Em greve desde a última segunda-feira, professores pedem melhorias na infraestrutura, reabertura de salas e ÁGUA!
Na última sexta-feira (13), depois de uma assembleia geral convocada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), foi deliberada a greve imediata.
A paralisação teve inicio na segunda-feira (16). Os professores destacam que a greve não é somente por questões salariais, mas, principalmente, por melhores condições de trabalho e melhorias no sistema da educação pública estadual. Entre as principais reivindicações dos professores estão: aumento de 75,33% para equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior; implantação da jornada do piso; nova forma de contratação dos professores temporários, com garantia de direitos; fim do fechamento de classes e reabertura das salas fechadas; desmembramento das salas superlotadas; aumento dos vales transporte e refeição; garantia de água nas escolas e transformação do bônus em reajuste salarial.
Entrevistamos José de Jesus Costa, Diretor e Conselheiro Estadual da APEOESP, nessa terça-feira. Até então, o sindicato calculava que 22% dos professores em todo o estado haviam aderido à greve. A APEOESP calcula que até o fim da semana 50% dos docentes tenham aderido.
Jesus também relatou que um dos principais entraves para a adesão dos professores é a falta de convicção política: “mas, aos poucos, vamos criando a unidade e mostrando que o único caminho para melhorar a educação é a greve”. Ele relata que alguns professores, principalmente em período probatório, têm medo de serem prejudicados. “Mas sempre frisamos que a greve é um direito constitucional”.
É o caso de Fadil Lira Dias, professor de sociologia. É a primeira greve que ele participa “Eu tenho um pouco de medo, mas sei que é preciso lutar”. Ele ainda relata que a greve é apoiada pela maioria dos alunos.
Carina Vitral, presidenta da UEE (União Estadual dos Estudantes), garante esse apoio “Nós estudantes apoiamos a luta dos professores, porque a luta em defesa da educação e da escola pública é uma luta que unifica todos os setores da educação. Estaremos marchando lado a lado nessa greve”.
Professora Mazé Favarão, ex-secretária de educação de Osasco e atual vereadora do município, mesmo afastada das salas de aula, compõe o comando de greve da região. “Enfrentamos vários problemas. As condições estão cada vez mais precárias, inclusive o Estado pede que os professores e alunos levem suas próprias garrafinhas de água para a escola. É um absurdo”. Ela convocou para o próximo dia 26 de março uma audiência pública na Câmara dos Vereadores para dialogar com a sociedade. “É importante que toda a comunidade escolar saiba que se o professor sofre com essa situação, sofre mais o aluno. O jovem é a grande vítima, pois tem uma educação de cada vez pior qualidade, por melhor e mais esforçado que o professor seja”.
Bruno Liberato é coordenador pedagógico da Escola Estadual Jardim Santo André III, no bairro Jardim Santo André, periferia de São Mateus — Capital. Até o inicio da semana 9 professores de sua escola haviam aderido a greve, para ele, a principal dificuldade na adesão é a descrença no sindicato e a historicidade de perdas que a categoria teve nesses anos de governo do PSDB, que coincide com o tempo que da atual gestão da direção da Apeoesp. Ele lembra que essa insatisfação ficou clara na última assembleia geral que decretou a greve. “A assembleia muitas vezes foi parada aos gritos de ‘fora Bebel’ feito pelos professores”. Bebel, é Maria Izabel Azevedo Noronha, presidenta do sindicato.
Para dialogar com os professores e convoca-los à greve, são realizados Comandos de Greve regionais de acordo com a diretoria de ensino. Os professores se organizam em grupos de 4 ou 5 pessoas e vão às escolas.
Os docentes que tiverem interesse de aderir aos comandos podem se dirigir a suas diretorias de ensino, ou se organizar pelas redes sociais: “Uma ferramenta interessante é grupo da Apeoesp no facebook, lá os comandos atualizam, em tópicos por região, as escolas que estão total ou parcialmente paradas”, explica Bruno.
A greve é por tempo indeterminado e o sindicato tem como meta a paralisação total dos professores.