HEMERA, A INSANA

Seria grandioso se de fato pudéssemos ver o que se passa entre tanta gente, que nos mitos, fazem de si sua cultura.

 

Lutamos por quem?

 

Noite dessas, recente, deitava eu na rede em busca do sono, na grande aldeia Kalapalo, em grande e sábio comando do cacique Tafukumã, líder de riso sutil no canto dos olhos, quando ouvi uns pedreiros que erguem a casa do mel pronunciarem frase delicada: o coração é terra da gente que não se anda, quando muito, vagueia-se.

É tempo de temer, bem sei, mas são também dias de plantar, vejo nas imensas lavouras do agro das terras envolventes, bem como nas roças de mandiocas dos indígenas, filhos ao fio, grande nação. O trabalho de Deus, raça humana, ressurreição, como canta Gil.

 

 

 

 

 

A prata luz de sapê, a verdade no mato cru, Kalapalo é ao 13, número tão auspicioso. Lá, as sombras não se atrevem não.

Local de mulheres com plumas amarelas e azuis sobre a mente, não mentem, do tipo que devolve vida no olhar distante ao mundo que finda e segue.

 

Não há falta onde vejo, Kalapalo, grão entre grande Xingu, intenso vermelho de urucum, mangaba nos campos, pássaros e serpentes a vigiar a trilha.

O resto é Hemera, a insana.

 

É tempo de pequi, hora de por a mão na massa e seus frutos, lua cheia sobre a grande lagoa, só aqueles que Kalapalo na água se banham e em amarelo lindo cheiroso fruto entre os dentes morde, pode agora dizer.

 

O que na água brilha, chora enfim. Há lamento, mas tudo é verdade; o voto indígena não se arrepende, é tudo que pode ser gente, vida, vontade.

 

A alguns poucos cegam-lhes a fama. Há luz, manhã, pássaro pousa. Há brilho.

 

*imagens por Helio Carlos Mello©, Jornalista Livre.

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