Líder indígena que participa de projeto na UFMT é entrevistado na TV

Takumã Kuikuro é um dos colaboradores do Projeto ÁudioZap Povos da Terra, que leva informações sobre a Covid-19 em arquivos de áudio nas línguas nativas para as aldeias em Mato Grosso

O cineasta Takumã Kuikuro participou no último dia 11 do programa de veiculação nacional Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo. Ele denunciou as queimadas que estão consumindo uma grande parte do Parque Indígena do Xingú, a falta de apoio às comunidades e o número reduzido de brigadistas indígenas para combater as chamas. Além de destacar os atos insuficientes por parte dos órgãos oficiais federais, Takumã ressaltou a importância do envolvimento de toda a população brasileira em ações de apoio aos povos que estão ameaçados pela pandemia de Covid-19 e também pelo grande número de queimadas em territórios indígenas e áreas de preservação permanente.

Takumã Kuikuro também é um dos colaboradores do Projeto ÁudioZap Povos da Terra, com informações sobre prevenção e cuidado com a Covid-19. O projeto de extensão da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT é um trabalho coletivo e voluntário desenvolvido em conjunto entre  lideranças indígenas, professores e alunos dos cursos de comunicação. Toda semana, novos programas curtos (entre seis e nove minutos) trazem temas diferentes, como a importância do uso da máscara e do isolamento social, mesclando o português e o idioma de cada nação indígena. Os programas são distribuídos como arquivos de áudio nas aldeias e nas cidades por meio do WhatsApp pelos próprios líderes indígenas que contribuem com as narrações ou comentários sobre os assuntos tratados.

Takumã Kuikuro, por exemplo, participou do primeiro episódio do projeto relatando a experiência do Povo Kuikuro, na Aldeia Ipatse, na prevenção e combate à Covid-19, em que os próprios membros da comunidade se anteciparam e tomaram a frente no trabalho de prevenção, campanhas de arrecadação de materiais e alimentos e na conscientização da comunidade sobre como evitar o contágio e a transmissão do novo coronavírus. A ineficiência das ações e a falta de interesse do governo federal também foram destacadas como fatores relevantes que dificultaram ainda mais o trabalho de enfrentamento da pandemia.

O Projeto ÁudioZap Povos da Terra, que atende a comunidades de sete etnias de povos indígenas localizadas em Mato Grosso, já está na sua sétima edição. Além da distribuição de celular para celular pelos próprios indígenas, os materiais de cada episódio e em cada língua também são disponibilizados por meio de um site e de perfis nas redes sociais, usando a internet como ferramenta para facilitar a distribuição dos áudios também para as rádios comunitárias de Mato Grosso.

Para a professora Andréa Ferraz, que é coordenadora do projeto de extensão, a participação dos líderes indígenas na narração, comentários e distribuição dos programas do ÁudioZap Povos da Terra é fundamental para seu sucesso.

“A própria ideia original do projeto é de Isabel Teresa Cristina Taukane, a primeira indígena com doutorado em Comunicação e Cultura pela UFMT”, diz a professora. “Sem a sua participação e protagonismo, assim como a de todos os demais indígenas que fazem as narrações em seus idiomas, colaboram com comentários, a exemplo de Takumã Kuikuro, e repassam os áudios aos parentes, jamais conseguiríamos formatar a informação especificamente para os públicos pretendidos e muito menos alcançar pessoas que podem estar isoladas em aldeias distantes”.

Para baixar os áudios e ter mais informações sobre o Projeto de Extensão ÁudioZap Povos da Terra, acesse:

https://wordpress.com/home/audiozappovosdaterra.wordpress.com

https://www.facebook.com/Audiozap-Povos-da-Terra-105723937927278

https://www.instagram.com/audiozappovosdaterra/

https://www.spotify.com/br/account/overview/?utm_source=spotify&utm_medium=menu&utm_campaign=your_account

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

Regime de urgência para retirar a “função social da terra” da lei 8629/1993 é aprovado a toque de caixa

O projeto é visto como tentativa da bancada ruralista de enfraquecer a reforma agrária e flexibilizar normas ambientais e sociais, favorecendo o agronegócio e grandes proprietários. Especialistas alertam que a medida pode aumentar a concentração fundiária, expulsar comunidades tradicionais e comprometer a justiça agrária e ambiental, agravando desigualdades e conflitos no campo.

Sobre a crise na UERJ

Por RODRIGO PEREZ OLIVEIRA, professor de História na UFBA Ao longo das últimas semanas, vimos acontecer aquela que talvez tenha sido a maior crise em