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Privatização

Moradores se colocam contra a privatização do estádio do Pacaembu

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O Pacaembu não é só um estádio de futebol, mas um complexo  esportivo que  tem 75.898 metros quadrados .

Tem piscina aquecida com arquibancada para 2.500 pessoas e padrão FINA- Federação Internacional de Natação

Ginásio Poliesportivo com capacidade para 2.500 pessoas

Ginásio de saibro coberto  para tênis com capacidade para 800 pessoas

Quadra externa com Futsal e vôlei com iluminação

Quadra externa de tênis com arquibancada para 1.500 pessoas

 Três pistas de cooper

Duas salas de ginástica e atividade física em geral

Aulas gratuitas para diversas modalidades

Veja a nota dos grupos que resistem a privatização do Pacaembu

“Faltando 18 meses para o término da gestão do prefeito Bruno Covas, dentre as metas apresentadas pela atual gestão da Prefeitura de São Paulo do PSDB está a intenção de aumentar 30% as atividades esportivas e a construção de dois centros olímpicos na cidade. Tal fato soa contraditório, considerando-se que vivemos um momento em que se está concedendo à iniciativa privada dois importantes Complexos Esportivos Municipais, o Ibirapuera e o Pacaembu.

Mesmo que fosse verdade, e que as obras de tais centros olímpicos já tivessem se iniciado, como ficam os usuários durante esse período? Pessoas de todas as regiões da cidade se deslocam a procura de lazer e esporte e, por tempo indeterminado, ficarão sem o amparo do serviço público. Mas, além disso, qual a garantia de que os direitos dos usuários serão considerados?

Por que subtrair, por tempo indefinido, um Bem Público, dispender dinheiro público na construção de outras áreas, ao invés de melhorar a manutenção dos complexos esportivos existentes, que tem uma relação com a história da cidade e do país? Qual o sentido de onerar a cidade com novas construções se, depois, será alegada a ineficiência pública para a gestão das mesmas?

Grupo de sócios – Resistência Pacaembu

Associação Viva Pacaembu por São Paulo”

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desemprego

DANIEL HÖFLING: Lições do COVID-19 — outro mundo é possível

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À esq., a favela de Paraisópolis, a segunda maior de São Paulo, com 100 mil habitantes; do lado direito, um dos condomínios de luxo da região do Morumbi

O medo e a desolação no Brasil e no mundo aumentam com a intensidade do espraiamento viral. Ainda que, infelizmente, muitos brasileiros não tenham se apercebido da dimensão do problema, parte considerável da população encontra-se temerosa. Ontem (7/4), pela primeira vez, morreram mais de cem pessoas em um único dia no país e as perspectivas são de incremento neste número. Entretanto, em meio ao desespero, abrem-se possibilidades concretas na direção de um futuro certamente melhor do que o presente, mas também superior ao passado. Pode não parecer, mas há o que comemorar!

John Maynard Keynes, um dos maiores pensadores do século XX escreveu, em 1930, no auge da depressão mundial decorrente da Crise de 1929, um ensaio brilhante denominado “Possibilidades econômicas dos nossos netos”. Nele afirmava que, apesar do pessimismo generalizado de então aniquilar qualquer esperança, as perspectivas em relação ao futuro eram alvissareiras. Dali a 100 anos (portanto em 2030), a vida da humanidade mudaria por completo. O problema econômico fundamental, a escassez material, desapareceria.

Em virtude do avanço tecnológico, as pessoas não precisariam trabalhar 8 horas diárias para sobreviver. O corolário dessas mudanças seria uma humanidade livre das privações básicas concernentes ao acesso à saúde, educação, moradia e cultura e com tempo abundante para se dedicar aos sentimentos e atividades realmente enriquecedoras: o amor, a arte, o momento.

A maioria dos críticos afirma que Keynes estava errado. Acredito que não; os fatos comprovam isso. Segundo a FAO (2018), o mundo produz 2,5 bilhões de toneladas de grãos por ano, suficiente para atender a demanda mundial, ainda que quase um bilhão de pessoas passem fome; a estrutura produtiva do planeta é capaz de construir hospitais, moradias e rede de esgotos para o conjunto da população, apesar de o WRI (World Resource Institute, 2019) afirmar que 1,2 bilhão de citadinos “não têm acesso a habitação segura e de qualidade”; de acordo com o relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional
– World Economic Outlook, 2019), o PIB mundial per capita é de US$ 11.860, ou seja, praticamente US$ 1.000,00 por mês, o que permitiria uma vida razoável para todos os terráqueos. Keynes, portanto, não estava errado. Existem hoje condições materiais para atender às necessidades básicas da humanidade; o problema reside na iniquidade de sua distribuição. Entretanto, neste e outros quesitos, a crise atual demostrou que outro mundo é possível. E não precisamos esperar décadas para sua concretização.

O avanço da base material profetizado por Keynes foi acompanhado por uma expansão brutal das políticas públicas de proteção social ligadas à saúde, educação, moradia e infraestrutura urbana em virtude da elevação da participação do Estado na economia. Como afirma John Kenneth Galbraith, um dos maiores economistas estadunidenses do século XX, “os serviços federais, estaduais e municipais representam (em 1970) 1/4 de toda a atividade econômica. Em 1929, perfaziam apenas 8%”. Tais números eram ainda maiores na Europa.

A combinação entre crescimento do investimento produtivo (estatal e privado) e ampliação das políticas públicas conferiu aos cidadãos dos países desenvolvidos um bem-estar generalizado. Tamanho incremento na qualidade de vida não ocorreu por acaso. Ele foi fruto da desolação tanto da Crise de 1929 quanto das I e II Guerra Mundiais, que revelaram ao mundo a incapacidade do liberalismo econômico em proporcionar condições dignas de vida ao conjunto da população.  A desgraça desses eventos levou ao reconhecimento de que a ordem liberal vigente até então era inadequada ao bem-estar coletivo. A partir daí embates sociais e políticos profundos acarretaram o desenvolvimento dos denominados “Estados de Bem-Estar Social” —provavelmente o que houve de mais sofisticado nas democracias ocidentais desenvolvidas. O caos econômico e social que prevaleceu até 1945 propiciou o advento de uma sociedade solidária que alçou o bem-estar coletivo como objetivo supremo a ser alcançado. Reconheceu-se que a liberdade individual só poderia existir em meio à abundância coletiva e que a prosperidade de poucos levava à exclusão de muitos. As sociedades arrasadas de então tomaram decisões políticas em prol da solidariedade econômica e social, mudando por completo seu destino. Foi, portanto, uma oportunidade histórica aproveitada. Nos defrontamos hoje, novamente, com tal oportunidade. E não podemos desperdiçá-la.

Infelizmente, à exceção dos Anos Dourados (os Trinta Gloriosos, entre 1945-75), os pilares ideológicos da economia capitalista sempre sustentaram o imaginário ocidental. A busca incessante pelo lucro, a primazia do setor privado sobre o Estado, do particular sobre o coletivo, do livre-mercado, da concorrência e da meritocracia constituem valores defendidos com unhas e dentes pelos indivíduos supostamente livres que se digladiam ordinariamente nas sociedades capitalistas desreguladas em busca da sobrevivência. Na
crise atual, tais valores vêm sendo peremptoriamente negados, demonstrando sua insignificância no combate às mazelas que ora nos assolam. A farsa desses conceitos foi desmascarada pela atual crise econômica —desenhada muito antes do advento do Covid-19, mas sem dúvida nenhuma aprofundada pelo mesmo.

Novamente, ficou evidente que os mercados não se auto-regulam e que a primazia do Setor Público sobre o setor privado é incontestável, principalmente (mas não só) em períodos emergenciais.

Sem a ajuda econômica estatal, sem o sistema de seguridade social e sem os hospitais públicos, o caos imperaria. Os países que no passado avançaram nas privatizações estão pagando um alto preço agora. Aqueles que não possuem um sistema de saúde universal, mesmo que ricos, sofrem arduamente; os Estados Unidos são um exemplo claro de que a prosperidade privada de poucos não garante o bem-estar da maioria. O país mais rico do mundo comprova que não há a mínima possibilidade dessa subjetividade denominada mercado ou a filantropia dos bilionários, bastante comedida atualmente, resolverem os problemas econômicos e sociais em curso. No caso do Brasil, os hotéis-hospitais destinados à diminuta parcela da população jamais substituirão a capilaridade e solidariedade do Sistema Único de Saúde. Parafraseando aquele médico daquela emissora: “Ainda bem que temos o SUS”.

A atual crise evidenciou que o mercado só sabe jogar quando a economia vai bem; mesmo assim, contribui à piora gradativa da partida durante o jogo e, cedo ou tarde, demanda a mão visível do Estado.

Os interesses econômicos parecem ter perdido seu protagonismo em meio ao combate ao Covid-19. A quase totalidade dos governos optou por desacelerar a economia para salvar vidas. Isso tem um significado profundo: a busca incessante pelo lucro perdeu seu reinado e deixou de comandar a sociabilidade nas economias capitalistas, abrindo espaço para a preocupação com o próximo —seja ele quem for. A vida do outro, a vida de todos, é o balizador da racionalidade que ora impera. O amor ao dinheiro foi substituído pelo amor ao próximo. A crise demonstrou que os Estados podem sim socorrer os necessitados através das transferências diretas de recursos. Ficou provado que há dinheiro para todos! Basta distribuí-lo melhor! As pessoas, e não somente os bancos como de costume, podem e devem receber recursos monetários caso precisem. E essa “ajuda” não levará nenhum país à bancarrota tampouco quebrará alguma economia, senão o contrário: a ausência dessas transferências varreria nações inteiras do mapa. “De repente” explicitou-se que caso as pessoas percam seus empregos e/ou suas rendas o mundo colapsará; evidenciou-se que as reformas trabalhistas direcionadas à precarização das relações de trabalho e ao achatamento dos salários ou as reformas previdenciárias que buscam a retirada de direitos, conclamadas pelos neoliberais como a panaceia ao desenvolvimento econômico, na verdade são contraproducentes e caminham na direção contrária à estabilidade social e prosperidade econômica das nações. Ficou claro que quanto mais nos aprofundarmos nessas reformas, menores serão nossos mecanismos de defesa contra as intempéries inerentes ao livre-mercado.

Precisamos admitir que trilhamos nos últimos 40 anos um caminho errado. Necessitamos reconhecer que os problemas ora enfrentados não são apenas oriundos do Covid-19, mas sim intrínsecos ao sistema capitalista desregulado.

Independentemente da pandemia, o desemprego, a desigualdade e a exclusão vinham aumentando na maioria dos países. A concentração brutal da renda é um dado; a marginalização crescente das pessoas, um fato. Um mundo no qual as 8 pessoas mais ricas do planeta detêm a mesma quantidade de recursos que a metade mais pobre da população (3,6 bilhões de pessoas, segundo a Oxfam – 2018) não pode parar em pé por muito tempo. Cedo ou tarde teremos, como sociedade, como humanidade, que enfrentar esse dilema: ou transferimos recursos aos mais necessitados ou a economia e a sociedade se dilacerarão. Sem políticas públicas de distribuição de renda, consubstanciadas tanto na forma monetária quanto nos serviços essenciais, a barbárie reinará em algum momento.

A pandemia nos deu a oportunidade de repensarmos os valores e comportamentos que regem nossas sociedades. O individualismo, a concorrência exacerbada, a correria cotidiana comandada pelo dinheiro e o consumo desenfreado perderam sentido. Nos demos conta de que tais valores são antagônicos ao bem-estar coletivo e, portanto, devemos e podemos nos livrar deles. A queda acentuada da poluição nas grandes metrópoles nas últimas semanas nos obriga a perguntar até que ponto aguentaríamos a emissão transloucada de CO2 na atmosfera. Qual o sentido de insistirmos numa produção assentada na queima de combustíveis fósseis e na produção de carros particulares e bens de consumo supérfluos, se podemos investir em energia limpa, transporte público e baixar nosso ímpeto consumista? A recuperação econômica pode e deve originar-se desses novos questionamentos e paradigmas, a exemplo do que propõe as iniciativas de renda mínima ou o “New Green Deal”. Abriu-se novamente, como no pós-guerra, uma “janela de oportunidade” para enfrentarmos os problemas da desigualdade, da exclusão, da pobreza e do meio-ambiente que são, insistindo, estruturais do sistema capitalista. Não decorreram do Covid-19; foram por ele explicitados. A pandemia nos mostrou que podemos enfrentá-los. Isso é motivo para comemorarmos! Outro mundo, melhor, é possível! No entanto, caso não incorporemos as lições que a pandemia nos ensinou, o futuro, ainda mais que o presente, poderá ser catastrófico.

 

Daniel de Mattos Höfling

é doutor em Economia

pela Unicamp

(Universidade Estadual de Campinas)

 

 

 

LEIA MAIS TEXTOS DE DANIEL HÖFLING:

DANIEL HÖFLING: Manifesto anti-barbárie (remédios contra a crise)

 

DANIEL HÖFLING: A Casa-Grande propaga o coronavírus Covid-19

 

 

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Cuiabá

Cortes e crueldade colocam educação em Mato Grosso a um passo do abismo

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Há apenas quatro anos, a Universidade Federal de Mato Grosso era umas instituições públicas de ensino superior que mais cresciam no país. Com os investimentos realizados nos governos petistas, a UFMT chegou aos atuais 25 mil alunos em 133 cursos de graduação e 66 de pós-graduação. São incontáveis as pesquisas realizadas e as diversas iniciativas de extensão que atingem toda a comunidade matogrossense, como foi provado no evento #BalbúrdiaUFMT. Mas, desde as restrições orçamentárias iniciadas em 2014 e principalmente a partir do corte de 30% nas verbas de custeio realizadas em março desse ano, chegou-se a uma situação sem precedentes.

https://www.facebook.com/pamela.saunders.7/videos/2665189320160502/

Vídeo: @ferpakkj

Hoje, por volta das 10:00, enquanto as aulas corriam normalmente, a concessionária de energia do estado, Energisa, simplesmente cortou a luz dos cinco campi mais importantes da instituição, incluindo o de Cuiabá. Alunos, professores e funcionários sabiam que havia contas pendentes de pagamento e uma negociação aberta com a empresa que já havia ameaçado realizar o corte em junho. Mas ninguém foi avisado sobre o dia e o horário, havendo, inclusive, uma reunião marcada para essa tarde entre os gestores das duas instituições. Professores e alunos foram pegos de surpresa no meio da aula, o que aumentou ainda mais a ansiedade geral da comunidade acadêmica já afetada pelo anúncio da reunião dos reitores no MEC, realizada essa tarde, cuja pauta era confusa e não resultou efetivamente em nada. Amanhã pela manhã (9:00hs) faremos um ato em defesa da Universidade, do ensino público gratuito e contra os cortes:

 

A verdadeira balbúrdia na educação, no entanto, não está restrita às universidades públicas. O ensino estadual, especialmente o secundário, também tem sido alvo de embate, e crueldade, pelo poder público, como relata abaixo o colaborador dos Jornalistas Livres, Francisco Miguel:

GOVERNO DE MT MANDA CORTAR EMPRÉSTIMO CONSIGNADO PARA PROFESSORES GREVISTAS QUE JÁ PEDEM NOS SINALEIROS

Os grevistas, que tiveram o ponto ilegalmente cortado por determinação do governador Mauro Mendes (DEM) – e que ilegitimamente foi autorização pelo Poder Judiciário -, também não estão conseguindo mais acesso ao crédito consignado. A medida é mais uma retaliação do Governo aos grevistas que já estão há cerca de 55 dias em greve. Ao entrarem em contato com a Coordenadoria de Controle e Fiscalização das Consignações, os profissionais foram informados que a margem de empréstimo foi zerada para todos os servidores que tiveram o ponto cortado.


“Fomos informados que o corte aconteceu apenas para os servidores da Educação. Isso caracteriza claramente a perseguição aos professores e o esforço pessoal dele de humilhar e deixar os professores em situação de fome”, afirmou uma servidora.
O corte de ponto deixou 15.211 profissionais da educação que estão em greve desde 27 de maio sem salários neste mês. O número inclui professores, técnicos e profissionais de apoio das escolas públicas estaduais de Mato Grosso.

CAMPANHA DE DOAÇÃO SOLIDÁRIA AOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO, SUA CONTRIBUIÇÃO FAZ TODA DIFERENÇA PARA OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO EM GREVE
Os profissionais da Educação da rede estadual e o seu sindicato – Sintep MT, têm-se mobilizado, diariamente, na área central de Cuiabá, fazendo pedágio em frente ao Banco do Brasil de manhã e, posteriormente, na Praça Ipiranga. Além de pedirem nos sinaleiros, este ato de arrecadação mais ativo por parte destes profissionais, é composto por outras duas formas, um primeiro designado de ‘alimente quem te alimenta de conhecimento’ no qual a comunidade pode contribuir em dinheiro diretamente no Banco do Brasil, e um outro, em que todos podem doar alimentos não perecíveis junto do Sintep.


GRANDE ATO, PRÓXIMA QUARTA-FEIRA, ‘PELA EDUCAÇÃO DE MATO GROSSO
Sob o lema: ‘A Nossa Luta Unificou! É o Estudante, Funcionário e Professor!’, um Grupo de Estudantes da Baixada Cuiabana, estão organizando e marcaram já para a próxima quarta-feira, mais um grande ato, às 14 h, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em frente ao Shopping Pantanal, aqui em Cuiabá. Todas as semanas, depois das Assembleias Gerais – geralmente lotadas, que têm deliberado seguidamente pela continuidade da greve dos trabalhadores na Educação da rede estadual, têm acontecido passeatas pelas as ruas de Cuiabá com milhares de pessoas. Todas as semanas essas passeatas têm sido muito grandes e todas as semanas a imprensa de MT as tem ignorado veementemente.

 

NOTA DE SOLIDARIEDADE À UFMT

O Movimento Enfrente se solidariza aos estudantes e servidores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em razão do corte no fornecimento de energia elétrica, que causa diversos prejuízos, sobretudo, a perda de materiais e amostras de importantes pesquisas realizadas pela instituição.

Entendemos como muito grave a situação que as Universidades estão chegando diante da austeridade praticada pelo governo Bolsonaro e lembramos que desde o anúncio do corte de verbas a reitora Myrian Thereza havia informado que a Universidade só teria condições para funcionar até o mês de julho, assim como em outros estados esse fato deve se repetir.

Repudiamos, mais uma vez, o projeto de desmonte das políticas sociais e os cortes de verbas na educação pública que visam o sucateamento e, por fim, a privatização.

No dia 13 de agosto estaremos novamente nas ruas resistindo pela Educação pública, gratuita e de qualidade, democrática, popular, inclusiva e emancipadora, e defendendo que o quadripé ensino, pesquisa, extensão e permanência seja o caminho de um futuro melhor para os e as estudantes!

#MovimentoEnfrente #ME #EnfrentePelaEducacao #NaoMateNossoFuturo #DevolvaNossoFuturo #UNE #13A

Instagram: https://www.instagram.com/p/Bz_RhBQlUvv

Facebook: encurtador.com.br/zABX9

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Cotas

Universidades públicas X universidades particulares, uma discussão bem antiga

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Rodrigo Perez Oliveira, professor de Teoria da História da Universidade Federal da Bahia, com charge de Brum

 

Desde a minha época de vestibular que a discussão “universidade pública X universidade particular” desperta paixões. Lembro que antes de ser aprovado no vestibular da UFRJ, lá no distante 2005, ganhei uma bolsa integral numa faculdade particular. Eu morria de medo de precisar estudar lá. Tinha preconceito mesmo. Todo preconceito é tolo, pois bebe na fonte da ignorância.

Hoje, 14 anos depois, acho que consigo dizer algo sobre o assunto com alguma sobriedade e propriedade.

É que fui aluno de universidade pública da graduação ao doutorado. Fui professor de universidade particular durante cinco anos. Atualmente, sou professor de uma das mais importantes universidades federais do Brasil.

Como acontece em quase tudo na vida, o ideal é o meio termo, a justa medida. Não sou daqueles que demonizam as universidades particulares, negando a elas qualquer importância e relevência social. Também não estou entre os que idealizam as universidades públicas.

Há muitos problemas nas universidade públicas. Apesar dos avanços da última década, o ambiente ainda é elitizado e muitas vezes hostil aos alunos trabalhadores.

Alguns colegas, inconscientemente ou deliberadamente, ainda reproduzem algumas máximas pra lá de excludentes, como, por exemplo, a divisão dos alunos em dois grupos: os que têm perfil pra atividade acadêmica (aqueles que seguirão carreira científica nos cursos de pós-graduação) e os que têm perfil, “apenas”, para o mercado de trabalho. Marcadores de raça e classe servem como critérios para essa divisão.

Os cursos noturnos, ocupados quase exclusivamente por alunos trabalhadores e pobres, ainda encontram muitas dificuldades em seu funcionamento: falta a devida estrutura administrativa, em alguns casos não existe isonomia curricular com os cursos diurnos, é pequena a oferta de disciplinas eletivas e atividades extracurriculares.

Com todas essas ressalvas, a absoluta maioria dos alunos matriculados nas universidades públicas pertencem às classes D e E. Essa realidade é resultado da implantação do sistema de cotas e do Sistema de Seleção Unificada (SISU).

Apesar de todos os problemas, universidades públicas, são, sim, espaços de acolhimento para os filhos das classes trabalhadoras. Formação acadêmica de excelência e contato cotidiano com as maiores inteligências do país modificam radicalmente o horizonte de expectativas dos nossos alunos.

Depois de alguns anos na universidade pública, meninos e meninas criados para serem trabalhadores manuais começam a sonhar mais alto: viagens internacionais, pesquisa científica, produção intelectual. Questionam estruturas de opressão que antes pareciam naturais.

Grande parte da pesquisa científica e inovação tecnológica produzidas no Brasil são desenvolvidas nas universidades públicas. Não tenho dúvida de que, se puder escolher, desejarei que meu filho se forme numa universidade pública. É gratuita e tem qualidade, tem excelência.

Sim, a universidade pública é melhor que a universidade particular. Não é mais preconceito. É conceito e experiência.

Já as universidades particulares estão, sim, mais para escolões de ensino superior do que propriamente para universidades. Falta estabilidade funcional para os professores, que têm seus salários calculados sobre a quantidade de turmas. Isso produz toda uma política interna na qual, nem sempre, o professor em sala de aula é a melhor opção acadêmica para aquela disciplina.

Os currículos são rígidos demais, o calendário muito amarrado, provas objetivas e controladas pela burocracia da empresa. Enfim, pouca autonomia intelectual. Sem autonomia, estabilidade salarial e valorização do professor, não existe excelência acadêmica.

No entanto, aconteceu nos últimos anos algo um tanto contraditório. A ampliação da população universitária promovida nos governos do PT se deu, em maior parte, no aumento de vagas nas universidades particulares.

Também teve expansão nas universidades públicas. Mas em números absolutos, a expansão das universidades particulares foi maior, muito maior mesmo. Isso levou às universidades particulares um exército de lumpemproletários.

Faxineiras, atendentes de call center, pedreiros e mecânicos.

Uma camada social semiletrada que não sobreviveria um semestre nas universidades públicas, justamente pelo ambiente acadêmico um tanto elitizado.

Nos anos em que fui professor de universidade particular, tive a experiência de ensinar para alunos que mal sabiam ler e escrever. Fico imaginando a reação dos meus professores e da maioria dos meus colegas se tivessem contato com esse perfil de aluno: sairiam bufando, resmungando, dizendo “essas pessoas não deveriam estar aqui”.

Por muito menos, já vi isso acontecer, vejo isso acontecer.

Na universidade particular, não é possível sair bufando e resmungando. Se o funcionário faz isso, ele é demitido. Simples assim.

Em ambiente empresarial, portanto, esse lumpemproletariado, alçado à condição de cliente, foi acolhido, teve que ser acolhido. Ironicamente, a lógica do mercado criou condições para o acolhimento.

O resultado foi um processo civilizatório impressionante.

A maioria dos meus ex-alunos da universidade particular não está trabalhando na área de formação, porque, infelizmente, não tem condições de sobreviver em um mercado de trabalho em retração e extremamente competitivo. Mas todos saíram bem melhor que entraram. Formação e conhecimento fazem milagres. Vi muitos pequenos milagres acontecer.

Um processo civilizatório!

São pais, mães, filhos, sobrinhos, primos, levando algo diferente para suas famílias, para o bairro, para a igreja. Não é possível precisar numericamente esse alcance social, mas ele é muito grande, muito grande mesmo.

Se tivéssemos um governo digno e honesto, a solução seria corrigir os erros cometidos pelo PT e continuar investindo nas universidades públicas, ampliar seus quadros docentes e administrativos, democratizá-la e popularizá-la ainda mais.

Tudo isso para acolher o lumpemproleteriado que, muitas vezes, é explorado e enganado pelas empresas privadas de ensino superior.

Como o governo não é sério, o movimento é o contrário do que deveria ser. O lobby das empresas privadas de ensino superior está na base dos ataques às universidades públicas. O objetivo é universalizar a precariedade intelectual. Pra isso, precisam nos destruir, nos aniquilar.

Não dá pra saber se eles terão sucesso. Dá pra saber que vamos resistir. Ninguém aqui vai pro abate calado, como se fosse boi manso.

 

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