Em SP, polícia. No PR, MBL. Estudantes resistem.

Por Lucas Martins e Martha Raquel no especial Minha Casa, Minha Vida

O movimento dos estudantes que ocupam os colégios contra a PEC 241 (que congela investimentos por vinte anos – aprovada ontem na Câmara dos Deputados Federais) e a MP 746 (que reforma o currículo educacional) tem encontrado várias pedras em seus caminhos.

No estado de São Paulo, que ano passado deu início as ocupações, apenas o Instituto Federal está ocupado. Todas as tentativas de ocupar colégios e diretorias de ensino foram rapidamente reprimidas pela Polícia Militar, que tem adotado uma prática sistemática para reprimir os estudantes. Após qualquer ocupação não há diálogo. A polícia chega ao prédio ocupado, invade e retira os estudantes pela força e sem mandado judicial – como aconteceu na Diretoria de Ensino do Centro-Oeste, na Escola Estadual Xavier Toledo e em uma Diretoria de Ensino de Guarulhos. Outra prática é a pressão externa com a Tropa do Choque ou algum grupo da PM esperando do lado de fora coloca duas opções aos estudantes: sair espontaneamente ou a entrada do pelotão.

O estado não realiza diálogo, não pede ordem judicial, apenas manda a Polícia Militar. Os estudantes não são dignos do direito de falar.

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Já no Paraná, o governador, Beto Richa, tem receio de usar a força da Polícia. Depois das cenas de massacre, no 29 de abril do ano passado, contra professores grevistas, o governador vêm buscando outras formas, que não a Polícia, de intimidar os alunos para que os colégios sejam desocupados. O caminho tem sido apelar para a criminalização do movimento, por meio de pronunciamentos e boatos. O MBL (Movimento Brasil Livre) tem se tornado uma forma de relações públicas para os governos de direita, como neste caso. Além de convocado pelo golpista Temer para defender a PEC 241, o MBL tem sido o principal aliado de Beto Richa na desmoralização do movimento secundarista. Com publicações diárias espalham boatos sobre as ocupações, sempre com frases de efeito, mas sem materialidade. Acusam os estudantes de serem controlados por agentes externos e com ligações à partidos de esquerda. Além disso, ainda convocam atos de intimidação em frente aos colégios ocupados, tentando assim aterrorizar os alunos que vêm mantendo as ocupações organizadas e com cronogramas a serem seguidos.

Estudantes de ocupações chegaram a relatar que objetos (como cigarros, camisinhas e bebidas) têm sido jogados dentro das ocupações com o intuito de criminalizá-los por práticas que não cometeram. A reportagem verificou em ao menos quatro ocupações a proibição da entrada com esses objetos. Esse incentivo à violência tem surtido efeito. Um colégio já foi desocupado à força, onde membros de movimentos de extrema direita e pais contrários à luta pela educação entraram no colégio quebrando o portão e retiraram os ocupantes, deixando alguns ocupantes feridos .

O jogo antidemocrático da direita se utiliza da repressão e difamação para acabar com seus opositores. Os estudantes, entre 15 e 17 anos, em contrapartida estão mostrando que entendem de política e cidadania. Cabe à sociedade se informar atentamente a tudo que vem ocorrendo e decidir se está ao lado dos que jogam sujo ou de quem luta, não apenas por sua educação e futuro, mas por todas as próximas gerações.

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