Era cedo, mas o sol já batia forte. Na marcha pelas ruas, fogos, música e palavras de ordem: “com luta, com garra, a casa sai na marra”. Os moradores das Ocupações do Izidora não pedem apenas por moradia, mas por educação e saúde também.
Cerca de 600 pessoas caminham nesta manhã pela Avenida Cristiano Machado em direção ao centro de Belo Horizonte. Eles saíram das ocupações Vitória, Rosa leão e Esperança por volta de seis da manhã. No Shopping estação, pessoas de outros movimentos, como MLB e Brigadas Populares, além de moradores das ocupações Paulo freire e Dandara, os esperavam para somar na marcha.
Uma das principais lideranças, Charlene Egídio, havia acabado de chegar de Brasília! Na capital federal, ela e outras lideranças tiveram um encontro na secretaria da Presidência, com o ministério das cidades e com o assessor da Caixa Econômica Federal. A expectativa é boa. Ela afirmou que o governo federal se mostrou sensível ao apelo dos moradores, ainda que o decreto que institui a Mesa de Diálogo e Negociação Permanente com as Ocupações do Campo e da Cidade tenha sido assinado pelo Governador Fernando Pimentel nesta quarta-feira (1º de julho), a portas fechadas.
O coração destas pessoas se encheu de esperança mais uma vez nesta semana, uma decisão do STJ poderia afagar suas aflições: na liminar, o órgão afirma que a polícia e o governo de Minas não estão preparados para um despejo.
Chamou a atenção um fato: Dessa vez, a marcha não contou com nenhuma criança. A PM não estava violenta neste início de passeata, diferente da tropa policial de sexta-feira (19 de junho). A manifestação daquele dia ficou marcada pela violência da PM contra os moradores que marchavam pela Linha Verde, próximo à Cidade Administrativa. Nesta data, várias pessoas ficaram feridas, inclusive um bebê, e outras ainda foram presas.
O medo da repressão, aliado à não participação dos movimentos sociais no decreto que dialoga com o governo do estado, fez com que muitas famílias deixassem de levar as crianças, que são mais vulneráveis às truculências policiais.
O decreto não satisfaz em totalidade a real necessidade das famílias que resistem ao despejo e reivindicam a reconstrução do mesmo, desta vez com efetiva participação dos reais atingidos. A luta segue para que os moradores possam ter voz e falar em prol de sua própria causa, afim de estabelecer um diálogo mais justo com o poder do estado.