Nasce Coletivo Paulo Freire, em Lisboa

Paulo Freire, educador e escritor. Foto: Paulo Granchi Sobrinho/Estadão

Por Coletivo Paulo Freire especial para Jornalistas Livres

Na noite do último dia 23 de janeiro, no núcleo de Lisboa da Associação José Afonso (AJA), foi lançado o Coletivo Paulo Freire. Este se define enquanto um movimento cívico, sem fins lucrativos, autónomo em relação aos partidos, radicalmente democrático e voltado para o progresso social. É composto por educadores brasileiros e portugueses, interdisciplinar, integrado por profissionais de diferentes áreas e artistas em diversas linguagens. Seu objetivo é desenvolver atividades de educação e cultura populares, com ações de formação, discussão e produção de um conhecimento crítico e libertador, aliando o pensamento e a atuação social, com a ciência e a arte. Além de inspirado pelo pensamento de Paulo Freire (1921-1997), procura divulgá-lo em Portugal.

É assim uma ação de resistência contra a grande ofensiva que a extrema-direita brasileira, liderada pelo atual governo Bolsonaro, tem realizado contra o patrono da educação brasileira, pensador reconhecido internacionalmente e o terceiro autor mais citado no mundo na área de humanas. O posicionamento abertamente marxista e católico do autor de “Pedagogia do Oprimido” (1968) o tornou alvo preferencial dos fundamentalistas e, por isso, a defesa de seu pensamento é hoje um elemento na luta em defesa da democracia brasileira. A própria decisão de construir o coletivo foi tomada por alguns dos participantes da “Marcha Amorosa”, que marcou o aniversário de Paulo Freire em todo o mundo, e que em Portugal, por uma questão de segurança, foi realizada na marcha final da Festa do Avante!

Numa sala lotada, com mais de oitenta participantes, refletindo o enorme interesse despertado por Paulo Freire e por sua obra, foi apresentada a primeira ação, já em curso, de alfabetização e reforço de leitura com os utentes do centro de dia da Comissão Unitária de Reformados, Pensionistas e Idosos (CURPI) de São João da Talha. No projeto, que adotou o nome do grande poeta popular algarvio, António Aleixo (1899-1949), se desenvolve um trabalho com o uso de poesias e um banco de memórias, com o registro de suas histórias, para desenvolver a sua autonomia e consciência.

Primeiro encontro do Coletivo Paulo Freire, na cidade de Lisboa, em Portugal. Foto: Facebook Coletivo Andorinha

Com a presença de várias instituições, como a Associação Mares Navegadas; a Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas (AMUCIP); do projeto Literacia para a Democracia e da Associação Portuguesa para a Cultura e Educação Permanente (APCEP); da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos; do Sindicato de Professores da Grande Lisboa (SPGL), a própria AJA, entre outras, se apresentaram outros projetos em vista, e para o qual se procuram parceiros. Entre estes está a viabilização da presença de obras de Paulo Freire nas bibliotecas públicas e universitárias portuguesas, do qual está quase ausente, apesar da longa história de movimentos, antes e depois do 25 de Abril, que se utilizaram do método de Paulo Freire para alfabetização de adultos.

Como apontado pelos membros do coletivo, essa iniciativa, um desdobramento de um grupo de estudos sobre a obra de Paulo Freire e sua relação com a Sociomuseologia, é um exercício de coerência com a obra do marxista brasileiro que, como notado por um dos apresentadores, “sempre foi um exemplo de práxis, aliando sua teoria à prática social”. Foi isto que também ressaltou o representante do Partido Comunista Português (PCP), André Levy, na sua saudação ao Coletivo que nascia, dizendo que se “revêem também na ideia de educar não só para compreender o mundo, mas para transformá-lo”.

Para encerrar a atividade, marcando seu caráter também cultural, ocorreu a apresentação de músicas do cancioneiro português, com o cantor e maestro João Silva, a participação da cantora brasileira, Mabel Cavalcanti, ambos acompanhados pelo excepcional tecladista, João Marques.

COMENTÁRIOS

12 respostas

  1. Ótima homenagem ao eterno educador Paulo Freire, conheci num curso que fiz em São Paulo…pessoa íntegra e apaixonante! Agora estou reformada e morando em Portugal, me entristece muito o Brasil destroçar sua memória!!! Nos educadores brasileiros resistiremos!!! Gostaria de saber se haverá apresentação na cidade do Porto.

  2. Está escória destruiu o sistema de encino brasileiro e ainda tem gente que o venera! Bando de idiotas socialistas!

  3. Paulo Freire um pensamento coletivo entra em desacordo com o pensamento competitivo , e o absurdo do ódio se propaga numa sociedade ignorante , intolerante e violenta,, não deixe o ódio ser as paredes do seu coração e a dor fazer parte dos seus pensamentos.

  4. Eu fui alfabetizado pelo método Paulo Freire aos 35 anos de idade e me graduei em Direito pela UFRJ aos 58 anos

  5. Alípio, você perdeu a chance de ficar calado. O seu bando sim, é um bando de idiotas. O Sandro Humberto é que está certo. E ainda certíssimos estão aqueles que tiverem essa iniciativa de criarem o Coletivo Paulo Freire em terras lusitanas.
    O Paulo Freire, para além do fato de ter se imortalizado como um grande brasileiro, é um gigante, um grande homem, um grande educador e um grande socialista. Sua obra é, sem sombra de dúvidas, um grande legado para toda a Humanidade.
    Outra coisa: Mesmo quando se trata de educação de cães, EnSino, em bom Português, se escreve com “S”.

  6. SENSACIONAL…
    Precisam agora dispara nas redes sociais uma comunidade, e mostrar que somos milhares a apoiar o verdadeiro Mito: Paulo Freire…
    Icone da esucação…

  7. E como os cumunas ficam irritados e loucos qudo são contrariados homenagear lixo e em Portugal esta sendo moda

  8. Finalmente um movimento de reconhecimento que precisava para confrontar com tanta ignorância que ora assola o Brasil. Luz no obscurantismo bolsonarista! O “Coletivo Paulo Freire” me representa!

  9. SÓ quem nunca leu uma obra de Paulo Freire não conhece seu legado. Quem destruiu a educação no país foi quem inventou a progressão automática, que só reprovava a cada final de ciclo, ou seja, a cada 4 anos. Hoje é a cada 3 anos, mas na minha opinião, ainda é muito.

  10. Alípio,.corrija sua ortografia primeiro,.depois leia alguma obra de Paulo Freire e volte aqui nesse espaço para se pronunciar. Do jeito que você fez serviu só pra passar vergonha. Saiba que Paulo Freire nunca foi Ministro da Educação; nunca foi chefe de executivo em nenhuma esfera do poder no Brasil. Paulo Freire exerceu somente o cargo de Secretário de Educação no município de São Paulo e nem terminou a gestão toda. Com isso que lhe avisar que ele nunca foi responsável por nenhuma das políticas de educação que ajudaram a educação brasileira ser tão ruim. Os princípios e concepções que Paulo Freire defendeu toda sua vida de educador jamais foram efetivados na educação brasileira. Caso esse fato tivesse acontecido, nós não teríamos um certo ” Alípio ” escrevendo esse infeliz e mentiroso comentário. Se tivesse tido a oportunidade de ter acesso a uma educação de princípios freireanos, um certo ” Alípio ” seria um sujeito crítico, faria uma leitura profunda do seu próprio país e das condições sócio- político e econômicas que afetam diretamente educação. Não se preste a cumprir o ridículo papel de ” papagaio de pirata “, nunca mais, sr Alípio. Até outro dia.

  11. Incrível o Coletivo Paulo Freire surgido em Lisboa. Oportuno e necessário. Sou educadora, hoje aposentada, residente e bem acolhida em Portugal. Felicito o Coletivo que divulgará ainda mais o pensamento/ação desse extraordinário educador brasileiro e contribuirá para a resistência urgente ao horror que tomou conta do Brasil.

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