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Diretas Já

Temer e aliados no fundo do poço

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Texto de Paulo Endo, Psicanalistas pela Democracia

Temer, seu governo e seus aliados chegaram ao fundo do poço. Começa agora o espetáculo dantesco daquele que chegou ao poder sem qualquer legitimidade, apoiado por forças que não desejam o bem do país e nem de seus cidadãos e que fora apoiado e insuflado por grupos neofascistas que, cada vez mais inúteis e perdidos, observam todos os dias a desgraça em que meteram o país. Já saíram às ruas para pedir o FORA TEMER, juntamente com a Globo, o Estadão e todos os que contribuíram para essa mixórdia nacional.

A Globo percebendo sua credibilidade cair em queda livre em suas tentativas desesperadas de apoiar um governo que tem 2% de aprovação, decide dar carta branca para o fim da era Temer sob pena de ser ridicularizada pelos seus próprios telespectadores.

No conjunto, sabíamos da irresponsabilidade desse que é o grupo pró-impeachment, pró-golpe e, desde cedo, sabíamos que sua estratégia seria propagar violência e ruína. Suas bravatas desmancham todos os dias uma a uma, mas eles não cedem. Cegos como cães raivosos perderam a capacidade de ver, ouvir e argumentar e, mesmo agora, não esquecem que a cada frase devem ofender e denegrir o PT com mais duas, verdadeira obsessão dos monotemáticos articuladores do desastre-Brasil e que, agora que seu líder mergulha em queda livre querem sair por cima.

Podemos tentar imaginar os próximos passos do ex-presidente, como bem disse o sábio William Bonner no Jornal Nacional de anteontem.

Desesperado, mas obcecado pelo poder, Temer já repetiu inúmeras vezes que “não vai cair” e em seu depoimento oficial afirma que não renunciará. Ele, agora mesmo, deve estar procurando adesões no baixo clero, tentando comprar com benesses, vantagens e ilícitos a todo e qualquer parlamentar, juiz, procurador, ministro e líder partidário. Abusará, como nunca do dinheiro público, arrecadado com impostos. A casa já caiu então por que não se lambuzar de vez?

Sem rumo, oferecerá tudo o que não lhe pertence e continuará negociando para permanecer ‘um pouquinho mais, só até passarem as reformas’. Está aturdido pelo Palácio do Planalto, vive plenamente as vantagens de ocupar um lugar que jamais lhe pertencerá.

Incauto, ficará nervoso com os subalternos e exigirá pressa na tramitação das reformas que, a essa altura, viraram pó. Contará com parlamentares suicidas e, para isso, oferecerá inúmeros ilícitos.

Covarde, colocará polícia e exército nas ruas de Brasília para impedir aproximações de milhares de manifestantes que não admitem mais um dia sequer de sua presença no planalto, mantido à base de regalias sustentadas com o dinheiro dos impostos pagos pelos brasileiros.

Inútil, tentará negociar com os grupos econômicos aos quais havia prometido mundos e fundos e cujos resultados não pôde entregar completamente. Fará promessas inexequíveis.

Dissimulado, dirá a nação que nada do que ela ouve e vê é verdade e continuará dizendo aos milhões brasileiros que aceitem o transe hipnótico que inventa um trabalhador feliz e sem direitos; um aposentado tranquilo e sem renda; milhões de brasileiros livres e sem democracia; um país orgulhoso e submisso.

Sem futuro, lembrará que um dia foi um grande constitucionalista e professor e, ao lado de Cunha, quiçá compartilhando a mesma cela, e em tom submisso e amedrontado, cobrará seu comparsa pelos reais que permitiram que a vida de Cunha preso e de sua mulher, em liberdade, continuassem com os mesmos luxos e benefícios que tinham ao longo da vida corrupta e impune que sempre tiveram.

Em prantos procurará o colo de Marcela, mas que a essa altura, talvez, já estará ocupada com os prantos do pequeno e envergonhado Michelzinho.

Lamentamos que a democracia representativa tenha o legado mais escandaloso que só hoje demonstra seu tamanho e consequências. Na complexidade em que as coisas avançam e na ruptura do processo, que impõe o fazer e respeitar leis, o Brasil precisa urgentemente das eleições diretas, como único mecanismo democrático que ainda sobrevive à apologia da destruição.

A sociedade precisa de novos líderes capazes de repactuar um projeto nacional e um horizonte livre para o exercício de subjetividades dos que viveram a liberdade e não renunciarão a ela, mas é preciso restituir legitimidade a essas lideranças. Hoje só o voto direto apresenta essas condições mínimas. Longe e fora dele só é possível prever destroços.

A expectativa de que um golpe funcionaria ignorou as instituições e forças democráticas que se consolidaram, durante o pouco tempo em que uma democracia vigorou no país. São elas, e apenas elas, que terão legitimidade para projetar um novo país que se elaborará como signo de uma democracia nova, consertada, mais robusta.

O país não foi destruído, não chegamos ainda a terra arrasada. Sentimos isso a cada manifestação, a cada ato, a cada tentativa de construção e reinvenção do país, a cada ativista repleto de esperança que após perderem a visão, terem o crânio esfacelado e o sangue limpo de suas vestes e faces permanecem vivos, lutando e orgulhosos de terem resistido ante a promessa do caos.

Os movimentos sociais, a mídia livre, os poucos intelectuais que estiveram ativos e vigilantes, os democratas resistentes em cada uma das instituições brasileiras e os inúmeros movimentos de estudantes e trabalhadores saberão dar curso ao Brasil saído de um golpe.

Um grande pacto terá de advir.

Temos esperança de que a esquerda também amadureceu, saberá se entender e compartilhar o essencial abandonando os narcisismos que sempre a impedem de se articularem no longo prazo.

Tudo o que vemos não é mais tenebroso apenas por que vemos. Isso sempre esteve presente no Brasil drenando a energia e os recursos nacionais e inscrevendo em cada um de nós um escafandro identitário contraditório.

Somos o país do futuro ou do atraso? Somos exóticos ou risíveis? Originais ou cópias baratas? Cordiais ou submissos? Indignados ou indolentes? Americanos ou americanizados?

O diagnóstico está feito, o mapa está à nossa frente. Daqui para diante não poderemos alegar a escuridão para justificar a perda de rumos e uma nova e alvissareira cartografia haverá de ser feita pelos que, nem por um minuto, deixaram de acreditar na nossa democracia e no desejo imenso que tantos tem de que o Brasil, um dia, floresça como merece, sempre mereceu.

Temer ganha tempo. Ao não renunciar e sair do poleiro com o mínimo de dignidade, mantém o foro privilegiado e terá tempo de fazer um sucessor por vias indiretas. Nesse aspecto continua um comparsa do projeto Rede Globo.

O principal não é sua permanência ou queda, mas a concretização do projeto de atraso do Brasil ainda não inteiramente concluído. Recomendamos ao leitor a publicação do site Alerta Social intitulada 365 direitos perdidos, que faz um apanhado do ataque frontal à população brasileira mais vulnerável e pobre empreendida sem tréguas, ao longo do último ano, pelas forças que compõem o projeto que o atual governo representa. (http://alertasocial.com.br/?p=3602).

Para estancar a sangria a queda de Temer é um primeiro passo, mas ele não é decisivo. Pode ser o começo do fim, mas estancar a retomada de eleições livres e justas, com chances reais para um candidato que defenda uma pauta à esquerda, é o que visa a todo custo o projeto Temer, que persistirá mesmo após sua derrocada.

As últimas notícias animaram as mobilizações e indicaram que o projeto das elites nacionais corre perigo, que as esquerdas também se beneficiam de erros da direita e podem surfar enquanto os promotores do projeto desastre batem cabeça. De súbito tudo adquire um sentido novo, colorido e vistoso e a agenda das ruas se intensifica. O projeto Globo passa à execução do plano B. À nossa frente Rodrigo Maia e Carmen Lúcia. A próxima tarefa é deixá-los para trás arrastados pelo vórtice das Diretas Já.

Mas Temer ainda não desistiu de ser o menino prodígio do golpe. Acredita em sua tarefa e na antessala onde, como presidente da República, conversa amigavelmente com empresários que narram como se obstrui a justiça influenciando juízes e plantando procuradores. Diante deles o presidente só tem a dizer: É complicado.

Temer, role para o lado, a caravana precisa passar!

Diretas imediatamente agora, para reiniciarmos a caminhada para o país que queremos e aprofundar a nossa ferida, mas querida democracia. Aquela que sobrevive e pulsa no coração de milhões de brasileiros!

#EleNão

EDITORIAL – HOJE É DIA DE LUTO! PERDEMOS O MENINO GABRIEL

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Gabriel e Lula: aniversário no mesmo dia: 27/10
Gabriel e Lula: aniversário no mesmo dia: 27/10

Gabriel e Lula: aniversário no mesmo dia: 27/10

Perdemos um camarada valoroso, um menino negro encantador de feras, um sorriso no meio das bombas e da violência policial, um guerreiro gentil que defendeu com unhas e dentes a Democracia, a presidenta Dilma Rousseff durante todo o processo de impeachment, e o povo brasileiro negro e pobre e periférico, como ele.

Gabriel Rodrigues dos Santos era onipresente. Esteve em Brasília, na frente do Congresso durante o golpe, em São Paulo, nas manifestações dos estudantes secundaristas; em Curitiba, acampando em defesa da libertação do Lula. Na greve geral, nas passeatas, nos atos, nos encontros…

O Gabriel aparecia sempre. Forte, altivo, sorrindo. Como um anjo. Anjo Gabriel, o mensageiro de Deus

Estamos tristes porque ele se foi hoje, no Incor de São Paulo, depois de um sofrimento intenso e longo. Durante três meses Gabriel enfrentou uma infecção pulmonar que acabou levando-o à morte.

Estamos tristíssimos, mas precisamos manter em nossos corações a lembrança desse menino que esteve conosco durante pouco tempo, mas o suficiente para nos enriquecer com todos os seus dons.

Enquanto os Jornalistas Livres estiverem vivos, e cada um dos que o conheceram viver, o Gabriel não morrerá.

Porque os exemplos que ele deixou estarão em nossos atos e pensamentos.

Obrigada, querido companheiro!

Tentaremos, neste infeliz momento de Necropolítica, estar à altura do Amor à Vida que você nos deixou.

 

 

Leia mais sobre quem foi o Gabriel nesta linda reportagem do Anderson Bahia, dos Jornalistas Livres

 

Grande personagem da nossa história: Gabriel, um brasileiro

 

 

 

 

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#EleNão

A quem interessa ser profeta do caos?

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Por Jacqueline Muniz, Ana Paula Miranda e Rosiane Rodrigues
Imagens de autoria dos Jornalistas Livres, capturadas em protestos, no último final de semana, em São Paulo e na França
A advertência de não realização de manifestações políticas, fundada no medo e na promoção do pânico social, é um atentado à democracia, uma forma de extorsão de poderes, de dirigismo monopolista das pautas plurais e das reivindicações divergentes de sujeitos que são diversos em cor, classe, renda, gênero, orientação sexual, instrução, etc. A advertência sob a forma de ameaça produz paralisia decisória de lideranças, imobilismo social e lugares resignados de fala, que seguem aprisionados nas redes sociais, na política emoticon do “estamos juntos” até o próximo bloqueio, diante da comunhão de princípios com diferença de opiniões: “você deve ir ao shopping, mas não a passeata”.
A fabricação de conjecturas apocalípticas e suposições catastróficas com roupagem analítica é um recurso de persuasão de via única, impositiva, que aponta para um sentido hierárquico e, até mesmo autoritário, de quem se acha portador de uma verdade ‘revelada’ sobre os atos políticos e de uma razão superior sobre os fatos da política. A fala profética é uma fala moralista, ilusionista, que, por meio do uso da fé e do afeto, inocula nas pessoas uma culpa antecipada por suas escolhas para desqualificar seus arbítrios e fazê-las rebanho dependente de um guia despachante do juízo final. Este projeto de poder necessita fazer crer que o pessimismo visionário e proselitista é mais real que a própria realidade vivida e que deve fazer parte do cálculo das ovelhas boas e más, dos aliados e opositores de ocasião. A fala profética serve aos senhores da paz, da guerra e do mercado, sem distinção. É um jogo ardiloso do ganha ou ganha em qualquer circunstância ou resultado obtido.
A quem interessa ser o profeta do caos? Ao próprio profeta que, inventor do jogo do quanto pior melhor, sacrifica seus seguidores feito gado, gasta a tinta das representações com seu próprio manifesto e promove a tensão entre espadas para se manter como o grande  conselheiro conciliador.  
Os profetas do caos são como uma fênix que ressurgem da crise que criam. Eles se apresentam como proprietários das representações políticas, à direita ou à esquerda, em cima e embaixo. Eles se oferecem como mediadores dos conflitos que provocaram, como tradutores intérpretes na Torre de Babel que criaram entre nós.  A ameaça (do caos, da morte e do cerceamento da liberdade) não serve como advertência. Os profetas do caos produzem o medo, moeda de troca fundamental para a construção de milícias, para vender os seus remédios (previsíveis, amargos e inócuos). Para eles, não importa se os doentes morrem ou vivem, o que importa é que, doentes ou não, consumam suas previsões do passado.
É notório que as polícias no Brasil têm tradição em policiar eficazmente o entretenimento lucrativo dos blocos de carnaval, shows e aglomerações em campeonatos de futebol. Nesses casos, sua atuação se dá na manutenção do status quo dos públicos, constituída a partir das atividades de contenção e dispersão das multidões. Já para o controle de pessoas que ocupam o espaço público sob a forma de protestos de todos os matizes políticos, apesar de ser um fenômeno relativamente recente e não haver protocolos policiais escritos e validados, sabemos que esses eventos se tornam encenações, nas quais janelas são abertas para oportunistas de todas as ordens, para acertos de contas da polícia dos bens com a polícia do bem, incluindo os ‘caroneiros’ de manifestação que comparecem por motivos completamente alheios às pautas dos protestos.
Nesses espetáculos públicos que encenam os jogos da política aprendemos coisas muito básicas, sejamos nós manifestantes ou espectadores: sempre haverá a presença de agentes infiltrados (que ajudam na contenção) e de provocadores, para providenciar a dispersão. A infiltração de agentes de inteligência por dentro dos movimentos sociais remonta uma antiga estratégia estadunidense da década de 1960. Ou seja, muito antes do surgimento dos Black Bloc. Nos últimos 60 anos, acumulou-se um aprendizado sobre o uso do espaço
público relativo ao círculo do protesto (aglomeração, deslocamento,  ato de encerramento e dispersão) que permite que os movimentos saibam lidar com esses elementos internos. 
Neste mesmo período aprendemos, também, que o que torna legítimo um protesto não é a quantidade de indivíduos reunidos em um território específico por um período de tempo determinado, mas os modos de ocupação do espaço público e a construção coletiva de uma agenda política que os mobilize e tenha impacto na sociedade. A produção de dossiês intimidatórios, com a participação de agentes públicos, também não é novidade. Os constrangimentos da exposição de dados acabam por jogar na lama do “tribunal digital” os adversários, fortalecendo a promoção de linchamentos virtuais, de direita ou de esquerda.
O governo Bolsonaro não é o único que tem disseminado o medo para sabotar os mecanismos de cooperação e mobilização sociais, substituindo práticas de coesão por coerções e cruzadas moralistas vindas de cima, de baixo e ao redor. Discursos do medo contra ou a favor de Bolsonaro são péssimos conselheiros porque dão a #Elenão um tamanho e uma agilidade política irreal, retirando-o do isolamento político em que se encontra para nos fazer acreditar que, quando chegarmos às ruas, imediatamente um cabo e um soldado fecharão o Congresso, o STF e tirarão as emissoras e os portais de internet do ar. O medo transforma Bolsonaro num bicho papão, num monstro mítico incontrolável que atira hordas de zumbis (com cabelos tingidos de acaju) contra todos nós.
O medo disseminado faz com que as pessoas vejam gigantes onde há sombras e abram mão de seus direitos e garantias em favor de um ‘libertário do agora’ que prometa proteção. Mas o profeta-liberador de hoje será o seu tirano de amanhã!
O rigor científico não permite que nós, pesquisadores, determinemos como os movimentos sociais devem se comportar, nem que sejam pautados por oráculos que anunciam profecias que se autorrealizam. A contemporaneidade produziu os ativismos acadêmicos, mas eles não devem substituir jamais a liberdade dos sujeitos de decidir suas agendas, nem servir de chofer dos movimentos sociais em direção à “Terra sem Males”, um mundo idílico sem conflitos e, por sua vez, sem a política. A ciência pode contribuir com diagnósticos da realidade e oferecer alternativas que considerem, inclusive, que a negação dos conflitos monopoliza o debate e as representações, obscurecendo as negociações dos interesses em disputa. Quando a decisão científica está acima da pactuação social ela deixa de ser ciência e passa a ser doutrina, retira da sociedade a responsabilidade pelas escolhas que faz, para o bem e para o mal.
Ao  olharmos a história vemos que os discursos de “lei e ordem” são utilizados sempre a serviço dos interesses do Estado e seus grupos de poder. Viver sob o jugo da espada não é novidade para as pessoas para quem o isolamento social é uma prisão histórica dos direitos de cidadania, e não um privilégio de classes. A juventude, principalmente a negra, conhece de perto a violência policial, e sabe que nem em casa está protegida.
Sobre as autoras do texto: 
JACQUELINE MUNIZ,antropóloga, professora da UFF.
ANA PAULA MIRANDA, antropóloga, professora da UFF
ROSIANE RODRIGUES, antropóloga, pesquisadora do INEAC/UFF.

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#EleNão

URGENTE: Por uma Frente Ampla para evitar que Bolsonaro nos leve para o abismo

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FRENTE AMPLA: Registro histórico de Comício das Diretas Já em 1984, na praça da Sé, capturado pelas lentes de um dos maiores fotógrafos do Brasil, Jorge Araújo

Por Humberto Mesquita*

 

 

Não sei por onde começar! Pelo Corona Vírus ou pelo Demônio que está vomitando monstruosidades contra o povo brasileiro? Pela capacidade de destruir dessa maldita pandemia ou pela desenfreada ação de um grupo cujo líder foi eleito por milhões de desinformados —inocentes ou não.

Mas os dois fatores se unem num mesmo objetivo que é a destruição. Comecemos então pelo vírus que foi menosprezado pelo outro “vírus”.

O Brasil tinha tudo para se livrar da peste, porque ela não chegou de surpresa aqui. Ela começou na China, ainda em janeiro, se espalhou pela Europa em fevereiro e deu sinais claros de que chegaria aqui tão furiosa como lá.

Mas, o Brasil como os Estados Unidos, ambos governados por idiotas, menosprezaram a sanha devastadora do novo vírus. “Era um simples resfriado” gritaram os dois. E se mostraram presentes em espaços públicos como a desafiar a pandemia. O resultado veio em março e hoje estamos assistindo a uma verdadeira hecatombe, a um massacre de milhares de brasileiros, seja dos castelos ou dos barracos.

Desprezo pela Ciência e pela vida

E o “asno” que governa o Brasil, investindo-se da condição de ditador, isolando-se até mesmo do seu “I love you Trump”, que reconheceu seu erro,  continua a minimizar o vírus, pregando receituário negado pela ciência, e  condenando  a solução médica do isolamento. Para coroar suas arbitrariedades demitiu o Ministro Mandeta, da Saúde, nomeou outro médico, Nelson Teich, que não suportou mais do que 29 dias no cargo e se demitiu.

Junto com esses, o demônio já havia demitido o Sérgio Moro porque queria interferir nos rumos da Policia Federal, “para proteger a família e amigos”. Sérgio Moro também escolheu o momento para se desentender com ele, quando percebeu que seu “patrão” não lhe presentearia  mais com uma  vaga no STF, depois de  já ter recebido de presente, por serviços prestados durante as eleições presidenciais, o Ministério da Justiça.

O “chefe”, aos gritos de que “quem manda aqui sou eu”, ou que “ministro que não seguir minha cartilha vai para a rua”, entrou definitivamente em cena para desafiar a tudo e a todos. Fez manifestações contra Congresso, contra STF, pregou um novo AI-5, xingou jornalistas, pouco se importando com as consequências de seus atos, porque acredita que tem a guarda dos militares que o rodeiam.

Formou-se uma contraposição, constituída pela Rede Globo de Televisão, pelos novos desafetos do “rei Bolsonero” e pelo “herói Sergio Moro”.

Agora, surgiu um novo ator que é o empresário Paulo Marinho, um homem que foi muito próximo do Bozo e seus filhos, com denúncias contundentes contra ele, os filhos e membros da Policia Federal.

Num momento como esse, ninguém pode se colocar como única oposição

A Frente Ampla, no passado, foi formada por Carlos Lacerda, Jango Goulart e  Juscelino Kubitschek,  independente de ideologias.  “Diretas Já” teve em seu bojo Lula, Ulysses Guimarães, FHC, Tancredo Neves, Orestes Quércia, entre outros, com as mais variadas tendências políticas. Tanto na Frente como nas Diretas existia um inimigo comum.

Hoje nós temos um inimigo comum, e não vejo razão para não se unirem outra vez, o Lula de ontem e o Lula de hoje, com FHC, o governador Dória, Flavio Dino, Boulos, Ciro Gomes, e todas as forças que se opõem a esse governo semi-ditatorial que aliciou os militares para tentar dar o golpe definitivo na democracia e implantar, possivelmente, a mais sangrenta ditadura.

Está faltando reação: a sociedade civil precisa se engajar nessa luta.

OAB, ABI, entidades ligadas à cultura, sindicatos, associações de classe, membros do Congresso Nacional e do Judiciário precisam sair dessa modorra e enfrentar o inimigo. Somos todos covardes, esperando um milagre que não acontecerá se as forças vivas dessa nação não se manifestarem. Hoje o que estamos vendo são notas vazias de repúdio, nada mais do que isso.

Nem o povo pode ir às ruas por conta dessa maldita Covid-19, que mesmo menosprezada pelo “grande vírus” tem sido, neste caso, sua aliada. As multidões não podem protestar pelas ruas.

Como a única maneira de se manifestar em protesto, atualmente, é o panelaço, o povo tem se debruçado sobre o parapeito das janelas. Tudo nos incomoda, tudo nos aflige e nossas armas limitam-se ao som estridente, mas passageiro, dos panelaços que também não bolem com a estrutura criada por esse verdadeiro anticristo.

“Deus, salve o Brasil”, suplicamos.  Mas não adianta. Deus não é mais brasileiro. Só a Frente Ampla pode livrar o País do pior.

 

*Humberto Mesquita é jornalista e escritor, repórter e apresentador de debates na TV.

 

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