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Comunicação

IGREJA UNIVERSAL: UM REINO ACIMA DE TODOS

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 Por Márcia Mendes de Almeida * | resenhista dos Jornalistas Livres

 

Formidável este livro reportagem de Gilberto Nascimento, a ser premiado, é lógico. Sejam fatos ou depoimentos, todos tem sua respectiva referência. O texto é equilibrado, sereno, contrastando com as realidades e opiniões . Um assunto tabu de nossa medrosa imprensa como um todo, a saber, as fabulosas negociatas das drogas, também não escapa, para bons entendedores. A partir de 1985, as fraudulências do pequeno grande homem – o supremo Edir Macedo – e da Universal ( IURD ),  contaram com o auxílio luxuoso de uns quarenta escroques, diferentes no tempo e no espaço. Enfrentando um “colosso de acusações e de denúncias”, como esmiúça Nascimento.

Até as pedras sabem (diz Mino Carta) que nada é mais eficiente para lavar dinheiro da corrupção e do narcotráfico do que associar-se a uma igreja evangélica bem azeitada, com imunidade tributária e pouca fiscalização. Além disso, bancos e empresas offshore agradecem penhoradas. Ora, o atual conglomerado de noventa e sete empresas ligadas à Universal, em 35 anos, não poderia ser fruto exclusivo dos sacrificados dízimos de seus fiéis, cuja renda durante décadas não ultrapassou dois salários mínimos.

Eis o colosso das denúncias, cada qual narrada pelo autor em suas tortuosas tramas: charlatanismo, curandeirismo, sequestro de bens, vilipêndio, incêndio criminoso, ataque a homossexuais, racismo, incitação ao crime, preconceito religioso, calúnia e difamação, exploração da boa-fé do povo, corrupção ativa, remessas ilegais e lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha, estelionato, sonegação fiscal, falsidade ideológica, sonegação de bens, crimes outros contra a ordem tributária, empréstimos para empresas fantasmas, gestão temerária. Sempre empalmando o comando, o todo-poderoso bispo Macedo tratou desde cedo de se proteger via um vasto laranjal, não aparecendo nominalmente como sócio da maioria das empresas do grupo. Era e é tido como magnata das comunicações assim como tycoon da Universal, a multinacional da boa-fé dos infindáveis incautos, ignorantes e desvalidos –por exemplo, os presidiários e dependentes químicos em busca de salvação. Biltre empedernido, o bispo Macedo, pseudo ungido por um Deus oportunista, alimentou com capricho a mistificação de sua excelsa personalidade. Proclamou no início do século XXI:


“ Todo santo dia eu oro por todos os servos de Deus ( … ) Eu peço a Deus não só pelos meus ( sic ) pastores, os pastores que estão conosco, como os pastores de outras igrejas, porque (…) eu estou trabalhando para o Reino de Deus ”


Foi refutado de imediato, mas era daqueles que dizia mentiras que não podia provar e, encontrando resistência, cuidava de “melhorar a imagem”, acentua Nascimento. Num ataque de sincericídio, confessou ao pastor Caio Fábio que cada um pescava como podia, até com fezes, como ele:


“Tem gente que só gosta do que eu ofereço. O povo que eu quero não vai te ouvir. É gente que ninguém quer. Eu quero. É o pessoal que eu consigo pescar do meu jeito”


Salvo engano, não há pesquisas que avaliem a escala de evasão dos evangélicos neopentecostais, é segredo de Estado. No início dos anos 80, Edir Macedo arvorou-se em organizar a formação teológica dos pastores. Desistiu incontinente, alegando que precisava de pastor “com boa conversa, que saiba argumentar, convencer as pessoas, comandar uma boa sessão de milagres e exorcismo e fazer a coleta”.  Em um de seus inúmeros livros que não escreveu, mas leu e assinou, definiu como fúteis todos os ramos da teologia. 

“Não passam de um emaranhado de ideias que nada dizem ao inculto; confundem os simples e iludem os sábios (…) nada fazem pelo homem senão talvez aumentar sua capacidade de discutir e discordar”. 

 

Sempre ficou claro, para pastores e bispos, que todos deviam tratar Macedo com subserviência e curvar-se às suas ordens, pois como líder “era um ente superior, um ser divino, acima do entendimento humano” como o autor pondera. Pois bem, a Universal (IURD) através de Edir Macedo pronunciou-se a favor do aborto, em caso de gravidez indesejada ou extrema pobreza, salientando que a legalização do aborto diminuiria a violência, e mais:  “O que é menos doloroso: aborto ou ter crianças vivendo como camundongos nos lixões de nossas cidades, sem infância, sem saúde, sem alimentação e sem qualquer perspectiva de um futuro melhor ?” Irretocável não?

Envolvente na dissimulação, Edir Macedo declarou-se contra a homossexualidade, mas não contra os gays, por respeitar o direito de escolha, aí incluídos os vários parceiros do mesmo sexo (!). Estaria pensando, talvez, nas polpudas coletas para a Universal ?

Os inimigos de dentro da IURD –pastores, bispos, executivos– em muitas e muitas ocasiões foram habilmente manipulados pelo bispo Macedo, zeloso de seu absoluto poder e para que a teologia da prosperidade se restringisse a ele, seus familiares e uns poucos escolhidos a dedo, homens de sua confiança. Ao longo dos anos instaurou-se a confusão entre o que era patrimônio da igreja, do bispo e de sua família. Macedo, um santo, convicto de que colocava o dinheiro a serviço da obra de Deus, teve sucesso em engabelar, como se tudo da Universal fosse dele também. Recebeu salários exorbitantes – por exemplo, em Portugal – e em 2013 adquiriu um jato particular, permitindo viagens diretas de Nova York a Tóquio, ou do Brasil à Ásia, com uma só escala. Tinha e tem, à sua disposição e da família, apartamentos luxuosos em Miami.

Os pastores e bispos, uns traindo os outros, abocanhavam e disputavam as migalhas da magnificência de Macedo, incessante. A capacidade de arrecadar era a principal condição para ascender e ser recompensado em porcentagens na coleta – de 2% a 10% – prêmios em dinheiro, bons salários, carros modernos, roupas de grife e moradias aprazíveis. Havia porém os que sem cumprir as metas, se davam mal. Eram punidos com “prêmios negativos”, tinham bons descontos em seus rendimentos. 

O modus operandi  usual do bispo Macedo era lançar na política alguém de quem queria livrar-se no dia a dia da Universal, que sabia muito e conquistava poder. Os melhores bispos emergentes ou os laranjas contrafeitos de suas empresas – em descomunal crescimento – o solerte Macedo deslocava para postos estratégicos no exterior: Portugal, Angola, Moçambique, Espanha, Los Angeles, Argentina e Chile. O que vinha muito a calhar para seus projetos futuros. O autor não nos informa se tais expedientes mudaram.

Assim o bispo colecionou dissidentes, arquirrivais, inimigos fidagais ou não declarados, assistindo a muitas defecções na feroz guerra interna da Universal. É só prestar muita atenção na carreira de Roberto Lopes, Carlos Magno de Miranda, Mario Justino, bispo Carlos Rodrigues, Ronaldo Didini, Waldir Abrão, Marcelo Pires, Alfredo Paulo Filho, João Batista Ramos da Silva, entre outros.

 

Os métodos sumários do reino

 

A Universal experimentou até um dos clássicos métodos dos hoje banais milicianos, em que se especializaram igualmente membros do tráfico de drogas, as PMs e os assassinos de aluguel em geral.

Em 2003, o pastor e deputado estadual Valdeci Paiva de Jesus, carismático pastor das multidões, mas “rebelde”, foi executado com dezenove tiros por quatro homens. Em 2009, o vereador João R. Monteiro de Castro foi executado da mesma forma, num carro blindado. O ex-vereador e ex-dirigente da Universal e laranja da TV Record, Waldir Abrão foi encontrado em sua casa com um ferimento na cabeça e, após dois dias de hospital, não resistiu e morreu aos 81 anos. A polícia abriu inquérito, que não prosperou, e tratou o caso como suspeita de homicídio. Abrão dias antes registrara um documento oficial junto a seus advogados, com denúncias graves, após ser pressionado e humilhado durante bom tempo.

Como brincou Edir Macedo, para seus desígnios, até “gol com a mão” valia, apesar de ter o desplante de criticar certa vez “a podridão do sistema no país “

Até hoje nada impede que, de má-fé, a Universal utilize em suas práticas que são um pastiche religioso, elementos do catolicismo, do kardecismo e do (venerado) judaísmo. De maneira torpe, apropriou-se de rituais do candomblé e da umbanda, apesar dos ataques contínuos contra os cultos afro-brasileiros.

O duvidoso batalhão de advogados defensores de Edir Macedo, da TV Record e da Universal não é muito citado por Nascimento. Diga-se que se pode bem supor terem  sido necessários oceanos de dinheiro para que as denúncias se arrastassem por anos. Os crimes prescreveram, muitos culminando em arquivamento por falta de provas. A Justiça brasileira, em sua  crescente venalidade e leniência, condenou bem pouco o contumaz bispo Macedo e a Universal. Quando o bispo buzinou impávido que cedo ou tarde a Justiça chegaria, fazendo acontecer o que tinha de ser feito, certamente não se referia ao Brasil e à Universal, e ao seu irreconciliável embate contra a lei.

 

Ficha técnica : NASCIMENTO, Gilberto.
O reino: a história de Edir Macedo e uma radiografia da Igreja Universal.
Companhia das Letras, 2019

 

Marcia Mendes de Almeida é jornalista e resenhista, tendo colaborado com a revista Senhor, o Jornal da Tarde e com a Carta Capital.
O projeto de resenhas de livros para os Jornalistas Livres vai incluir não apenas lançamentos, mas também livros interessantes disponíveis em sebos virtuais.

 

+LINKS

https://jornalistaslivres.org/o-economista-impar/

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Mídia 4P está órfão da sua grande inspiração, o Conversa Afiada

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O portal Mídia 4P, mídia independente lançado ano dia 2 de Julho de 2019 para servir à luta antirracista brasileira, central para a pauta nacional, está mais triste desde ontem. Nesta sexta-feira, 31 de julho, encerrou suas atividades a grande inspiração para nossa plataforma, o site Conversa Afiada, liderado até o ano passado pelo grande Paulo Henrique Amorim, pela jornalista Georgia Pinheiro e por uma equipe de guerreiros e guerreiras da mídia alternativa e progressista.

Foi do CAF (como era carinhosamente chamado) e da inspiração no site e no seu capitão que surgiu este Mídia 4P, sempre incentivado das formas mais diversas por PHA, por Georgia e por todos. Entenda mais lendo esse texto aqui, lançado quando da morte irreparável dele, ironicamente poucos dias após o lançamento do nosso site.

Também te convidamos a ler nossa homenagem ao completar um ano dessa grande dor, há poucos meses. Clique aqui para ler completo.

Mas, principalmente, indicamos clicar para ver o texto de despedida do CAF, que lemos com o coração palpitante e os olhos marejados.

Realmente, há pessoas que são insubstituíveis.

O Mídia 4P está órfão da sua grande inspiração!

Adeus e boa sorte! PHA vive!

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Fênix da voz

Já profetizaram muitas vezes a morte do rádio. Mas como a ave mítica que renasce quando queimada, o áudio ganha novo espaço nos celulares, internet, nos aplicativos, na vida das pessoas.

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Por: Anny Carvalho

“Quando surgiu a televisão diziam que o rádio ia morrer, o rádio não morreu. Quando surgiu a FM diziam que o rádio ia morrer, e o rádio não morreu”. É assim que o radialista Antero Paes de Barros começa contando a visão dele sobre as transformações ocorridas no rádio. “A instantaneidade do rádio jamais vai permitir que ele morra. Eu acho que o rádio vai continuar sendo, sempre, um grande veículo de comunicação. Ele é muito útil e mais que útil, necessário. As pessoas têm a necessidade do rádio!”.

Ele está certo. “Todo final de semana é rádio lá em casa. Eu ouço rádio desde quando eu era criança, quando eu ouvia com meus pais das 4h até 6h da manhã o programa do Zé Bettio da Record de São Paulo, uma emissora AM. Eu lembro que estava deitado e meus pais ouviam nesse horário para poder ir tirar o leite. A gente morava no sítio, aí gente ouvia”, conta, com um brilho nos olhos, Mário Máximo, que cresceu ouvindo programas radiofônicos no sítio na cidade de Poconé em Mato Grosso.

Atualmente, Mário ouve o rádio aos finais de semana e quando está dirigindo. “Eu procuro no rádio as músicas que ouvia quando era criança. Eu passei a ouvir a emissora Vila Real FM 98.3 que vai ao encontro da musicalidade que eu ouvia antes nas rádios de antigamente”. Ele gosta de sertanejo raiz. “Hoje, nessa na estação 98.3, eu sempre ouço aos domingos ‘Seu ídolo não morreu’”. Assim como o rádio marcou sua infância marca também a vida de muitos outros brasileiros. 

A diversidade de acesso

Há na atualidade uma ampla variedade de alternativas de se ter acesso a esse meio de comunicação. Podemos escutá-lo em ondas médias, tropicais ou em frequência modulada. Além disso, por meio da TV por assinatura, via satélite, em uma modalidade paga ou gratuita ou mesmo via internet, o que permitiu o surgimento das estações online. Isso sem contar a variedade de receptores, como o próprio aparelho convencional, computadores, players de mp3, celulares.

E essa pluralidade engloba outros fatores, como os  modos de processamento de sinal (analógico ou digital), definição da emissora (comercial, comunitária, pública, estatal ou educativa) e até mesmo o conteúdo (cultural, jornalístico, musical, religioso…). 

A estudante Bianca de Jesus comenta que liga o rádio pela manhã e à noite  para ouvir músicas e notícias quando está indo para a escola e retornando para casa, via celular. “Eu ouço o rádio normalmente no ônibus e em casa para me manter informada das novas músicas e notícias do dia a dia. Não sei direito o nome dos programas, pois escuto diversas frequências”. Ela ressalta uma das particularidades que esse meio tem trazido aos ouvintes desde a sua criação: a divulgação de novos  hits. 

Bianca enfatiza a importância que esse meio de comunicação trouxe à sociedade e a sua instantaneidade. “Apesar dos outros meios de comunicação, o radiodifusão é uma das melhores formas de ficar atento às mudanças do dia a dia. Quando acontece algum desvio em uma das  principais avenidas de Cuiabá, o primeiro meio de comunicação que eu vejo informando sempre é o rádio. Ele informa de  forma rápida”. Para ela, o rádio é hoje um dos meios mais acessíveis. “Eu

acredito que quase todo aparelho de celular possui um aplicativo de rádio e não precisa ter conexão com a internet para ter acesso. Tem muita gente hoje no Brasil que não tem acesso a uma internet de qualidade, mas que pode encontrar no rádio uma maneira de se manter informado”.

De forma parecida,  o seminarista Lucas Matheus ouve o rádio para se manter informado, mas o seu foco está na política e economia. “Eu escuto pelo celular quando estou indo para a faculdade, porque é o jeito que eu tenho de ouvir as notícias ou alguns comentários sobre política. Ele diz que gosta de se manter informado por meio de programas de áudio, semelhantes ao podcast, como formações religiosas.

Já o estudante de engenharia Bruno Gondim  diz que ouve o rádio para fugir da bolha que encontra em outras mídias. “Eu prefiro porque traz uma seleção maior de músicas que não seguem um padrão. Quando você escolhe no youtube uma música sertaneja, por exemplo, o sistema só vai te indicar outros sertanejos”. Bruno conta que quando era mais novo tinha insônia durante as madrugadas e o rádio era um companheiro. “Nessa época o Band Coruja, que passava às 2h. Desde então eu comecei a ficar acordado esperando o

programa começar. Eu gostava do quadro ‘Campeonato Brasileiro de Piadas’. Cansei de ir virado para a escola”. A experiência vivida pelo estudante demonstra como o rádio consegue envolver os ouvintes a ponto de fazê-los perder o horário. 

Sobre isso, o radialista Elias Neto, que começou no rádio em 1979 como locutor noticiarista e animador de programas em Cáceres, comenta que há uma conexão entre o locutor e o ouvinte. “Existia uma vinheta na emissora Vila Real que era a seguinte: O jornal atinge a 40% dos brasileiros a televisão atinge a 80% dos brasileiros. O rádio atinge a todos os brasileiros. Ou você conhece alguém que não tenha rádio? Ela dizia tudo! Isso mudou um pouco, né? Porque hoje nós temos as novas mídias que concorrem com o rádio também. Mas o elo entre o ouvinte e locutor não mudou, pois o rádio toca muito ao coração das pessoas. Ele traz a notícia, mas também traz uma conversa agradável, traz uma música da sua preferência. Enfim são várias as formas de comunicação por esse meio”. Para o radialista, o meio envolve muito as pessoas porque permite quem está ouvindo “desenhar” o que está sendo narrado: o locutor fala diretamente com o ouvinte. “Eu acho que é essa sinergia que

transforma o rádio. O rádio faz essa mágica”, conclui. 

A imortalidade do Rádio

O rádio ao longo do tempo conseguiu ultrapassar as barreiras das ondas hertzianas curtas para as longas e mais recentemente chegou à internet, por meios das emissoras online e podcasts. E é possível ver esse avanço nas histórias contadas acima. Mário conta que a transformação do AM para o FM foi primordial. “Antigamente era muita chiadeira, a frequência era baixa. Dependendo da localização chegava pouco sinal e o rádio começa a chiar. Agora não! Agora a voz sai limpa”.

Sobre a modernização e a resistência desse veículo, o radialista Antero comenta: “Hoje o rádio se modernizou. Para ouvir você não precisa de um aparelho tradicional. Você  pode  ouvir no celular, no computador. Você ouve a informação sonora por meio de podcast quando você tem tempo. Enfim, a modernidade da informação sonora continua presente e resiste.”

O doutor em comunicação Luãn Chagas, diz que hoje existe um novo termo utilizado em muitos estudos a respeito da imortalidade do rádio. “Na atualidade, nós preferimos dizer que temos o rádio expandido. Com esse conceito, temos uma

reorganização sonora que pode ser utilizada tanto em AM e FM, como também no podcast, no rádio hipermidiático, na internet, na webrádio. Todas elas têm a mesma organização da linguagem sonora, ou seja, são várias as possibilidades que constituem o rádio.”O podcast vem ganhando cada vez mais ouvintes. De acordo com uma pesquisa feita pela plataforma de streaming Deezer, foi registrado um crescimento de 67% no consumo nacional só em 2019.  E isso se confirma com a fala do podcaster Fred Fagundes, que tem uma produtora  em Cuiabá. Segundo ele, as pessoas estão descobrindo esse novo formato de rádio. “A nova geração não está acostumada esperar para ouvir um programa numa determinada hora. O podcast oferece a opção on demand. Os mais velhos estão descobrindo um conteúdo ainda mais produzido e recheado de opções”.

“Podcast é você ouvir o que você quer, na hora que você quer, do jeito que você quer. É um amigo imaginário que fala em voz alta. É sentir-se acompanhado o tempo todo. E, principalmente, se informar, emocionar, entreter e aprender durante atividades paralelas.”

A estagiária  Luma Gomes, que ouvia rádio quando pequena, conta que começou a experimentar esse novo formato de rádio recentemente, porque queria estar atualizada quanto às notícias. “Sempre ouço no ônibus, porque como eu passo mais tempo no ônibus do que em qualquer outro lugar, eu aproveito esse tempo já para me manter informada.”. Ela encontrou nesse formato a liberdade de selecionar e personalizar  aquilo que queria ouvir e a comodidade de poder escolher o melhor horário pra isso.

As fases do rádio no BrasilPrimeira fase (1922 – meados da década de 30: surgimento e implantação do veículo.Segunda fase (1935-55): época de ouro do rádio; programas de auditório, musicais, rádio novelas.Terceira fase (1955- anos 60): impacto da televisão, “morte decretada”; transforma-se em um “vitrolão”. Desenvolvimento do radiojornalismo. Transistor.Quarta fase (década de 70 e 80): incremento do jornalismo, prestação de serviços, segmentação, desenvolvimento das FMs. Consolidação do radiojornalismo nas AMs.Quinta fase, (atual): novas tecnologias, novas formas de acompanhar a programação, digital, webrádio. Informações do Blog Contraste.

Glossário :

Onda média 

É uma faixa de rádio compreendida entre 530 kHz e 1700 kHz utilizada para radiodifusão sonora. A menção “AM” deve-se ao modo habitual de transmissão, a modulação em amplitude.

Onda tropical

É uma faixa do espectro eletromagnético correspondente às radiofrequências entre 2300 kHz e 5060 kHz (comprimentos de onda dos 120 m aos 60 m).

FM

É a sigla de Frequency Modulation que em português significa “Modulação em Frequência” e se refere à transmissão de ondas com variação da frequência, proporcionando boa qualidade de som

Podcast

Arquivo digital de áudio transmitido através da internet, cujo conteúdo pode ser variado, normalmente com o propósito de transmitir informações. Ele pode ser associado a uma determinada plataforma, por meio do código  RSS. 

Telecomunicação

O conceito de telecomunicação abarca todas as formas de comunicação à distância. A palavra inclui o prefixo grego tele, que significa “distância” ou “longe”. Como tal, a telecomunicação é uma técnica que consiste na transmissão de uma mensagem de um ponto para outro.

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Vereador invade programa e diz que é dono de rádio comunitária

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A população de Catalão, em Goiás, e os colaboradores da Rádio Top FM, uma emissora comunitária da cidade, foram agredidos essa semana com a invasão do estúdio pelo vereador Rodrigo Carvelo (PODEMOS) alegando ter 50% do “negócio”. Acontece que rádios comunitárias só podem, segundo a lei que as rege, a 9.612/98, ser administradas por entidades sem fins lucrativos. A mesma lei estabelece que “a entidade detentora de autorização para execução do Serviço de Radiodifusão Comunitária não poderá estabelecer ou manter vínculos que a subordinem ou a sujeitem à gerência, à administração, ao domínio, ao comando ou à orientação de qualquer outra entidade, mediante compromissos ou relações financeiras, religiosas, familiares, político-partidárias ou comerciais”. No dia seguinte à invasão, que foi precedida por um ataque cibernético aos computadores da estação, a Associação Brasileira de Rádios Comunitárias emitiu uma nota de repúdio. Leia abaixo na íntegra:

NOTA DE REPÚDIO
   A Associação Brasileira de Rádios Comunitárias vem a público externar profundo repúdio à ação abusiva, desrespeitosa e repressora do vereador Rodrigo Carvelo (PODEMOS) do município de Catalão, Goiás, quando impediu realização do programa A Hora da Verdade, apresentado pelo Professor Mamede Leão, na Rádio Comunitária TOP FM.
   Na manhã do dia 14 de julho de 2020, quando a 25° edição do programa se preparava para entrevistar outro parlamentar e também um ex-prefeito do município, o computador da emissora responsável pela transmissão do programa, foi invadido e redimensionado com senhas, impossibilitando acesso pelo operador. Após resolução deste fato por colaboradores da rádio e ao iniciarem entrevista, o estúdio da emissora foi invadido pelo vereador, também conhecido por Rodrigão da Força Sindical, acompanhado de dois homens e se dizendo proprietário da emissora. Parte da ocorrência foi gravada e transmitida ao vivo pela rádio e pelo próprio Facebook, até o momento em que um dos acompanhantes recebeu a ordem do vereador para desligar a câmera utilizada para a transmissão de vídeo. Em todo o momento, o parlamentar deixou claro que a intenção era a de impedir a participação do ex-prefeito Jardel Sebba.
   A ABRAÇO BRASIL se solidariza ao comunicador e apresentador do programa Professor Mamede, bem como aos presentes neste episódio lamentável que ilustra quão grande e difícil é a luta daqueles e daquelas que buscam uma comunicação livre, democrática e plural.
   Nesta oportunidade, também esclarece aos que ainda não entenderam a função social de uma rádio comunitária, que, conforme a lei que as regulamenta 9.612/98, em seu artigo 7º, estas emissoras devem ser mantidas e gerenciadas, necessariamente, por fundações e associações locais sem fins lucrativos e NÃO POSSUEM DONOS, muito menos políticos donos.
   O artigo 11 da referida lei explicita ainda que “a entidade detentora de autorização para execução do Serviço de Radiodifusão Comunitária não poderá estabelecer ou manter vínculos que a subordinem ou a sujeitem à gerência, à administração, ao domínio, ao comando ou à orientação de qualquer outra entidade, mediante compromissos ou relações financeiras, religiosas, familiares, político-partidárias ou comerciais”.
   Portanto, a situação colocada pelo vereador Rodrigo Carvelo de que detêm 50% da rádio e outros 50% pertencem à outra pessoa, deve ser veementemente repudiada, denunciada e investigada pelos órgãos competentes e, caso se confirme, o MPF, através das entidades que compõem o Conselho Comunitário deve se organizar para assumir o controle da mantenedora da emissora e tomar as devidas providências a fim de não comprometer a conquista da outorga e, consequentemente, ocorrer a perda deste fundamental canal de comunicação comunitário para aquela comunidade.
   Esperamos que a justiça prevaleça neste e em todos os casos de atentado à livre expressão e ao direito à comunicação. Exigimos! Censura nunca mais!
     Geremias do Santos

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