Desde que a administração Trump anunciou o combate total à imigração, quase duas mil crianças latino-americanas foram separadas dos seus pais e enjauladas em uma espécie de campo de concentração. Durante dias foram proibidas as visitas de jornalistas. Mantiveram essas crianças em completo isolamento, sujeitas a abusos de autoridades fronteiriças.
A agência ProPublica obteve uma gravação de áudio feita no interior de uma instalação da patrulha fronteiriça. Em meio ao choro generalizado, um agente zomba do desespero das crianças dizendo “temos uma orquestra por aqui. Só falta o maestro”, enquanto uma menina salvadorenha de seis anos, aos prantos, implora para que liguem para a sua tia ir resgatá-la.
Mais de 100 crianças têm menos de 4 anos!
A última vez que os Estados Unidos agiu dessa forma foi durante a segunda guerra mundial, quando mantiveram milhares de japoneses que viviam nos EUA em campos de concentração, parecidos com as jaulas onde hoje são mantidas crianças latinoamericanas.
“Estou profundamente preocupado pelas políticas recentemente adotadas nos Estados Unidos que castigam as crianças pelas ações dos seus pais”, afirmou o alto-comissário das Nações Unidas, Zeid Ra’ad al-Hussein, que pediu nesta segunda (18/6) aos Estados Unidos que “acabem imediatamente” com a separação de crianças migrantes dos seus pais, uma prática que nas últimas semanas afetou mais de duas mil crianças.
A Associação de Pediatras norteamericana considerou esta “cruel prática” um “abuso contra crianças consentido pelo Governo”, que pode causar “danos irreparáveis” com “consequências para toda a vida” para os menores. “Pensar que um Estado pretende dissuadir os pais (de entrar ilegalmente no país) ao infligir tal abuso sobre as crianças é inadmissível”.
Ao invés de recuar diante das denúncias internacionais e nacionais, Trump chamou de “piores criminosos do mundo” os pais das crianças, que são levados a presídios federais (podendo ficar presos por anos), por buscarem em outro país melhores condições de vida aos seus filhos e filhas.
Vale lembrar que o governo Bush se recusou a ratificar a Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças da ONU. Os EUA, junto à Somália e Sudão do Sul, são os únicos países membros da ONU que não assinaram a convenção.
Bruno Falci e Maíra Santafé, para os Jornalistas Livres.
Fotos: John Moore – Getty images
Vídeo: ProPublica
VÍDEO COM ÁUDIO DA CRIANÇA SALVADORENHA (aviso de áudio pesado, com “cenas” fortes)
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