Conecte-se conosco

mulheres negras

Ketellen Gomes, cinco anos, a 6ª criança morta por bala perdida no Rio

Publicadoo

em

Por Gil Alessi , Via El País    São Paulo 13 NOV 2019

violência armada no Rio de Janeiro fez uma nova vítima nesta terça-feira. Ketellen Umbelino de Oliveira Gomes, 5, foi atingida por uma bala perdida quando ia para a escola acompanhada da mãe, em Realengo, zona oeste da cidade. Ela chegou a ser levada para o hospital Albert Schweitzer, mas não resistiu. Além de Ketellen, Davi Gabriel Martins do Nascimento, 17, também foi morto por um projétil de arma de fogo. De acordo com a Polícia Militar, os disparos que mataram ambos foram feitos a partir de um veículo que passava pelo local —os ocupantes ainda não foram identificados.

A jovem engrossa uma triste estatística fluminense: é a sexta criança morta por bala perdida no Rio de Janeiro neste ano. Em fevereiro, Jenifer Gomes, de 11 anos, foi baleada em Triagem, na zona norte da cidade. Um mês depois foi a vez de Kauan Peixoto, 12, ser morto durante uma operação da Polícia Militar na Chatuba, Baixada Fluminense. Maio foi marcado pela morte de Kauã Victor Rozário, 11, na Vila Aliança, em Bangu, enquanto ele andava de bicicleta —PMs são suspeitos do crime. Em setembro Kauê Ribeiro dos Santos, 12, morreu ao ser atingido por disparo na cabeça no Complexo do Alemão (familiares dizem que ele foi morto por policiais). Por fim, a pequena Ágatha Félix, de 8 anos, foi morta em outubro também no Complexo do Alemão, enquanto estava em uma van. Outras dez crianças foram atingidas este ano, mas sobreviveram, segundo a plataforma Fogo Cruzado.

Estes episódios de violência, que geralmente aconteceram em consequência de ações policiais nas comunidades, colocaram o governador Wilson Witzel (PSC) na mira dos críticos —ainda que no caso de Ketellen não haja evidências até o momento disso. Ele sempre foi um defensor do enfrentamento entre forças policiais e tráfico, independentemente do impacto que essa política possa ter para os moradores. Durante o mandato de Witzel também dispararam as mortes cometidas por agentes do Estado: houve um aumento de 16% nos primeiros oito meses de 2019 com relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo estudos, mais de 90% das mortes cometidas por policiais em operações não são devidamente investigadas e acabam arquivadas, um estímulo à impunidade. Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Autos de Resistência (nome dado para ocorrências com morte envolvendo PMs) da Assembleia do Rio, de 2018, concluiu que 98% dos casos ocorridos entre 2010 e 2015 foram arquivados.

O caso de Ágatha foi emblemático deste padrão: de acordo com a revista Veja, entre 10 e 20 policiais invadiram o hospital para onde ela havia sido socorrida e exigiram dos médicos a bala retirada de seu corpo, o que não conseguiram. A conclusão óbvia é que eles buscavam dificultar a apuração do caso, e a munição poderia apontar para um disparo feito por agente do Estado.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, chegou a propor em seu pacote Anticrime a ampliação do excludente de ilicitude (ocasiões nas quais o policial poderia matar sem responder criminalmente). O texto elaborado pelo juiz previa, por exemplo, que o PM que matar agindo sob “forte emoção” não seria processado. Alvo de críticas, este trecho foi suprimido pelos parlamentares. Uma versão da proposta deve ser votada ainda este ano no Congresso.

Continue Lendo
Click para comentar

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Campinas

Famílias da Comunidade Mandela fazem ato em frente à Prefeitura de Campinas

Publicadoo

em

Comunidade Mandela Luta por Moradia

Em busca de uma solução, mais uma vez, moradores tentam ser atendidos

Os Moradores da Comunidade Mandela  fizeram nesta quinta-feira (17), um ato de protesto em frente à Prefeitura  de Campinas. O motivo da manifestação  é o   impasse  para o  problema da moradia das famílias que se arrasta desde 2016. E mais uma vez,  as famílias sem-teto  estão ameaçadas pela reintegração de posse, de acordo com despacho  do juiz  Cássio Modenesi Barbosa, responsável pelo processo a  sua decisão  só será tomada após a manifestação do proprietário.
Entretanto, o juiz  não considerou as petições as Ministério Público, da Defensoria Pública que solicitam o adiamento de qualquer reintegração de posse por conta da pandemia da Covid-19, e das especificidades do caso concreto.
O prazo  final   para a  saída das famílias de forma espontânea  foi encerrado no dia 31 de agosto, no dia  10 de setembro, dez dias depois de esgotado o a data  limite.

As 104 famílias da Comunidade ” Nelson Mandela II” ocupam uma área de de 5 mil metros quadrados do terreno – que possui 300 mil no total – e fica  localizado na região do Ouro Verde, em Campinas . A Comunidade  Mandela se estabeleceu  nessa área em abril de 2017,  após sofrer  uma violenta reintegração de posse no bairro Capivari.

Negociação entre o proprietário do terreno e a municipalidade

A área de 300 mil metros quadrados é de propriedade de Celso Aparecido Fidélis. A propriedade não cumpre função social e  possui diversas irregularidades com a municipalidade.

 As famílias da Comunidade Mandela já demonstraram interesse em negociar a área, com o proprietário para adquirir em forma de cooperativa popular ou programa habitacional. Fidélis ora manifesta desejo de negociação, ora rejeita qualquer acordo de negócio.

Mas o proprietário  e a municipalidade  – por intermédio da COAB (Cia de Habitação Popular de Campinas) – estão negociando diretamente, sem a participação das famílias da Comunidade Mandela que ficam na incerteza do destino.

As famílias querem ser ouvidas

Durante o ato, uma comissão de moradores  da Ocupação conseguiu ser liberada  pelo contingente de Guardas Municipais que fazia  pressão sobre os manifestantes , em sua grande maioria formada pelas mulheres  da Comunidade com seus filhos e filhas. Uma das características da ocupação é a liderança da Comunidade ser ocupada por mulheres,  são as mães que  lideram a luta por moradia.

A reunião com o presidente da COAB de Campinas  e  Secretário de  Habitação  – Vinícius Riverete foi marcada para o dia 28 de setembro.

Continue Lendo

Campinas

Em meio à Pandemia a Comunidade Mandela amanhece com ameaça de despejo

Publicadoo

em

O dia de hoje (31/08) será decisivo para as 108 famílias que vivem na área ocupada na região do Jardim Ouro Verde em Campinas, interior de São Paulo.  Assim sendo, o último dia do mês de agosto, a data determinada como prazo final para que os moradores sem-teto deixem a área ocupada, no Jardim Nossa Senhora da Conceição.   A comunidade está muito apreensiva e tensa aguardando a decisão do juiz  Cássio Modenesi Barbosa – da 3ª Vara do Foro da Vila Mimosa que afirmou só se manifestar sobre a suspensão ou não do despejo na data final, tal afirmativa só contribuiu ainda mais para agravar o estado psicológico e a agonia das famílias.

A reintegração é uma evidente agressão aos direitos humanos  dos moradores e moradoras  da ocupação, segundo parecer socioeconômico  do Núcleo  Habitação da Defensoria Pública do Estado de São Paulo . As famílias não têm para onde ir e cerca de entre as/os moradoras/es estão 89 crianças menores de 10 anos, oito adolescentes menores de 17 anos, dois bebês prematuros, sete grávidas e 10 idosos. 62 pessoas da ocupação pertencem ao grupo de risco para agravamento da Covid-19, pessoas idosas e com doenças cardiológicas e respiratórias, entre outras podem ficar sem o barraco que hoje as abriga.

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo, a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara de Campinas e o Ministério Público (MP-SP) se manifestaram em defesa do adiamento da reintegração durante a pandemia. A Governo Municipal  também  se posicionou favoravelmente  a permanência após as famílias promoverem três atos de protesto. Novamente  a  Comunidade  sofre com a ameaça do despejo. As famílias ocupam essa área desde 2017 após sofrem uma reintegração violenta em outra região da cidade.

As famílias

Célia dos Santos, uma das lideranças  na comunidade relata:

“ Tentamos várias vezes propor  a compra do terreno, a inclusão das famílias em um programa habitacional, no processo existem várias formas de acordo.  Inclusive tem uma promessa que seriam construídas unidades habitacionais no antigo terreno que ocupamos e as famílias do Mandela  seriam contempladas. Tudo só ficou na promessa. Prometem e deixam o tempo passar para não resolver. Eles não querem. Nós queremos, temos pressa.  Eles moram no conforto. Eles não têm pressa”

Simone é mulher negra, mãe de cinco filhos. Muito preocupada desabafa o seu desespero

“ Não consigo dormir direito mais. Eu e meu filho mais velho ficamos quase sem dormir a noite toda de tanta ansiedade. Estou muito tensa. Nós não temos para onde ir, se sair daqui é para a rua. Eu nem arrumei  as  coisas porque não temos nem  como levar . O meu bebê tem problemas respiratórios e usa bombinha, as vezes as roupinhas dele ficam sujas de sangue e tenho sempre que lavar. Como vou fazer?”

Dona Luisa é avó, mulher negra, trabalhadora doméstica informal e possui vários problemas de saúde que a coloca no grupo de risco de contágio da covid-19. Ela está muito apreensiva com tudo. Os últimos dias têm sido de esgotamento emocional e a sua saúde está abalada. Dona Luisa está entre as moradores perderam tudo o que possuíam durante a reintegração de posse em 2017. A única coisa que restou, na ocasião, foi a roupa que ela vestia.

“ Com essa doença que está por aí  fica difícil  alguém querer dar abrigo  para a gente. Eu entendo as pessoas. Em 2017 muitos nos ajudaram e eu agradeço a Deus. Hoje será difícil. E eu entendo. Eu vou dormir na rua, junto com meus filhos e netos.
Sou grupo de risco, posso me contaminar e morrer.
E as minhas crianças? O quê será das crianças? Meu Deus! Nossa comunidade tem muitas crianças. Esses dias minha netinha me perguntou onde iríamos morar? Eu me segurei para não chorar na frente dela. Se a gente tivesse para onde ir não estaria aqui. Não é possível que essas pessoas não se sensibilizem com a gente.
Não é possível que haja tanta crueldade nesse mundo.”

Continue Lendo

Desigualdade

Nove, o botão da morte!

Publicadoo

em

Elisa Lucinda

Na palavra elevador, agora, só vejo o pequeno Miguel, penso no menino Miguel, o anjo preto, só rezo Miguel, combato com Miguel! Afinal de contas por que ela apertou o botão nove se o garoto ia para o térreo? Quem é aquela que a câmera mostra? O que a cena revela? Mostra o menino quase fugindo daquela pessoa, era uma escapada dela, me pareceu. Sari pensa um segundo e aperta o 9. Este ato, para mim, faz o crime migrar para doloso.

À medida que, no pensamento dela, pessoas negras valem menos. Está convicta de que aquela pessoa “de cor” é uma sub pessoa. Entre Miguel e um menino branquinho, este último vale mais, é de uma raça melhor, ou melhor, é da melhor raça. Tal qual o cachorro da madame. A cena da doméstica indo caminhar com o cachorro da patroa deixando seu filho com a madame me remete ao menino que era tirado do peito da escrava. O filho preto está sendo amamentado, mas é tirado do peito porque o filho da sinhá está chorando de fome e precisa da SUA ama de leite. Ela tem que tirar o filho dela do seio para dar comida ao filho da sinhá. Ela tem que deixar o filho dela chorando para levar o cachorro da patroa. Não estou comparando o filho da patroa com o cachorro, mas estou comparando importâncias.

É chocante que haja quem ainda não entenda que o fundamento desse gesto é o racismo. Ela não faria isso, provavelmente, com filho de uma amiga. Outra pergunta que paira no ar: por que menino foi pelo elevador de serviço? Criança vai por qual elevador? O que é o elevador de serviço, qual é a sua função? É pra que categoria? Muito estranho que tenhamos que provar sempre o doloso dessa violência institucionalizada contra nós. Ela têm intenção de nos matar. Nossas vidas não importam. O racismo estrutural organiza um funcionamento necropolítico que tenta há séculos o extermínio do povo negro, e vem sendo doloso há muito tempo porque quem nos mata tem privilégios com as oportunidades que nos negam e com a nossa morte.

Bem, no caso de George Floyd a flagrante prova de que foi homicídio com dolo, com vontade, com querer, está na imagem: ninguém vai ficar nove minutos em cima de um homem indefeso com o joelho sobre o pescoço dele, se não quiser matá-lo, principalmente sendo essa pessoa um policial que sabe bem como matar, onde matar e até que ponto seguir ou parar. Mesmo filmado o frio assassinato com o policial Derek Chauvin de mão no bolso, executando gelidamente a vítima, ainda assim, não se estampa uma imagem aos olhos do mundo de que estamos diante de um branco sanguinário matador e matador de um homem desarmado. Acontece que a supremacia branca tratou de livrar a sua barra de tal jeito, que mesmo a gente tendo sabido há anos de grandes transações corruptas articuladas e realizadas por altos homens brancos, quando se senta à mesa diante de qualquer homem branco, se tem respeito, não se tem medo de ser passado pra trás. O “filme“ do branco continua limpo. Impressionante.

Ano passado fui trocar a tela do meu celular, um funcionário me deu um preço de manhã, o outro me deu outro preço quando fui autorizar de tarde. Eu vi. Ele não sabia que eu já sabia do preço certo e mentiu. Mas era cem a menos mais cedo, protestei. Ele quase sorriu, sem-graça. Flagrante. Na minha cara. O branquinho querendo me passar a perna e mesmo assim ninguém fala: Mas ô branco bandido! Ladrão. Fica difícil manchar seu nome, queimar seu filme, sujar sua barra. Então, a primeira dama de Tamandaré, Sari Gaspar não conseguiu acolher uma criança por dez minutos enquanto a mãe cumpria suas ordens? Percebe como esta cena revive o trágico e cotidiano dia a dia das senzalas onde mães choraram dores que não estão nos livros. Aquela cena sagrada da amamentação foi muitas vezes cortada na base da chicotada, na alma do coração materno e na do bebê. Essa conta não foi para a estatística. Não conta. Para a sinhá pouco importava que a cena fosse interrompida, porque uma vidinha negra não importava. E isso não mudou. Assim pensavam os antepassados de Sari Gaspar e assim pensa ela. Quando a empregada doméstica sai com o seu cachorro e deixa o próprio filho, é também uma troca de partir o coração. Quando alguém nos confia um filho, temos ouro nas mãos e a responsabilidade dobra, porque quando a mãe vier , temos que dar conta da criança, seu tesouro. Isso não está em nenhuma cartilha, mas por empatia, podemos todos entender facilmente o dogma. No entanto, o que vemos no vídeo, é a acusada, a branca vilã do filme, meio que correndo atrás do menino, sem cara de bons amigos e, pior que tudo, disposta a mudar ali um destino. Essa leitura me ocorreu quando vi o tempo em que ela para, pensa, e decide apertar o botão do nono andar.

As matérias até agora dão conta de que: a empregada estava trabalhando na quarentena, em meio à indicação de isolamento social, juntamente com uma manicure que se encontrava também indevidamente no apartamento, que a doméstica e sua mãe eram contratadas pela prefeitura e, para completar, ainda há um rumor de que a sinhá estaria inscrita na lista dos que podem receber auxílio emergencial. A mulher do prefeito!!!A que paga a fiança. A pior parte da lista de crimes, foi vê-la acompanhar o menino até o elevador de serviço e apertar o botão da morte. A mãe estava no térreo, o elevador social não dava na área perigosa em que o menino foi metido. Em inúmeras famílias brasileiras ainda se pode ver os filhos dos empregados da casa agindo como empregados, escravinhos das crianças da casa, dos filhos dos patrões. Aquela vida negra valia pra a madame tanto quanto não valia o menino que a mãe parava de amamentar na senzala para alimentar a boquinha da casa grande. Quem ela exclui como um saco de lixo no elevador de serviço é o mesmo que não está nos comerciais de tv como um bebê lindo, saudável. É o mesmo invisível que ela “não vê “ num calçadão de Recife ou de Ipanema. Crianças pretas abandonadas nas ruas, pra essa gente, estão ali porque mereceram. “São incapazes, está na índole.“ A nossa elite escrota, obscurantista, vingadora, hipócrita, corrupta, racista nem sempre esconde sua pior face e a exibe por exemplo, através do explicitado naquele vídeo que viralizou mostrando um morador de Alphaville, alterado, mal educado, grosseiro, descontrolado, esfregando na cara do oficial que ele ganha trezentos mil por mês contra mil daquele operário. Excelente ilustração. A esposa pediu socorro pois ele estava agressivo e ameaçador. A polícia veio, e a elite a escorraçou humilhantemente de sua porta. Não ouvi ninguém da branquitude dizer, mas que branco escroto! Mesmo merecendo, mesmo parecendo ser o caso. Da mesma maneira que os policiais que estavam em volta do crime do George Floyd são seus cúmplices, também são cúmplices da Sari Gaspar todos que pensam como ela e que são negligentes cruéis com os filhos da “criadagem.”

André Rebouças, grande engenheiro e pensador do Brasil livre, propôs, através de seu “Republica Nacional”, uma distribuição de terra, uma reforma agrária exatamente como programa de pós abolição. A idéia era dar pequenas propriedades para os pretos alforriados, com o fim da escravatura. Afinal, é como ele dizia: “quem possui a terra, possui o homem.” Os antepassados de Sari Gaspar, sejam eles italianos, alemães, espanhóis, holandeses, receberam terra para trabalhar quando aqui chegaram, ao contrário dos negros do pós abolição que tinham sido sim, propriedades dos senhores e nunca teriam direito fácil a alguma território legítimo. Deu no que deu. A casa grande que sempre desprezou as leis, exibe sua ignorância homicida e paga vinte mil por tirar a vida de uma criança. Que vergonhoso e assustador negócio. Coisa que esfrega na cara da sociedade essa lança, essa indecência, coisa que se fosse ao revés, essa doméstica estaria em péssimos lençóis e sem direito à fiança até. Espero que os advogados da família do Miguel atentem para o gesto em que ela apertou o 9, com uma criança de cinco anos dentro do elevador que provavelmente não tinha costume de andar naquilo. Acredito que ela tenha dispensado a ele menos atenção e valor do que se conferiria a um filho branco de uma amiga, principalmente de sobrenome importante lá pras bandas de Pernambuco. Seu crime pra mim é doloso, sua negligência não considerou aquela vida. Ela pôs o menino em risco e perigo. Abusou do incapaz. E provocou sua morte. Já vimos aquela cena, e ela deve acontecer muito por aí. A madame desta vez deu azar porque esse é o assunto da hora e o tempo de agora é de gente fazendo protesto na porta de racista. Quem me lê corra atrás do prejuízo pois há um longo caminho a percorrer para os escravocratas. Ou se é antirracista ou se suja as mãos com sangue preto inocente. A morte de Miguel em Recife me mostra isso. Quando Sari Gaspar pôs o menino sozinho no elevador de serviço provou seu desprezo por ele, e total descaso ainda, pela antiga lei do ventre livre, de 1871, a partir da qual o filho de escravo não era escravo mais não. Avante, neo abolicionistas daqui e do mundo! Ou o antirracismo geral e atuante fará diferença substancial nesta democracia, ou então, esta democracia não será nada!

Elisa Lucinda, junho injusto de 2020

Continue Lendo

Trending