O que esperar da quarta manifestação contra o aumento das tarifas de transporte em SP? 

Prisaõ de militante no terceiro ato

O “presente” de virada do ano, do prefeito Bruno Covas e do governador João Doria, para os milhões de trabalhadores de São Paulo, foi o aumento das tarifas de transporte público, que já ficaram mais caras logo no dia 1o de janeiro de 2020, passando de R$4,30 para R$,4,40.

Um pouco antes da terceira manifestação de rua contra os aumentos, conversamos com uma das ativistas do Movimento Passe Livre SP, a estudante Gabriela Dantas, 25 anos, que fez um breve balanço sobre o panorama de diálogo quem vem sendo feito nessas intervenções, entre o movimento e os mais afetados, ou seja, a população mais pobre que utiliza diariamente o transporte caro, ruim e cheio de falhas.

Gabriela nos contou que ambos os gestores da cidade, prefeito e governador foram obrigados a se pronunciar, mesmo que de maneira pífia. “Covas deu uma desculpa esfarrapada dizendo que aumenta a tarifa pois acha que é o correto e não algo pensa em uma ação, neste caso, que dialogue com populares, o que mostra seu desinteresse em relação a vontade da maioria da população, que é de não ter que pagar a conta. Já Doria declarou que somos vândalos por nos manifestarmos por transporte gratuito, por isso também, mantemos nossa posição contra o aumento e declaramos que vândalo é ele, por oferecer um transporte sem qualidade, com falhas absurdas e destruir esse sistema. Hoje vamos manter nossa resistência e exigir que as catracas de metrô sejam liberadas, ao final do ato, para voltarmos para casa bem e em paz.”

Nos dois últimos protestos, a prefeitura e governo optaram por travar qualquer possibilidade de diálogo. Isso ficou muito claro até hoje, pois nenhuma comissão do Movimento Passe Livre foi recebida para conversa. Juntos, Doria e Covas deram ordem expressa para que a Polícia reprimisse com bombas e muita violência física todos que passavam pelas ruas de encerramento do ato, próximo a uma estação de metrô, isso inclui idosos e crianças que sofreram diversos abusos, simplesmente por estarem passando no território de encerramento da manifestação.

Ativista sendo presa por policial durante o 3o ato. Foto: Lucas Martins/Jornalistas Livres

No final da terceira manifestação, presenciamos policiais praticando diversos atos violentos: uso claramente desmedido de bombas de gás lacrimogêneo, agressão verbal e física a diversos manifestantes, prisões com alegação de desacato, sem que os ativistas sequer abrissem a boca e até uma das ativistas do Movimento, sendo arrastada pelos cabelos no meio da Praça da República, região central da cidade. Tudo “pelo direito de ir e vir”, como justificou o comando da operação.

Fora as agressões com cassetetes e escudos, os Jornalistas Livres, Lucas Martins e Katia Passos por muito pouco não foram atingidos por uma bomba, jogada de maneira maldosa, muito próximo de seus pés por um grupo de 6 ou 7 policiais. A cena pode ser vista no live a seguir, em 9 minutos. Reparem que não haviam nenhum “distúrbio de ordem”, como descrevem os policiais em casos de uso desse tipo de munição no local onde a repórter e o fotógrafo estão e que justifique o uso do químico. A “sorte” do momento, se é que podemos chamar assim é que ambos estavam numa transmissão ao vivo, porém atentos aos movimentos do grupo, o que os possibilitou correr para o sentido oposto. No momento, ainda assim, Lucas se machucou levemente no rosto depois de uma trombada e Katia leva dois golpes nas costas, de cassetete, logo após os dois repórteres se perderem em meio ao desespero daquele momento.

Veja o live aqui:

#AoVivoFinal de manifestação contra aumento de passagens de ônibus, metrô e trem em sp: tensão e caos.

Gepostet von Jornalistas Livres am Donnerstag, 16. Januar 2020

O modo de atuação da Polícia no Estado de São Paulo, especialmente em contenção de multidões, parece realmente ter mudado para pior. Nos perguntamos o que pode ter causado essa alteração negativa, que nos parece de comando do policiamento, mas muito relacionada, obviamente, a um caráter de abalo psicológico. Será que os policiais estão satisfeitos com seus salários, por exemplo? Será que o governador têm dado a devida atenção a esses trabalhadores? Como está o índice de suicídio policial no Estado de SP? Os policiais se sentem preparados para executarem suas tarefas que deveriam ser, entre elas, a de proteger a população? A resposta para essas e outras perguntas pretendemos obter na próxima semana, num encontro que faremos com o Corregedor da Policia, o Coronel PM, Marcelino Fernandes que tem como missão no cargo, entre outras, analisar, investigar e encaminhar denúncias de crimes e infrações praticadas por policiais militares.

O debate ultrapassa a esfera estadual e o tema das manifestações e logo mais acontece o uarto ato contra o aumento das tarifas e estaremos lá na cobertura, em tempo real.

Veja também o momento em que a ativista é arrastada pela Polícia:

Serviço:

Quarto ato contra o aumento dos transportes públicos
23.jan.2020, quinta
concentração a partir das 17h
saída em caminhada às 18h

Terminal Pq. Dom Pedro II

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