A comissão de impeachment do Senado aprovou o relatório elaborado pelo senador Anastasia (PSDB), que indicou a admissibilidade do processo. A oposição teve larga vantagem, foram 15 votos favoráveis e 5 contrários ao relatório.
Os senadores contrários ao relatório (PT, PCdoB e PDT) salientaram que a comissão não passou de um jogo cênico, de cartas marcadas, pois não houve, da parte da oposição, empenho em desenvolver um debate de convencimento, muito menos, preocupação com a questão objetiva a ser analisada, que é a existência ou não do crime de responsabilidade cometido pela presidenta. Ou seja, todos os senadores da oposição já entraram na comissão convencidos, sem ouvir e considerar o contraditório, simplesmente, porque fazem parte de um golpe com enredo definido.
Dentre os senadores favoráveis (PSDB, PMDB, DEM, PP, PR, PTB, PSB e PSD), houve manifestações, no mínimo, curiosas.
Anastasia (PSDB), que cometeu inúmeras irregularidades fiscais e orçamentárias quando governou o estado mineiro, esforçou-se muito para tentar provar a existência do inexistente. Contra Dilma não há crime de responsabilidade, porém, o relator, demonstrou-se convencido do contrário, baseado em, em … bom, embasamento definitivamente não foi a preocupação da maioria ali presente. No mais, o pupilo de Aécio Neves demonstrou-se bastante conhecedor das “pedaladas” e dos esquemas tortuosos da administração de um orçamento público. Talvez, por isso, a escolha dele para a relatoria, nada melhor do que o bandido para explicar como se arromba uma porta, não é?
O senador Zezé Perrela (PTB), “compadre” de Aécio Neves e um dos donos do helicóptero que foi apreendido com meia tonelada de cocaína, votou a favor do relatório porque defende a ética na política. Dispensa comentários, não? Mas o senador, além de hipócrita, também é criativo. Em vídeo divulgado essa semana, afirmou que é favorável ao impeachment pois, segundo ele, “se não fossem as “pedaladas” de Dilma, o presidente da República seria o senador Aécio”. Juro.
Marta Suplicy (PMDB) que exerce um mandato recebido por votos de pessoas simpatizantes com o PT, antigo partido da senadora, justificou o voto favorável que dará em plenário, que, obviamente, desonrará seus eleitores, afirmando que Dilma foi “absolutamente incompetente” e é totalmente responsável pela crise econômica atual. A senadora parece ter esquecido que compôs o governo Dilma como ministra da Cultura (2012 – 2014), assim como parece ter eliminado de sua memória que o Congresso, do qual ela faz parte, tem boicotado o governo e a economia brasileira, desde que Dilma assumiu seu segundo mandato. Assumir responsabilidades não parece ser uma característica da senadora, haja vista o modo irresponsável que ela tem tratado os votos que recebeu em 2010.
Magno Malta – senador pelo PR, não votou hoje, mas votará favoravelmente ao impeachment no plenário, na próxima semana – afirmou que a “presidente Dilma não será cassada pelo senado, nem por ele, nem por qualquer outro senador. Ela será cassada por Salomão, porque Salomão escreveu que a arrogância precede a ruína”. Para quem parou de entender no “Salomão”, trata-se de um personagem bíblico, rei israelita que viveu 1000 anos a.C. Isso mesmo, não é mentira, pode conferir. Magno Malta, ao menos, vai inovar, não votará pela família, vai votar por Salomão.
Diante da crueldade do golpe, resta-nos um pouco da ironia para escancarar que nesse enredo não vale a pena estar ao lado daqueles que se julgarão vitoriosos.
Seguem os senadores e seus respectivos votos.
SIM:
Aloysio Nunes Ferreira – PSDB – SP
Ana Amélia – PP – RS
Antonio Anastasia – PSDB – MG
Cássio Cunha Lima – PSDB – PB
Dário Berger – PMDB – SC
Fernando Bezerra Coelho – PSB – PE
Gladson Cameli – PP – AC
Hélio José – PMDB – DF
José Medeiros – PSD – MT
Romário – PSB – RJ
Ronaldo Caiado – DEM – GO
Simone Tebet – PMDB – MS
Waldemir Moka – PMDB – MS
Wellington Fagundes – PR – MT
Zeze Perrella – PTB – MG
NÃO:
José Pimentel – PT – CE
Lindbergh Farias – PT – RJ
Gleisi Hoffmann – PT – PR
Telmário Mota – PDT – RR
Vanessa Grazziotin – PCdoB – AM
Uma resposta
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