A edição 2017 do Carnafavelinha marca o segundo ano de resistência e luta do Centro Cultural Lá da Favelinha, projeto autogerido por voluntários e moradores do Aglomerado da Serra, maior favela de Belo Horizonte, e que vem revolucionando o acesso a arte dentro da comunidade.
No dia 11 de março, a vila Novo São Lucas foi palco de um pós carnaval super democrático. Crianças e adultos, unidos pela contagiante alegria da banda local “De Lucas”, ocuparam parte da rua para sambar embalados por clássicos e músicas autorais. Seguindo a festa, um cortejo do bloco “Me beija que eu sou pagodeiro” deu um tom nostálgico com pagodes da década de 90 e manteve a energia lá no alto.
Já no início da tarde as crianças estavam se arrumando para a folia. Maurício, 12 anos, fez sua própria maquiagem de zumbi, com efeito 3D, que contou ter conseguido com a ajuda de papel toalha e cola, estava assustador! Com tanta habilidade, além de ter sido o responsável por produzir suas colegas, ele também ganhou o aguardado concurso de fantasias.
Finalizando a noite, os grupos culturais “Passistas Dancy” e “Passistas Mirins”, oriundos do projeto, encantaram os presentes com muito passinho de funk. As duplas de Mc’s pais e filhos “BobNei e Bignei”, e “Mc Secreto e Secretinha”, provaram que rap é assunto de família com suas letras conscientes.
Como todo evento promovido pelo Lá da Favelinha, o carnaval também foi um ato de luta. Gerando renda local, a ocupação do espaço público e sua resignificação proporcionam acesso e sentimento de pertencimento. Reivindicar esse lugar como sendo seu de direito e o modo como o Centro Cultural se coloca na rua também é uma forma de fazer política. É o encontro de diferentes pessoas, que constroem juntas uma fala maior do que qualquer discurso ensaiado.