Jornalistas de MT sofrem ameaça de morte após editorial a favor da democracia

É certo que os ânimos estão acirrados e as posições políticas polarizadas. Mas existe um lado dessa disputa no qual os apoiadores de um candidato estão cada vez mais virulentos e já não se intimidam de usar o próprio telefone para ameaçar de morte jornalistas. Esse é o país que você quer para o futuro? Exigimos que a Associação Nacional dos Jornais, Federação Nacional dos Jornalistas, Associação Brasileira de Imprensa, Ministério Público, Sindicato dos Jornalistas, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV, ordem dos Advogados do Brasil e todas as entidades do setor de comunicações, justiça e direitos humanos se manifestem urgentemente contra essa afronta à Liberdade de Imprensa, à vida e à dignidade dos profissionais do jornalismo.

Veja a seguir, matéria completa sobre a ameaça:

 

Jornalistas do Muvuca Popular sofrem ameaça de morte

Autor das ameaças usou um aplicativo de redes sociais para tentar amedrontar

Por: Redação

 

Por volta do meio dia desta quarta-feira (3), a equipe do site Muvuca Popular recebeu ameaças de morte via aplicativo de rede social, cujo número do marginal é (66) 8432-2994, e foi entregue à Polícia para Investigação.

Ainda não se sabe a motivação das ameaças, mas, de qualquer forma, o diretor geral do site, José Marcondes dos Santos Neto, registrou boletim de ocorrência (B.O.) na polícia civil e entrou com queixa-crime na delegacia do Cisc Planalto com pedido de medida protetiva aos profissionais.

A ameaça pegou toda equipe do site de surpresa e um clima de muita preocupação se instaurou na redação. Apesar disso, a reportagem ligou para o autor das ameaças no intuito de conversar e esclarecer a situação. Mas, o bandido não atendeu a ligação e respondeu enviando outra mensagem com mais ameaças, como mostram os prints.

O Muvuca Popular é um dos sites mais acessados de Mato Grosso e está no ar há 3 anos. É vencedor do prêmio GW100 de site revelação (2016-2017) e foi eleito, em 2018, um dos cinco melhores sites do estado. O editor que imprime uma linha crítica no site, também foi vítima de grampos clandestinos do governo, e chegou a conceder entrevista ao Fantástico. O resultado foi que a cúpula da Polícia de Mato Grosso e o primo do governador foram presos por grampear o jornalista e outras pessoas da sociedade.

É claro, que essa ameaça pode ser reflexo do momento político. No dia 25 de setembro, o site Muvuca Popular publicou um editorial intitulado “Acreditamos na Democracia, logo somos contra Bolsonaro”; em que se posiciona a favor dos direitos humanos, por defender a luta dos LGBTs e por denunciar qualquer forma de segregação: o racismo, o machismo, a xenofobia; portanto, contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).

Leia mais: EDITORIAL: Acreditamos na Democracia, logo somos contra Bolsonaro

Esse ano, o sentimento popular a respeito da eleição não é de esperança; é de ódio e de medo. Tem se falado muito em política, mas pouco sobre eleições, propostas, programas de governo e o que vai ser melhor para o Brasil. O descrédito da política e as péssimas condições de vida à qual a população está sendo submetida revelam um sentimento de frustração completo na democracia. A Corrupção, descrença nos candidatos e nos partidos, proporcionou o avanço da extrema-direita e o crescimento da ideia de um regime forte no país.

E, um dos grandes problemas de um ambiente hostil é que ninguém quer ouvir críticas ao seu partido/candidato. Criticar o comportamento facista de determinado candidato é interpretado como apoio, imediato, ao candidato do outro polo, demonizado como símbolo da corrupção pelos “donos” da mídia; como se a corrupção não fosse um problema estrutural decorrente de um sistema que favorece esse status quo.

Diante desse cenário, a liberdade de expressão e, muito particularmente, à liberdade de imprensa é logo ameaçada. Um comportamento recorrente, nessa campanha, daquele político populista, que se apresenta como defensor do povo, da família e das crianças; é tentar esmagar a credibilidade dos jornais, dando espaço para as ‘fake news’, principalmente, através das redes sociais, que dão acesso direto ao seu eleitor, tentando quebrar o intermédio da imprensa.

Não é difícil de identificar o grupo político que se enquadra nesse perfil. Quantos casos de ameaças, praticados por ‘eleitores’ desse grupo, já foram divulgados na imprensa durante essa campanha? Dezenas? Centenas?

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Se a intenção das ameaças era intimidar, não vão conseguir. É por acreditar no papel fundamental da imprensa, que a equipe do Muvuca Popular não vai se deixar abater e vai defender sempre a pluralidade do pensamento, a democracia e a liberdade.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

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