Jornalistas Livres

Após feminicídio em Campinas, mulheres protestam na câmara

Ontem, dia 01 de fevereiro, diversos coletivos feministas estiveram presentes na primeira sessão de 2017 da Câmara de Vereadores de Campinas. O objetivo era pressionar os presentes pelo reconhecimento do feminicídio ocorrido no dia 31 de dezembro de 2016, no qual Sidnei Ramis de Araújo assassinou a ex-mulher, o filho e mais dez pessoas durante uma festa de Ano Novo.

As manifestantes também protestaram contra a Proposta de Emenda à Lei Orgânica do Município (145/ 2015) que está em tramitação na Câmara. A proposta, de autoria de Campos Filho (DEM), visa proibir a deliberação na Câmara Municipal de “qualquer proposição legislativa que tenha por objetivo regulamentar políticas de ensino, currículo escolar, disciplinas obrigatórias, ou mesmo de forma complementar ou facultativa, que tendam a aplicar a ideologia de gênero, o termo ‘gênero’ ou orientação sexual”.

Antes do início da sessão, a vereadora Mariana Conti (PSOL) promoveu debate sobre Feminicídio e Violência contra a Mulher e abriu espaço para a leitura do Manifesto elaborado pela comissão organizadora do protesto Nenhuma a menos, realizado no dia 05 de janeiro, que contou com a presença de centenas de mulheres na cidade de Campinas. Em seguida, o microfone foi aberto e subiram ao palanque coletivos como o Coletivo Rosa Lilás e o Coletivo Pão e Rosas.

Após o debate, às 18h, a sessão foi aberta com um minuto de silêncio pelos diversos falecimentos notáveis do último mês. A chacina do dia 31 de dezembro foi citada e, após pedidos da plateia, a vereadora Mariana Conti mencionou os dois feminicídios ocorridos na região do Campo Belo.

O minuto de silêncio foi seguido pela fala do Prefeito Jonas Donizette (PSB) que tratou dos projetos para o próximo mandato e dos projetos implantados no mandato anterior. O discurso do Prefeito recebeu um série de protestos por parte dos coletivos presentes que incluíram manifestações contra o não-reconhecimento do feminicídio por parte do Prefeito, o aumento da passagem do ônibus de 3,80 para 4,50 e o fechamento da UPA Centro. O Prefeito se defendeu alegando a legitimidade de seu mandato comprovada nas urnas.

Durante a primeira parte da sessão vereadores demostraram apoio e repúdio às manifestantes.  O vereador Pedro Tourinho se manifestou a favor do protesto e pediu o funcionamento 24h das delegacias da mulher de Campinas. Outro vereador que se colocou a favor das manifestantes foi Carlão do PT. Em resposta a Donizette, o vereador afirmou que apesar de ter ganho a eleição foi derrotado em número pelos votos em branco e nulos, questionando a real representatividade do Prefeito de Campinas.

Entre as manifestações contrárias, o vereador Professor Adalberto (PR) afirmou que a manifestação era antidemocrática e desrespeitosa. O vereador Campos Filho (DEM), autor da Proposta de Emenda à Lei Orgânica do Município (145/ 2015), chamou as manifestantes de “minoria raivosa canina”, compactuando com a fala do Prefeito de que os protestos contra seu mandato vêm de uma minoria. O vereador Edison Ribeiro (PSL), após agradecer a Deus ela sua eleição, afirmou que “menino é menino e menina é menina”, em defesa da Proposta de Emenda. Todas as manifestações contrárias receberam vaias e frases de protesto como: “A sua ideologia mata gente todo dia” e “beijo homem, beijo mulher, tenho direito de beijar quem eu quiser”.

Além das manifestantes feministas, a sessão contou com a presença de um grupo que pedia ajuda para o empreendimento do Minha Casa, Minha Vida alocado no Jardim Bassoli sob coordenação da Prefeitura de Campinas.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais posts