Tacla Durán denuncia ilícitos na Lava Jato

Advogado de várias empreiteiras, Odebrecht entre elas, Rodrigo Tacla Durán revela que entrou na mira da força-tarefa da Lava Jato, possivelmente, porque os procuradores vislumbravam obter o alto volume de informações que ele detém. Um ano após o acordo de delação de diretores da UTC Engenharia, dois deles fizeram um “aditivo” à delação e afirmaram que o advogado gerava caixa dois para a empresa: ele receberia honorários da empresa e devolvera em dinheiro vivo, na garagem da empresa.

Com base nessa delação, os procuradores da Lava Jato abriram um processo de investigação contra Durán. Vendo que precisaria de um advogado para acompanhar o caso, ele optou, a princípio, por contratar um advogado de São Paulo. Foi aconselhado a contratar alguém de Curitiba que teria mais “familiaridade” com as autoridades locais, o que poderia resultar em melhores resultados. Durán acatou o conselho.

O escolhido foi Carlos Zucolotto, advogado com escritório em Curitiba e sócio da esposa de Sérgio Moro. Durán afirma que já tinha usado os serviços de Zucolotto em ocasiões anteriores a essa sua questão pessoal na Lava Jato. Feito o contato, Zucolotto teria conversado com os procuradores da força-tarefa da Lava Jato e conseguido encaminhar um acordo de delação premiada. Durán afirma que Zucolotto teria conseguido reduzir a multa de US$ 15 milhões para US$ 5 milhões, mas teria que pagar US$ 5 milhões “por fora” a título de honorários.

Durán, no entanto, resolveu não aceitar os termos da delação premiada porque ela imputava a ele crimes que não havia cometido. Ele afirma que as tratativas do acordo de delação premiada pareciam muito mais uma extorsão. Diante do risco de ser mais um dos “presos preventivamente” da operação Lava Jato e da ameça, que disse ter sofrido, de envolverem sua irmã, também advogada, nas investigações, ele decidiu mudar-se para a Espanha com toda sua família.

Ele usou sua dupla cidadania para se defender das prisões, “abusivas e ilegais” em sua opinião, que vêm ocorrendo no Brasil. As autoridades brasileiras entraram com pedido de extradição e Durán ficou preso, naquele país, por 72 dias. Ao final, a extradição foi negada. A Espanha requereu que os documentos fossem enviados para lá, o que, segundo Durán, ainda não aconteceu, embora o Ministério Público já tenha autorizado a remessa.

Durán falou à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, na quinta 30/11, que investiga a JBS. O vídeo que apresentamos é um resumo com as principais declarações de seu depoimento de quase quatro horas aos deputados e senadores brasileiros. A fonte do vídeo é a transmissão da TV Senado.

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