Lula, Serra e FHC em comício final da campanha petista de 1989. Foto: www.mediaquatro.com

#SouLula

Por: Vinicius Souza – www.mediaquatro.com – Jornalistas Livres

Nunca fui petista de carteirinha. Ainda assim, tenho votado majoritariamente em candidatos do PT desde a primeira eleição em que votei (e que pude cobrir ainda estudante de jornalismo) em 1989 (abaixo, comício na Praça Charles Miller com um Serra e um FHC que ainda sabiam de que lado se colocar na história).

Lula, Serra e FHC em comício final da campanha petista de 1989. Foto: www.mediaquatro.com

Em 2002 comemorei a vitória de Lula como a maior parte da população, apesar de não perdoar a expulsão da Luiza Erundina do partido. Lembro do meu pai chorando enquanto assistia o discurso de posse. De lá pra cá, fui lentamente me afastando do partido, frustrado com as políticas de alianças com a direita e a quebra de compromissos históricos como a auditoria da dívida e a democratização dos meios de comunicação, ao mesmo tempo em que via, trabalhando profissionalmente em 2006, os resultados de políticas como o Fome Zero. Apesar dos pontos altos, como a política de ampliação dos investimentos em educação que permitiram minha formação como professor, houve também pontos extremamente baixos nessa relação, como a desconsideração absoluta das Conferências da Comunicação em 2009 (nas quais também trabalhei) e a famosa foto do aperto de mão entre Haddad e Maluf patrocinada por Lula em 2012.

Em 2014 não estava no Brasil pra votar na Dilma. Apesar de torcer por ela, o único candidato para quem pedi explicitamente votos aos parentes e amigos foi o Suplicy. Mas quando vi o palanque da vitória repleto de velhos canalhas com Lula meio que de escanteio, percebi que não ia dar boa coisa e não tive estômago para comemorar. O golpe tão injusto e misógino contra uma presidenta honesta, no entanto, me fez rever a posição que havia declarado publicamente de nunca mais votar no PT se uma ex-guerrilheira torturada durante a ditadura aprovasse uma lei antiterrorismo em um país onde não havia, ainda, terrorismo. Eu já havia coberto (e sofrido com bombas, gás e balas de borracha) manifestações de todos os lados entre 2012 e 2014, tinha visto o Pinheirinho, o Moinho, a Cracolândia e sabia o que significaria deixar solta a coleira da cadela do fascismo. Uma delas, em 15 de março de 2014, com seguranças skinheads, faixas de “nossa bandeira jamais será vermelha” e Comando de Caça aos Comunistas (ops, Corruptos) prenunciava o que viria um ano mais tarde, infelizmente com alegre e equivocada presença de muitos amigos vestindo a camisa da mais que corrupta CBF achando que lutavam contra a corrupção . Em 2015, de volta ao Brasil, me junto aos Jornalistas Livres para tentar oferecer ao público um lado diferente da manipuladora cobertura da grande mídia.

manifestante com o logo do DOPS na camiseta ao lado dos racistas skinheads fazendo a “segurança” da Marcha com Deus e a Família de 2014 em São Paulo

Acompanhando a cobertura ontem da prisão de Lula pelo Jornal Nacional e vendo hoje a capa do Estadão, tenho certeza de ter tomado a decisão correta. A foto do dia, se é que entendo alguma coisa disso, não é a escura e granulada imagem do Lula chegando a Curitiba, mas a colorida repleta de povo em São Bernardo do Campo tirada pelo muito jovem Francisco Proner Ramos (abaixo).

Manifestantes carregam Lula nos braços depois de discurso no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. 07/04/2018. Foto: Francisco Proner Ramos

Em 1989 tive de convencer minha saudosa avó Zilda que, se ganhasse, o Lula não iria botar outra família na casa dela. Em 2002 acreditei na promessa, afinal cumprida, de garantir três refeições por dia a todo brasileiro, mesmo sabendo que só isso não era o suficiente. Em 2018, assim como a velha militante Erundina, que voltou a apoiar o ex-presidente, e os jovens ativistas como o Guilherme Boulos (a quem já tive o prazer de fotografar e ouvir), também eu escolhi, novamente, um lado da história. E escolhi acreditar na nova promessa de Lula: a tão adiada democratização dos meios de comunicação. Assim como fui em 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006, em 2018 novamente #SouLULA.Porque Lula somos muitos. Porque, se quisermos e lutarmos por isso, O Lula é muitos de nós. E NÓS somos a maioria do povo. E por isso para poucos é tão importante calar o homem Lula, da forma que for.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

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