Para te desejo algo sem preço.
Tu é elo, afinco, fundação.
Serão prendas seus afagos, minha verdade.
Um povo caiçara, negro, teu silêncio
e ausências indígenas
sem escritura ou mando.
Quando as águas dos mares subirem
tuas andorinhas não terão onde pousar.
Tua lua cheia, tua maré alta que lambe calçadas
de pedra torta,
de escravos e índios,
tudo grana.
Rico é o dono de lancha e escuna, belas ilhas.
Do caiçara a periferia.
Ser nomeado Patrimônio Mundial avança,
tanto renega,
tu é linda vila,
cidade até, capital, patrimônio, mercado, produto.
Tudo te invade,
montanha, mar, gente.
Talvez nem sobre tuas espinhas
diante da fome dos homens, a fome do
rei de um olho só.
Mas te vejo linda,
esplendorosa entre letras e fotografias,
festivais, cultos milicianos, condomínios,
agreste cachaça.
Tão histórica em nossos signos
tu segue.
Nada zela, tudo cobiça, condena poetas e caiçaras.
O mar cheio de peixes
nos dará fome,
as águas calmas, cheias de gente, nos darão saudade.
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