Ontem (2), há 25 anos atrás, acontecia o maior massacre da história dos presídios brasileiros, na penitenciária do Carandiru, na zona norte da capital paulista. Foram 111 detentos mortos durante uma operação policial para reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 do estabelecimento.
O que se vê, desde então, é uma Política de Segurança Pública irresponsável que aposta cada vez maior no superencarceramento, assim como na violência contra detentos. Em 2016, foram 400 mortes violentas nas prisões brasileiras. Em 2017, apenas nas duas primeiras semanas de janeiro, foram 137 vidas.
O Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo, com um aumento na população carcerária de 267,32% nos últimos quatorze anos. Segundo o estudo do Depen, 61,6% dos presos são pessoas negras. O sistema ainda está com 161% de sua capacidade ocupada, o que significa que, em celas concebidas para custodiar 10 pessoas, há em média 16, de acordo com o Ministério da Justiça. Isso só mostra como prender não resolve absolutamente nada.
Enquanto cada vez mais os presídios são espaços de violências, superlotação, de precarização da saúde e violação de direitos, mais cedo querem prender nossos jovens negros e pobres. Cada vez mais retiram o acesso à educação, ao esporte, lazer, cultura e trabalho digno, para jogá-los onde a barbárie é institucional.
Essa política é parte de um país que foi construído sob um racismo estrutural. O ano é 2017, mas nos faz lembrar séculos passados quando retiram direitos de pessoas negras e as algemam, para matar ou deixar morrer aos poucos.
Como diz Angela Davis, lutar contra prisões em massa é lutar contra escravidão dos tempos modernos. Lutar contra a redução da maioridade penal é lutar por um país mais igual, com respeito à dignidade e à vida de todas e todos, sobretudo da população negra. Queremos nossos jovens nas escolas, não nas cadeias.
Carandiru vive: tem CEP; tem cor; tem renda; e, agora, idade.
Luna Costa para os Jornalistas Livres
Uma resposta
VER ESA SABANA COLGADA, QUE ERA DE MI CAMA, VER ESAS LETRAS QUE DIBUJE, SOBRE ESA SABANA, CUANDO LA SANGRE TODAVIA CORRIA POR LAS ESCALERAS, CUANDO TODAVIA SE ESCUCHABAN DETONACIONES, CUANDO TODAVIA CONTABAMOS CUERPOS, CUANDO TODAVIA SE RESPIRABA EL OLOR A AZUFRE DE LA POLVORA, VERLA ME TRAERA SIEMPRE RECUERDOS DE TODO LO QUE VI AQUEL DIA, Y QUE SE QUE NUNCA FUE DICHO, Y QUE OJALA ALGUN DIA PUEDA CONTAR.