Na última segunda, 16/07, o refugiado Jadallah viu seu sonho desmoronar ao se deparar com a GCM e equipes da prefeitura que, de maneira higienista e fascista, desativaram seu restaurante.
Com as poucas palavras que sabe em português, Jadallah conseguiu explicar que durante meses, poupou 15 mil reais para investir em um restaurante que venderia comida árabe no bairro da Liberdade, região central de São Paulo.
Vítima de estelionatário, ele diz que alugou o imóvel de Eduardo Ferreira Lira que se identificou como suposto proprietário e que o garantiu que o estabelecimento estava em ordem. O susto veio quando descobriu, numa gravata de um GCM, que na verdade o local foi um banheiro público que pertence a Prefeitura Municipal e estava fechado há muitos anos.
Jadallah explica que, acreditando que teria locado, reformou o local durante trinta dias e fez todas as modificações e ajustes necessários para trabalhar no ramo alimentício.
De acordo com a advogada que está representando Jadallah, Marina Tambelli, a Prefeitura não o procurou durante a reforma para notificá-lo sobre a posse do imóvel. Tambelli também afirma que no final do mês de junho fiscais foram até o restaurante para entregá-lo um auto de infração, mas como Jadallah compreende pouco a língua portuguesa, não conseguiu entender o comunicado. Ao saber que o imóvel é de posse da prefeitura Jadallah propôs negociar para pagar o aluguel corretamente, mas não quiseram negociar.
Segundo a Prefeitura Regional da Sé, por ser um local público a atividade de um restaurante se caracteriza como invasão, portanto enviaram dois agentes para notificar Jadallah que deveria desocupar o imóvel no prazo de 15 dias. Mais de 7 GCMs foram gravados em voltada de Jadallah. De maneira truculenta, ele foi humilhado, agredido e teve seus direitos de refugiados que vivem no Brasil ignorados.
Jadallah deixou a Síria há dois anos para escapar da guerra civil que detona seu país. Ele chegou ao território brasileiro e imediatamente se deparou com a dura realidade que os refugiados encontram por aqui, como o preconceito, a falta de um lar, a procura por um trabalho decente. Ele conta que a crise política e financeira que se alastrou por todos os estados após o golpe de 2016, acabou jogando-o para a informalidade e se entristece ao ver que o oferecido aos refugiados são os piores trabalhos, geralmente em condições análogas a escravidão.
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Edição Martha Raquel