O protesto aconteceu no dia 11 de janeiro, na área central, é a quarta manifestação que acontece na cidade no primeiro mês de 2017.
Trabalhadores e estudantes se concentraram no Largo do Rosário com faixas e cartazes em protesto contra o aumento abusivo. Os manifestantes percorreram as ruas centrais até o prédio da Prefeitura da cidade.
A cidade de Campinas (SP) possui a tarifa mais cara do estado, é a segunda mais alta do país. O aumento de 18,42% (três vezes o índice inflacionário do último período) fez o valor da cobrança do transporte saltar de R$ 3,80 para R$ 4,50.
As integrações, antes gratuitas, também sofreram mudanças. Agora, após o passageiro subir no terceiro ônibus (ou seja, a segunda integração) em um período de até duas horas, pagará uma taxa de R$ 0,30. Alguns manifestantes se preocupam muito com o dito ‘valor simbólico’ — “É a forma que o governo tem para aumentar de forma sutil, primeiro vem com a fala de que é um valor simbólico, amanhã, no futuro com certeza, se isso não for impedido hoje, estaremos nas ruas contra os valores abusivos que o governo certamente irá impor ao trabalhador” — explicou Paulo Búfalo, ex-vereador da cidade.
A taxa é segregacionista, já que atinge com maior força a população das periferias da cidade e transformam o acesso à cidade de direito em privilégio, erguendo muros invisíveis entre as regiões de Campinas num momento em que a comunidade tem feito esforços para que a cidade seja cada vez mais integrada e acessível.
O aumento caiu como um forte peso no bolso do cidadão, comprometendo a renda mensal dos assalariados. Agrava ainda mais a crise econômica do cidadão, aqueles que perderam seus empregos e precisam se deslocar estão altamente prejudicados, pessoas que estão desempregadas podem até deixar de procurar emprego por conta do aumento. É um forte golpe contra o cidadão, que irá refletir no comércio e indústria contribuindo para o aumento da crise.
Nos últimos anos, a cidade tem visto ações que representam uma péssima gestão dos transportes. As frotas do transporte coletivo são ruins, tem péssima qualidade, com poucos e obsoletos veículos para atender a demanda, demissão de cobradores, pouca transparência nos custos, falta de investimento em corredores, os veículos quebram frequentemente, problemas que acarretam constantes críticas por parte dos usuários. Ao longo do tempo houve também o enfraquecimento dos mecanismos que a sociedade civil possui para fiscalizar o sistema. Hoje, praticamente não há controle social dos transportes, já que é a própria Transurc (Associação das Empresas de Transporte Urbano de Campinas) que opera a venda de bilhetes nos terminais sem a possibilidade de acompanhamento público. A administração municipal tem deliberadamente ignorado as discussões do Conselho Municipal de Transportes e não houve qualquer discussão pública sobre o aumento com a comunidade.
O TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) julgou irregular a licitação e os contratos existentes, desde 2005, firmados entre a prefeitura e quatro empresas/consórcios responsáveis pelo transporte coletivo da cidade. Mesmo sabendo da irregularidade, a atual administração do prefeito Jonas Donizette (PSB) continuou com os contratos existentes.
fotos: Fabiana Ribeiro