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Carnaval da Resistência

O “seguro” carnaval da resistência em Uberlândia

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Diante da informação do novo (e também velho, já que comandou a cidade por dois mandados entre 2005 e 2012) prefeito de Uberlândia, “Coronel” Odelmo Leão, do PP, de que a prefeitura não teria dinheiro para pagar nem os funcionários públicos (veja em https://jornalistaslivres.org/2017/02/servidores-ocupam-o-plenario-da-camara-de-uberlandia/) quanto mais a infraestrutura do carnaval, parte dos vereadores decidiu chamar uma audiência pública na Câmara em 11 de janeiro. Parlamentares, pesquisadores, sambistas, povo do Congado e Moçambique e ativistas se revezaram nos microfones para contar a história de 64 anos de desfiles nas ruas da cidade. Jeremias Brasileiro, escritor e doutorando pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU, por exemplo, contou como o carnaval incorporou as figuras do rei e rainha do Congado, proibido no Rio de Janeiro no início dos anos 1880, como Mestre Sala e Porta-Bandeira. E depois como os desfiles das escolas de sampa permitiram que os negros, pela primeira vez, já na década de 1950, pudessem usar as calçadas do centro da cidade mais importante do Triângulo Mineiro, mas que ainda tem um traço marcante de racismo. Os ritmos e festas afro-brasileiras são, portanto, uma tradição de resistência cultural e racial no município.

O presidente da Associação das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Uberlândia – Assosamba, William Couto, veio na mesma toada. Entre elogios a vereadores que sempre participaram e apoiaram o carnaval, faz uma denúncia: do R$ 1.2 milhão aventado como verba cortada, apenas R$ 310.408,00 seriam destinados às escolas e sobre o restante, que seria consumido por infraestrutura, segurança e divulgação, “nunca se deu prestação de contas”. E mais, que o decreto de calamidade financeira do atual prefeito suspende as verbas para atividades festivas e comemorativas por 180 dias, o que significa que haverá dinheiro para a exposição agropecuária no final de agosto (“coincidentemente” aniversário da cidade) onde a elite irá se esbaldar por vários dias em shows de músicos sertanejos na sede do Sindicato Rural de Uberlândia: o Parque de Exposições Camaru (http://www.camaru.org.br). “Não tem dinheiro agora e terá em julho, porque em julho tem o repasse pro Camaru. Eles fazem o carnaval e recebem em julho, prefeito”, disse. Assim, apesar de afirmar que a falta de verbas seria uma oportunidade para “quebrar as correntes” e “privatizar o carnaval” pelo povo que faz a festa de fato, nas semanas seguintes a ideia inicial de manter os desfiles na rua mudou.

Na última segunda-feira, 27 de fevereiro, realmente houve o desfile de dois blocos e cinco escolas de samba numa área asfaltada e cercada dentro dos mais de 300 mil metros quadrados do complexo do Camaru. A divulgação prévia do evento, decidido de ultima hora, foi quase nenhuma. Havia coisa de cinco barracas de comida e bebida, alguns banheiros químicos, um pequeno palco com sistema de som e propaganda da rádio e TV representantes locais da Globo além da Ultragás, empresa distribuidora de derivados de petróleo cujo grupo original foi importante apoiador, inclusive financeiro, da ditadura iniciada em 1964, tendo entre seus principais executivos Henning Boilesen de Chaim Litewski, morto pelas guerrilhas de esquerda em 1971 depois de acompanhar pessoalmente diversas sessões de tortura de presos políticos na Operação Bandeirantes (veja documentário Cidadão Boilesen aqui https://www.youtube.com/watch?v=yGxIA90xXeY).

A plateia, quase que inteiramente composta pelos passistas dos grupos que se apresentaram e familiares, tinha de se espremer nas grades que a separava do espaço para as escolas e blocos para poder enxergar alguma coisa. Não havia uma arquibancada como nos sambódromos e nem calçadas, lojas e prédios onde pudessem subir para ver melhor os desfiles. Como não houve competição entre os grupos, a maioria decidiu levar poucas fantasias, alegorias e adereços. Apenas um bloco e uma escola apresentaram sambas-enredo preparados para o carnaval desse ano. O destaque foi a novata Garras de Águia, que teve a vereadora Pamela Volpi entre as passistas e pretende contar o desfile como oficial para somar no ano que vem quatro apresentações de modo a poder, pelas regras atuais da Assosamba, concorrer ao prêmio de melhor escola em 2019. Os demais decidiram guardar material e música para 2018 quando, esperam, a festa retornar à normalidade, ainda que itinerante. Afinal, como diz Jeremias Brasileiro: “O carnaval de Uberlândia sempre foi um carnaval sem lugar”.

Bateria da escola Acadêmicos do Samba

Felizmente, não choveu, o que iria estragar completamente a festa. O único espaço coberto disponível para o evento além do palco onde não cabiam mais de 20 pessoas, era uma espécie de restaurante ou bar com vista para uma área fora dos limites dedicados ao carnaval. A entrada, contudo, era restrita aos policiais em serviço, para o merecido descanso nas cadeiras de plástico das dezenas de mesas onde podia comer e beber e onde provavelmente estava o comando da operação.

O centro de controle e local de descanso dos policiais, único com cadeiras em todo o recinto

O forte do evento sem dúvida foi a segurança. Além dos guardas particulares do Camaru que revistaram todos que entraram em busca de bebidas de fora, armas e drogas, havia uns 200 ou 300 policiais e militares fortemente armados, sem contar os que faziam ronda na parte externa do Camaru. Dentro, eles caminhavam em grupos de dez, sempre com três ou quatro segurando ostensivamente os cassetetes em posição de ataque. Na área da plateia, grupos menores ficavam parados em círculos, de costas uns para os outros, de modo a não poderem ser surpreendidos por nenhum lado. Havia, ainda, grupos fixos nas cercas que delimitavam o perímetro a ser utilizado pelo evento, atrás dos banheiros e ao lado das barracas de comida.

Militares com roupas de combate “faziam a segurança” do Camaru

Mais do que apenas resistência cultural e racial, o carnaval de Uberlândia em 2017 exemplificou bem os contrastes dessa sociedade. Enquanto nunca faltou dinheiro para a festa sertaneja, que sem dúvida impulsiona negócios no campo e na cidade, a verba para o carnaval é cancelada menos de dois meses antes da data. Em 2016, mesmo com a irmandade do Congado completando 100 anos de fundação oficial (na verdade existe desde antes da emancipação da cidade), e com um prefeito negro e do PT, Gilmar Machado, a prefeitura não tinha sequer um fotógrafo para cobrir o evento. Com o poder central retornando à oligarquia rural e industrial, a festa mais popular do país só poderia mesmo ser realizada sob forte vigilância em recinto fechado. Vai que os negros, pobres e sambistas resolvem “contaminar” as “pessoas de bens”.

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Carnaval da Resistência

Valorização da Vida no cortejo: o desafio de se abordar a Prevenção do Suicídio no carnaval em BH

O suicídio é um fenômeno que perpassa a história da humanidade, sendo considerado na atualidade como um problema de saúde pública. Desde 2003 a OMS instituiu o dia 10 de setembro como sendo o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

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Por: Cristiane Santos de Souza Nogueira*

 

O suicídio é um fenômeno que perpassa a história da humanidade, sendo considerado na atualidade como um problema de saúde pública. Desde 2003 a OMS instituiu o dia 10 de setembro como sendo o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. No Brasil, a campanha do setembro amarelo se iniciou em 2015 e tem ganhado força a cada ano. Tendo como slogan “Falar é a melhor solução” objetiva-se promover e ampliar espaços de sobre suicídio, sensibilizando a população para as questões do adoecimento mental e desconstruindo mitos que impedem que as pessoas busquem ajuda diante da dor emocional.

No entanto é importante que tais temas possam ser abordados durante todas as épocas do ano, uma vez os índices de adoecimento psíquico da população crescem no mundo todo e que é preciso conscientizar as pessoas para que aprendam a reconhecer e respeitar o sofrimento mental da mesma forma que reconhecem e respeitam o sofrimento e o adoecimento do corpo.

Em novembro de 2019 uma das organizadoras de um bloco de carnaval de Belo Horizonte fez contato com o Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais solicitando orientações sobre como abordar a questão da prevenção do suicídio visto ser o tema escolhido pelo bloco para o cortejo de 2020.

Em sua 9ª edição, o bloco que desde 2012 carnavaliza BH levantando as bandeiras do amor, da diversidade, da alegria, do respeito e demarcando o posicionamento contra qualquer tipo de preconceito e manifestação de ódio, definiu ter como tema o SETEMBRO AMARELO “para lembrar as pessoas que a vida de cada um é muito importante.

Queremos dobrar nosso recado de afeto e trazer um tema que é por muitos ignorado. Avalia-se como uma atitude responsável do bloco buscar suporte profissional para levar esse tema para as ruas, demonstrando ter consciência sobre a necessidade se falar de maneira correta sobre um tema tão delicado. Nas chamadas para as atividades eu foram realizadas conjuntamente entre CRP e Bloco de carnaval, marca-se o convite para falar sobre o tema e para a responsabilidade de cada um na prevenção do suicídio e valorização da vida.

“É um tema tranquilo para ser tratado? NÃO! Qualquer um pode falar sobre? TAMBÉM NÃO! Para dar a devida seriedade e respeito ao assunto, contamos com o apoio do Conselho Regional de Psicologia … que já faz ações de prevenção ao suicídio e irá colaborar com a gente”.

Na próxima segunda-feira, 13/01, vamos ter uma roda de conversa sobre Valorização da Vida. É muito importante que a banda vá em peso para saber mais do tema e conseguir levar uma mensagem da forma mais respeitosa possível”.

Ainda que não haja consenso entre a própria categoria da Psicologia, sobre os efeitos de campanhas e ações que envolvem a sociedade no tocante ao fenômeno do suicídio o CRP avaliou ser pertinente ofertar as orientações e suporte necessário para realização do cortejo, não podendo recuar ou se eximir desse debate, visto que a categoria profissional tem sido cada vez mais demandada no enfrentamento do suicídio.

Foi realizada uma reunião na sede do CRP para primeiros alinhamentos e definições em dezembro de 2019, com a primeira orientação norteadora: em se tratando de carnaval, o tema seria abordado pela Valorização da Vida, buscando formas de se passar a mensagem da prevenção do suicídio com leveza e da forma lúdica que a ocasião comporta.

Foram realizados dois encontros com os fundadores, organizadores e integrantes do bloco no Teatro da Cidade.

O primeiro encontro, em janeiro de 2020, aconteceu em forma de roda de conversa, onde se buscou refletir sobre o fenômeno do suicídio considerando os aspectos epidemiológicos, demográficos, intrapessoais (transtornos mentais e comorbidades psiquiátricas), mas principalmente os aspectos interpessoais.

Ao discutir características do modo de vida contemporâneo foi possível deslocar o comportamento suicida dos fenômenos da patologização e medicalização da vida, reconhecendo que a nossa forma de viver comporta elementos que fazem sofrer o ser humano e que o comportamento suicida pode se apresentar como expressão da dor intensa e sofrimento emocional insuportável, estando presente ou próximo de cada pessoa que ali podia se expressar. Buscou-se desconstruir mitos sobre o fenômeno do suicídio, apresentando fatores de risco e de proteção, legitimando que as pessoas são capazes de reconhecer sinais de sofrimento emocional, mas que para isso é preciso investir mais na convivência, na disponibilidade de escutar sem julgamento e de ofertar apoio e suporte emocional.

Reiterou-se que é preciso fortalecer as redes de apoio, ofertar canais e ferramentas de apoio, legitimar a importância de se buscar ajuda profissional quando necessário e de construir saídas locais, mapeando os recursos e dispositivos disponíveis nos territórios de pertencimento.

O segundo encontro se deu em formato de oficina abordando Valorização da Vida, contando com a colaboração da conselheira do CRP e de uma jornalista que contextualizou a chita enquanto tecido de resistência subversiva, resistência político afetiva na história do Brasil desde a colonização.  O bloco não usa abadás ou fantasias, sendo instituído o uso da chita para confecção de roupas e adereços para seus integrantes.

A jornalista ao citar Walter Benjamin e sua obra “a história dos vencidos”, fala da chita em sua cesura, fazendo um recorte na história e demonstrando o descontínuo do tecido do povo. Originalmente da Índia, a Chintz foi levada para a Europa no século XVI por Vasco da Gama, sendo um tecido nobre e tão caro quanto a seda. Suas cores e figuras acompanham e interpretam a cultura local, sofrendo alterações pelos países por onde passa.

Considerada mais que um tecido, um padrão, amplamente usado na decoração, na porcelana e na impressão de tecidos nobres, a Chita chega ao Brasil no século XVII, havendo uma proibição de sua produção pela coroa de Portugal, uma vez que os nobres só podiam comprar tecidos da Europa. Tal proibição não impediu que os escravos produzissem o tecido em teares escondidos, sendo usado também pelos os índios, passando a ser considerado no Brasil como pano de pobre, dos rejeitados enquanto em Portugal se realiza concursos de vestido de chita.

 

 

Para os africanos que aqui estavam, a chita era um tecido carregado de memória afetiva, por a resistência em continuar tecendo. Os inconfidentes se vestiam de chita quando protestavam nas ruas da antiga Villa Rica, hoje Ouro Preto nas Minas Gerais.  Assim passa a ter a conotação de subversão e no século XIX vem nova ordem de proibição de qualquer tecido em MG, que teve a primeira grande industria dedicada à produção de chita.

Curvelo, Terra de Zuzu Angel, que foi a primeira estilista que usou a moda como política, trazendo a chita como expressão de resistência na ditadura militar.

“O não conformismo nas roupas tende naturalmente a expressar o não conformismo em ideias sociais e políticas”. (Flugel)

Contextualizando a chita, a essência do bloco estava colocada. Assim, como a Valorização da Vida seria a tônica da abordagem da prevenção do suicídio no cortejo de carnaval, definiu-se pelo uso de chitas em cor amarela, tecidos com girassol e do próprio girassol como símbolo para 2020. Tornou-se oportuno também contextualizar sobre o uso da cor amarela e do girassol como símbolos da campanha da prevenção do suicídio no Brasil e no mundo.

POR QUE O GIRASSOL?

Setembro: início da primavera, estação das flores e da esperança. Pesquisas comprovaram que pessoas que moram em lugares bruscos, com pouco Sol, podem desenvolver tendências à Depressão.

Assim, o girassol é a flor da campanha da Prevenção do Suicídio justamente por acompanhar a alegria e a vitalidade da luz solar.

 

Nos campos, em dias nublados, os girassóis se voltam uns para os outros, buscando a energia em cada um.

Não ficam murchinhos, nem de cabeça baixa. Olham uns para os outros … Erguidos, lindos.

Nos ensinam que olhar para o outro, pode fazer toda diferença em nossas vidas, afinal a convivência é nossa força motriz. Seu miolo gera centenas de sementes, que produzem tantos outros novos girassóis! Semear esperança e muitos afetos é para o ser humano, sentido de vida!

Se não temos sol todos os dia, temos uns aos outros…
Que sejamos girassóis todos os dias!!!

Nesse segundo encontro abordou-se algumas atitudes e falas que devem ser evitadas ao se abordar o tema, ressaltou-se a importância da escuta ativa e de se apontar canais de ajuda e construção de saídas para pessoas que apresentem sinais de dor e sofrimento emocional. Depois de um brain storm coletivo, de frases, palavras e ideias com os presentes, foram selecionadas frases de impacto a serem usadas no cortejo:

– Aguente firme, Você não está só!

– Você tem o poder de dizer ‘não é assim que minha história termina’

– Pare e respire, há opções melhores, e muitas pessoas que te amam

– Mesmo que as coisas estejam difíceis, sua vida importa; você é uma luz brilhante em um mundo escuro, então, aguente firme.

Valorizar a vida é…

É ligar quando sentir saudades.

É não ignorar um pedido de ajuda.

É ouvir sem julgar.

É respeitar as escolhas e vontades.

É dizer que ama.

A comunicação entre a COMORG e a conselheira referência do CRP se manteve ativa para troca de ideias, construção de frases, mensagens e estratégias a serem usadas no cortejo. Através da revisão da playlist, definiu-se momentos de marcação sobre o tema durante o trajeto. Foi construído um release, um texto que foi disponibilizado a todos os integrantes do bloco, para que todos se preparassem para possíveis interpelações e questionamentos que pudessem surgir, antes, durante e após o cortejo, visto ser uma atitude ousada e polêmica um bloco de carnaval que abordar a prevenção do suicídio.

“O bloco do Batiza, com suas chitas que espalham resistência e empatia pelo carnaval de BH decidiu abordar a valorização da vida no seu cortejo de 2020. O tema da prevenção do suicídio ainda é polêmico, envolvido em muitos mitos e julgamentos morais e muitas pessoas têm medo de falar sobre o assunto. É preciso disseminar a mensagem de que a vida vale a pena, de existem razões para viver. É desconstruir as ideias em torno do sofrimento emocional, levando a sociedade a respeitar e reconhecer a dor da alma da mesma forma que reconhece a dor do corpo.

Dessa forma, as pessoas irão parar de esconder sua dor interna, falando e recebendo orientação, procurando ajuda profissional se for necessário. O suicídio é um problema de saúde pública no mundo inteiro, sendo o final de um processo de sofrimento insuportável.

Estima-se que 90% dos casos sejam evitáveis mas para seu enfrentamento é preciso o envolvimento de todos os atores sociais, que auxiliem as pessoas que sofrem de desesperança, de desamparo, de desespero a construírem saídas e alternativas para a vida. As pessoas podem aprender a reconhecer sinais e sintomas da dor emocional que não é visível aos olhos e só pode ser identificada através da convivência, das relações.

Precisamos de mais afetos e menos telas. De mais trocas e acolhimento e menos individualismo. É possível aprender a ofertar apoio, a ofertar escuta e acolhimento. Para isso, é preciso encarar as ameaças com seriedade, ajudar a pessoa a avaliar a situação, explorando soluções e dando orientações concretas para preservar a vida.

Para tanto, é preciso antes de tudo, procurar compreender (sem juízo de valor), ofertar disponibilidade de escuta sem repressões e sem ser invasivo, apontando canais de apoio como o CVV,  serviços e profissionais de saúde mental.  FALAR É A MELHOR SOLUÇÃO E A CONVIVÊNICIA É A MELHOR SOLUÇÃO, se acreditamos e valorizamos a vida! Sejamos boas energias! Sejamos girassóis!” Vamos amarelar nossas chitas e as ruas por onde passarmos.

BLOCO DO BATIZA

Outras ações estavam planejadas para o cortejo como entrega de adesivos e de sementes de girassóis com frases de esperança, porém, com os problemas vivenciados pelos blocos de BH, às vésperas do início do carnaval, com

As repercussões resultaram em comprovar que é possível abordar a temática com seriedade e responsabilidade, através de orientações técnicas e com embasamento científico, em contextos diversos, com leveza e transmitindo mensagem de esperança. Pensando que as saídas devem ser locais, que as micro políticas podem operar transformações…

Chamando as pessoas para sua dimensão de participação e responsabilidade. Promover saúde mental nos moldes da saúde coletiva.

Essa experiência buscou efetivar a encomenda inicialmente formulada ao CRP, conjugando a essência do bloco com suas a chitas, com o amarelo do girassol na perspectiva da Valorização da Vida e da Prevenção do Suicídio, de forma lúdica, propiciando a sensibilização sem mobilizar resistências e defesas frente a um tema que toca a todos de forma tão profunda. Um cortejo de carnaval como resistência e subversão aos processos de medicalização e patologização, para uma aposta de vivencias afetivas, de fortalecimento de vínculos, do estreitamento dos laços de convivência. Uma aposta nas tecnologias leves, na melhoria da qualidade de vida das pessoas, que só é possível pelas relações, afinal o ser humano é ser gregário, que se abastece da luz, do calor e da energia de outros seres humanos.

 

Texto e Fotografia:
Cristiane Santos de Souza Nogueira,
Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais
Especial para os Jornalistas Livres

Edição da matéria:
Leonardo Koury Martins, Jornalistas Livres

 

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PM de Recife censurou shows durante o Carnaval

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Parece inacreditável, mas aconteceu:  a Polícia Militar de Recife tentou, durante o Carnaval, impedir artistas de cantarem uma música de Chico Scince, e outras que denunciam a violência cometida pelo Estado contra comunidades periféricas.

Sim, a censura se instalou no país, despudorada, apoiada pelo presidente da república.

Em nota, a PM disse não há qualquer proibição a artistas, e que foi instruída a suspender blocos que estourassem o tempo de apresentação. Mas não foi o que se viu. Os integrantes da banda Janete Saiu Para Beber relataram no Instagram que a PM invadiu o palco no momento que a banda tocava a música “Banditismo por uma questão de classe”, de Chico Science.

“A Polícia Militar fez uma barreira entre o público e a banda. Tivemos que parar o show com ameaça de levar nosso vocalista preso. A produção foi incrível e conseguiu reverter a situação, mas o mais absurdo foram os argumentos: Chico Science não pode tocar, não pode!”

A banda Devotos passou por situação semelhante, e também foi às redes denunciar a ação da PM:

“Todos que conhecem a Devotos sabem da nossa poética, que a nossa liguagem é coloquial, é urbana, de denúncia, de alerta e de posicionamento, usando a música como “arma”. Infelizmente estamos vivendo um regime de repressão velada, que para a maioria é normal, mas para quem trabalha com cultura, e cultura voltada para o resgate social, como é o nosso caso, sabe que estamos sendo minados, perseguidos e ameaçados de não exercer nossas ações e querem calar nossas vozes. Na noite anterior no pólo da bairro da Várzea, subúrbio de Recife, nós da Devotos também sofremos ameaças de prisão logo depois que tocamos a música “De Andada”, que está no nosso mais recente disco, “O Fim Que Nunca Acaba”, e continuamos com “Luz da Salvação”, do Cd “Agora Tá Valendo”, durante a execução dela ao vivo fazemos uma homenagem a Chico Science com trechos de “Banditismo por Uma Questão Classe”. Logo chegou, vindo do diretor de palco, que foi passada ao nosso roadie, a notícia que a polícia não havia gostado do conteúdo das letras e ameaçou, caso o show continuasse com esses temas que citassem a polícia, iriam acabar o show e levar Cannibal (vocalista) preso. Se isso não for cesura não sabemos o que é. O show continuou, eles não subiram no palco e nem tocaram na banda, mas a ameaça foi feita.”

 

O cantor Chico César foi ao Instagram manifestar apoio aos artistas censurados pela PM: “Solidariedade à banda @janetesaiuparabeber, censurada e proibida de tocar Chico Scince em Pernambuco pela PM local. Abuso de autoridade! Isso tem que acabar, logo.  Fogo nos fascistas!”

Zélia Duncan também se manifestou: “Vamos todos tocar Chico Science!”

 

Ouça a música de Chico Science e Nação Zumbi censurada pela PM de Pernambuco em pleno Carnaval do Recife:

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Combate ao assédio no carnaval de São João da Barra (RJ)

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Conhecida por promover o melhor carnaval de rua do interior do Estado do Rio, a cidade de São João da Barra decidiu aproveitar a presença dos milhares de foliões que recebe durante a festa para falar de assédio. As mensagens estão nos guarda-corpos, pirulitos e painéis de led dos arcos e do palco oficial que enfeitam a Avenida do Samba. A Prefeitura também distribui panfletos e adesivos na cidade e nos distritos onde acontecem os eventos. A decoração também inclui mensagens de combate à homofobia e respeito à diversidade.

 

A secretária de Comunicação Social do município, Mônica Terra, explica que a ideia tem tudo a ver com o slogan do carnaval deste ano: “Alegria de estar aqui!”, por propor uma reflexão sobre a importância do respeito. “Carnaval é tempo de ser feliz, de aproveitar a festa, mas é também tempo de paz, gentileza, cuidado, de combater preconceitos”, afirma.

A telefonista Kamila Porto, 28, que saiu de Vitória (ES) para curtir o carnaval sanjoanense, aprovou o tema escolhido para a decoração da avenida.

“A gente quer curtir, mas quer respeito, não quer que confundam as coisas”.

 

Uma mulher no comando contra o assédio no carnaval

O município de São João da Barra tem uma mulher como prefeita, que fez questão de enfatizar a importância do combate ao assédio ao dar as boas-vindas aos foliões na abertura oficial do carnaval, que aconteceu sexta-feira, 21. “São João da Barra promove um ótimo carnaval e todos são acolhidos com muito carinho. O que pedimos aos foliões é que ajudem a manter o clima sadio da festa, de confraternização e respeito. Não esqueçam que não é não!”, disse Carla Machado.

Além da decoração temática, o combate ao assédio é abordado durante o carnaval por meio da distribuição de panfletos e folhetos. A campanha #NãoéNão é desenvolvida pela secretaria municipal de Assistência Social e Direitos Humanos. “Nosso objetivo é orientar os foliões sobre a diferença entre uma paquera e uma importunação sexual. A diferença é o consentimento”, explica a secretária Michelle Pessanha.

 

No carnaval de 2019, falamos sobre a comissão feminina de Carnaval de Rua em São Paulo.

Pra quando o carnaval chegar – Representatividade, segurança e inclusão feminina

 

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