitos Humanos para acompanhar o caso.
O Movimento Internacional para uma Nova Museologia (MINOM) emitiu nota em repúdio ao atentado cometido contra Zeca Kaingang, ressaltando que “cada vida humana importa, e a vida de um homem que preserva em seu corpo e em seu viver a integralidade da cultura de seu povo merece nosso respeito e proteção. Neste momento em que um valoroso Kaingang mais uma vez resiste e luta pela vida, na UTI da Santa Casa de Tupã, manifestamos nossa solidariedade ao Zeca, à sua família e a todos os que lutam pela existência Kaingang.
Juntando nosso grito aos que exigem justiça e reparação. Fortalecemos a rede de apoio e solidariedade ao Zeca e demais Kaingangs, para que a paz e o entendimento possam prevalecer na Terra Indígena Vanuíre. Não permitiremos que o silêncio e a invisibilidade estejam, mais uma vez, a serviço do apagamento da memória e da existência de um povo.
Sangue indígena: Nenhuma gota mais!”
Quem é
Filho de Ena e neto de Candire Kaingang, Zeca é herdeiro e continuador da cultura Kaingang, preservada por mulheres gloriosas de uma estirpe que lutou bravamente pela preservação da Terra Indígena Vanuíre. Candire, sua avó, atravessou o século XX como uma brava guardiã das tradições de um povo da terra-mãe estendida sobre o que hoje é o oeste e centro-oeste paulista.
Quando menina, em 1912, Candire foi testemunha resistente dos violentos processos de expropriação de terras que entraram para a história oficial como a ‘pacificação’ Kaingang. Com coragem, ela educou seus descendentes nas profundas tradições de seu povo: a língua, a dança, os cânticos, a alimentação, a agricultura, os segredos da mata e das ervas e a arte cerâmica, assim como a espiritualidade que sustenta a existência de seu povo.
Honrando sua ancestralidade, Zeca dá continuidade a esse legado imprescindível não apenas ao povo Kaingang mas à humanidade, que só se constitui no respeito à diversidade cultural.
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