Aproximando-se da votação final do processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff no Senado, levantamento da Paraná Pesquisas encomendado pela Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) mostra que a maioria dos paranaenses não querem a permanência de Michel Temer na presidência. Para 62,8% dos entrevistados, a solução para crise política e econômica é a realização de novas eleições. A pauta, inclusive, é defendida por Dilma, por meio de plebiscito, como arma para retornar ao poder. Já outros 11% defendem o retorno da presidente e fim do processo. Totalizando, significa que 73,8% dos brasileiros não querem Michel Temer, enquanto que 23,9% desejam que ele termine o mandato.
A pesquisa encomendada pela indústria também demonstra pessimismo dos paranaenses com relação a melhoria econômica no Brasil numa eventual continuidade do vice-presidente no poder. 65% dos entrevistados consideram que a situação econômica no Brasil está ruim e péssima. Esse percentual muito próximo ao percentual de setembro de 2015, quando a avaliação apontou índice de 26,5% para ruim e 42,2% para péssimo.
Diante dessa percepção negativa da economia brasileira, os entrevistados foram perguntados sobre a economia e a administração do país no período Temer. De acordo com a pesquisa, 23% acham que a administração melhorou, 20,6% que piorou e 52,6% que está igual a antes, ou seja, ruim ou péssimo. Já com relação à crise econômica, apenas 8,9% opinam de que está melhor do que com Dilma. Mas para 18,2%, houve piora no governo Temer. Enquanto que 70,8% dos entrevistados acreditam que a crise financeira está igual, seja com Dilma ou com Temer.
Por outro lado, para o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Sandro Silva, a promessa de austeridade fiscal após o impedimento de Dilma deve aumentar a sensação do brasileiro e do paranaense de que a crise vai aumentar. Para ele, apenas o mercado financeiro nutre esperança com a saída de Dilma: “O problema é para quem vai melhorar a economia e de que forma vai melhorar e em qual velocidade? Porque as medidas devem prejudicar a maioria da população, seja no trabalho, seja nos serviços prestados à população”, compara, tendo em vista o ajuste fiscal, os cortes em áreas como saúde e educação e a manutenção da taxa de juros.
Beto Richa desaprovado
A FIEP também pediu consulta sobre a imagem do governador Carlos Alberto Richa. Embora sua avaliação tenha melhorado de setembro de 2015 para agosto de 2016, a maioria dos paranaenses ainda rejeita seu segundo mandato. O de desaprovação caiu de 72,8% para 66,2%. Ou seja, dois em cada três paranaenses são contra a administração tucana. A desaprovação de Richa é maior entre a faixa etária entre 16 a 24 anos. 74,9% dos entrevistados repudiam o governador, revelando que o Massacre dos Professores, as ocupações nas escolas e os desvios de verbas na educação ainda estão frescos na memória.
Richa também tem números negativos com relação à crise econômica. Para os paranaenses, 82,8% concordam que o estado vive uma crise econômica. Dos entrevistados, 55,9% consideram que o governador é responsável por essa crise e que a administração está pior do que se esperava. Os paranaenses reclamam, principalmente, da falta de saúde (30,6%), segurança pública (16,4%) e educação (14,4%).