De repente o asfalto exala um estranho cheiro de terra, desnorteando o mercado, da Paulista a Pinheiros.
Quando finda a tarde e cai a noite na grande cidade, tudo pode acontecer. Deixar a cidade de insônia dormir é algo vão. Na cidade, motoqueiros furiosos podem ser mais ameaçadores do que motosserra ou máquina brava na mata.
Às vezes, a vida se ilumina na noite, e o que se vê em escuros assim são pessoas se beijando na mesa de bar e cantando em coro surpresas ao verem cocares em dança na metrópole.
Mais se surpreendem os que descobrem que uma escola, Fernão Dias, quem diria, segue sitiada por jovens, moleques ainda, como na busca de araçá azul ou da flor de pequi. De lá, eles, felizes, se encontram e gritam juntos, dando sentido ao mundo.
Seguir o movimento das coisas é bom rumo entre o visível e o invisível, mas feliz nessa vida são aqueles que seguem o fluxo do pequeno grupo, mesmo quando todos te mandam embora do grande tráfego.
Todo corpo segue em sua dúvida e ânsia na cidade. Na aldeia não é diferente , apenas se sabe no solo comum que viver pode ser melhor, segue-se em grande marcha pela vida e razão, sem codinomes, aqui no asfalto todos são índios a parar o trânsito. Demoro a entender as pontes que unem índios em defesa da terra a alunos secundaristas. Mas nesse universo é o território que conta: aqui nesse terreno os entendimentos superam bolhas, de champagne ou água, das insanidades de Estado. O que conta nesse solo é o interesse comum. Cidadania é palavra definidora do ser.