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MST, o agronegócio e a Greve Global Pelo Clima

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Amanhã (20) é dia de Greve Global Pelo Clima. Centenas de cidades no Brasil e no mundo farão protestos contra as mudanças climáticas e a destruição da Amazônia. O governo de extrema direita de Jair Bolsonaro deve ser um dos principais alvos dos protestos.

E qual a relação entre Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST,) mudanças climáticas e proteção das florestas?

Segundos dados de 2018, divulgados pelo Governo Federal, 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros são produzidos pela agricultura familiar, pelo pequeno agricultor. A indústria do agronegócio, que recebe boa parte do incentivo do governo, está voltada para a exportação. É o caso da soja, milho, laranja e cana-de-açúcar, por exemplo.

Com cerca de 100 cooperativas, 96 agroindústrias, 1900 associações e 350 mil famílias assentadas em todo o Brasil, hoje, o MST é o maior produtor de produtos orgânicos do país. Muitas redes de supermercado, como o Pão de Açúcar, vendem produtos do MST. As feiras públicas promovidas pelo MST em diversas cidades do Brasil movimentaram, em 2018, cerca de 420 toneladas de 1500 produtos da agricultura familiar. Produtos orgânicos e mais baratos do que os vendidos em supermercados. Cerca de 30% da produção (15 mil toneladas por ano) do MST é exportada para países como EUA, Alemanha, Espanha, Noruega, Noruega, Chile e México. Hoje, o MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Para garantir que o arroz seja 100% orgânico, enviam amostras para a Bélgica, onde o arroz recebe certificado internacional. As cooperativas do MST pagam 15% a mais para seus agricultores do que a agricultura convencional.

Mas se o MST faz tanto pela alimentação dos brasileiros, por que então os bolsonaristas perseguem o movimento, acusando-o  “terrorismo” e  de “comunistas invasores de terras”? São muitas as respostas. É injusto ocupar terras improdutivas? O que é justo?

Feira da Reforma Agrária. Foto: Leonardo Milano

A Constituição Federal de 1988 garantiu o direito de acesso à terra por parte dos trabalhadores, além dar ao Estado a obrigação de fazer a terra cumprir sua função social. Diz o artigo 178 da Constituição : “…tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I- Soberania Nacional; II- propriedade privada; III- função social da propriedade “. O Estado é omisso no cumprimento da constituição, então, o MST, através da ocupação de terras improdutivas e concentradas nas mãos de poucos latifundiários, obriga o governo a cumprir seu papel constitucional.

O bolsonarismo, como de costume, usa  notícias falsas (fake news) ou deturpadas para passar a idéia de que o MST é uma facção criminosa, como no caso das três fazendas que teriam sido encontradas pela Polícia Federal no Paraguai, em nome de João Pedro Stédile – um dos fundadores do MST, notícia esta já desmentida pela polícia e pela imprensa. Tem ainda o famoso caso da ocupação na fazenda da Cutrale (indústria de suco de laranja que já foi flagrada com trabalho escravo e grilarem de terras da União), onde supostamente o MST teria depredado a propriedade e ameaçado funcionários, o que rapidamente foi desmentido pelas investigações, que mostraram que o MST nada teve a ver com as invasões. Todo esse arsenal de fake news vai criando, no imaginário popular, a ideia de que o MST é um grupo terrorista que quer roubar as terras dos produtores. Nada mais falacioso!

O MST ocupa terras improdutivas, griladas e que devem milhões em impostos para a união, não usa a violência como tática de ação política.

 

Mulheres do MST ocupam fazenda do médium João de Deus, acusado de estuprar dezenas de mulheres e jovens. Foto: Leonardo Milano

 

A base do governo de Bolsonaro é composta por ruralistas do agronegócio (a bancada do boi, da bala e da bíblia). O agronegócio deve cerca de 200 bilhões de impostos para a União e Bolsonaro diz que esses produtores devem ter suas dívidas perdoadas. Por outro lado o MST, por meio de suas cooperativas, paga impostos ao governo. E ai do MST se deixar de pagar os impostos…

O agronegócio é campeão no  uso de agrotóxicos em suas monoculturas. Não por acaso, o Governo Bolsonaro já liberou mais de 300 novos agrotóxicos desde que assumiu. Cerca de 41% desses agrotóxicos são considerados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como extremamente ou altamente tóxicos, e 32% foram banidos pela União Européia por serem altamente cancerígenos.
Enquanto Bolsonaro se esforça par colocar mais veneno na mesa dos brasileiros, o MST garante o fornecimento de comida saudável. E ainda são chamados de terroristas…
Enquanto ruralistas incendeiam a Amazonia para apoiar Bolsonaro (o absurdo “dia do fogo), a produção do MST está cada vez mais agroecológica, integrando a produção com a proteção das florestas, além de ajudar a restaurar áreas degradadas.
O ruralismo apoiado por Bolsonaro é péssimo no quesito direitos humanos: 70% dos denunciados por trabalho escravo são grandes fazendeiros (divulgado pelo ministério da economia). E acredite: Bolsonaro propôs flexibilizar as normas que definem trabalho escravo. Por quê será?

Crianças sem terra recebem educação de base de qualidade. Foto: Leonardo Milano

No meio rural onde estão inseridas grandes propriedades do agronegócio, há muita concentração de renda e grande dificuldade de acesso à educação (abismo social). Nos assentamentos do MST, uma das primeiras medidas estratégicas é construir uma escola: mais de 200 mil alunos são atendidos em 2000 escolas construídas em assentamentos e acampamentos; todas as escolas seguem a base curricular nacional. Enquanto isso, Bolsonaro destrói a educação pública no país.

O ruralismo defendido por Bolsonaro é extremamente violento, e seus principais alvos são justamente o pequeno agricultor: no período entre 1995 e 2018 mais de 1900 trabalhadores e trabalhadoras rurais foram assassinados no campo, a maioria ligada a movimentos sociais como o MST. Vale lembrar que recentemente Bolsonaro flexibilizou o porte de armas por fazendeiros. Assim,  é falacioso dizer que os agricultores do MST são assassinos comunistas. A realidade mostra que eles são vítimas de homicídios todos os anos.

Enquanto Bolsonaro estimula o ódio, a violência e o desmatamento, o MST coleciona prêmios nacionais e internacionais de agricultura sustentável, como o Whitley Gold Awards (um dos prêmios mais importantes do mundo sobre desenvolvimento sustentável ) e Community Food Security Coalition, que premia iniciativas voltadas para a soberania alimentar.

Então fica a pergunta: quem são os terroristas? Aqueles que matam, escravizam, destroem, envenenam, devem bilhões em impostos , invadem terras indígenas e da união, ou aqueles  que promovem inclusão social, segurança alimentar, desenvolvimento sustentáveis e a autonomia dos agricultores?  Parece certo que os únicos  “pecados” do MST são sua independência, sua capacidade de organizar os agricultores, estimula-los a lutarem por seus direitos,  fazendo contraponto ao agronegócio, chamando a atenção da sociedade para as injustiça no campo.

Amanhã é dia de Greve Global Pelo Clima. É hora de decidir se você apoia Bolsonaro, ou se você se preocupa meio ambiente. As duas coisas são incompatíveis e contraditórias.

Confira as cidades brasileiras onde haverá protestos:

Saiba mais em: www.fidayforfuturebrasil.org

 

 

 

 

 

 

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Nota da ABI – Bolsonaro mente na ONU e envergonha o Brasil

No seu discurso na manhã desta terça-feira na Assembléia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro contribuiu para que o Brasil caminhe para se tornar um pária internacional.

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No seu discurso na manhã desta terça-feira na Assembléia Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro contribuiu para que o Brasil caminhe para se tornar um pária internacional.
Sem qualquer compromisso com a verdade, o presidente afirmou que seu governo pagou um auxílio emergencial no valor de mil dólares para 65 milhões de brasileiros carentes, durante a pandemia. O auxílio foi de 600 reais.
Bolsonaro mentiu
O presidente responsabilizou, ainda, índios e caboclos pelos incêndios na Amazônia e no Pantanal, que alcançam níveis nunca antes vistos no País. Todas as investigações, inclusive de órgãos oficiais, indicam que fazendeiros estão na origem das queimadas.
Como se vê, de novo Bolsonaro mentiu.
O presidente transferiu a responsabilidade para governadores e prefeitos pelos quase 140 mil mortos vítimas do coronavírus. Todo o país é testemunha de sua leviandade, ao classificar a pandemia de “gripezinha” e ir na contramão dos procedimentos defendidos pelas autoridades de Saúde.
Assim, mais uma vez Bolsonaro mentiu.
A ABI, com a autoridade de seus 112 anos de existência em defesa da democracia, dos direitos humanos e da soberania nacional, repudia esse comportamento que vem se tornando recorrente e conclama o povo brasileiro a não aceitar o verdadeiro retrocesso civilizatório que o governo está impondo ao País.
Paulo Jeronimo – Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

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Sem papas na língua. Juliano Medeiros no Dialogando de hoje

Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? Tudo isso e um pouco mais, sem papas na língua, como diz o Pastor Fábio. Vem!

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Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? No Programa Dialogando desse domingo (26/07), 18h, o Pastor Fábio recebe Juliano Medeiros, presidente do PSOL para um papo sobre eleições e aprendizados da pandemia que passa por uma das fases mais críticas do momento, onde prefeituras e governos de vários Estados do país programam reabertura de mais uma parcela considerável de setores, enquanto isso, a mídia normaliza as curvas ascendentes do número de infectados pelo Coronavírus.

Outra pergunta que precisa ser respondida é qual é o sentido das eleições serem realizadas ainda neste ano? Quais interesses políticos estão por detrás da próxima disputa eleitoral? Tudo isso e um pouco mais, sem papas na língua, como diz o Pastor Fábio. Vem!

Assista, compartilhe. comente e mande perguntas no Facebook.

Juliano Medeiros é um jovem dirigente político da esquerda brasileira e desde janeiro de 2018 ocupa a presidência do Partido Socialismo e Liberdade. Historiador e Mestre em História pela Universidade de Brasília, é Doutor em Ciências Políticas pela mesma instituição.

Co-autor e organizador de Um Mundo a Ganhar e Outros Ensaios (Multifoco, 2013), Um Partido Necessário – 10 anos do PSOL (Fundação Lauro Campos, 2015) e Cinco Mil Dias: o Brasil na era do lulismo (Boitempo, 2017), colabora com sites, jornais e revistas no Brasil e exterior.[2]

Em 2018 coordenou a campanha de Guilherme Boulos à Presidência da República pelo PSOL[3] e, no segundo turno, após decisão do partido, passou a integrar a coordenação da campanha de Fernando Haddad[4]. Desde a vitória de Jair Bolsonaro, participa do Fórum dos Presidentes de Partidos de Oposição[5].

Durante mais de uma década Juliano Medeiros foi dirigente da corrente interna Ação Popular Socialista – Corrente Comunista do PSOL. Em Junho de 2019, a APS-CC se fundiu com o Coletivo Rosa Zumbi e mais oito coletivos regionais para fundar a Primavera Socialista, atualmente maior tendência do PSOL, da qual Juliano também é dirigente.[6]

Fábio Bezerril Cardoso é Pastor, cientista social, ativista social e Cofundador & Coordenador da Escola Comum e atualmente apresenta o Programa Dialogando, todos os domingos, às 18h. É um dos pastores progressistas que têm lutado pela defesa dos povos periféricos e costuma não ter papas na língua para falar sobre a realidade desses lugares. A produção é de Katia Passos, com arte de Sato do Brasil.

Conheça mais sobre a atuação do Pastor Fábio https://www.facebook.com/fabio.bezerrilhttps://www.facebook.com/fabio.bezerril

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Hilário Ab Reta Awe Predzaw e a história de um povo, historicamente, moído pelo ódio ou indiferença

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Por Diane Valdez, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, militante do Movimento de Meninos(as) de Rua e Comitê de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno

 

 

Hilário Ab Reta Awe Predzaw, 43 anos, morador da Aldeia Xavante N. S. de Guadalupe, em Barra do Garças, Mato Grosso, morreu na madrugada de 18 de junho de 2020, vítima do descaso governamental que permitiu a chegada do Coronavírus em sua comunidade. Era aluno do 5º período do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás. Sua tia morreu há pouco mais de uma semana vítima do mesmo descaso, a mãe e seus dois irmãos, seguem contaminado pelo vírus, assim como outros Xavantes e outras pessoas de etnias indígenas de todo o Brasil.

Hilário entrou na UFG, pelo sistema de cota para indígenas, no ano de 2018. Chegou com o já conhecido atraso histórico de acesso dos povos originários no ensino superior, ainda que a UFG seja uma das universidades públicas que tem buscado cumprir com o direito de povos indígenas ao ensino universal, o acesso e a permanência ainda sofrem de fragilidade.

A trajetória de Hilário, na UFG, não se limitou às dificuldades ocasionadas pela pobreza, como muitos de nossas/os alunas/os enfrentam. A academia era um outro mundo, distante de sua comunidade, não só em quilômetros, como também em movimentos culturais, sociais e políticos. Talvez essa distância, o fazia um aluno reservado e observador, sem abrir mão da seriedade e interesse pelo conhecimento.

Era umas das lideranças de seu povo, portanto, sabia da responsabilidade que assumia frente a comunidade, ele seria um professor, um educador de seu chão, de sua gente. Hilário trabalhava em uma escola, com o formato de um Tatu Bola, na sua aldeia, trabalhava na área de serviços gerais, em breve voltaria como Professor!

No primeiro ano de curso, Hilário, na desconfiança de seu silêncio indígena, que não significava submissão, tentava se inserir no mundo acadêmico. Veio um tempo, que largou tudo e voltou para a aldeia, não por opção dele, mas por opção deste desgoverno que é incansável na destruição de direitos dos povos originários.

O Ministério da Educação e Cultura, suspendeu todas as bolsas de permanência para a população indígena e quilombola. Um grupo de alunas e professoras se juntaram, arrecadaram dinheiro e o trouxeram de volta para a Faculdade. Foi feita uma mobilização de docentes e discentes sensibilizados e a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da UFG, cumprindo seu importante papel, disponibilizou uma bolsa e outros auxílios emergenciais.

Nessa ocasião, quando perguntado sobre o porquê de não falar nada dos problemas para colegas, e voltar para sua comunidade, Hilário disse que achava que ninguém sentiria falta dele.

No segundo ano, trouxe seu curumim para estudar em Goiânia, começou a trabalhar como intérprete na escola, acompanhando seu filho na dificuldade com a lingua. Era visível seu orgulho de exercer a função de intérprete. Lutou e enfrentou as diferenças que separavam as culturas e, como muitos, guerreou como seus ancestrais, para não perder seu lugar de legítima conquista.

No início da Pandemia, que começou junto com o semestre letivo, Hilário resistiu em voltar para sua comunidade, tinha medo das aulas retornarem e ele não estar presente na Faculdade, isso aponta o lugar que a UFG ocupava em sua vida. Quando percebeu que seu povo não estava acreditando na letalidade do vírus, retornou para alertar todos sobre o perigo. A UFG, cumprindo seu papel de instituição pública, providenciou o transporte para seu retorno no Mato Grosso.

Em maio, informou para duas amigas, que sua comunidade precisava de cobertores, pois fazia muito frio, e seu povo estava adoecendo. Elas mobilizaram, imediatamente, uma Vakinha On Line, onde arrecadou-se pouco mais de três mil reais, no entanto, como o total da arrecadação demora para ser liberado, emprestaram dinheiro e compraram os cobertores de forma mais hábil, enviando-os dia seguinte.

Os sintomas que atingia a comunidade, febre, falta de ar etc. já indicavam que era Coronavírus, no entanto, isso não foi motivo de interesse governamental, que poderia ter evitado o alastramento do vírus.

Ao apresentar os sintomas da doença, Hilário mostrou-se resistente em ir para o hospital, tinha dificuldade de aceitar o tratamento “dos brancos”. Acreditava nos rituais de seu povo, no tratamento natural que conhecia há tempos. Por outro lado, a histórica resistência dele, fazia todo sentido, pois sabemos como os povos indígenas são tratados neste país tão indígena que não se reconhece como indígena. Foi convencido a ir para o hospital e, na última conversa com as amigas em chamada por vídeo, estava muito escuro, e a família arrumou uma lanterna para as meninas verem o rosto dele, que disse para elas, em lágrimas, que estava somente suado, quando perguntado se estava com medo, disse que sim, que estava com muito medo…

A ida para o hospital foi acompanhado de longe pelas amigas, falavam sempre com a Assistente Social que afirmava que Hilário estava se recuperando, que receberia alta a qualquer momento. Nessa madrugada, ao pedirem informações sobre o amigo no hospital, alguém disse que alguém havia morrido, mas não sabia o nome. O nome de mais um número morto é Hilário Ab Reta Awe Predzaw, que deixou a mulher, filhos e todo seu povo Xavante.

O acesso dos povos indígenas ao ensino superior é recente, no entanto, é marcado por extrema coragem e resistência, pois o mundo acadêmico não é de todo um espaço acolhedor. Ainda que a dureza prevaleça na universidade, Hilário encontrou solidariedade e amizade na Faculdade de Educação, ainda que não seja uma solidariedade coletiva, foi construído uma rede de apoio, tanto de alunas/os, como também de docentes, isso pode ter aliviado sua dura estrada longe de seu chão.

Hilário não morreu porque “chegou a hora dele”, morreu por não ter o direito de ser mais um indígena, digno de necessários cuidados. Hilário, era um homem parte do “povo indígena”, um povo invisibilizado, injustiçado, espezinhado, humilhado e, odiado por este desgoverno.

Um povo com suas terras ameaçadas e roubadas pelo latifúndio, mortos por pistoleiros do agronegócio, ironizado e menosprezado por representantes deste desgoverno, ignorado por gente nativa que se acha descendente de europeus, machucados por todos que acham que universidade não é lugar de indígenas.

Não sei falar de fé, nem de ‘destino’, nem de coragem para aliviar o cansaço de um tempo incansavelmente dolorido. Ironicamente, para não dizer, funestamente, o tal ministro da educação, que afirmou odiar a expressão “povos indígenas”, ampliando seu descaso com a educação, revogou hoje [H OJ E], (19/06) a portaria assinada pelo ex-ministro de educação, Aluísio Mercadante, que estabelecia a política de cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência em cursos de pós-graduação. Hilário, estaria fora da pós-graduação, se dependesse deste ser desumano.

Quando lanternas começaram a iluminar caminhos de direitos para esta população, no interior de nossas universidades públicas, ainda que timidamente, um furacão de perversidade em formato de governo, dá pontapés e pisa, moendo, as possibilidades de justiça. Feito bandeirantes, grupos genocidas a frente das decisões da nação, estimulam a morte em todos os formatos. Deixar que o coronavírus atue, sem controle, é a proposta de morte atual para os povos originários.

Como Hilário, temos medo, muito medo, mas agarremos as lanternas, e assumimos nosso lugar na defesa dos povos indígenas, não os condenando a escuridão, como muitos fazem.

Hilário Ab Reta Awe Predzaw presente!

Este texto foi escrito com informações coletadas com as alunas, companheiras de Hilário, da turma do quinto período de Pedagogia da Faculdade de Educação/UFG, Dorany Mendes Rosa e Raysa Carvalho.

A elas e a toda turma, meu carinho e solidariedade.

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