Marchar e comunicar: dois jornalistas contam o que foi a caminhada do MST até Brasilia

Foto: Juliana Adriano | MST

Dos desafios colocados na minha curta trajetória de vida, ser militante do MST foi e é, sem dúvidas, o mais bonito e complexo deles. Eu, Agatha, me formei em jornalismo há pouco menos de 2 anos, mas já faço o que chamamos de comunicação popular, midiativista, alternativa, independente, há 5 anos. Contudo, nada do que eu tenha vivido me preparou para este momento de coordenar a equipe de produção de conteúdo da Coluna Prestes na Marcha Nacional Lula Livre e me descobrir e redescobrir enquanto juventude sem terra.

Foto: Juliana Adriano | MST

Foram dias de troca intensa, e de percepção aguçada. Era preciso preparar bastante os olhos e ouvidos para apreender todos os detalhes de estar no mar vermelho que tomava as ruas de Brasília. Nossa marcha que começou e não se encerra com a chegada ao STE serviu para que eu, finalmente, encontrasse uma resposta, ainda que provisória, para essa mistura entre ser povo sem terra e ser comunicadora popular.

No jornalismo, geralmente, a cobertura de um determinado evento de muitos dias exige foco e preparação. Eu, Juca, após quase duas décadas de jornalismo diário e intenso, me permiti quebrar essas duas regras para, literalmente, me jogar de cabeça na Marcha Lula Livre, organizada pelo MST e movimentos populares, que entre 10 e 15 de agosto protagonizou um dos eventos políticos mais impactantes desde a redemocratização do Brasil, em meados dos anos 1980.

Fiquei sabendo que iria para marcha pouco dias antes do início da caminhada que, para a minha coluna, começaria em algum ponto de Luziânia, no estado de Goiás. Lá se reuniu a Coluna Prestes, com marchantes dos estados do Sul e Sudeste.

Ok. Lá vamos nós…

Nosso olhar é a partir da Coluna Prestes. Duas outras colunas completavam a marcha, a Tereza de Benguela, dos estados do Centro Oeste e da região Amazônica, partiu de Engenho de Lages (DF; e a Ligas Camponeses, com marchantes dos estados do Nordeste, que saiu da cidade de Formosa (GO). Eu e meus colegas jornalistas do Centro Popular de Mídias (Brasil de Fato) de São Paulo partimos da capital paulista, de ônibus, no início da noite do dia 9 rumo aos três pontos de partidas, para nos juntarmos à comunicação do MST.

A viagem de ônibus leito, confortável, para a integração na marcha foi um momento de despedida, conversa e compartilhamento de expectativas. A situação política do Brasil, com níveis alarmantes de retrocessos e ataques à democracia, tão perto das eleições, nortearam boa parte das conversas. Além da alegria de poder conferir de perto a luta do MST por um projeto político popular para o Brasil com Reforma Agrária Popular, soberania e desenvolvimento sustentável. É o encontro com o que Brasil tem de mais rico, autêntico e bonito.

A maioria da comunicação do MST, que apelidamos de sistema sem terra de comunicação, já vinha construindo coletivamente desde o Acampamento Nacional da Juventude Sem Terra, e completaria 12 dias com a mochila nas costas, construindo a comunicação popular nas trincheiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

A marcha começa e se desenrola com o tremular do primeiro passo

A chegada no acampamento foi no dia 10, por volta das 11h30, não foram precisos mais do que 15 minutos de convivência para notar o comprometimento e a esperança dos trabalhadores rurais e militantes por um país melhor. O brilho de quem iria marchar por um ideal nobre estava no rosto de cada um dos milhares de marchantes da Coluna Prestes, que ocupavam as margens da BR 040.

Foto: Guilherme Imbassahy | Jornalistas Livres

Do outro lado da pista, uma enorme distribuidora da Coca-Cola era o contraponto simbólico do capitalismo, enquanto, em um das rodas de conversa dos marchantes, eu ouvia um trecho de conversa sobre a tentativa de privatização da água e o seu impacto na produção das pequenos agricultores. A marcha, acima de tudo, foi um espaço de troca de conhecimentos e histórias e experiências.

Já na primeira conversa com a equipe de comunicadores responsáveis pela produção de conteúdo da marcha, eu conheci os jovens companheiros, de várias regiões do Brasil, que iriam dividir comigo a responsabilidade de transformar em palavras e imagens toda aquela grandiosa e intensa experiência de vida e luta.

Além do colete laranja, nós todos tínhamos em comum a gana de não perder o registro de cada segundo importante da marcha e ir a fundo numa viagem pela vida e sonhos dos marchantes.

Como a alvorada do acampamento e o início da marcha estavam marcados para logo cedo no dia  11, bem antes do sol nascer, uma rotina constante em todos os dias da marcha, aproveitei o restinho da noite do dia 10 para conversar com os agricultores, vizinhos do bairro, motoristas, crianças e colegas comunicadores.

O que impressiona logo de cara é a organicidade do MST. As tendas gigantes, onde ficam as delegações dos estados e aqueles que não têm barracas, são montadas e desmontadas em uma velocidade incrível. Tudo é dividido por equipes e a solidariedade é uma constante. Desse modo, para qualquer lado que se olha dá para notar as equipes de segurança, disciplina, cozinha, limpeza, saúde, comunicação, entre outras, em ação. A sensação é a de se estar dentro de um magnífico relógio.

O balanço da marcha comprova essa sensação. Os cerca de 5 mil marchantes das três colunas, vindos de 22 estados, marcharam em linha, ao todo, 180 km, assistidos por 1,2 mil pessoas nas equipes de trabalho, principalmente na distribuição de água, atenção à saúde e segurança.

Nos acampamentos, foram servidas, em médias, 15 mil refeições por dia, feitas com 3,5 toneladas de alimentos saudáveis da Reforma Agrária. Além, é claro, de estrutura para banho, atendimento médico com práticas populares (foram cerca de 2 mil atendidos) e banheiros químicos.

Foto: Luiz Fernando | MST

O primeiro texto que produzi sobre a marcha, ainda na véspera de colocar o pé na estrada, foi com a estudante que curiosamente tem o mesmo sobrenome do ex-presidente Lula. A jovem Luaynne da Silva, de 19 anos, vive no assentamento Campo Alegre, em Nova Iguaçu no Rio de Janeiro. Ela me contou que decidiu ir para a marcha porque queria lutar por Justiça. “Sou uma pessoa de esquerda graças à formação política do MST. Os governos de esquerda fizeram muito pela educação no Brasil”, contou.

Enquanto isso, o meu companheiro, o fotógrafo David Robins, que mora no acampamento Pátria Livre, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), procurava o ângulo perfeito, do alto do morro, para fotografar a Luayanne. Além de muito talento para  fotos cheias de expressão e vida, David também abarca muitos sonhos. Um deles e montar um alambique no assentamento para produzir uma cachaça de arroz. “Não é um saquê. A minha ideia é fazer algo mais leve e com sabor marcante. Vou usar o arroz orgânico do MST que é um dos melhores do mundo”, me explicou com um sorriso do tamanho do planeta.

Na segunda tarefa da noite, eu e a fotógrafa Joyce Fonseca, que estudou jornalismo em Ouro Preto (MG), mas ama fotografar, fomos investigar qual era a reação da vizinhança com o acampamento da marcha. Batemos de porta em porta para puxar conversa, o sorriso leve e o jeito expansivo da Joyce deixou a missão de tocar as sinetas e bater palmas mais suave. Numas dessas casas, bem na rua de trás do terreno, conhecemos o cearense José Hilton Alves Batista, de 53 anos, que trocou o Ceará por Goiás, em busca de emprego e casa própria. A sua melhora de vida, segundo ele, tem relação com os governos de esquerda e programas sociais. “O pobre só teve condições de comprar um carro ou uma moto quando o Lula entrou. Antes, ele só andava de bicicleta ou de jegue”, disse.

Sob o sol da esperança

Se nossa organicidade sem terra impressiona à distância, na Marcha, até para nós do setor de comunicação do MST ela pareceu surpreender com respostas para as incertezas que um ato de porte nacional geram. O processo de tecer respostas e confiar, fiando e forjando nossa história coletivamente trouxe bastante unidade para a Coluna Prestes.

Foto: Matheus Alves | Levante Popular da Juventude

Nossos primeiros quilômetros de marcha foram emocionantes, a geada e o frio da madrugada junto com o gosto de café quentinho, preparado em panelas enormes, marcou o início da caminhada pelo asfalto da BR-040. A Coluna Prestes estava em marcha, o Brasil estava em marcha pela democracia.

O frio ia passando enquanto uma faixa alaranjada despontava à nossa direita, o sol nos fazia lembrar da figura de Luís Carlos Prestes, célebre comunista brasileira, conhecido como Cavaleiro da Esperança e homenageado com o nome da coluna. Dentro do meu coração eu sentia essa mística e sabia que meus companheiros, nas outras colunas, estavam sentindo o mesmo. 

Ana Prestes na Marcha Nacional Foto: Joyce Fonseca

Ao longo dos dias de marcha, a Coluna Prestes recebeu muito apoio e solidariedade. Por exemplo, a neta do Cavaleiro da Esperança, Ana Prestes, fez questão de marchar conosco.

Valparaíso de Goiás

A primeira parada da Coluna Prestes foi em Valparaíso de Goiás. Ficamos acampados em um terreno próximo a um shopping que tinha uma réplica enorme da Estátua da Liberdade, provavelmente o ponto turístico mais emblemático dos EUA de Donald Trump, encravada no estacionamento.

À noite, após o sol se pôr a nossa esquerda, a tocha da estátua se ascendia. Para evitar uma imagem de mau-agouro, eu mentalizava que a estátua representava a Liberdade de Lula, o nosso ex-presidente que desde o dia 7 de abril é mantido como preso político, com uma condenação injusta e sem provas, para não concorrer à Presidência.

Em Valparaíso de Goiás aconteceu também um ato político-cultural promovido pelo acampamento da coluna para a população da cidade, na noite de sábado.

O momento mais emocionante do ato foi o anúncio da doação feita pelo MST de 1.200 litros de leite, 1.200 kg de arroz orgânico e 500 kg de frutas e legumes para instituições de caridade da cidade, como a Apae e o lar dos Vicentinos, na periferia de Valparaíso. Ao todo, as três colunas doaram cerca de 4 toneladas de alimentos.

O ato também contou com as intervenções teatrais do Levante Popular da Juventude que. de forma bem humorada e alegre, apresentou os retrocessos e desmontes do governo golpista do Michel Temer. O ato foi uma grande celebração com a comunidade. O calor humano e a alegria espantaram o frio que, naquela parte do cerrado, é avassalador à noite.

Dias dos pais em marcha

Foto: Joyce Fonseca

No domingo, dia 12, foi o dia dos pais e a coluna estava logo cedo na estrada rumo a Santa Maria, cidade localizada dentro do Distrito Federal. Me lembrei da conversa que tive no dia anterior no meio da marcha com o agricultor Felipe Russo, 34 anos, de um assentamento do MST na região de Montes Claros, em Minas Gerais. Ele marchava com o seu bebê de um ano e dez meses no colo; era um pai marchante.

Ele me contou como o MST estava desenvolvendo um excelente projeto de sementes crioulas em três núcleos da região e a expansão da agroecologia.  “Estamos produzindo alimentos saudáveis para essa geração e para as gerações futuras”, disse. No domingo, a coluna chegou no local do acampamento, ao lado da área de proteção ambiental Córrego da Onça e da sede da Polícia Federal.

Foi um momento de descanso e mais bate-papo. Conversei com as amigas Mirriam e Diane que vieram do Quilombo do Baú, no norte de Minas,e com os militantes do MAB (Movimentos dos Atingidos por Barragens), outro movimento da Frente Brasil Popular, que participou da marcha. As estudantes de 15 anos e 17 anos contaram como é a vida no quilombo e a luta constante contra o racismo.

Elas falaram também sobre a campanha pela liberdade do líder quilombola Antônio Baú, preso injustamente há quatro meses e condenado há três anos e meio. “Prepararam uma arapuca para ele. Os fazendeiros, que querem tirar as terras do quilombo para explorar pedras semipreciosas, se juntaram com a polícia e prenderam o Antônio Baú por porte de arma, porém, ele estava na lista de ativistas dos Direitos Humanos vítimas de ameaças e, por conta do risco de um atentado, poderiam andar armadas para se defender. Além disso, a juíza que condenou ele e negou todos os pedidos de habeas-corpus tem ligação com os fazendeiros que fazem ameaças aos quilombolas”, disse. É notável a semelhança entre a história do Antônio Baú, que luta por seu povo e é perseguido pela Justiça, com a de Lula que também está preso injustamente.

O dia dos pais sempre foi uma data peculiar para mim. Como a maior parte da população brasileira, fui criada apenas pela minha mãe. No meio do nosso povo sem terra, eu via muitos pais com seus filhos e suas filhas durante a marcha, e de algum modo este foi o primeiro ano onde a data fez sentido. O companheiro Russo, do norte de Minas Gerais, estava sempre carregando a Nina, sua filhinha, e mais do que simplesmente cuidar dela, ele ajudava a construir a infância sem terra, ensinando diariamente para a Nina a importância de brincar, sorrir e lutar.

Há um elevado grau de esperteza e independência nas nossas crianças. Elas aprendem sobre agroecologia e a importância da luta pela terra desde o nascimento através do exemplo e do dia-a-dia das nossas áreas de acampamento e assentamento, e não se contentam com respostas simples para as questões da vida. Na ciranda, enquanto as brincadeiras aconteciam, elas conversavam sobre a condenação de Lula e a reforma agrária popular.

Candangolândia

No terceiro dia de estrada, com o sol bem forte e com camadas extras de protetor solar e creme hidratante, fomos em marcha para o próximo destino. Cada vez mais perto de Brasília.

Foto: Leonardo Milano

Como era uma segunda-feira e a paisagem mais urbana, com comércios e prédios residenciais na beira da estrada, o trânsito na BR-040 era mais intenso. Muitos carros e caminhões passavam buzinando e gritando para a marcha. Muitas das manifestações eram de apoio. Motoristas indo para o trabalho e caminhoneiros faziam o gesto-símbolo de Lula, a letra “L”como o polegar e o indicador da mão esquerda esticados.

Tivemos os ânimos renovados quando, num pequeno trecho de subidas, pudemos avistar ao longe, do lado esquerdo da paisagem, uma linha vermelha bem cumprida. Era a coluna Tereza de Benguela. A Coluna Prestes agitou as suas bandeiras e reforçou o grito de entusiasmo que vinha lá de longe.

Esse é o sentido real da expressão “nosso povo”. Ser sem terra é ser o mesmo povo que luta por terra, reforma agrária e transformação social em cada área do MST espalhada Brasil afora. É por isso que, mesmo de longe, esse povo se reconhece e se saúda. E é também por isso que a Dona Neusa, do Assentamento Dênis Gonçalves em Minas Gerais, se abriu tão facilmente comigo, me contando da luta dela para entrar no MST mesmo com o marido indo contra, e ainda me convidando para visitar o assentamento e comer um frango na casa dela.  

Durante este trecho da marcha vimos também um pouco do abismo social que assombra o Brasil. Na região conhecida como Park Way, bem perto de Brasília, fica uma sequência de condomínios de luxo com casas de alto padrão. A concentração de mansões protegidas por portões e grades enormes segue por quilômetros dos dois lados da rodovia.

Com toda certeza, a passagem da marcha dos agricultores em busca de Justiça e democracia ficou registrada no circuito de segurança das mansões. Mais adiante, na mesma rodovia, dava para ver a configuração simples e humilde, típica das periferias brasileiras, das casinhas da cidade-satélite chamada Candangolândia.

O nome candango era a forma pejorativa usada para chamar os trabalhadores da construção civil que vieram em busca de emprego nas obras de Brasília. Hoje, lá está a periferia, cheia de trabalhadores que ajudaram a erguer a capital federal com as próprias mãos e suor e não tem dinheiro para morar nela.

Foto: Marcelo Aguilar | MAB

Esse foi o pensamento que marcou o final do quarto dia de acampamento, terceiro de marcha na estrada, enquanto o sol ia caindo por trás de Candangolândia e a noite fria vinha chegando. Nas tendas coletivas, a solidariedade que nos ensinaram os cubanos era visível, os sem terra emprestavam o que lhes faria falta para ajudar a aquecer o companheiro que mais precisava. Quantos cobertores sobravam nas mansões, e faltavam nas periferias e nos barracos de lona?

Brasília Vermelha

No dia 14, muito cedo, a Coluna Prestes entrou em Brasília. Repetimos a luta que já foi vivida anos atrás pelo seu João José Rocha, 55 anos. Ele é do Assentamento Orlando Mulina, na região de Andradina, em São Paulo, e conta que na marcha de 1997 “foram 90 dias de caminhada por emprego e justiça. Nosso povo ia em fileiras, acreditando e feliz”.

O fôlego do Seu João, que não parou de marchar nem um ano sequer e esteve em Brasília contra o golpe sofrido por Dilma Rousseff, inspira. “Se hoje eu tenho meu pedacinho de terra, é pela luta do MST, e isso está no meu coração junto com as coisas boas que o Lula fez pelos trabalhadores”, conta.

Seu João. Foto: Marcelo Aguilar | MAB

O ritmo da marcha era forte e constante. As músicas do MST marcavam a cadência e a alegria em marchar. As bandeiras tremulavam como nunca e por onde passava, a marcha recebia saudações de apoio. Nem sinal dos golpistas. Na minha cabeça, o trecho “se o latifundiário tá querendo fazer guerra, estamos acampados, com facão, foice e machado para trabalhar na terra..” se repetia incansavelmente, e servia de resposta sobre o que fazer e como resistir no próximo período.

As forças policiais que acompanhavam a marcha, com medo do nosso povo, não eram tão organizadas quanto a nossa equipe de segurança, que manteve as fileiras do início ao fim da marcha. Nos olhos dos policiais dava para notar a expressão de susto com o tamanho, a diversidade e a coragem da marcha. Organicidade impõe respeito.

Entramos pela Asa Sul rumo a Asa Norte cortando de ponta a pontas as asas da aeronave imaginada por Niemeyer, outro comunista, defensor do socialismo e justiça social. Me senti completa ao ver o MST do Brasil inteiro reunido e, em meio à lágrimas, abracei meus companheiros de colete laranja com a sensação de dever cumprido, e aproveitei para rever a companheirada que, em cada canto do Brasil, segue com o mesmo canto de luta por reforma agrária.

Juca aproveitou para abraçar e cumprimentar as pessoas que entrevistou e conheceu na marcha. Falou de novo com a Regiane Souza Oliveira, 26 anos, estudante mineira que está morando no Rio Grande do Sul, enquanto cursa mais uma fase do curso de Agronomia, pelo Pronera (Programa Nacional de Educação da Reforma Agrária), programa de educação para assentados e acampados da Reforma Agrária. “Todos os governos de elite só olham para os mais ricos. Apenas os governos de esquerda é que implantam programas sociais que funcionam”, disse.

Outra marchante que ele teve a sorte de reencontrar no último dia de marcha, foi a estudante Letícia Pellenz, de 21 anos, de Paranacity. “É um momento histórico. Poder marchar para garantir a candidatura de quem a gente quer ver como presidente do Brasil”, disse. Ela mora em um assentamento onde funciona uma cooperativa de produção de leite e derivados da cana-de-açúcar. A estudante é da terceira turma do curso de veterinária do MST, em Pelotas (RS).

Durante toda a manhã da terça (14), as três linhas vermelhas das colunas da Marcha Lula Livre mudaram completamente a rotina de Brasília. Nos prédios e em cima dos viadutos, a população batia palmas e tirava fotos. A ocupação vermelha foi tomando forma.

Por volta das 11h30, logo depois da praça da Antena de TV, na asa Norte, finalmente, as três colunas se encontraram e foi maravilhoso. Assim como muitas das nossas companheiras e companheiros, fomos tomados pela emoção.

Nó na garganta e choro. Energia renovada ao sentir a força do “povo daqui, povo de lá” que “vai virar essa maré..”

Foto: Juliana Adriano | MST

 

Agatha Azevedo é jornalista, militante do MST e editora dos Jornalistas Livres. Juca Guimarães é jornalista e atua no Centro Popular de Mídias / Brasil de Fato.

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