Quando o preconceito é a única resposta

Por Igor Santos*

Na tarde dessa terça-feira, véspera do dia dos trabalhadores, após auxiliar meu pai que está se recuperando de uma cirurgia, resolvi olhar minhas redes sociais para saber sobre os ocorridos do dia.

Não é novidade que Guaidó tentou mais uma vez uma ofensiva/golpe contra o governo democraticamente da Republica Bolivariana da Venezuela, tambem não é novidade que vivemos no Brasil uma twitocracia, onde mais de uma dezena de milhões de desempregados minguam a falta de tato politico de um presidente que está muito mais interessado em causar polemicas nas redes sociais que trabalhar na resolução dos problemas reais do país.

Sou comunicador e historiador, me interessa muito os pronunciamentos da Familia Bolsonaro, ao ver em minha time line o pronunciamento do presidente questionei sobre se no momento que o Brasil vive, não seria mais interessante cuidar de questões que interferem diretamente na saúde econômica e vida dos brasileiros e brasileiras. E foi então que quase no mesmo instante recebi uma resposta de um de seus leitores, comentário xenófobo e repleto de preconceitos com os nordestinos.

Tenho muito orgulho do meu estado de origem e dos meus pais, boa parte do que sofri como retirante e filho de retirante, da fome na infancia, desemprego dos meus pais, xenofobia velada dos colegas na época escolar, morar em uma região precária e longe do centro – daquele tipo que as vezes você precisa mentir que não é favela para conseguir emprego.

Minha vida nunca foi fácil, creio que a vida de nenhum migrante ou imigrante é fácil, foi com muito custo e duas conduções, trabalho em fabrica e construção civil que consegui minha primeira graduação. Nunca – e a educação que meus pais me deram faz parte disso – aprovei ou repercuti xenofobia ou discurso de ódio contra migrantes, negros ou imigrantes.

E hoje ao questionar o presidente da republica, tive como resposta uma golden shower de ofensas, uma me tocou mais, a proferida pelo Sr Marcos Daniel Silva, pois não me ofende apenas, ofende milhões de trabalhadoras e trabalhadoras que construíram o Brasil. O ”Sul Maravilha” foi em grande parte erguido por mãos negras e nordestinas, a pujança econômica de São Paulo e Rio de Janeiro custou o suor e as vidas de quem veio de pau-de-arara. Quando se esgotam argumentos e na falta de uma boa resposta ou provocação, disseminar ódio ou preconceito não é e nunca deve ser o caminho.

Peço ajuda de quem puder para que identifiquemos esse senhor, não quero vingança, quero justiça, não só para comigo, mas com todos os nordestinos e nordestinas que ele ofendeu.

*Igor Santos, Historiador, Cearense e Morador do ABC Paulista

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

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