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Democracia

Jovem acusa nova ministra dos Direitos Humanos de querer ocultar estupro cometido por Marcos Feliciano

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jovem jornalista Patrícia Lélis23que denunciou em agosto de 2016 o deputado federal Marco Feliciano (ex-PSC, atual Podemos) por estupro, cárcere privado, sequestro e danos morais, publicou no último 1º de dezembro em seu Facebook que a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos escolhida por Jair BolsonaroDamares Alvessempre soube destes supostos crimes, anexando, ao post, prints de uma conversa entre as duas por Whastapp. A jovem a acusa de querer esconder o estupro e todos os crimes supostamente cometidos por Feliciano, assim como os do senador Magno Malta (Partido da República), a quem Damares prestou assessoria parlamentar durante os seus mandatos, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), ex-namorado de Patrícia, que a ameaçaram para se calar sobre o caso.

 

De acordo com a postagem, por diversas vezes, a agora ministra, que também é pastora e advogada, pediu para que Patrícia não contasse a ninguém sobre o estupro. “Na Polícia Federal, falei sobre todos que sabiam do meu caso, e também deixei o celular para perícia. E digo mais: Ela não sabe apenas do meu caso, sabe de muitos, mas como sempre tenta silenciar as vítimas. Esses são os cidadãos de bem do governo Bolsonaro. Aos pais que frequentam a igreja e colocam pastores acima de tudo, eu só peço que tenham cuidado e escutem mais seus filhos, eles podem estar sofrendo assédio, estupro e ameaças para ficarem calados”, alertou Patrícia.

A futura ministra, que ainda nem assumiu o cargo, já marca presença nas mídias tradicionais com frases como essa:

“Hoje, a mulher tem estado muito fora de casa. Costumo brincar como eu gostaria de estar em casa toda a tarde, numa rede, e meu marido ralando muito, muito, muito para me sustentar e me encher de joias e presentes. Esse seria o padrão ideal da sociedade. Mas, não é possível. Temos que ir para o mercado de trabalho…”

Ela fala como se as mulheres que o trabalho doméstico não fosse um tipo de trabalho (pesado, por sinal). Fala como se o trabalho fora de casa não tivesse nenhuma relação positiva com liberdade e emancipação, capacidades e igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. 

Para Patrícia, Damares enviou uma mensagem com o intuito de constrangê-la e calá-la sobre os estupros:

“Patrícia, pense um dia em usar sua visibilidade para também dar voz a elas (às crianças). Precisamos de todo apoio para aprovar nossa lei. Li uma matéria triste sobre você. Saiba que meu silêncio em relação a você é necessário. Mas, de longe, estou acompanhando tudo e quero o melhor para você e sua mãe. Oro para que tudo isto acabe logo. Entrei nesta história quando a Marisa mandou você me procurar. Não pude fazer nada na época por você senão orar. Continuo orando. Se cuida, Patrícia. Se cuida. Deus é Deus, nunca se esqueça disso. Esta fase vai passar.”

Indignada com a resposta omissa da advogada e assessora parlamentarPatrícia se posicionou contra a religiosidade oferecida pela ministra:

“Espero de coração que essas crianças fiquem bem, pois elas não tem culpa de onde nasceram, ou do que passam na vida delas. O que é lastimável. Porém, mesmo com todo meu desejo que essas crianças fiquem bem, também desejo que elas fiquem longe de qualquer tipo de religiosidade, e também de pessoas religiosas. Jamais me manifestarei novamente sobre algo, pedindo orações, pois sinceramente senti na pele que de nada resolve, e no meio cristão estão as piores pessoas, e também as mais sem caráter. A começar por Feliciano, Marisa Lobo, e Sara Giromini. Sobre o seu silêncio, não cabe a mim dizer nada, cada um age da forma que mais lhe convém.” 

Na sequência, a ministra fala sobre as crianças indígenas suspostamente estupradas, assim como Patrícia e as demais mulheres da igreja.

Patrícia, eu amo as crianças indígenas e elas são a razão da minha vida, eu as amo muito e oro por elas. Outra coisa: no meio religioso tem gente boa e gente ruim. Como tem em todo lugar. Você, com certeza, no meio religioso encontrou gente boa ao longo de sua vida. Gente que te amou e te ama. Gente que torce por você. Eu encontrei pessoas que te elogiaram muito dentro de uma igreja, mas muito mesmo. Você era muito talentosa na igreja. Patrícia, quanto a mim e a você, esta é uma história para depois. Mas se tu soubesses o que estou passando por ter ficado do seu lado. Se tu soubesses de tudo que já sofri e olha que fiz tão pouco por você. Eu apenas te ouvi duas vezes e depois ouvi sua mãe. Não fiz nada mais que meu coração de mãe e mulher mandou fazer naquele momento que era lhe ouvir e ouvir sua mãe. Talvez tivesse que ter feito mais. Muito mais.”

Em outro trecho, ela diz:

“Sua resposta pra mim soou como hostil. Não achava que você tivesse triste comigo ou guardasse mágoa de mim. Pelo contrário. Achei que você tivesse visto em mim alguém que orava por você e torcia pra que tudo isto acabasse logo. Mas tudo bem. Vamos caminhar. Já sofri demais com esta história também. Continuo aqui se você precisar. Deus a abençoe. Tudo isto vai passar.”

A jovem se defende:

 

“Não fui hostil, não entenda assim. Eu tenho raiva de todas as pessoas que sabiam, e se mantiveram omissas e não me ajudaram. Sobre eu ser talentosa na igreja, bom…sempre fui boa em tudo que faço, e sinto um ódio profundo por ter nascido nesse meio tão podre e moralista! A igreja me adorava enquanto eu fazia o que me era imposto, o que era ‘bonito aos olhos dos irmãos’. Mas, quando decidi pôr um ponto final em tudo que o Feliciano me fazia, todos me viraram as costas. Quando te procurei, sinceramente, era um momento em que o Feliciano colocava o Bauer atrás de mim, e tudo que eu queria era ficar longe dele! E se você passou por algo ao me defender, imagina o que eu passo todos os dias. É uma soma de tentar me defender + provar na Justiça que não peguei dinheiro + tentar esquecer que fui abusada e agredida pelo Feliciano. Já pensou sobre isso? Sinceramente jurei que você me ajudaria, pois várias pessoas me disseram que, por você ser assessora do Magno Malta, poderia me ajudar. E tudo o que tive em troca foi omissão. Você mesma disse a mim que sabia de casos absurdos do Feliciano, e como você se tornou omissa a tudo isso? Olha pelo que eu passei e estou passando! Mais uma vez tenho a certeza que pessoas evangélicas não se importam com vítimas de crimes, mas sim com dinheiro, fama, holofotes e uma suposta moral da igreja. 

Na mesma semana, Patrícia também publicou em seu perfil do Facebook uma conversa em vídeo entre ela, sua mãe e uma pastora da mesma igreja de Marco Feliciano conhecida por Dani Alexandria, que confirma ter sido amante dele, além de cúmplice nas ocultações dos estupros e coações, já que era ela mesma quem oferecia dinheiro às vítimas para que se calassem, não denunciando o deputado, assim como ofereceu à Patrícia. Assista ao vídeo na íntegra aqui.  https://www.facebook.com/927456067309372/posts/1981449791909989/

Em entrevista exclusiva aos Jornalistas Livres, feita por Viviane Ávila, Patrícia Lelis conta como conheceu a ministra Damares Alves, a pastora Dani Alexandria, e fala sobre a relação delas com Marco Feliciano, Magno Malta, a igreja neopentecostal e suas vertentes. 

 

Jornalistas Livres: Como começou sua relação com a pastora Damares Alves? 

Patrícia Lelis: Eu conheci a Damares dentro do PSC e sempre tive um bom relacionamento com ela. Quando parei de ir trabalhar na câmara por conta do estupro, logo nos primeiros dias ela me procurou, porque a Marisa Lobo, então psicóloga do Feliciano, já sabia do caso e pediu a ela para que conversasse comigo. Na mesma semana em que ela me procurou eu fui até o gabinete do Magno Malta, onde ela trabalhava, e conversamos. Mostrei todas as conversas, inclusive cheguei a atender uma ligação do Feliciano na frente dela. Ele me ligava com muita frequência, pois as pessoas na Câmara já estavam estranhando a minha ausência repentina. Foi então que ela me disse que tinha certeza sobre o estupro e que não duvidada da minha palavra e dos fatos, pois ela e a Marisa Lobo sempre ajudavam mulheres mais ou menos da mesma idade que a minha que também tiveram “problemas”, leia-se: estupro, com o Feliciano. Desde que ficou sabendo, a Damares me ligava todos os dias, segundo ela, para saber se eu estava bem. Também ligava para minha mãe para saber se eu tinha contado algo a minha família. Desde o início, ela me pediu para não contar nada, porque não poderíamos escandalizar a igreja e muito menos dar assunto para esquerda falar sobre os atos da então direita política e dos pastores. Eu ficava devastada a cada ligação que ela fazia e me perguntava se eu estava bem, mas logo em seguida ela me perguntava se eu tinha contado ou mostrado as provas para alguém.

Jornalistas Livres: E qual a sua relação com a outra pastora, Dani Alexandria, do vídeo que você publicou no Facebook no último dia 2? Como se conheceram? Eram da mesma igreja?  
 
Patrícia Lélis: A pastora Dani era da mesma igreja do Feliciano, em São Paulo. Ela me procurou via mensagem no Instagram, disse que tinha várias provas contra o Feliciano e que queria denunciar. Inicialmente eu achei que se tratava de outra vítima de estupro.

Jornalistas Livres: Mas, de acordo com o vídeo, a pastora Dani era amante dele e recebia dinheiro para manter segredo sobre o caso deles e ainda oferecia dinheiro a mando de Feliciano para meninas que eram estupradas se calarem… Por quem essas meninas eram estupradas? Por membros da igreja ou por ele mesmo? 
 
Patrícia Lélis: Exato. Eles eram amantes, Feliciano dava uma “mesada” a ela….e quando ele queria ter relações sexuais com outras mulheres, ela o ajudava a chegar nessas mulheres e, quando elas recusavam, o Feliciano abusava, estuprava. E a pastora Dani vinha logo depois oferecendo dinheiro para essas meninas não contarem o que ocorreu, e sempre com o mesmo papo de “não foi estupro, ele é um homem de Deus…”.

Jornalistas Livres: Quantos processos você move contra Feliciano e por quais razões? 
 
Patrícia Lélis: Um processo criminal, que é sobre o estupro, cárcere privado e sequestro, e um de danos morais. 

Jornalistas Livres: Você também move processo contra Eduardo Bolsonaro, não é? Vi matéria sobre ameaças que ele teria lhe feito pelo whatsapp…   

 
Patrícia Lélis: O processo de ameaça do Eduardo Bolsonaro foi aberto pela própria PGR logo após perícia no meu celular. Desde o dia em que o Eduardo, assim como outras pessoas do PSC ficaram sabendo do estupro do Feliciano, todos, sem exceção, tentaram me coagir a receber dinheiro em troca do silêncio, e quando viram que eu não aceitaria dinheiro, começaram as ameaças. Com o passar do tempo, eu fui tomando consciência do que estava acontecendo e comecei a não aceitar mais essas ameaças e então fui registrando ocorrência, e desde então pararam.

Jornalistas Livres: Ainda sobre o vídeo com a Dani, você o anexou como prova em algum processo? Pode dizer em qual processo ou se abrirá um novo? 
 
Patrícia LélisMinha defesa anexou todos os vídeos e conversas no processo contra o Feliciano sobre o estupro.

Jornalistas Livres: Quais as suas expectativas com relação às investigações e andamento dos processos? 
Patrícia Lélis: Sinceramente, nenhuma. Eu duvido que exista Justiça nesse tipo de caso e, com um STF que podemos questionar sua conduta, ainda mais agora com o Moro como ministro…

Jornalistas Livres: Você está morando fora do Brasil? Desde quando? Quais seus planos para o futuro próximo?  
 
Patícia Lélis: Tenho proteção, sim. Eu vim logo após o segundo turno. Meu marido é americano, e inicialmente pensamos em continuar morando no Brasil, porém, com a eleição de Jair Bolsonaro, o Mark achou que seria extremamente perigoso e também teríamos ainda mais gastos com segurança. Então resolvemos morar aqui e recentemente comecei meu mestrado.

Jornalistas Livres: Como você lida psicologicamente com toda essa situação?

Patrícia Lélis: Atualmente, eu estou bem, mas ainda não é fácil. A cada dia que se passa, eu tenho me tornado mais forte. Eu fiz a escolha de lutar todos os dias contra as pessoas que se acham acima da lei. A minha escolha foi permanecer viva, resistente e sempre contar aos quatro cantos do mundo o que é a direita política e principalmente a bancada evangélica.
Jornalistas Livres: Cite as principais notícias falsas a seu respeito relacionadas a estes casos. 

Patrícia Lélis: Nossa, essa é boa…São tantas. Mas as principais são: O laudo de mitomania, que já foi desmentido na Justiça, porque eu nunca me consultei com a Marisa Lobo e provei isso. E uma das mais absurdas também é sobre um suposto câncer no cérebro. Gente, isso é tão absurdo. Eu nunca tive câncer na vida, graças a Deus.

Jornalistas Livres: Quem é a Patrícia Lélis hoje, depois dessas violências todas?

Patrícia Lélis:Eu posso dizer que eu renasci e o feminismo me garantiu a liberdade do renascimento. Eu vivia em um mundo quadradinho, onde nunca podia falar minha opinião, e hoje eu entendo o que é o feminismo. O feminismo me trouxe novos sonhos, hoje eu posso não apenas sonhar, mas também acredito que eu posso realizar uma infinidade de coisas porque o mundo não é apenas dos homens. E o principal: O feminismo me ensinou que tudo que viola meu corpo, é estupro. E eu vou lutar até o fim contra toda a violência que sofri, não só por Justiça a mim, mas para incentivar todas as mulheres violentadas, seja de qualquer forma, a denunciarem.

Deputados Marcos Feliciano e Jair Bolsonaro se abraçam e Eduardo Bolsonaro filma. Foto: Lula Marques/Agência PT

 

Outro Lado

Jornalistas Livres tentaram contato com a ministra Damares Alves, sem sucesso. Espaço será garantido à ministra para que manifeste suas convicções sobre este episódio e sobre os assuntos relativos a sua pasta.

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12 Comments

12 Comments

  1. Eliana

    11/12/18 at 23:06

    Muito triste. E o pior é saber que homens como esse pastor existem aos montes, covardes escondidos atrás da bíblia.E mulheres sem auto estima os defendem. E votam neles.

  2. Jeff

    12/12/18 at 15:03

    Essa aí não è que foi indiciada pela polícia civil de SP por denunciação calaniosa e extercao, falso crime, mentir na investigação e foi chamada pela psicóloga forense de São paulo de mitomaniaca ou desvio e simulada? E que própria policia pediu sua prisão 🤔… Estranho essa ” santa” que vcs colocaram

  3. SERGIO NOVAK RIBmEIRO

    12/12/18 at 16:42

    COMUNISTAS DO DEMÔNIO, VOCÊS CONVERSAM LÍNGUA FERINA JÁ DESTRUÍRAM A VIDA E A REPUTAÇÃO DE MUITAS PESSOAS, ESSES JORNALISTAS ESCRITORES DE MERDA ESTÃO A SERVIÇO DO DIABO E DAS MAZELAS O INTERESSE DE VOCÊS É DIFAMAR E DESTRUIR O GOVERNO DO BOLSONARO, MAS VOCÊS NÃO VÃO CONSEGUIR SEUS FILHOS DO DIABO.

  4. Maria Lucia Fonseca Vasquez

    12/12/18 at 16:42

    A farsa e falsa moral, no mais alto escalão da sociedade brasileira, atinge todas as instituições, o mais tenebroso é no meio religioso! Mas, há um consolo, esperança, Jesus Cristo não depende de instituição religiosa para manter comunhão plena com a sua igreja, pois, igreja são pessoas redimidas pelo sacrifício vicário de Jesus Cristo.Os que temem a Deus são habitados (as) por Ele na pessoa do Espirito Santo de Deus.

  5. Júnior Cordeiro

    12/12/18 at 18:09

    Vocês não cansam de ficar arrumando factoides para incriminar o Deputado Feliciano!

    Antes de sair escrevendo e publicando “crimes” tem que provar! Quem escreve e publica “Notícia Crimimis” sem provas da aquilo escreveu e publicou está cometendo o “Crime de Calúnia” e está sujeita às responsabilidades civis e criminais pelos seus atos.

  6. Benjamim Silva

    12/12/18 at 18:28

    Vcs ainda dão Ibope pra essa maluca.
    A vá…

  7. PSEUDO¥GNOSTICO

    12/12/18 at 18:34

    Pilantras!! Esses Pseudos Homens De DEUS pensam que Passam batido por suas , Mascaras fantasiosas! Parabéns Pela sua , coragem Patrica. (BOA SORTE ) NA SUA LUTA.
    isso só enaltece , ainda mais , ao meu ver A bancada Podre evangélica, (Geral ) ser o câncer , múltiplos da moral Cristã…

  8. LUIZ HORTENCIO FERREIRA

    19/12/18 at 10:36

    Isso aí tudo é uma aamostra do que nos espera com o novo governo eleito pelo povo brasileiro!!!!!

  9. Renata Ferreira Arantes

    07/01/19 at 13:55

    Pois é, é muito difícil opinar!!!Não sei quem está falando a verdade!!Mas , sei que Deus traz a verdade a tona e se essa moça estiver falando a verdade, Deus a honrará!!!

  10. Renata Ferreira Arantes

    07/01/19 at 13:57

    Difícil opinar!!!Não sei quem está falando a verdade!!! Mas, Deus sabe , se essa moça estiver falando a verdade, Deus a honrará!!!

  11. karina

    07/01/19 at 15:04

    Obrigada por lutar por nós, Patrícia. Obrigada por não ter desistido. Força! Já chega de violência.

  12. danilo batista

    06/05/19 at 15:56

    não da pra intender tanto de gente que acredita nessa mulher ainda sô ver os videos dela falando ela fala que Feliciano tirou a roupa dela em outro ela fala que ele obrigou
    na delegacia ela fala que ele não chegou tira a roupa dela tem como analisar isso e muto fácil ver o videos dela no conexão repórter na luciana e outro ela dando depoimento.

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Democracia

Urgente! The Intercept Brasil acaba de vazar áudio de Deltan Dallagnol

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Via The Intercept Brasil

Na manhã do dia 28 de setembro de 2018, a imprensa noticiou que o ministro do STF Ricardo Lewandowski autorizara Lula a conceder uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Em um grupo no Telegram, os procuradores imediatamente se movimentaram, debatendo estratégias para evitar que Lula pudesse falar. Para a procuradora Laura Tessler, o direito do ex-presidente era uma “piada” e “revoltante”, o que ela classificou nos chats como “um verdadeiro circo”. Uma outra procuradora, Isabel Groba, respondeu: “Mafiosos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!”

Eram 10h11 da manhã. A angústia do grupo – que, mostram claramente os diálogos, agia politicamente, muito distante da imagem pública de isenção e técnica que sempre tentaram passar – só foi dissolvida mais de doze horas depois, quando Dallagnol enviou as seguintes mensagens, seguidas de um áudio.

28 de setembro de 2018 – grupo Filhos do Januario 3

Deltan Dallagnol – 23:32:22 – URGENTE
Dallagnol – 23:32:28 – E SEGREDO
Dallagnol – 23:32:34 – Sobre a entrevista
Dallagnol – 23:32:39 – Quem quer saber ouve o áudio
Dallagnol – 23:33:36 –

Leia a matéria completa no site do The Intercept Brasil:

https://theintercept.com/2019/07/09/vazajato-audio-inedito-deltan-dallagnol/

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Censura

Senadora do PSL cassada por caixa dois ofende jornalista por fazer seu trabalho

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Os bolsonaristas, muitas vezes eleitos com apoio da Grande Mídia, agora deram para atacar e ameaçar jornalistas que não passam pano para ilegalidades. Incensada pela imprensa tradicional de Mato Grosso quando aceitou a delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (MDB) e o condenou a 13 anos e 7 meses em 2017 (mas permitiu o cumprimento da pena em casa), por exemplo, a então juíza Selma Arruda foi apelidada de “Moro de Saia”. Sob os holofotes favoráveis dos jornais, Selma se aposentou da magistratura e se candidatou, com o apelido na propaganda eleitoral, ao cargo de senadora pelo Partido Social Liberal (PSL), o mesmo de Bolsonaro. Ganhou fácil!

Depois disso, sua relação com o “modelo” não mudou. No último dia 19 de junho, por exemplo, durante depoimento do ex-juiz e atual ministro da justiça e segurança pública, Sérgio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a senadora fez questão de dizer que “É absolutamente normal juiz conversar com o Ministério Público”. Moro respondeu com elogios: “É normal uma discussão de logística. Tem aqui a senadora Selma, que atuou muito destacadamente como juíza lá no Mato Grosso, teve várias operações, é normal depois da decisão proferida haver uma discussão sobre questão de logística, quando vai ser cumprida, como vai ser cumprida, e eventualmente pode ter havido uma mensagem nesse sentido. Isso não tem nada de revelação de imparcialidade ou conteúdo impróprio”, disse. Nenhum dos dois comentou, nem de leve, a condenação unânime do Tribunal Regional Eleitoral, em abril, à perda do mandato por caixa dois. Ela e seus dois suplentes, também cassados, não conseguiram mostrar ao tribunal a origem de R$ 1.2 milhão gastos na campanha.

Com a revelação do caixa dois, as relações da senadora com o jornalismo sério passaram a uma nova fase. Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral analisa em segunda instância se ela deverá ou não deixar o cargo, Selma aproveitou as câmeras da TV Senado para insinuar que a atuação do jornalista Glenn Greenwald, vencedor dos maiores prêmios mundiais de jornalismo, não é profissional, mas guiada por interesses políticos. “O sujeito que vazou é marido do suplente do Jean Wyllys. Ele é intimamente ligado, né. Politicamente, óbvio que é uma estratégia para colocar em dúvida a atuação do juiz e do Ministério Público”, afirmou. Sobre as suas intenções políticas ou as de Moro quando ainda estavam na magistratura, não houve uma única palavra.

Na imprensa matogrossense, a antigamente sempre disponível magistrada passou a escolher com quem conversar. Na semana passada, por exemplo, foi procurada pelo jornalista Lázaro Thor Borges, do jornal “A Gazeta“, o maior diário do estado, para comentar uma reportagem, com dados oficiais obtidos a partir da Lei de Acesso à Informação e do Portal da Transparência, sobre salários de servidores públicos acima do teto constitucional. Via aplicativo de mensagens, a senadora respondeu com xingamentos e, novamente, insinuações de interesse político acima do jornalístico. “Tadinho, você é ridículo. Nem li nem sei do que você está falando. Sua opinião não faz efeito na minha vida e nem na de nenhum matogrossense”, escreveu a parlamentar. Borges, educadamente, respondeu apenas: “tudo bem, senadora”. Mas ela não parou por aí. Além de chamá-lo novamente de coitado e mandar “catar coquinho”, ainda o chamou de “retardado”, ao que Borges respondeu: “É só meu trabalho, senadora”. 

A reportagem, publicada no dia 22 de junho e que infelizmente não está disponível online no portal do jornal, trazia o valor mensal líquido de R$ 53,8 mil desde de março desse ano, mais de R$ 14 mil acima do teto de R$ 33,7 mil recebidos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. De acordo com a matéria, apenas 11 dos 84 magistrados aposentados do Superior Tribunal de Justiça de Mato Grosso receberam acima do teto em abril, mês do levantamento.   Os ataques da parlamentar ao jornalista foram repudiados em editorial do jornal, que publicou os prints das telas do celular mostrando as grosserias da senadora. Os as respostas mal criadas ao profissional também sofreram grande condenação do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso, em nota também assinada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Está passando da hora de TODOS e TODAS jornalistas se unirem para barrar o crescimento do fascismo e as das ameaças aos profissionais, à liberdade de imprensa e à própria democracia.

 

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Democracia

Deputado do PSOL que chamou Sérgio Moro de “ladrão” já havia chamado Eduardo Cunha de “gângster”

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Por Rafael Duarte I Agência Saiba Mais

O deputado do PSOL Glauber Braga (PSOL/RJ) desestabilizou os parlamentares governistas nesta terça-feira (2), na Câmara dos Deputados, ao dizer que o ex-juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro passará para a história como um “juiz ladrão e corrompido”.

As palavras duras do parlamentar mexeram com os brios dos colegas que participaram da sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara para defender o ex-juiz das graves acusações de interferência no julgamento do ex-presidente Lula reveladas pelas mensagens trocadas entre ele e procuradores da operação Lava Jato.

Moro se esquivou da maioria das perguntas e voltou a tentar criminalizar o site The Intercept Brasil, que vem divulgando a conta gotas as mensagens. Acuado, o ex-juiz deixou a sala da comissão sob os gritos de “ladrão” e “fujão”. A sessão foi encerrada após um tumulto generalizado:

– “A história não absolverá o senhor, da história o senhor não pode se esconder. E o senhor vai estar no livro de história como juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão. A população brasileira não vai aceitar como fato consumado um juiz ladrão e corrompido que ganhou uma recompensa pra fazer com que a democracia brasileira fosse atingida. É o que o senhor é: um juiz que se corrompeu, um juiz ladrão”, disse já sob os gritos da tropa bolsonarista.

 Após o discurso, as redes sociais do deputado foram inundadas de xingamentos e mensagens de apoio. Ele agradeceu a solidariedade e voltou a provocar tanto Sérgio Moro como a militância que o defende:

– Obrigado pelas inúmeras mensagens de apoio ! E pra turma da extrema-direira que veio aqui desabafar, infelizmente não posso me desculpar. O herói de vocês feriu a democracia brasileira e recebeu a recompensa de Bolsonaro. E em linguagem bem popular, juiz vendido é juiz ladrão ! Boa noite. Fiquem bem!”, escreveu.

Esse não é o primeiro discurso de Glauber Braga que repercute no Congresso e na imprensa. Em 2016, durante a votação para a abertura do processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, o voto do deputado do PSOL também foi um dos mais comentados. Na ocasião, ele chamou de “gângster” o então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, atualmente preso, em Curitiba. E evocou figuras históricas da democracia brasileira:

– Eduardo cunha, você é um gangster e o que dá sustentação à sua cadeira cheira a enxofre. Eu voto por aqueles que nunca esconderam o lado fácil da história. Voto por Marighella, voto por Plinio de Arruda Sampaio, voto por Evandro Lins e Silva, voto por Arraes, voto por Luís Carlos Prestes, voto por Olga Benário, voto por Brizola e Darcy Ribeiro, voto por Zumbi dos Palmares, voto não.

Perfil

Glauber Braga é advogado, natural de Nova Friburgo (RJ), tem 37 anos e está filiado ao PSOL desde 2015. Ele exerce o quarto mandato na Câmara Federal. O primeiro assumiu como suplente, em 2007, quando ainda militava no PSB, e os demais foram exercidos como titular da vaga.

Braga ocupou a liderança da bancada do PSOL em janeiro de 2017. No ano anterior, disputou a eleição para prefeito de Nova Friburgo e ficou em 2º lugar.

Progressista, Glauber Braga realiza um mandato participativo defendendo bandeiras em defesa da democracia e direitos humanos. Está na linha de frente da luta no parlamento contra a reforma da Previdência.

O parlamentar do PSOL foi relator da Comissão Especial de Medidas Preventivas Diante das Catástrofes Climáticas, que gerou a primeira Lei Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres Naturais (12.608): o Estatuto de Proteção e Defesa Civil. O estatuto foi sancionado pela Presidência em abril de 2012.

Em 2018, Glauber Braga foi escolhido pelo júri especializado do portal Congresso em Foco como o melhor parlamentar do Brasil.

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