Com base em informações ainda não tornadas públicas pelo, Tribunal de Contas da União, a Folha de São Paulo divulgou hoje, 29/08, que auditores do tribunal teriam isentado o Conselho de Administração da Petrobras de ter cometido qualquer “ato de gestão irregular” no episódio da compra da refinaria de Pasadena.
O relatório técnico, no entanto, ainda não é público. Somente está disponível para os ministros que, na sessão Ordinária de Plenário de amanhã (30/08, às 14:30hs), apreciarão a matéria. O ministro relator, Vital do Rêgo, assim como os ministros participantes da sessão, pode acompanhar ou divergir do relatório técnico.
Refinaria de Mentiras
Ao pesquisar sobre os termos “Pasadena” e Dilma”, no próprio site da Folha, encontramos 605 resultados em 2014. Desnecessário dizer que a maioria das matérias levantavam suspeitas de corrupção na compra da refinaria. Os editoriais do jornal, nesse período, tiveram títulos como: “Refinaria de mentiras” e “Sombras na Petrobras”.
A Petrobras de Dilma
A colunista da Folha, Eliane Cantanhêde, na matéria “A Petrobras de Dilma”, repetia a falsa comparação de que “A Petrobras simplesmente pagou US$ 360 milhões por 50% dessa refinaria, que fora comprada um ano antes por US$ 42,5 milhões.” (FSP 20/03/2014) Eliane Cantanhêde é ex-Folha. Hoje, empresta ela seu talento para contar “histórias” à Globonews.
A refinaria sem refinamento de Dilma
Vinícius Torres Freire, também colunista do jornal, no artigo “A refinaria sem refinamento de Dilma” fazia coro: “Dilma presidia o conselho de administração da Petrobras em fevereiro de 2006, quando ela e outros autorizaram a empresa a comprar refinaria nos EUA (US$ 360 milhões por 50% de um negócio que um ano antes saíra por US$ 42,5 milhões)”. (FSP, 21/03/2014)
O verdadeiro mensalão
Barbara Gancia, com o título “O verdadeiro Mensalão”, escreveu: “Não é de hoje que a tal compra da refinaria de Pasadena surge na boca de empresários como sendo emblemática dos desmandos do PT. Ela é o verdadeiro mensalão. Ali é que eles veem a amostra de desmontagem de quadros técnicos e cargos de carreira para o aparelhamento de que tanto falam. Estão ali as grandes somas, sem aliados para repartir. Um contrato fajuto, um ativo multiplicado 100 vezes… E tudo isso tendo à disposição o maior financiador do país e uma das maiores empresas do mundo, que tinha recém descoberto a maior bacia de petróleo… Faz-me rir, mensalão, troco de pinga!”(FSP 21/03/2014)
Procurador diz que prejuízo da Petrobras nos EUA ‘não foi só um mau negócio’
Matéria de Dimmi Amora trazia o procurador do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Marinus Marsico. “Não foi só um mau negócio, o que pode acontecer em qualquer empresa. Era algo completamente evitável e por isso pedimos que se apure as responsabilidades de quem fez esse negócio e que eles sejam condenados por gestão temerária, sejam multados e tenham que devolver os recursos desperdiçados”, disse o procurador. (“Procurador diz que prejuízo da Petrobras nos EUA ‘não foi só um mau negócio'”, FSP 27/02/2013)
A correção de Cerqueira Leite
O físico e membro do Conselho Editorial do jornal, Rogério Cezar Cerqueira Leite, jogou uma agulha no palheiro de notícias incorretas: “Após quase um mês de confusões, a presidente da Petrobras, Graça Foster, explica que o valor pago pela Astra foi de US$ 248 milhões, que somados a investimentos alcançariam US$ 390 milhões.” (FSP 29/04) Em outras palavras, na ponta do valor pago pela Petrobras, as afirmações de Cantanhêde e Torres Freire estavam erradas em mais de US$ 100 milhões. A Petrobras não pagou os US$ 360 milhões que os colunistas afirmaram. Eles também estavam errados nos valores pagos e investidos pela Astra na refinaria.
A correção de Gabrielli
José Sérgio Gabrielli de Azevedo, ex-presidente da Petrobras, em matéria na Folha, “Pasadena: mitos e verdades”, corrigiu o valor que a Astra pagou pela refinaria: “Vamos aos mitos: o primeiro refere-se ao fato de que o antigo proprietário de Pasadena, o grupo Astra, pagou US$ 42,5 milhões pela refinaria e depois revendeu à Petrobras por US$ 1,25 bilhão.”
Prossegue Gabrielli: “A verdade é que a Astra desembolsou US$ 360 milhões antes de revender por US$ 554 milhões, sendo US$ 259 milhões pagos pela Petrobras em 2006, como afirmou a presidente da empresa, Graça Foster, e US$ 295 milhões posteriormente à disputa judicial, já em junho de 2012, mas considerando as condições de mercado de 2006. O crescimento da demanda de derivados nos EUA, sobretudo de 2004 a 2007, levou a um aumento progressivo no preço das refinarias, contudo, o valor de Pasadena foi inferior à média das transações em 2006.” (FSP 20/04/2014)
Quem perde com informações falsas?
Cantanhêde e Torres Freire, e toda imprensa, levaram as pessoas a crer que a corrupção era evidente na compra da refinaria de Pasadena. As correções nos valores pouco efeito tiveram no ano eleitoral de 2014. Mesmo assim Dilma ganhou. Mas o país…
Por fim
Depois de ampla exploração política, será que o caso da refinari de Pasadena terminará amanhã? Ou um pedido de vista buscará continuar o sangramento de Dilma e do PT? Como a Folha de São Paulo noticiará? Fará 605 matérias se corrigindo, se o caso terminar sem acusação de “ato de gestão irregular”? E o que farão Veja, Globo, Istoé, Estado, etc.?