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Cidadania

26 de JUNHO: Dia Internacional de Luta Contra a Tortura

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“A tortura é uma invenção maravilhosa e absolutamente segura para causar a perda de um inocente.”

Jean de la Bruyere

 

Este mês foi marcado por uma questão gravíssima, a questão da tortura e dos direitos humanos. O Governo Federal, através de um decreto da Presidência da República [1], descomissionou todos os peritos encarregados da avaliação das condições dos presídios e das torturas que lá ocorrem. O descomissionamento desses peritos nacionais equivale a uma ruptura com o Protocolo de Istambul [2], um protocolo da ONU, do qual o Brasil é signatário, que data de 2001.

 

Pois bem, ao descomissionar, ao encerrar o mandato dos peritos nacionais, dos nove peritos nacionais, o Brasil se coloca em condições de países que estão totalmente à margem da lei internacional.

 

As averiguações das condições dos presídios, das delegacias, dos manicômios, das instituições asilares, das casas transitórias e das fundações para menores, são preceitos fundamentais de um processo civilizatório. A dificuldade com que as audiências de custódia têm sido realizadas, principalmente com essa orientação do Governo do Estado de São Paulo, que alega não ter os recursos necessários para escolta, para que os presos possam fazer o seu primeiro depoimento na frente de um juiz, de forma presencial, alegando a desnecessidade desse procedimento básico, fazendo isso dentro do presídio, à distância, via internet, medida essa que está sendo adotada em todo o território nacional, põe em risco a Democracia [3].

 

O projeto de lei, de 2014 [4], de minha autoria, criando o mecanismo de prevenção à tortura no Estado de São Paulo, com a nomeação dos peritos, foi vetado pelo Sr. Governador. O Dr. José Carlos Dias [5] escreveu um artigo fortíssimo na Folha de São Paulo [6], rejeitando o veto, dando parecer contra o veto do Sr. Governador nos seus primeiros dias de governo. Não bastasse tudo isso, a situação irregular e a superpopulação carcerária, a situação irregular dos presos, sem o devido processo, tumultua a vida nos presídios.

 

[Por exemplo] a chacina de Manaus, com grande número de mortos, a rebelião no Ceará, com grande número de mortos, presídios estes controlados por forças radicais aliadas ao crime, com execuções, com “julgamentos”… A situação das mulheres é uma das coisas mais aviltantes, mais desumanas, principalmente a situação das mulheres estrangeiras, sem o domínio do [idioma] Português e sem qualquer formalização do processo, as chamadas “mulas”, principalmente no Estado de São Paulo, onde se acumulam senhoras, que não dominam nem o idioma europeu de origem de seus países, falam dialetos… Apesar de organizações como o ITCC [7], da Irmã Michael [8], que procura dar o mínimo de assistência jurídica e legalidade a essas pessoas encarceradas, em condições desumanas.

A interpretação da lei, transformando pequenos usuários em traficantes, aumentou sobremaneira a população carcerária e essa mistura de jovens – com passagens bem tênues – com pessoas condenadas a penas muito elevadas, só faz dos presídios a pior escola do crime. Esta situação de barbárie não tem condições de perdurar.

A ruptura com o Protocolo de Istambul, que é um documento que o Brasil é signatário desde 2001, coloca nosso país em situação comparável aos países mais atrasados do mundo. Esta hostilização permanente às Nações Unidas e suas deliberações e aos protocolos de fóruns internacionais, vai nos isolando no cenário mundial.

 

É de dentro deste quadro, agradecendo a retomada do processo democrático pela OAB Nacional, pelas OABs Estaduais, por todas as suas subseções, em particular esta de Salto, a que me refiro agora, [que digo] que um dos eixos da OAB do Estado de São Paulo é exatamente a garantia e a inviolabilidade da audiência de custódia. É sobre isso que queria me manifestar e dizer que dia 26 é O dia internacional, mundial, do combate à tortura.

 

A tortura é a forma mais abjeta de dominação entre os seres humanos. Está entre os pilares do Cristianismo. O Cristianismo adotou a cruz como símbolo de seu processo civilizatório entendendo que a cruz é o símbolo da tortura. A cruz está para o Cristianismo, assim como o pau-de-arara está para o povo brasileiro, seja na escravidão ou seja nos períodos atuais de ruptura de tais protocolos.

 


NOTA DA COMISSÃO CDH(*):

Prosseguindo em nosso projeto de evidenciar personalidades públicas em seu lugar de fala, a Comissão entrevistou Adriano Diogo, geólogo sanitarista uspiano, que teve trajetória reconhecida no país todo por sua militância pela democracia e direitos humanos, história essa que atingiu seu auge com a presidência, de 2012 a 2015, da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” (criada pela Resolução ALESP n. 879, de 10 de fevereiro de 2012).

Na entrevista, foi concedido o tema livre, vinculado apenas aos mecanismos do Direito e pautando-se pela data estabelecida pela ONU, em resolução de 12 de dezembro de 1997, como dia internacional das Nações Unidas em apoio às vítimas da tortura e com vistas à erradicação total da tortura e à aplicação efetiva da Convenção Contra a Tortura e Outros Tratos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes, que entrou em vigor em 26 de junho de 1987.

O tema é pertinente ao exercício da advocacia, tanto pelo viés constitucionalista quanto penalista, especialmente em face das inseguranças práticas na aplicação da Resolução nº 213/15 do CNJ (audiências de custódia) e Lei de Execuções Penais.

Contudo, as opiniões pessoais emitidas pelo entrevistado não se confundem com as opiniões desta Comissão entrevistadora ou da própria Ordem.

 


BIOGRAFIA:

ADRIANO DIOGO é geólogo sanitarista e político. Iniciou sua militância pela democracia e pelos direitos humanos nos anos 1960, participando do movimento secundarista e das lutas do movimento estudantil contra o regime (Ocupação da Maria Antônia; Congresso da UNE em Ibiúna; Greve de Osasco em 1968). Em 1969, ingressou na USP, participando da resistência estudantil principalmente nos movimentos culturais, com o método do Teatro Jornal. Foi preso em 1973 e torturado no DOI-Codi de São Paulo, na mesma época em que foi morto sob tortura seu colega da Geologia Alexandre Vannucchi Leme. Em 1978 e 1979, militou na campanha pela Anistia. Participou da criação do Partido dos Trabalhadores e entre 1982 e 1984, atuou em na campanha pelas Diretas. Foi assessor parlamentar na Câmara dos Vereadores em São Paulo. Exerceu quatro mandatos de Vereador da cidade de São Paulo (1989-2003), ocupando-se especialmente das áreas do meio ambiente, da saúde pública (especialmente na luta antimanicomial), educação, moradia popular e das regiões periféricas. Foi eleito deputado estadual em 2002, licenciando-se da ALESP para exercer cargo de Secretário do Verde e do Meio-Ambiente na Prefeitura do Município de São Paulo (2003-2004). Exerceu dosi mandatos como Deputado Estadual (2007-2014). Foi membro da Comissão de Direitos Humanos da ALESP e presidiu, de 2012 a 2015, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” (). Atualmente é Secretário dos Direitos Humanos do Partido dos Trabalhadores.

 


(*) Entrevista concedida à Comissão de Direitos Humanos de Salto, Subseção da OAB São Paulo (SP).

REFERÊNCIAS:

[1] DECRETO Nº 9.831, DE 10 DE JUNHO DE 2019 – “Altera o Decreto nº 9.673, de 2 de janeiro de 2019, que aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e o Decreto nº 8.154, de 16 de dezembro de 2013, que regulamenta o funcionamento do Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, a composição e o funcionamento do Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, dispõe sobre o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura; e remaneja cargos em comissão”: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9831.htm
[2] O Manual de Investigação e Documentação Efetiva sobre Tortura, Castigos e Tratamentos Cruéis, Desumanos e Degradantes, mais conhecido como o Protocolo de Istambul, é o primeiro conjunto de normas internacionais para documentar a tortura e suas consequências. Foi adotado pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos em 2000. O Protocolo de Istambul foi criado por mais de 75 especialistas em direito, saúde e direitos humanos durante três anos de esforço coletivo e envolve mais de 40 organizações diferentes, incluindo o Conselho Internacional para a Reabilitação de Vítimas de Tortura. O extenso trabalho foi iniciado e coordenado pela Comissão de Direitos Humanos da Turquia (Fundação de Direitos Humanos da Turquia – HRFT) e pela organização Médicos pelos Direitos Humanos dos Estados Unidos (Médicos pelos Direitos Humanos – PHR EUA).
Sua finalidade é servir como um guia internacional para a avaliação de pessoas que foram torturadas, a fim de investigar casos de possível tortura e relatar os resultados para as agências de justiça ou de investigação.
Sua aplicação é prevista na Recomendação nº 49/14 e na Resolução nº 213/15, ambas do CNJ, e na Resolução nº 2.217/18 (Código de Ética Médica), do CFM, em conjunto com o Protocolo Brasileiro de Perícia Forense, de 2003.
[3] “Moro quer ampliar uso de videoconferências em audiências de custódia”, artigo de Laís Lis, publicado no g1-Globo em 09/01/2019: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/09/moro-quer-ampliar-uso-de-videoconferencias-em-audiencias-de-custodia-e-de-tornozeleiras.ghtml
[4] PROJETO DE LEI 1257/14, da ALESP – “Institui o Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura e o Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura no Estado”: https://www.al.sp.gov.br/propositura/?id=1223577
[5] José Carlos Dias é advogado criminalista, ex-Secretário de Justiça do Estado de São Paulo (1983-1987), ex-Ministro da Justiça (1999-2000) e ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade (agosto a novembro de 2013). Durante a ditadura militar, tornou-se conhecido como defensor de presos políticos, atuando diretamente na Justiça Militar.
[6] “Sem Desculpas, Governador”, artigo do Dr. José Carlos Dias, publicado na FSP em 14/02/2019: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/02/sem-desculpas-governador.shtml
[7] O Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC) é uma organização de Direitos Humanos fundada em 1997, cuja visão é “erradicar a desigualdade de gênero, garantir direitos e combater o encarceramento”: http://ittc.org.br/nossa-historia/
[8] Michael Mary Nolan, presidenta do ITCC, é advogada, coordenadora da Congregação das Irmãs de Santa Cruz, assessora das Pastorais Sociais e assessora jurídica do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e da Equipe de Articulação e Assessoria às Comunidades Negras (EAACONE). Em 2004 recebeu doutorado honorário de Saint Mary’s College, Notre Dame, Indiana por seu trabalho em direitos humanos.

Campinas

Ocupação Mandela: após 10 dias de espera juiz despacha finalmente

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Depois de muita espera, dez dias após o encerramento do prazo para a saída das famílias da área que ocupam,  o juiz despacha no processo  de reintegração de posse contra da Comunidade Mandela, no interior de São Paulo.
No despacho proferido , o juiz do processo –  Cássio Modenesi Barbosa –  diz que  aguardará a manifestação do proprietário da área sobre eventual cumprimento de reintegração de posse. De acordo com o juiz, sua decisão será tomada após a manifestação do proprietário.
A Comunidade, que ocupa essa área na cidade de Campinas desde 2017,   lançou uma nota oficial na qual ressalta a profunda preocupação  em relação ao despacho  do juiz  em plena pandemia e faz apontamento importante: não houve qualquer deliberação sobre as petições do Ministério Público, da Defensoria Pública, dos Advogados das famílias e mesmo sobre o ofício da Prefeitura, em que todas solicitaram adiamento de qualquer reintegração de posse por conta da pandemia da Covid-19 e das especificidades do caso concreto.

Ainda na nota a Comunidade Mandela reforça:

“ Gostaríamos de reforçar que as famílias da Ocupação Nelson Mandela manifestaram intenção de compra da área e receberam parecer favorável do Ministério Público nos autos. Também está pendente a discussão sobre a possibilidade de regularização fundiária de interesse social na área atualmente ocupada, alternativa que se mostra menos onerosa já que a prefeitura não cumpriu o compromisso de implementar um loteamento urbanizado, conforme acordo firmado no processo. Seguimos buscando junto ao Poder público soluções que contemplem todos os moradores da Ocupação, nos colocando à disposição para que a negociação de compra da área pelas famílias seja realizada.”

Hoje também foi realizada uma atividade on-line  de Lançamento da Campanha Despejo Zero  em Campinas -SP (

https://tv.socializandosaberes.net.br/vod/?c=DespejoZeroCampinas) tendo  a Ocupação Mandela como  o centro da  discussão na cidade. A Campanha Despejo Zero  em Campinas  faz parte da mobilização nacional  em defesa da vida no campo e na cidade

Campinas  prorroga  a quarentena

Campinas acaba prorrogar a quarentena até 06 de outubro, a medida publicada na edição desta quinta-feira (10) do Diário Oficial. Prefeitura também oficializou veto para retomada de atividades em escolas da cidade.

 A  Comunidade Mandela e as ocupações

A Comunidade  Mandela luta desde 2016 por moradia e  desde então  tem buscado formas de diálogo e de inclusão em políticas  públicas habitacionais. Em 2017,  cerca de mais de 500 famílias que formavam a comunidade sofreram uma violenta reintegração de posse. Muitas famílias perderam tudo, não houve qualquer acolhimento do poder público. Famílias dormiram na rua, outras foram acolhidas por moradores e igrejas da região próxima à área que ocupavam.  Desde abril de 2017, as 108 famílias ocupam essa área na região do Jardim Ouro Verde.  O terreno não tem função social, também possui muitas irregularidades de documentação e de tributos com a municipalidade.  As famílias têm buscado acordos e soluções junto ao proprietário e a Prefeitura.
Leia mais sobre:  
https://jornalistaslivres.org/em-meio-a-pandemia-a-comunidade-mandela-amanhece-com-ameaca-de-despejo/

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Cidadania

Xavantes de MT denunciam abandono e pedem socorro

Vídeo intitulado “Um grito de socorro no coração do Brasil”, gravado pela comunidade indígena Xavante da região de Barra do Garças (MT), expõe a força da covid-19 nos povos. Provocada pelo novo coronavírus, a doença já matou mais de 819 indígenas de diversas etnias. Pelo menos 30 Xavantes já morreram em decorrência da pandemia e há mais 10 mortes em investigação.

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Vídeo intitulado “Um grito de socorro no coração do Brasil”, (veja AQUI), gravado pela comunidade indígena Xavante da região de Barra do Garças (MT), expõe a força da covid-19 nos povos. Provocada pelo novo coronavírus, a doença já matou mais de 819 indígenas de diversas etnias.

Por: Ana Adélia Jácomo – Redação do PNB Online

De acordo com dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), até a última sexta-feira (24), 13.096 indígenas haviam sido infectados pela covid-19. Somente no povo Xavante, o último boletim epidemiológico divulgado na mesma data, demonstra a existência de 30 óbitos e 313 infectados. Ainda existem outras 10 mortes sob investigação.

Com duração de pouco mais de quatro minutos, o vídeo coloca o espectador dentro das comunidades, expondo a situação classificada pelos indígenas como de “abandono” por parte do Poder Público.

Davi Tsudzaweré, cacique da Aldeia Guadalupe, da Terra Indígena São Marcos, faz um apelo por maior atenção básica em saúde. Segundo ele, os povos estão abandonados à própria sorte, sem qualquer tipo de acesso a atendimentos médicos.

Estão omitindo as mortes, estão omitindo os dados, está sendo tudo manipulado para manterem a imagem de bonzinhos

“Houve muito óbito nesta terra. Até agora, os Xavantes estão morrendo dessa doença que está acontecendo no mundo inteiro. Estamos sofrendo ainda sem atenção de nenhum órgão competente”, disse.

Em uma das imagens de maior apelo, Cristóvão Tsõrõpré, pertencente a aldeia São Marcos, narra a escavação de covas para enterros dos mortos. “Até quando vamos aguentar tudo isso? Temos o espaço para o cemitério, quantos já se foram… Já pedimos apoio, intervenção e profissionais de saúde, mas nada disso acontece”.

Rafael Wéré´é, da Aldeia São Marcos, acusa as autoridades competentes de não divulgarem dados reais das mortes causada pela pandemia. “Um grito de socorro para que as pessoas possam conhecer como estamos abandonados perante essa pandemia. (…) Estão omitindo as mortes, estão omitindo os dados, está sendo tudo manipulado para manterem a imagem de bonzinhos”, afirmou.

Gravado pelos indígenas, o vídeo foi produzido pela jornalista Juliana Arinos e pelo professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus Barra do Garças, Gilson Costa.  Ele trabalha há seis anos em um projeto de extensão nas comunidades, oferecendo oficinas de capacitação audiovisual a jovens Xavantes.

Segundo Gilson, o vídeo retrata a situação das comunidades diante da pandemia. “Em se tratando dos Xavante, o poder público ficou inerte no primeiro momento, esperou que a doença avançasse. As barreiras sanitárias poderiam ter sido instaladas anteriormente para evitar que a doença entrasse nas aldeias”, avaliou.

O professor explicou que a cultura indígena envolve moradias coletivas, pouco acesso a água encanada e rede de esgoto. Com hábitos culturais de higiene diferentes, a covid-19 tem encontrado nos povos muita facilidade de disseminação do vírus.

“A partir do momento que a doença entra nas aldeias a situação começa a ficar complicada porque as comunidades têm uma outra cultura.  Em uma casa Xavante, moram até 20 pessoas, nem todas elas têm água encanada, são outros hábitos de higiene, uma outra cultura. O poder público por mais que tenha sido alertado pelas lideranças e Ongs, esperou a doença chegar e demorou muito para uma ação. Depois que o caos começou é que o poder público começou a atuar, mas mesmo assim e forma muito deficitária”, avaliou.

O poder público por mais que tenha sido alertado pelas lideranças e Ongs, esperou a doença chegar e demorou muito para uma ação.

A morte de um indígena na cidade de Campinápolis teria exposto a falta de atenção básica, como por exemplo a falta de distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). “Ele trabalhava como motorista e transportava pacientes, e ficava com a mesma máscara até uma semana. Nem os EPIs básicos lhe foi concedido e ele acabou morrendo”. A morte gerou protestos na cidade.

O outro lado

O Governo do Estado anuncia nesta segunda-feira (27) o início das atividades de um grupo de trabalho que irá em expedição pelas aldeias indígenas de Mato Grosso oferecendo atendimento médicos e medicamentos a infectados pela covid-19.

O grupo é uma parceria entre o Ministério da Saúde, Forças Armadas, Secretaria Especial de Saúde Indígena e pelo Governo de Mato Grosso. Eles desenvolveram o Plano de Enfrentamento à Covid-19 nas Comunidades Indígenas e irão levar médicos infectologistas, pediatras e clínicos gerais para prestar atendimentos.

Veja o vídeo dos Xavantes: https://www.youtube.com/watch?v=QZlpEHixR7E&feature=youtu.be

Matéria original em: https://www.pnbonline.com.br/geral/comunidade-xavante-denuncia-abandono-diante-da-pandemia-e-pede-socorro/68338

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Cidadania

O infrator, a máscara e a república

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O ignorante desembargador Eduardo Siqueira

 

A ignorância tem muitas vestes e peculiar empáfia. Um sujeito, infrator, peita o guarda ligando para seu comandante, dando curso ao clássico “Sabe com que você está falando?”… A lei suprema que organiza as coisas na sua cabeça monárquica.

*POR Douglas Martins

O servidor não se intimida, segue sua tarefa, e o infrator aguarda impaciente a hora da vingança. Rapidamente a imprensa apura tratar-se de flagrante de falsa identidade. Havendo título, o caso será de abuso.

Se dizendo desembargador o infrator amarga ressentido a falta de insígnias para humilhar. Autuação concluída, arranca a contrafé, pica e atira os pedaços ao chão, emporcalhando a si, a praia e a cidade que sonha ser apenas sua.

Sem máscara, mentido e sujando, esse é o protagonista de nossa tragédia social. Tem ódio à república e pavor à igualdade. Deseja uma sociedade de castas, organizada entre insultantes e insultados. Lei, só para os subalternos.

O protagonista da cena revela a patologia social de uma ordem construída sem compaixão e solidariedade, sem futuro, nostálgica do passado violento que ainda vive e pulsa forte diante da ameaça republicana.

Infrator é o outro. Pandemia não existe. Dever de limpar a sujeira sem repreender sua origem é a lei suprema. É um constrangimento assistir ao vídeo. Mas a cena apenas documenta o resultado final de uma construção social e a urgência de revertê-la

https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/659303141343478/

  • Doutor em Direito, cantor e líder da roda de samba “Esquerdantina” e pré candidato à Prefeitura de Santos pelo PT

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