Conecte-se conosco

Destaques

Temer mente no balanço de seus 231 dias de governo

Publicadoo

em

A propaganda de Temer e seus companheiros, sobre as realizações de seus “primeiros 120 dias”, tem uma questão de fundo: que dia começou seu “governo”? Sua propaganda indica que foi em agosto. Mas, por que considerar 31 de agosto, se no dia 12 de maio ele deu posse a 24 ministros, incluindo Henrique Meirelles na Fazenda? E atirou no lixo, a partir daí, o programa eleito em 2014?

Melhor mesmo seria escolher datas variáveis conforme interesse e conveniência da propaganda. E não é que foi exatamente isso que fizeram: determinados dados foram avaliados por “120 dias” e outros por “231 dias” e outros, ainda, pelo período em que a estatística ficou mais elegante.

Ilustrações Joana Brasileiro

Dá para deixar por 120 dias?

O primeiro título que nos ocorreu para esse artigo foi: “Temer pede para deixarmos por 120, os 231 dias que governou”. Sabe quando a pessoa dá uma pechinchada? Se colar… Mas, os problemas não pararam por aí: a propaganda misturou iniciativas de seu período à frente do Executivo com ações de Dilma. Esse fato inviabilizou nossa manchete.

A propaganda comete outros deslizes: amontoa dados sem a menor relevância, dados que não alteram em nada o quadro recessivo e de desemprego que nos aflige. Assim, a propaganda oficial de Temer: i) distorce dados econômicos, ii) calcula percentuais usando diferentes datas de comparação, iii) omite dados essenciais, iv) amontoa dados irrelevantes e v) mistura iniciativas do governo Dilma.

Vamos aos exemplos

1 “Repatriação de capital: medida que tornou possível trazer para o País R$ 46,8 bilhões que foram aplicados para o desenvolvimento do País e repassados para estados e municípios”. A legalização de ativos no exterior está na lista da propaganda sob o título: “Conheça algumas de muitas medidas tomadas neste governo que já se tornaram realidade”

Independentemente de avaliarmos se a medida foi boa para o país, é preciso apontar que a lei nº 13.254, foi sancionada em 13 de janeiro de 2016, pela ex-presidenta Dilma Rousseff. Portanto, o chapéu que vos cumprimentou foi o de Dilma, para o bem ou para o mal.

2 “Reforma administrativa: já foram extintos 14.200 funções e cargos comissionados”, também está na lista da propaganda sob o título: “Conheça algumas de muitas medidas tomadas neste governo que já se tornaram realidade”

Ao avaliarmos, no entanto, o que diz o site do ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão concluímos que serão “extintos” 4.689 cargos em comissão e funções de confiança, ao longo de 2017: 1º de janeiro; 31 de março de 2017; e 31 de julho de 2017”. Além disso, não é exato falar em extinção, uma vez que, esses cargos serão ocupados por servidores públicos concursados.

3 O primeiro item dos feitos de Temer e companhia na agenda de economia é “a recuperação das grandes empresas estatais brasileiras e valorização de suas ações, como a Petrobras (114%), Eletrobras (237%), Banco do Brasil (98%)”.

Ocorre que em 31/08 a ação preferencial da Petrobras fechou cotada em R$ 12,85, segundo o site Yahoo! Finanças. E em 29/12, quando a propagando diz que Temer completou 120 dias de governo a ação estava em R$ 14,78. Isso não dá uma valorização de 15%.

 

 

Caramba! Confundir a variação de 15% com 114% só acontece se tiver faltado a muitas aulas de aritmética. Ou não! Vamos pegar a data que mais nos interessa? Tomemos 23/01/2016 quando a ação chegou a R$ 4,20 e comparemos com 29/12 quando chegou a R$ 14,78. Chegamos a 252%. A propaganda poderia ser: “O governo Temer é o máximo, fez a ação da Petrobras valorizar 252%”. Bem, acho que já ficou claro que tudo depende de qual data de comparação tomamos.

Mas, tem outros fatores bem importantes. O primeiro é que não há menção ao preço do petróleo e ele é o principal determinante do valor da ação das petroleiras mundo afora. O segundo é que o mercado financeiro torcia há tempos pela queda de Dilma e pela saída do PT. O que acontece quando a queda se consuma? “Nós do mercado financeiro mundial derrubamos o atraso petista, agora serão só alegrias!” É fato: as ações subiram. Menos do que gostariam Temer, os seus e sua agência de propaganda. Bem mais difícil, entretanto, será fazer subir o emprego, o crescimento. Mas para a propaganda nem um, nem outro importam. Importante é em quanto o mercado estima o valor de Petrobras, Banco do Brasil e demais joias da coroa.

4 Como teria se saído o governo golpista em relação ao comércio exterior? Só eficiência: “o saldo positivo de US$ 45 bilhões no comércio exterior até a terceira semana de dezembro”, afirma o compêndio dos feitos dos primeiros 120 dias.

Opa, pênalti! O saldo positivo da balança comercial brasileira (exportações menos importações) refere-se ao ano todo de 2016 até dezembro. Eles não pegaram os 120 dias, nem tampouco os 231, pegaram o prazo que tornava a estatística mais bonita. Isso tem um nome.

Mesmo assim devemos tomar o saldo positivo da balança com cuidado, pois ele demonstra que a recessão no país está fortíssima. Balança comercial ultrapositiva tem como contrapartida o fato de não importarmos quase nada, porque a nossa economia está em marcha ré absoluta, da qual não sairá tão cedo. Não há confiança de que essa turma fará o país crescer. Sem confiança nos títeres, não há crescimento. Simples.

5 Viva Temer: o dólar caiu e fica mais barato ir comprar quinquilharias em Miami! A queda do valor do dólar é comemorada na propaganda. Sem querer ser estraga prazeres, temos que contradizer Temer de novo. A cotação do dólar passou de R$ 3,24 em 31 de agosto para R$ 3,26 em 28 de dezembro. Portanto, o valor da moeda norte-americana subiu no período de 120 dias. Pouquinho, mas subiu. Puxa, sejamos razoáveis, é só questão de pegar outra data. Que tal o início de janeiro? Escolha você, leitor, a data mais adequada para a propaganda desse governo.

Novamente, é preciso apontar o outro lado: dólar mais barato é legal para quem quer comprar do exterior. Para a indústria ou para a agricultura que quer vender em dólares, cotação baixa é um inferno. Os chineses mantêm, há anos, sua moeda baixa porque são tontos, né? E o governo Temer comemora quando acha que a cotação do dólar caiu. “Credibilidade internacional do governo”, sonham.

Medidas que já se tornaram realidade?”

Dentre as medidas na rubrica “conheça algumas de muitas medidas tomadas neste governo que já se tornaram realidade”, o governo Temer ainda listou:

  • um Projeto de Lei (PL) para alterar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que enviará ao Congresso;

  • a proposta de reforma do ensino médio, questionada quase que unanimemente pro professores e alunos;

  • a retomada da transposição e revitalização do rio São Francisco, que não era para ter sido interrompida;

  • a redução da taxa de juros da Caixa, em 0,25%, para financiamento imobiliário, isso mesmo a comemoração é de que a taxa caiu vinte e cinco centésimos de ponto percentual. Viva!.

Vale contar projeto como realizações de governo? Estou autorizado, então, a comemorar meu projeto de emagrecer, parar de fumar e aprender inglês em 2017? Posso já considerar “realidade”?

Talvez uma boa comparação, para essa propaganda de Temer e seu grupo, seja o presidente do meu time de futebol propagandear a nova “bela” camisa do time, depois de termos perdido o Paulista, a Copa do Brasil, o Brasileiro, a Copinha e não termos nos classificado para a Libertadores. E, além de tudo, a camisa era horrível. Tempos bicudos!

Nota:

1 O gráfico com preços de Petrobras é do site Yahoo! Finanças.

2 O gráfico com cotações dp dólar é do Banco Central do Brasil.

3 O site de propaganda do governo está em http://www.brasil.gov.br/120-dias.

#EleNão

Moradores da Maré são bailarinos em espetáculo com temporada na Suiça

Publicadoo

em

Foto: Andi Gantenbein, de Zurique, Suíça, para os Jornalistas Livres

Denúncias sobre os atuais tempos de antidemocracia, assassinatos da população preta, pobre e periférica e o da vereadora Marielle Franco aparecem em cartazes erguidos pelos bailarinos de “Fúria”, espetáculo de Lia Rodrigues, considerada uma das maiores coreógrafas brasileiras da atualidade e uma das mais engajadas na realidade política do país.

A foto é da noite deste sábado (16), durante apresentação do grupo brasileiro no ‘Zürcher Theaterspektakel’, em Zurique, Suíça.

No Brasil, Fúria estreou em Abril, no Festival de Curitiba. A montagem evidencia, de maneira crítica, relações de poder, desigualdades, e as interligações entre racismo e capitalismo.

O espetáculo foi concebido no Centro de Artes da Maré, na Maré, RJ. O local foi inaugurado em 2009, e o projeto nasceu do encontro de Lia Rodrigues Companhia de Danças com a Redes da Maré. Os bailarinos são moradores da favela e de periferias do RJ.

Fruto dessa mesma parceria é a Escola Livre de Dança da Maré que resiste, em meio ao caos do governo violento de Witzel contra as favelas do RJ.

 

Continue Lendo

Destaques

Temer/Kassab preparam ataque ao seu direito à Internet

Publicadoo

em

O método Temer de solapar direitos dos cidadãos brasileiros tem novo alvo: a Internet. Sem qualquer discussão prévia, os golpistas querem mudar a composição do Comitê Gestor da Internet.

A consulta pública determinada pelo governo, sem diálogo prévio com os membros do Comitê e com apenas 30 dias de duração, certamente pretende aumentar o poder e servir apenas aos interesses das empresas privadas. As operadoras de telefonia têm todo o interesse do mundo em abafar as vozes de técnicos, acadêmicos e ativistas que lutam pela neutralidade da rede, por uma Internet livre, plural e aberta.

Veja, abaixo, a nota de repúdio ao atropelo antidemocrático da consulta pública determinada por Temer/Kassab. A nota é da Coalizão Direitos na Rede que exige o cancelamento imediato desta consulta.

Nota de repúdio

Contra os ataques do governo Temer ao Comitê Gestor da Internet no Brasil

A Coalizão Direitos na Rede vem a público repudiar e denunciar a mais recente medida da gestão Temer contra os direitos dos internautas no Brasil. De forma unilateral, o Governo Federal publicou nesta terça-feira, 8 de agosto, no Diário Oficial da União (D.O.U.), uma consulta pública visando alterações na composição, no processo de eleição e nas atribuições do Comitê Gestor da Internet (CGI.br).

Composto por representantes do governo, do setor privado, da sociedade civil e por especialistas técnicos e acadêmicos, o CGI.br é, desde sua criação, em 1995, responsável por estabelecer as normas e procedimentos para o uso e desenvolvimento da rede no Brasil.

Referência internacional de governança multissetorial da Internet,

o Comitê teve seu papel fortalecido após a

promulgação do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014)

e de seu decreto regulamentador, que estabelece que cabe ao órgão definir as diretrizes para todos os temas relacionados ao setor. A partir de então, o CGI.br passou a ser alvo de disputa e grande interesse do setor privado.

Ao publicar uma consulta para alterar significativamente o modelo do Comitê Gestor de forma unilateral e sem qualquer diálogo prévio no interior do próprio CGI.br, o Governo passa por cima da lei e quebra com a multissetorialidade que marca os debates sobre a Internet e sua governança no Brasil.

A consulta não foi pauta da última reunião do CGI.br, realizada em maio, e nesta segunda-feira, véspera da publicação no D.O.U., o coordenador do Comitê, Maximiliano Martinhão, apenas enviou um e-mail à lista dos conselheiros relatando que o Governo Federal pretendia debater a questão – sem, no entanto, informar que tudo já estava pronto, em vias de publicação oficial. Vale registrar que, no próximo dia 18 de agosto, ocorre a primeira reunião da nova gestão do CGI.br, e o governo poderia ter aguardado para pautar o tema de forma democrática com os conselheiros/as.

Porém, preferiu agir de forma autocrática.

Desde sua posse à frente do CGI.br, no ano passado, Martinhão – que também é Secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – tem feito declarações públicas defendendo alterações no Comitê Gestor da Internet. Já em junho de 2016, na primeira reunião que presidiu no CGI.br, após a troca no comando do Governo Federal, ele declarou que estava “recebendo demandas de pequenos provedores, de provedores de conteúdos e de investidores” para alterar a composição do órgão.

A pressão para rever a força da sociedade civil no Comitê cresceu,

principalmente por parte das operadoras de telecomunicações,

apoiadoras do governo.

Em dezembro, durante o Fórum de Governança da Internet no México, organizado pelas Nações Unidas, um conjunto de entidades da sociedade civil de mais de 20 países manifestou preocupação e denunciou as tentativas de enfraquecimento do CGI.br por parte da gestão Temer. No primeiro semestre de 2017, o Governo manobrou para impor uma paralisação de atividades em nome de uma questionável “economia de recursos”.

Martinhão e outros integrantes da gestão Kassab/Temer também têm defendido publicamente que sejam revistas conquistas obtidas no Marco Civil da Internet, propondo a flexibilização da neutralidade de rede e criticando a necessidade de consentimento dos usuários para o tratamento de seus dados pessoais. Neste contexto, a composição multissetorial do CGI.br tem sido fundamental para a defesa dos postulados do MCI e de princípios basilares para a garantia de uma internet livre, aberta e plural.

Por isso, esta Coalizão – articulação que reúne pesquisadores, acadêmicos, desenvolvedores, ativistas e entidades de defesa do consumidor e da liberdade de expressão – lançou, durante o último processo eleitoral do CGI, uma plataforma pública que clamava pelo “fortalecimento do Comitê Gestor da Internet no Brasil, preservando suas atribuições e seu caráter multissetorial, como garantia da governança multiparticipativa e democrática da Internet” no país. Afinal, mudar o CGI é estratégico para os setores que querem alterar os rumos das políticas de internet até então em curso no país.

Nesse sentido, considerando o que estabelece o Marco Civil da Internet, o caráter multissetorial do CGI e também o momento político que o país atravessa – de um governo interino, de legitimidade questionável para empreender tais mudanças –

a Coalizão Direitos na Rede exige o cancelamento imediato desta consulta.

É repudiável que um processo diretamente relacionado à governança da Internet seja travestido de consulta pública sem que as linhas orientadoras para sua revisão tenham sido debatidas antes, internamente, pelo próprio CGI.br. É mais um exemplo do modus operandi da gestão que ocupa o Palácio do Planalto e que tem pouco apreço por processos democráticos.

Seguiremos denunciando tais ataques e buscando apoio de diferentes setores,

dentro e fora do Brasil,

contra o desmonte do Comitê Gestor da Internet.

 

8 de agosto de 2017, Coalizão Direitos na Rede

 

Notas

1 A Coalizão Direitos na Rede é uma rede independente de organizações da sociedade civil, ativistas e acadêmicos em defesa da Internet livre e aberta no Brasil. Formada em julho de 2016, busca contribuir para a conscientização sobre o direito ao acesso à Internet, a privacidade e a liberdade de expressão de maneira ampla. O coletivo atua em diferentes frentes por meio de suas organizações, de modo horizontal e colaborativo. A nota está em https://direitosnarede.org.br/c/governo-temer-ataca-CGI/ .

2 Para ouvir a entrevista, à Rádio Brasil Atual, de Flávia Lefévre, conselheira da Proteste e representante do terceiro setor no Comitê Gestor da Internet, que afirma que as mudanças visam a atender interesses do setor privado e ferem caráter multiparticipativo do Comitê: https://soundcloud.com/redebrasilatual/1008-enrevista-flavia-lefevre

Continue Lendo

Artigo

FRAGMENTO E SÍNTESE

Publicadoo

em

 

Ligar a tv logo cedo num pequeno quarto de hotel no interior do país é desentender-se dos fatos nos telejornais matutinos. Abre-se a janela e uma menina vai à escola à beira do rio, um menino faz gol de bicicleta entre guris e o homem ergue a parede de sua casa.  Tudo tão distinto das ruas em alvoroço de protestos urbanos ou políticos insanos.  No rincão o que se busca é continuar vivo entre chuvas e trovões, sem não ou talvez. Tudo é certo. Sem modernidades calam ou arremedam nossa urbanidade, gente que se defende com pimentas e ervas, oração e vizinhança. Voz sem boca, boca sem voz, essa gente não é parte nas notícias selvagens dos jornais distantes.  Se resolvem entre cozidos, arte, bola e santos. No país de tantos cantos, muitos voam fora da asa e sem golpes entre si vão tocando suas mazelas e graça.

Mas vivemos tempos obscuros, a noite persiste em nossos avançados quinhentos e tantos anos e muitos santos. Dizem que burro velho é difícil se corrigir nos hábitos. Em manhã chuvosa na grande São Paulo, ligo a tv e o notbook, as janelas se abrem antes que a cortina deixe entrar o novo dia. Surpreendente ver na tv o deputado Jair Bolsonaro afirmando em um clube israelita na cidade do Rio, que se presidente for, não teremos mais terras indígenas no país. Ao mesmo tempo o computador expõe na rede social a opinião de meu amigo Ianuculá Kaiabi Suiá, jovem liderança do Parque Indígena do Xingu, onde leio ao som do deputado que ladra:

Jair Bolsonaro, obrigado por você existir. Graças a você, hoje, temos noção de quanto a população brasileira carece de conhecimento, decência, consciência, juízo, amor e que carrega um imenso sentimento de ódio sem saber o porque. Sim, sim, não sabem. Um exemplo? Veja a bandeira de quem te aplaude, é de um povo que, assim como nós, sofreu as piores atrocidades cometidas pelas pessoas que pensavam como você. Enfim, eu não sei se essa parcela do povo brasileiro pode ser curada, mas vou pedir para um pajé fumar um charuto sagrado e revelar se o espírito maligno que se apossou da tua alma pode ser desfeita com uma grande pajelança.

Ianuculá sabe o que diz, sabe de todo martírio vivido pelos povos originários, e mesmo assim se propõe a consultar o mundo dos espíritos.

 

É deus e diabo na terra do sol, a mesma terra que ofende também abriga e anuncia uma mostra de cinema indígena nos próximos dias. Terra de etnias e corpos na terra, a cidade maravilhosa do Rio não se calará diante do fascismo desses tempos sombrios, acompanhe.

Continue Lendo

Trending