Texto e fotos por Helio Carlos Mello, especial para os Jornalistas Livres e para a Conta D’Água
O rio Tietê*, surpreendendo os sentidos, se pôs no meio do caminho, sem barco não se passa no rumo decidido. É um mundo de água, sem fedor ou negro tinta em água. São ondas o que vejo, barquinhos longe a fluir. É gente na pesca, é gente no banho Tietê daqui.
Estranha dúvida me alucina a saber que o esgoto em rio na minha cidade me convida aqui ao banho. Penso ser dúvida de peixe quando percebe a isca sem saber do anzol.
É o rio de minha cidade, Tietê, meu pecado de homem aqui purificado no volume dos encontros de afluentes e chuva do céu barrados nos concretos hidrelétricos que nos iluminam. O Tietê é um rio de dúvida e deslumbramento. Nossa água limpa onde um banho de cinzas nos batiza.
Vou embora pra mim mesmo no rio indefeso que se renova.
*Tietê é um nome de origem tupi e significa “água verdadeira”, com a da junção dos termos ti (“água”) e eté (“verdadeiro”)