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Democracia

Por que o ex-queridinho da direita Marco Antonio Villa foi “limado” da Rádio Jovem Pan

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O historiador e ex-queridinho da direita, Marco Antonio Villa

Por Bia Abramo, especial para os Jornalistas Livres

Vocês sabiam que o boçalnarismo, aquele aglomerado de forças verde-amarelas que foram fazer manifestação a favor domingo passado (não me perguntem a favor do quê, porque aí vocês me complicam: não saberei dizer e olha que estou lendo análises desde sábado), chama o que chamamos de PIG de “extrema-imprensa”? E que por obra e graça da pressão dessa gente defenestraram um sabujo bem conhecido das ondas de rádio?

Sim, estou falando do afastamento de Marco Antonio Villa, comentarista político da Jovem Pan. Villa, em seu passado remoto, tirou um diploma de historiador, mas, uma década para cá, pelo menos, engrossou as hostes neoconservadoras como comentarista político e passou a ostentar aquela veemência dos que sempre acham que tem razão. De articulista eventual, em “O Estado de S.Paulo” e na “Folha”, suas diatribes cada vez mais reacionárias ganharam espaço à medida que a grande imprensa foi, por assim dizer, reforçando seu time de direitistas.

Um ideólogo e um dos grandes semeadores do antipetismo, antilulismo, antiprogressismo, antiesquerdismo (não é tudo a mesma coisa, como estamos vendo) deram nesse caldo de cultura do pensamento direitista. Villa foi um dos principais insufladores do impeachment, com programa diário na Rádio Jovem Pan e participação na bancada do Jornal da Cultura. Ao lado de Augusto Nunes, Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Eliane Cantanhêde, Vera Magalhães, Ricardo Noblat, o ex-historiador pertence à turma que “saiu do armário” nos últimos anos do governo Dilma, para perseguir de forma sistemática aquilo que eles imaginam que seja a esquerda, ao mesmo tempo que fingiam não perceber os traços fascistas e retrógrados da direita que se formou a partir de 2013.

 

“Cortem-lhe a cabeça!”

Cúmplices das cortinas de fumaça do Brasil de Temer, não hesitaram em apostar todas as fichas na articulação de direita que se organizou para disputar as eleições de 2018. Venderam, como análise jornalística aparentemente séria, a máxima “é só tirar o PT” que o Brasil toma jeito. Passados cinco meses de um governo pífio, marcado por trapalhadas na condução dos assuntos do país e rompantes de autoritarismo vulgar, Villa entrou para a turma dos “arrependidos”, dos “chocados”. Esses, que contribuíram por tantos anos demonizando a esquerda e, por isso, ajudando a botar essa gente que está no poder lá, no poder, estão agora, diante de tanta inoperância e estupidez, saltando do barco e atirando uns traques. Para o bozonarismo-olavismo, esses traques soam como canhões e, por isso, pede – e obtém – essas cabeças.

A Jovem Pan nega que tenha sofrido pressão, mas uma rápida pesquisa nas redes da direita mostra que os reparos que Villa anda fazendo ao governo Bolsonaro, ao guru Olavo de Carvalho e aos participantes da festa estranha com gente esquisita do 26 de maio não caem bem entre os bolsonaristas. Ontem, a rede de direita comemorava a saída de Villa e pedia outras cabeças que não estão rezando pela cartilha do capitão. Não é escusado lembrar que o diretor de jornalismo da Jovem Pan é Felipe Moura Brasil, wonder boy da direita criado a leite com pera pela Veja e organizador do livro de Olavo de Carvalho, nem que ministros já caíram a pedidos de Olavo.

O que me preocupa não é o destino do sujeito em si – não comemoro, nem lamento, nem nada. Também hesito em classificar como “censura”, uma vez que censura me parece ser um ato ou conjunto de atos mais organizado(s) do Estado (Acho eu. Se estiver enganada, me avisem). Mas é um episódio nítido de perseguição política. É muito grave e alarmante que esta perseguição já esteja incidindo com essa violência e rapidez justamente sobre os aliados de anteontem. Se pensarmos que bem antes de instalado o governo Bolsonaro, a grande imprensa já tinha sofrido um processo de depuração dos jornalistas menos alinhados à direitização que foi sofrendo nos últimos anos, o cenário daqui para frente é apavorante.

Sinal claro, a meu ver, de que a perseguição ideológica do bolsonarismo mal começou –e vai ser longa, cruenta e irracional.

 

 

Aqui o vídeo em que Villa explica que a Jovem Pan “prescindiu dos serviços dele por 30 dias”: https://youtu.be/5KReoE2qRZg

 

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7 Comments

7 Comments

  1. JR

    29/05/19 at 17:07

    Parei de lei quando escreveu “BOLÇONARISMO” …. kkkkkk

    • Laura Capriglione

      29/05/19 at 17:24

      leia novamente! está escrito “boçalnarismo”. vem de boçal. sabe o que é? Boçal: Que é desprovido de cultura; grosseiro, ignorante, rude, desprovido de inteligência ou sensibilidade; besta, toupeira.

  2. Erwan

    31/05/19 at 10:51

    JR…… poderia ter ficado sem essa kkkkkkkk

  3. Silvia Maria Lima Candido Vieira

    31/05/19 at 13:34

    Depois dessa, se eu fosse esse “cara” aprendia a ler,kkkkkkkk

  4. Olinda Maria Nasser Dias

    03/06/19 at 9:51

    Pois é. Faltou conhecimento de vocabulário. Vergonha alheia.

  5. Arnaldo Avolio

    04/06/19 at 15:28

    No YouTube há, pelo menos, uma entrevista do Villa ao então candidato, Jair Bolsonaro, em que há evidente antagonismo. Em várias outras publicações do YouTube, Villa desqualifica o candidato.

  6. Luke

    05/06/19 at 9:33

    Depois de ler isso….meu conselho para curar essa for de cotovelo é …..LENÇOS….LENÇOS ….LENÇOS!

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Democracia

Urgente! The Intercept Brasil acaba de vazar áudio de Deltan Dallagnol

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Via The Intercept Brasil

Na manhã do dia 28 de setembro de 2018, a imprensa noticiou que o ministro do STF Ricardo Lewandowski autorizara Lula a conceder uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Em um grupo no Telegram, os procuradores imediatamente se movimentaram, debatendo estratégias para evitar que Lula pudesse falar. Para a procuradora Laura Tessler, o direito do ex-presidente era uma “piada” e “revoltante”, o que ela classificou nos chats como “um verdadeiro circo”. Uma outra procuradora, Isabel Groba, respondeu: “Mafiosos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!”

Eram 10h11 da manhã. A angústia do grupo – que, mostram claramente os diálogos, agia politicamente, muito distante da imagem pública de isenção e técnica que sempre tentaram passar – só foi dissolvida mais de doze horas depois, quando Dallagnol enviou as seguintes mensagens, seguidas de um áudio.

28 de setembro de 2018 – grupo Filhos do Januario 3

Deltan Dallagnol – 23:32:22 – URGENTE
Dallagnol – 23:32:28 – E SEGREDO
Dallagnol – 23:32:34 – Sobre a entrevista
Dallagnol – 23:32:39 – Quem quer saber ouve o áudio
Dallagnol – 23:33:36 –

Leia a matéria completa no site do The Intercept Brasil:

https://theintercept.com/2019/07/09/vazajato-audio-inedito-deltan-dallagnol/

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Censura

Senadora do PSL cassada por caixa dois ofende jornalista por fazer seu trabalho

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Os bolsonaristas, muitas vezes eleitos com apoio da Grande Mídia, agora deram para atacar e ameaçar jornalistas que não passam pano para ilegalidades. Incensada pela imprensa tradicional de Mato Grosso quando aceitou a delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (MDB) e o condenou a 13 anos e 7 meses em 2017 (mas permitiu o cumprimento da pena em casa), por exemplo, a então juíza Selma Arruda foi apelidada de “Moro de Saia”. Sob os holofotes favoráveis dos jornais, Selma se aposentou da magistratura e se candidatou, com o apelido na propaganda eleitoral, ao cargo de senadora pelo Partido Social Liberal (PSL), o mesmo de Bolsonaro. Ganhou fácil!

Depois disso, sua relação com o “modelo” não mudou. No último dia 19 de junho, por exemplo, durante depoimento do ex-juiz e atual ministro da justiça e segurança pública, Sérgio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a senadora fez questão de dizer que “É absolutamente normal juiz conversar com o Ministério Público”. Moro respondeu com elogios: “É normal uma discussão de logística. Tem aqui a senadora Selma, que atuou muito destacadamente como juíza lá no Mato Grosso, teve várias operações, é normal depois da decisão proferida haver uma discussão sobre questão de logística, quando vai ser cumprida, como vai ser cumprida, e eventualmente pode ter havido uma mensagem nesse sentido. Isso não tem nada de revelação de imparcialidade ou conteúdo impróprio”, disse. Nenhum dos dois comentou, nem de leve, a condenação unânime do Tribunal Regional Eleitoral, em abril, à perda do mandato por caixa dois. Ela e seus dois suplentes, também cassados, não conseguiram mostrar ao tribunal a origem de R$ 1.2 milhão gastos na campanha.

Com a revelação do caixa dois, as relações da senadora com o jornalismo sério passaram a uma nova fase. Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral analisa em segunda instância se ela deverá ou não deixar o cargo, Selma aproveitou as câmeras da TV Senado para insinuar que a atuação do jornalista Glenn Greenwald, vencedor dos maiores prêmios mundiais de jornalismo, não é profissional, mas guiada por interesses políticos. “O sujeito que vazou é marido do suplente do Jean Wyllys. Ele é intimamente ligado, né. Politicamente, óbvio que é uma estratégia para colocar em dúvida a atuação do juiz e do Ministério Público”, afirmou. Sobre as suas intenções políticas ou as de Moro quando ainda estavam na magistratura, não houve uma única palavra.

Na imprensa matogrossense, a antigamente sempre disponível magistrada passou a escolher com quem conversar. Na semana passada, por exemplo, foi procurada pelo jornalista Lázaro Thor Borges, do jornal “A Gazeta“, o maior diário do estado, para comentar uma reportagem, com dados oficiais obtidos a partir da Lei de Acesso à Informação e do Portal da Transparência, sobre salários de servidores públicos acima do teto constitucional. Via aplicativo de mensagens, a senadora respondeu com xingamentos e, novamente, insinuações de interesse político acima do jornalístico. “Tadinho, você é ridículo. Nem li nem sei do que você está falando. Sua opinião não faz efeito na minha vida e nem na de nenhum matogrossense”, escreveu a parlamentar. Borges, educadamente, respondeu apenas: “tudo bem, senadora”. Mas ela não parou por aí. Além de chamá-lo novamente de coitado e mandar “catar coquinho”, ainda o chamou de “retardado”, ao que Borges respondeu: “É só meu trabalho, senadora”. 

A reportagem, publicada no dia 22 de junho e que infelizmente não está disponível online no portal do jornal, trazia o valor mensal líquido de R$ 53,8 mil desde de março desse ano, mais de R$ 14 mil acima do teto de R$ 33,7 mil recebidos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. De acordo com a matéria, apenas 11 dos 84 magistrados aposentados do Superior Tribunal de Justiça de Mato Grosso receberam acima do teto em abril, mês do levantamento.   Os ataques da parlamentar ao jornalista foram repudiados em editorial do jornal, que publicou os prints das telas do celular mostrando as grosserias da senadora. Os as respostas mal criadas ao profissional também sofreram grande condenação do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso, em nota também assinada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Está passando da hora de TODOS e TODAS jornalistas se unirem para barrar o crescimento do fascismo e as das ameaças aos profissionais, à liberdade de imprensa e à própria democracia.

 

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Democracia

Deputado do PSOL que chamou Sérgio Moro de “ladrão” já havia chamado Eduardo Cunha de “gângster”

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Por Rafael Duarte I Agência Saiba Mais

O deputado do PSOL Glauber Braga (PSOL/RJ) desestabilizou os parlamentares governistas nesta terça-feira (2), na Câmara dos Deputados, ao dizer que o ex-juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro passará para a história como um “juiz ladrão e corrompido”.

As palavras duras do parlamentar mexeram com os brios dos colegas que participaram da sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara para defender o ex-juiz das graves acusações de interferência no julgamento do ex-presidente Lula reveladas pelas mensagens trocadas entre ele e procuradores da operação Lava Jato.

Moro se esquivou da maioria das perguntas e voltou a tentar criminalizar o site The Intercept Brasil, que vem divulgando a conta gotas as mensagens. Acuado, o ex-juiz deixou a sala da comissão sob os gritos de “ladrão” e “fujão”. A sessão foi encerrada após um tumulto generalizado:

– “A história não absolverá o senhor, da história o senhor não pode se esconder. E o senhor vai estar no livro de história como juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão. A população brasileira não vai aceitar como fato consumado um juiz ladrão e corrompido que ganhou uma recompensa pra fazer com que a democracia brasileira fosse atingida. É o que o senhor é: um juiz que se corrompeu, um juiz ladrão”, disse já sob os gritos da tropa bolsonarista.

 Após o discurso, as redes sociais do deputado foram inundadas de xingamentos e mensagens de apoio. Ele agradeceu a solidariedade e voltou a provocar tanto Sérgio Moro como a militância que o defende:

– Obrigado pelas inúmeras mensagens de apoio ! E pra turma da extrema-direira que veio aqui desabafar, infelizmente não posso me desculpar. O herói de vocês feriu a democracia brasileira e recebeu a recompensa de Bolsonaro. E em linguagem bem popular, juiz vendido é juiz ladrão ! Boa noite. Fiquem bem!”, escreveu.

Esse não é o primeiro discurso de Glauber Braga que repercute no Congresso e na imprensa. Em 2016, durante a votação para a abertura do processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, o voto do deputado do PSOL também foi um dos mais comentados. Na ocasião, ele chamou de “gângster” o então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, atualmente preso, em Curitiba. E evocou figuras históricas da democracia brasileira:

– Eduardo cunha, você é um gangster e o que dá sustentação à sua cadeira cheira a enxofre. Eu voto por aqueles que nunca esconderam o lado fácil da história. Voto por Marighella, voto por Plinio de Arruda Sampaio, voto por Evandro Lins e Silva, voto por Arraes, voto por Luís Carlos Prestes, voto por Olga Benário, voto por Brizola e Darcy Ribeiro, voto por Zumbi dos Palmares, voto não.

Perfil

Glauber Braga é advogado, natural de Nova Friburgo (RJ), tem 37 anos e está filiado ao PSOL desde 2015. Ele exerce o quarto mandato na Câmara Federal. O primeiro assumiu como suplente, em 2007, quando ainda militava no PSB, e os demais foram exercidos como titular da vaga.

Braga ocupou a liderança da bancada do PSOL em janeiro de 2017. No ano anterior, disputou a eleição para prefeito de Nova Friburgo e ficou em 2º lugar.

Progressista, Glauber Braga realiza um mandato participativo defendendo bandeiras em defesa da democracia e direitos humanos. Está na linha de frente da luta no parlamento contra a reforma da Previdência.

O parlamentar do PSOL foi relator da Comissão Especial de Medidas Preventivas Diante das Catástrofes Climáticas, que gerou a primeira Lei Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres Naturais (12.608): o Estatuto de Proteção e Defesa Civil. O estatuto foi sancionado pela Presidência em abril de 2012.

Em 2018, Glauber Braga foi escolhido pelo júri especializado do portal Congresso em Foco como o melhor parlamentar do Brasil.

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